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sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cyblack do grupo Impacto Norte - Entrevista

Salve! Ae diretamente da Zona Norte de SP, gueto, favela. Representando de forma pesada o Rap Nacional, A Mc Cyblack, guerreira que concedeu uma entrevista para o Blog falando da sua visão e vivência no Rap.
"...como todo começo é sempre complicado, pois ainda na época a mulher cantando rap era coisa que não podia acontecer, os machistas achavam que lugar de mulher era na cozinha, mas eu nunca me importei com isso porque quando eu subia no palco quem tremia eram eles"

Cyblack do grupo Impacto Norte - Entrevista
https://www.facebook.com/pages/Impacto-norte-sp/872760672758069?sk=timeline



Spqvcnaove - Como começa sua história no Rap?
Cyblack - Eu curto rap desde que me entendo por gente, comecei ouvindo Racionais Mc´s e depois daí nunca mais parei. Enquanto as outras meninas da minha idade na época queriam brincar, eu pensava só em ouvir Rap. Bem, no caso, o meu envolvimento no Rap foi no ano de 2000 quando eu escrevi a minha primeira letra que se chama "Não Desista dos Seus Sonhos" mas até hoje eu ainda não gravei. No ano de 2001 eu fui convidada a participar de um grupo chamado na época "Estilo Próprio", mas não deu certo, os integrantes não estavam na mesma vibe. Fiquei no grupo por 6 meses e resolvi sair quando meu irmão, que já cantava, me convidou pra fazer participações no grupo dele, que na época era ele, Leandro, e Bill kamikase.  Desde o ano de 2001 eu estou junto com o meu irmão fazendo parte do 'Impacto Norte ' pois o bill kamikase se converteu e não achava mais viável participar do grupo. Hoje o grupo é composto por Leandro Neves, Bryan Black (meu filho) e eu Cyblack, já são 14 anos de caminhada.




Spqvcnaove - De onde é a origem do grupo Impacto Norte? 
Cyblack - Impacto norte -SP somos nascidos e criado na vila Brasilândia, Zona norte de São Paulo.

Spqvcnaove - O Rap ainda é o som de periferia favela?
Cyblack - Bem, eu ainda acredito que a verdadeira história do Rap verdadeiro ainda não acabou, claro que hoje em dia a essência do Rap Nacional realmente não faz jus ao que realmente foi o Rap. Hoje em dia as pessoas preferem ganhar dinheiro do que lutar pelo povo da periferia, pois querendo ou não o nosso estilo é o único que fala da vida cotidiana de quem vive na periferia, nós somos a voz do povo da favela, ainda tem vários grupos que não se deixaram levar pela emoção ou pela alienação da mídia, como por exemplo o Única Chance, Panico Brutal , Simony, Insurreição, por isso eu digo que ainda existe o Rap verdadeiro na favela. Acredito que sim ainda o rap é o som da favela!

Spqvcnaove - Como foi sua caminhada artística no início? 
Cyblack -Bem, como todo começo é sempre complicado, pois ainda na época a mulher cantando rap era coisa que não podia acontecer os machista achavam que lugar de mulher era na cozinha, mas eu nunca me importei com isso porque quando eu subia no palco quem tremia eram eles!!! rs. A luta é constante, pois o rap é um estilo muito pesado que faz com que a sociedade feche as portas; claro como eles estão alienados é demais pra eles ouvirem a verdade.

Spqvcnaove - Como que você avalia o quanto se discute a questão feminina nas quebradas? Ainda ocorre muito disso de homem dizer aonde é o lugar da mulher e o que ela deve ou não fazer?
Cyblack - Sim, isso acontece muito ainda hoje, por exemplo, na hora de fazer os eventos os caras deixam pra gente cantar por último tipo dando uma canseira pra gente desistir de subir no palco, muitos ainda boicotam o nosso mic. Vixi, são várias fita, na indireta e algumas diretamente mesmo, sofremos preconceitos ainda mais quando cantamos músicas pesadas os caras não se conformam com isso.

Spqvcnaove - Você acha que as pessoas refletem, quando você tá com o mic na mão, tudo o que você passou na vida? Você acha isso relevante?
Cyblack - Pra mim isso é importante, das pessoas prestarem atenção na mensagem que eu estou passando, pois pra mim subir no palco não é simplesmente cantar, pra mim é algo pessoal, passar as mensagens verdadeiras pra pessoas refletirem, uma vez eu até me emocionei foi na apresentação do mês do Hip Hop, no Vale do Anhangabaú, eu me apresentei o pessoal curtindo, mas uma pessoa em especial me chamou a atenção quando terminei de mandar a rima um morador de rua com os olhos cheios de lágrimas quase não consegui falar, simplesmente ele chegou perto de mim apertou minha mão e disse eu entendi tudo que vc disse. "eu lembrei de como a minha vida era e de como ela é agora", eu simplesmente não conseguir dizer nada mas foi muito gratificante para mim, me senti realizada. Eles, na maioria das vezes, são vistos pela sociedade como pessoas que não tem consciência de nada, que só vivem no mundo deles, etc... mas não é bem assim, um deles me enxergou e me ouviu.


Spqvcnaove - No município de São Paulo tivemos em março de 2015 o mês do Hip Hop, onde foi debatido, nas oficinas dos 4 elementos e nos shows, a questão do genocídio da juventude preta, pobre e periférica, você acha importante tá debatendo essa questão? Esse genocídio existe mesmo?
Cyblack - Com certeza, isso deve ser debatido sempre, até que a população enxergue como são as coisas que o governo impõe sobre o povo da periferia. O genocidio acontece todos os santos dias, mas não são divulgados na mídia, só nós que somos da periferia sabemos realmente o que acontece, isso pro governo não é nada importante. Por isso não é divulgado pra geral, mas ainda bem que tem pessoas que levam isso a sério que divulgam o que acontecem sem medo de represálias, isso é um assunto que deve ser debatido sempre por nós mesmos pq se depender do governo estamos fudidos, então é nós por nós e DEUS pra todos.

Spqvcnaove - Depois de 14 anos de história, vocês tem previsão ou planos pra tá lançando um CD?
Cyblack - Sim, a gente tinha feito um LP chamado "lado norte lado loko" alguns anos atrás, mas estamos batalhando pra fazer um cd completo. Ainda não decidimos qual vai ser o nome do álbum, mas posso adiantar que vai ser pesado, o impacto norte-sp de antes não é o mesmo de agora .


Cyblack - Bem, quero mandar um salve pra todos que acompanham nosso trampo, agradecer a minha mãe pelo apoio sempre, ao Bill Kamikase pela jornada, aos manos da Insurreição, Pânico Brutal, Simony, Única Chance, que admiro pacas, Daniel lhp, Simão, Remerson, Marquinhos Panico Brutal pelo incentivo e apoio sempre, ao meu primo Cláudio, Caio César, enfim sinto honrada por todas essas pessoas valeu galera salve tmj juntos!

Blog- Muito Obrigado, CYBLACK!
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Contato: (11) 95028-3934 (vivo) 95201-9128 (tim) 
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