Breve nota: Insubmissas
Lágrimas de Mulheres – Conceição Evaristo
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contos que são retratados a partir de depoimentos de diversas mulheres, digo a
partir, pois foi o ponto de partida para uma criação literária belíssima. Essa conexão
de realidade e invenção, e adicionado a condição de mulher negra da narradora,
que a principio é a própria Conceição Evaristo, se denomina o conceito de
escrevivência.
A edição que
li foi a comemorativa aos 70 anos da autora, pela editora Malê. Os contos são
regados de representatividade e por vezes de sororidade, evidenciando a
intenção da autora em focar nas realidades das mulheres, que ao debater gênero,
cada qual na sua maneira e experiência, assume por fim uma postura Insubmissa. A
maioria vem com relatos bem pesados que, por vezes, podem causar incomodo a
quem lê, ora vem o sentimento de revolta ora uma lágrima se derrama de forma explicita.
Todos os
contos partem do encontro da autora com as mulheres protagonistas das histórias,
e em todo o livro é presenciada a opressão masculina, são raras as exceções que
isso não ocorre, a exemplo de Regina Anastácia que se realizou num
relacionamento inter-racional, mas muitas tiveram que resistir as mais variadas
brutalidades que nenhum ser humano gostaria de passar, ainda mais somente pela
condição de ser quem você é.
Conceição
Evaristo (Maria conceição Evaristo de Brito) nasceu em Belo Horizonte, em 29 de
novembro de 1946. Em 1990 publicou pela primeira vez nos Cadernos Negros e,
desde então, conciliando maternidade, vida docente, estudos teóricos e produção
literária, titulou-se Mestre em Literatura Brasileira (PUC-Rio) e Doutora em
Literatura Comparada (Universidade Federal Fluminense), além de lançar quatro
obras individuais, uma delas, Olhos d’água.
Fuca, Insurreição CGPP