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sexta-feira, 15 de junho de 2018

Nei Lopes em Brechtiana - Poesia



Brechtiana

[para Abdias Nascimento]

Primeiro,
Eles usurparam a matemática
A medicina, a arquitetura
A filosofia, a religiosidade, a arte
Dizendo tê-las criado
À sua imagem e semelhança.

Depois,
Eles separaram faraós e pirâmides
Do contexto africano –
Pois africanos não seriam capazes
De tanto inventiva e tanto avanço.

Não satisfeitos, disseram
Que nossos ancestrais tinham vindo de longe
De uma Ásia estranha
Para invadir a África
Desalojar os autóctones
Bosquímanos e hotentotes.
E escreveram a História a seu modo.
Chamando nações de “tribos”
Reis de “régulos”
Línguas de “dialetos”.

Aí,
Lançaram a culpa na escravidão
Na ambição das próprias vítimas
E debitaram o racismo
Na nossa pobre conta.

Então,
Reservaram para nós
Os lugares mais sórdidos
As ocupações mais degradantes
Os papéis mais sujos
E nos disseram:
– Riam! Dancem! Toquem!
Cantem! Corram! Joguem!

E nós rimos, dançamos, tocamos
Cantamos, corremos, jogamos.

Agora, chega!

terça-feira, 17 de abril de 2018

Koumba Tam - Mateus Aleluia / Léopold Sédar Senghor

Koumba Tam - Letra - Mateus Aleluia

Verde palma vela febre dos cabelos
Acobrei a curva afronte
As pálpebras quebradas dupla face
As fontes seladas
Esse fino crescente esse lábio mais negro e quase pesado
E o sorriso da mulher cúmplice.

As patenas das faces, o desenho do queixo
Cantam mundo acorde
Rosto de máscara serrada ao efêmero
Sem olho, sem matéria
Perfeita a cabeça de bronze
Com sua pátina do tempo
Sem vestígios de pinturas
Nem de rubor, nem rugas, nem de lágrimas, nem de beijos.

O rosto tal qual Deus te criou
Antes mesmo da memória da cidade lembrança da aurora do mundo
Nao te abras
Pra receber no colo meu olhar que te afaga
Adoro-te óh beleza
Com meu olhar monocórdio.

Dorme Koumba Tam
Dorme Koumba Tam
Ela dorme e repousa seu rosto na candura da areia.

Dorme Koumba Tam
Dorme Koumba Tam
Ela dorme e repousa seu rosto na candura da areia.

Adaptado/traduzido do poema: Máscara Negra de Léopold Sédar Senghor




sexta-feira, 3 de abril de 2015

PRETA - Poema

Preta

Preta é Razão
é o temor do feitor que se alimenta da opressão.
Preta é Divino
é pecado para o que lhe nega a humanidade, cristianismo.
Preta é Amor
como algo utópico, subversivo para a moral do homem branco.

A Razão é Preta
quem provou foi o Ocidente, o racista, burguês, escravagista e iluminista.
A Divindade é Preta
Obriga, Paulo de Tarso inventa. Agostinho aprofunda. É Tomás de Aquino que enxerta na bíblia a filosofia que o grego bola na África até que venha a Contra-Reforma abraçar a sanha capitalista que odeia pele preta.
Amar
é rompimento com o imposto que vem lhe apresentar quem é você, Preta! Chega a hora de dizer que é preta a história do ser.

(Miguel Angelo)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Desde Criança - RAP

(Carlos R. Rocha)

Ah mas se um dia eu chorar com o sangue aquecido
tentando compreender a atitude do meu filho
dizendo e falava, implorava pra ser branco
que o preto na escola era zoado e não tinha encanto

O sistema toma conta do psico da criança
na neurose de querer a todo custo ter pele branca
mente colonizada e o racismo sem coração
Há muito tempo apresentado na tese de Fanon

A estrutura é racista e sem mudanças assim se segue
Do omisso ao agressor que é a ponta do iceberg
repare que estou falando alem dos explorados
é da supremacia branca, por onde passou tem dominado

Quando eu crescer eu vou ser um homem negro e vou vencer (4x)

Eu aqui constrangido meu filho não acredita em mim
quando eu disse que ele era o meu herói mirim
sem quadrinho, sem desenho, sem representante na Tv
realmente fica difícil fazê-lo crer

Quando exalto o povo preto não é vontade de ser branco
É que os negros têm valores como todo ser humano
Mas ainda nessa porra lutamos por sobrevivência
Por tudo que passamos ainda vivemos na carência.

Contive minhas lágrimas, abracei o meu pequeno
sempre o protegeria de todo o sereno
falei que o estudo era o melhor remédio
ele me disse empolgado que queria ser um médico

O sonho do povo preto aqui é mutilado
e na frente do meu filho essa hora fiquei calado
Mais um preto da periferia pra ir a luta
Daqui uns anos eu espero o convite da formatura

Quando eu crescer eu vou ser um homem negro e vou vencer (4x)



domingo, 28 de julho de 2013

Impresso em Negrito - Poema



Quando me vi sendo avaliado nos mínimos detalhes do corpo
Nunca senti tanto desprezo moral
Fui usado como mercadoria irracional, coisa brutal
E apos uma longa e cruel viagem, é uma pena eu não estar morto.

Eu vi vários morrerem, jogados aos mar, estavam doentes
Mesma raça mas de grupos diferentes, várias intrigas
Sem espaço, com bichos, insetos, pragas, brigas.
Quando escolhido, cortaram os laços com meus entes

Com um pedaço de aço quente me marcaram, fui pro abrigo
O trabalho era duro, 16 horas por dia em uma fazenda
A revolta veio, queria liberdade, queria igualdade, queria renda
A minha fuga falhou, mas os capangas capricharam no castigo

Anos mais tarde, minha mão de obra tornou-se inviabilizada
Enfim, fui libertado porem possuía completamente nada

Precisaram de novos consumidores...
E assim somos para a burguesa, somo meros consumidores,
Pagamos pelo que nós mesmos produzimos , somos explorados.

Chega de escravidão, basta de exploração! Chegar de mortes em negrito.

Aos direitos dos Negros.


(Carlos R. Rocha)

terça-feira, 2 de julho de 2013

Partida da Verdade - Poema


Ao meio campo nossas inglórias
22 homens e 288 seres mortos de fome
Um senhor apita enquanto um outro levanta sua bandeira
Os carentes que se fodam

Milhões de mortes e de dólares

Milhões de mentiras alienantes
e o hipócritabol cega os de bem

Seja aqui ou ali foque o que está na tela

Não olhe para os lados
Esqueça a realidade
Deixe o globo ser chutado pelos servos da mentira

Existe o ponto central

Existe o cartão vermelho 
Existem técnicos
E ainda não vejo o verdadeiro gol

Onde estão vocês?

Onde estão os monopólios?
Onde está o orgulho de ser brasileiro?
Estamos jogando de olhos vendados

Olha o "fominha"!

Porém, passar o que?
Olhei o sangue dos adversários, sabe se lá de quem,
enquanto ouvi os fogos sem fim da maior de todas as guerras da sociedade contra ela mesma

Quem é o campeão brasileiro da fome?

Quem é o libertador  da América?
Pentacampeão?
Vou queimar minha camisa do Brasil Miserável Futebol Clube (BMFC).

(Miguel Ângelo)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Morrer na Luta, Não de Fome! - Poema

Estamos além da comoção
Não concordamos com a situação
Até o final estaremos na luta
Que consome nossas células

De pé!

Cada célula do corpo avante
Perdeu a luta, levante
A derrota é dar as costas
A derrota é nos conformar

Vitimas da fome!

Que mantem as ideias sãs
mas não salvas do Sam
Da  democracia enganosa
Do bloqueio das manhas

De pé!

Periferia vamos pro poder
Quem vai fazer por nós?
Somos nós mesmos.
Pra com dignidade sobreviver.

Famélicos da terra.

Onde moradia é privilégio
Pros nossos não tem remédio
Não tem fartura na mesa
Nos resta a certeza

Da ideia.

Que conseguiremos só com a luta
a derrubada dos parasitas.
A nulidade dos anestesistas
A igualdade como conquista.

A chama já consome

Já consome, já consome
e ficaremos mais fortes
Até a ultima, até a morte
Morrer na luta, não de fome.

Morrer na luta, não de fome!

(Carlos R. Rocha)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Que Vale? - Poema

Quanto vai ganhar pelo meu corpo crivado?
Quanto vale atacar-me no enquadro?
Quanto vai ganhar pelos meus moveis revirados?

Não há resposta coerente
Puro descaso com minha gente
Fantoches dos negligentes
com suas ações de dementes

Qual o valor das borrachadas no protesto?
Essa medalha o que vale? Qual o nexo?
As mazelas históricas mantidas, na atualidade o reflexo.
Defende apenas os de reputação ilibada, e o resto?

Te odeio, não só porque sou ''errado''
seu porco, pilantra, safado.
Te odeio por ser capitão do mato
Autoridade nada. Covarde nato!

Pergunto quanto vale, isso mesmo!!!
Sua violência gera resultado adverso
Gera revolta, gera esses versos
O choro da mãe, o grito assustado das crianças.
As gargalhadas dos magnatas
rindo do sangue derramado
rindo de nossas caras na televisão
A sua hora vai chegar, o revide
Escrevo pela sua extinção

(Carlos R. Rocha)

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Não Desistiremos!!! - Poema

Não desistiremos, não desistiremos.
Nós vamos pra cima.
Nós vamos!
Armamento pesado
Nós temos
Nós temos bala na ponta da caneta
Informação tá no pente,
Não desistiremos
Nós vamos,
Nosso colete são os livros
Nos vemos,
na luta pela igualdade
Nós vamos,
Pela justa distribuição de renda,
que não vemos.

Um dia há de acabar burgues
nosso suor enchendo o seu bolso.
Que propicia seu luxo, seu desperdício
Seus privilégios, sua impunidade
Seu lixo, seu psicopata.
Aproveitador, corrupto, manipulador.

Não nos lê, não nos vê
não nos ouve
Não se poupe, enfrente covarde
Em frente, sentido, sentido!
Você está protegido,
A proteção que só mata pobre
O enigma da execução
O arquivamento do caso

Não nos quer politizados,

educados, alimentados
críticos, argumentadores,
escritores, revolucionários

Nossa moradia é precária,

assim, nossos hospitais,
nossas escolas, nossos transportes.
nossos meios de subsistência.

Tentam nos anestesiar,

tentam nos alienar...
em vão, pois não desistiremos...
Não desistiremos...
( não vera nossa desistência)

(Carlos R. Rocha)