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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Documentário Orí - (Beatriz Nascimento)

A história dos movimentos negros no Brasil entre 1977 e 1988 é contada no documentário Ôrí, lançado pela cineasta e socióloga Raquel Gerber. Tendo como fio condutor a vida da historiadora e ativista, Beatriz Nascimento, o filme traça um panorama social, político e cultural do país, em busca de uma identidade que contemple também as populações negras, e mostrando a importância dos quilombos na formação da nacionalidade.

Ôrí significa cabeça, um termo de origem Iorubá, povo da África Ocidental, que, por extensão, também designa a consciência negra na sua relação com o tempo, a história e a memória.

Com fotografia de Hermano Penna, Pedro Farkas, Jorge Bodanzky, entre outros, música de Naná Vasconcelos e arranjos de Teese Gohl.




segunda-feira, 4 de abril de 2016

Mês do Hip Hop 2016: oportunidade de falar do nosso povo Africano

É inegável a importância que o Mês do Hip Hop, mais uma vez, tem no processo de Educação de crianças, adolescentes e jovens, e também na formação de novos artistas de luta trazendo à tona novamente a questão do povo preto, desta vez discutindo a Diáspora Africana e a Lei 10639/03. Ter a oportunidade de aprender e falar sobre meu povo através da cultura é o que me impulsiona a escrever esse texto.

Por FUCA (Insurreição CGPP)


Falar de Hip Hop nos seus quatro elementos e desconsiderar o povo preto, é simplesmente fazer por fazer e ter um desconhecimento da história do Hip Hop. Não me espantaria em dizer que muito dessa essência tem se perdido no movimento, até porque vivemos num país totalmente RACISTA onde vigora o genocídio.

Ao falar de Genocídio do Povo Preto e de Brasil, temos que falar do projeto de nação republicana que no início do século passado se iniciou visando e consolidando a exclusão dos negros nesse processo. Então após o “fim da escravidão” o que seria o momento do Negro no trabalho livre, o fluxo de imigrantes vindos da Europa aumentou de forma exacerbada com o intuito nítido de se ter um modelo de trabalhador padrão (branco/europeu), e se existe quem seja contra qualquer tipo de política afirmativa para negros, nessa época esses imigrantes brancos tiveram todo o auxilio desse país. O objetivo de branqueamento da população esteve escancarado nesse período e se mantém até hoje. Os pontos de exclusão (periferia / favela) ainda existem e é onde o Estado não chega e quando vem é a através da repressão policial, é nessa área dos excluídos que se é legitimo torturar, matar, chacinar e ainda desaparecer com os corpos.

Ao falar de Genocídio do Povo Preto e de Brasil, temos que falar do período de colonização e de coisificação do nosso povo (quase quatro séculos), que apesar de toda atrocidade dos brancos que sequestraram, estupraram, acabaram com nossos laços familiares, nossa cultura, nossa religião, o povo preto tem um histórico riquíssimo em resistência às opressões dos brancos, seja através de revoltas, insurreições e a capacidade de constituir QUILOMBOS, a exemplo da primeira republica afrikana, Quilombo dos Palmares, que venceu diversas batalhas contra os europeus.

Mas para além disso, temos que contar a história do Continente Africano como os primeiros seres humanos a habitarem a terra, a África o Berço da Humanidade com vasta contribuição ao desenvolvimento humano. A vida do nosso povo não começou em 1500, muito
pelo contrário, de 1500 pra cá é um período curto de nossa história para nos condicionar a escravos.

Como que não devo escrever sobre a oportunidade de falar da história do meu povo onde o ocidente insistiu e insiste em ocultar e/ou falsificar quem somos?

“... os países da diáspora negaram, mutilaram e falsificaram a história dos africanos e de seus descendentes, fazendo-os aparecer geralmente como objetos e raramente como sujeitos da ação humana do tempo. Omitiram a participação dos negros na construção das economias, culturas, identidades e transformações políticas desses países. Atribuíram a luta pela abolição da escravatura aos humanistas brancos e não aos protagonistas negros.” (Kabengele Munanga).

A lei 10639/03 torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira, mas passados 13 anos ainda percebemos resistência pra implementar de fato esses ensinos, até mesmo um dos pontos é a falta de difusão de escritores de autores e cientistas pretos ou pretas. Difusão de quem estudou e pesquisou sobre a verdadeira história da África e de seus avanços pirateados pelos europeus, (os gregos estudaram por um longo período no Egito Antigo, (KEMET, terra dos homens pretos)). Os europeus são plagiadores, falsificaram a história e a ciência a nos impor algo vindo da Europa como universal.

“O que estou dizendo é que eles tinham que vir para a África e estudar com os sábios do antigo Egito, que eram negros, para ter condições de aprender medicina, matemática, geometria, arte e assim por diante. Isso aconteceu muito antes da existência de qualquer civilização.” (Molefi Kete Assante).

Então o Hip Hop vem fazer esse papel importante e crucial para nossa educação, pra que visemos reverter esse processo de genocídio que é estruturado pelo racismo, para que atinjamos a nossa autoestima e a dos alunos ao saber um pouco da verdadeira história de seu povo e para que busque reabilitar o nosso ser individual e a emancipação como um povo descendente de Africanos.

Se liga nesses pontos:
“- A África foi o berço da humanidade.
- A maior parte da história humana se desenvolveu nesse continente
- Os primeiros seres humanos foram africanos de pele negra que se espalharam por outras partes do mundo, em várias ondas migratórias.
- Os seres humanos de hoje pertencem a uma só espécie cuja ancestralidade comum é negra e africana.
- As “raças” humanas de hoje são todas descendentes de africanos de pele negra e entre elas não há grandes diferenças genéticas.
- Durante a maior parte da história humana a África foi o berço dos mais importantes avanços tecnológicos e científicos./ povos africanos de pele negra foram os autores desses avanços.” (Elisa Larkin Nascimento).

Enfim, que ao longo do tempo possamos criar mais mecanismos pra adentrarmos de fato nesses espaços, assim como na rua, (a rua é a essência do Hip Hop) e poder demonstrar esses pontos citados acima extraídos do suplemento didático “O tempo dos Povos africanos”. Não temer em falar de nosso povo, muitos querem atribuir esse conteúdo como algo segregacionista ou excludente sendo isso totalmente ao contrário, é em busca de justiça social e da autenticidade histórica, que reflete no interno da pessoa, nas relações interpessoais e tudo mais. E outra, o debate sempre foi racializado nos colocando como inferiores, como quem não tem capacidade de produzir conhecimento, tecnologia e civilização...racializaram desde os testes de pureza do sangue para assumir cargos em igreja, no Estado, etc. segregação em espaços públicos e tudo mais. Vamos falar de África sim, esse é o caminho e sigamos, com muito Rap, Break, Discotecagem e Grafite.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Divulgação: Ato SP Manicômio Genocida Contra a População Preta, Periférica!

LINK EVENTO NO FACEBOOK
https://www.facebook.com/events/214674728866621/

DIA 25/01/2016 - ATO: SAO PAULO MANICOMIO GENOCÍDA CONTRA A POPULAÇÃO PRETA PERIFERICA.

09H AS 15H - VENHA! CONTRA A DECADA DAS CHACINAS.

FAÇA SEU VIDEO DE COMPARECIMENTO! E DIVULGUE!
forumhiphopeopoderpublico.blogspot.com.br

https://www.facebook.com/contraogenocidiodopovopreto/?fref=photo


LINK EVENTO NO FACEBOOK
https://www.facebook.com/events/214674728866621/


Forum de Hip Hop MSP junto com Comitê Contra o Genocidio Juventude Preta, Pobre e Periferica vem fazer a 3 edição do ATO em repudio Genocidio do Povo, Preto, pobre periferico:

"São Paulo Manicômio Genocida Contra a População, Preta e Periférica"

Em pleto dia 25 de janeiro dia do aniversário da cidade BANDEIRANTES, vamos para centro ocupar,denunciar nossas mazelas sociais escondidas e legitimas por esses governantes brankkkos.

Teremos intervenções com os 4 elementos do Hip Hop, intervenções danças tradicionais africanas e indigenas entre outras ações !

Encosta em peso, de punho cerrado e sem sorriso !!!


#ContraoGenocidiodoPovoPretoPobrePeriferico
#ContraoGenocidiodoPovoIndigena
#NoisPorNois
#manicomionuncamais #foravalencius


Videos Chamadas de artistas, militantes, enfim de quem irá comparecer!!!

Video1
https://www.facebook.com/francisco.egde/videos/1644229729177889/

Video2
https://www.facebook.com/aliado.uc/videos/952716428156158/


Video3
https://www.facebook.com/aliado.uc/videos/952931531467981/

Video4
https://www.facebook.com/marcos.renato.7169/videos/568954969934906/

Video5
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/195788217440191/

Video6
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/192467531105593/

Video7
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/195788130773533/

Video8
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/195788257440187/

Video9
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/193476877671325/


Video10
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/193475901004756/
Video11
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/193475841004762/


Video12
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/193475644338115/


Video13
https://www.facebook.com/515studio/videos/1009537492425847/


Video14
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/192468551105491/


Video15
https://www.facebook.com/marcos.renato.7169/videos/565982020232201/


Video16
https://www.facebook.com/andrerapperpirata/videos/192467531105593/

Video17
https://www.facebook.com/100001707205778/videos/993841770682720/


Video18
https://www.facebook.com/aliado.uc/videos/947450095349458/

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Guesto Fest - Jundiapéba - 02/05/2015

Retrospectiva 2015 - gueto fest - Judiapéba - Mogi das Cruzes















Cine Gueto Itinerante - Casa Hip Hop de Mogi das Cruzes - 28/02/2015

Retrospectiva 2015
Texto por Marcos Favela

Ontem dia 28/02/15 a Casa do Hip Hop de Mogi das Cruzes foi palco do Cine Gueto Itinerante diretamente do Grajaú - Sp.
Com a exibição do Documentário "Quando Eu Me Chamar Saudade" , que relata a triste luta de um pai , que por acreditar na inocência de seu filho passou 27 dias atrás de provas e evidências , até provar que policiais assassinaram seu filho e um amigo sem motivos e ainda forjaram a cena do crime tentando incriminar os jovens.

O evento também contou com uma roda de conversas com o pessoal Contra o Genocídio do Povo Preto e Periférico , sobre vivências e experiências de abuso de poder por parte da polícia.

E não parou por ai não.
Pudemos nos deliciar com os salgados e cupcakes vegan , feitos pela Juliana Mutafi e Silas Ferrarini , da Laranja Lima Vegan , exposição de Zines e Informativos , além da presença do pessoal da CCM.

E é claro muito Rap Nacional com:
#RevoluçãoAntiSistema
Insurreição Cgpp
Única Chance
Marginal Gris
Marcos Favela
#ACENA
.
E um mostruário de roupas com:
VEDDAS - Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade
Villa Joya
#DjMCS






















quarta-feira, 22 de abril de 2015

Única Chance - Entrevista Rap

Direto da zona sul de São Paulo, periferia! O Única Chance é mais um grupo que resiste, e que através de formação e informação age principalmente no Jd Clipper. Aqui eles falam sobre o grupo, sua origem e das intervenções com o Cine Gueto pelo coletivo Dona Maria Antifascista. E já adiantamos, o som é pedrada!



Spqvcnaove - Quem são os integrantes do Única Chance? É a mesma formação desde o inicio?

U.C: José Dellano (Vulgo Aliado treze) e Roberto Almeida (vulgo Bethoven), sim é a mesma formação !

Spqvcnaove - Qual é a quebrada de origem do grupo? Tem como vocês descreverem essa quebrada?


U.C: A nossa quebrada é um conjunto de favelas da zona sul de São
Paulo são: Jardim Iporanga, Jardim Presidente, Jordanopolis, Vila Clipper! É como todas as quebradas do Brasil, sofre com o baixo investimento da políticas publicas, sem educação, saúde, emprego, sobra crime e tráfico pra nóis; onde único órgão governista que chega até a favela é a Policia fascista.

Spqvcnaove - Qual o porquê do nome Única Chance?

U.C: A representatividade do nome “Única chance” reflete toda trajetória percorrida por nós, passamos por todas mazelas sociais que a periferia sofre: fome, falta de uma estrutura educacional, sobrevivemos ao tráfico de drogas e as investidas da policia. Com passagem por outros grupos de rap sem sucesso, fomos apresentados em uma noite fria, na base da garoa olhando na “bolinha do olho” no campo do Iporanga (caldeirão), foi firmada essa parceria e que seria nossa Única Chance em fazer Rap!

Spqvcnaove - De onde veio a necessidade ou a decisão de ser um Rapper?

U.CBethoven: tive o meu primeiro contato com o rap através do lixo! Na época eu tinha entre 11 e 12 anos estava trabalhando com
o meu pai, na casa do meu irmão no jardim Guarujá; quando saí da casa encontrei uma sacola com várias fitas misturadas com lixo doméstico (fiquei com medo do meu pai brigar comigo por estar mexendo no lixo), então, peguei umas três fitas e escondi no bolso depois guardei na minha mochila. Fomos pra casa no fim do dia, no dia seguinte meu pai foi trabalhar e minha mãe tinha saído (não me recordo o que ela ia fazer) liguei o toca fita e comecei escutar uma sessão de peso, “dinamite” não entendia nada, mas as batidas e as levadas me deixaram alucinado. Passado algum tempo na empolgação ainda da novidade jogando bola na rua de casa escuto um som que eu compreendia, pois relatava muito o dia a dia da periferia, era os Racionais mc's disco sobrevivendo no inferno! Anos depois conheci alguns rappers e tinha alguns grupos na quebrada acho que foi o momento que decidi ser Rapper também ao ver conhecidos no palco!
Aliado 13: o rap surgiu como brincadeira mesmo, quando Douglas, Everton (outros manos do Parque Alto) em uma roda de zoeira disse: "Você leva jeito pra fazer rap." No começo achei irônico, mas sempre ouvi bastante rap: Racionais, Facção Central, Rzo, Sabotage, etc. Comecei escrever e ler bastante. A partir desse start percebi: "tá aqui onde vou expressar todo meu ódio contido, onde vou fazer minha liberdade de expressão valer e gritar para todos os cantos, somos seres humanos e temos direitos e não só deveres."

Spqvcnaove - Como é a atividade desse grupo? Tem algo além das apresentações?


U.C: Somos um grupo novo, desde 2013 estamos realizando as atividades musicais, tivemos uma grande projeção no ano passado (2014), diversas apresentações desde CEUs, casas de culturas, quebradas, espaços libertários. Além das apresentações musicais, estamos engajados na luta pela sobrevivência da população periférica, e resgate da matriz africana na quebrada. Somos uns dos idealizadores do projeto “Cine Gueto”, que visa trazer o poder do questionamento aos nossos, resgate da historia negra, enfatizar que podemos produzir, e reproduzir cultura sem precisar esperar pelo Estado. A partir desse projeto foi criado o Coletivo Dona Maria Antifascista, que tem o propósito de difundir a cultura subversiva, através de ações voltada contra o extermínio da população negra e pobre, machismo, gênero, racismo, etc; pois, não adianta fazer todo um questionamento se não estamos realizando nada pra mudar nosso espaço, nossas favelas!

Spqvcnaove - Nessa caminhada no Rap, tem como vocês citarem mais sobre as fases do grupo? Se a perspectiva de hoje era a mesma de ontem? E o que vocês diriam do futuro?

U.C: Do inicio até os dias atuais foi aprendizagem, tanto na questão pessoal quanto na questão musical, todo esse ciclo deixa uma única certeza, a resistência e luta define nosso Time. A perspectiva do grupo continua a mesma, utilizar o rap como ferramenta de construção da mudança para periferia, mostrando que a voz das estática nunca serão silenciadas, como diz Marighela “Há os que têm vocação para escravo, mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.”(Rondó da Liberdade). O futuro é apenas somatório do passado, com a construção no presente, estamos para lançar nosso primeiro cd chamado “Made in Brazil”, estaremos produzindo a partir desse trabalho físico, Clipes, DVD e já temos projetos musicais a serem feitos, e a guerra continua seja na militância e na musical; pelo gueto para o gueto !

Spqvcnaove - O álbum "Made in Brazil" tem previsão de lançamento? O que podemos esperar desse trampo?


U.CComo foi dito inicialmente, será lançado via web e o lançamento físico estamos fazendo o planejamento de como por o trampo na rua para facilitar a compra do mesmo, promoções em algumas rádios do gênero, estamos estudando ainda. O que esperar desse trampo mano muita resistência, vivência e postura de rua.

Spqvcnaove - Como vocês avaliam o movimento hip hop na atualidade?

U.CMano pra avaliar aqui em termo nacional eu consigo ver uma transição de gerações onde podemos ver, por exemplo, o ilustre Nelson triunfo, um personagem histórico do movimento hip hop, há anos vem divulgando o hip hop, teve grande participação na abertura da casa de hip hop de diadema, local que realiza trabalho com as crianças/adolescentes onde os participantes dessas oficinas têm contato com todos os quatros elementos do hip hop. Mas agora na atualidade vejo um cenário inverso os elementos separados, cada um por si só vejo evento grande com o MC e o DJ, perdendo toda a essência e significado do movimento, esse ano participamos de um evento (mês do hip hop 2015) que contemplou e contextualizou o movimento em seus todos os elementos, evento esse que foi
construído todas as discussões no tema Genocídio da População Negra, Pobre e Periférica um dos maiores problemas das periferias brasileiras e mundiais; pra sintetizar: analisamos que o movimento está distante, que a preocupação de uma parcela não é a construção e difusão da cultura hip hop, motivo a capitalização “dos nossos” e os distanciamento dos movimentos negros do rap, após os “90”; e entenda tem muitos pelo movimento, pelo gueto só não tem a mesma visibilidade!

Spqvcnaove - Vocês acreditam que o Rap pode “resgatar” vidas?



U.CSim, com certeza. Temos diversos casos bem conhecidos de pessoas no rap nacional e internacional que cresceram ao lado da criminalidade (ou eram do crime) que ao colidir com o rap mudaram totalmente sua postura perante individuo, sociedade.

Spqvcnaove - Pra vocês cantar Rap é uma ação mais artística ou mais política?


U.CJá que não temos partido, não carregamos bandeira e não somos patriotas; cantar é uma ato político sim, você mostra que aos governantes que o estado/pais está ruim, que a política governamental é voltada apenas ao burguês, e você faz uma “outra campanha”, dando visibilidade a quem não tem foco, colocando o dedo na ferida e dialogando direto com seu povo!

Spqvcnaove Deixa um salve ae pros leitores.

U.CSalve quebradas, família Única Chance deixou um abraço de coração a todos e nunca desistam dos seus sonhos, somos do tamanho deles!!!

Página Única Chance no Facebook
https://www.facebook.com/unicachanceuc?fref=ts

Sound Cloud:
https://soundcloud.com/unicachance


sexta-feira, 10 de abril de 2015

Entrevista com a MC Simony

"Totalmente contra a redução (da idade penal)! Querem negociar a vida dos nossos meninos e meninas, e isto é inegociável."

Confira a Música:
Mc Simony - Não Pago Simpatia
https://soundcloud.com/rapperpirata/simoni-nao-pago-simpatia
Facebook: https://www.facebook.com/simony.marques.50





Entrevista

Spqvcnaove - Quem é a Mc Simony?
SIMONY - A Mc Simony é uma mulher comum, mãe, rapper, e articuladora de alguns projetos.

Spqvcnaove - Como surgiu o Rap na sua vida? Desde quando atua como Mc?
SIMONY - O rap na minha vida surgiu desde muito nova nas festas de rap que existiam nas ruas da minha quebrada, Jd Guarani vila Brasilândia. Minha mãe me levava pra igreja eu chegava e corria pro rap, rs. Então me identificava com as letras porque falava da realidade que eu fazia parte. Já escrevia algumas coisas, mas aos 16 anos compus a minha primeira letra falando da realidade de uma adolescente na periferia, dali comecei a me apresentar nas quermesses do meu bairro sempre com o pensamento de passar a mensagem pra fortalecer assim como daquelas festas que eu ia e sempre a mensagem me fortalecia.

Spqvcnaove - Já fez ou faz parte de algum grupo de Rap?

SIMONY - Sim, já fiz. Participei do grupo Hulda, começamos como um projeto de hip hop e formamos o grupo de rap Hulda, fiquei na formação por três anos e foi muito loko.

Spqvcnaove - Por que cantar Rap?
SIMONY - O rap pra mim é a força das palavras transformada em canção, uma forma de luta uma cultura que é muito foda, que conta nossa história como realmente é. Sempre quando me perguntam isso faço questão de responder: "não escolhi o rap, mas ele me acolheu". Eu ouvia minha realidade nas letras de rap que ouvia.

Spqvcnaove - Como você vê o movimento Hip Hop na atualidade?
SIMONY - O movimento Hip Hop é forte um movimento das ruas, que unido tem uma missão pesada, porém acho que atualmente o movimento tem se dividido, e é ruim porque acredito que juntos somos mais fortes, os elementos do hip hop ainda continuam salvando muitas vidas, mas sempre vou preferir acreditar que juntos somos mais fortes, não tem preço ver os 4 elementos um fortalecendo o outro. Foda!

Spqvcnaove - Quais são suas influências musicais? O que te inspira a compor?
SIMONY - Minhas influências... sempre ouvi de tudo, lá em casa desde sempre meu pai ouvia Elis Regina, Clara Nunes, Michael Jackson, muito samba raiz, e sempre fui apaixonada por todos esses sons também, gosto desde Lauren Hill a James brown, de Dina Di ao fundo de quintal, ouço de tudo. Gosto de musica.

Spqvcnaove - Você tá trabalhando algum álbum? Poderia adiantar algo sobre?
SIMONY - Atualmente acabei de lançar a música do meu novo trampo solo. A musica "NÃO PAGO SIMPATIA", e agora estou pra lançar o clip da musica e trabalhando em um E.P com 4 musicas pra apresentar essa nova fase. Que vai se chamar "Recomeço".

Spqvcnaove - Quais projetos você participa?
SIMONY - O projeto que mais tenho atuado e me dedicado hoje é o projeto Oz guarani, onde realizo trabalhos com o hip hop junto com os adolescentes e as adolescentes da aldeia tekoa pyau. O hip hop é visto por eles como mais uma arma de luta, o que faço é simplesmente fortalecer isso.


Spqvcnaove - Você está próxima de grupos indígenas, o que você desenvolve com el@s? E quais são os mitos criados sobre a questão indígena?
SIMONY - Existem varias questões quando se trata dos grupos indígenas, só que estes grupos não são totalmente nativos tendo que se adaptar a algumas coisas por questões de sobrevivência, acaba sofrendo preconceito dentro do próprio bairro por serem indígenas. Isso acaba mexendo muito com a autoestima dos adolescentes meninos e meninas, que não se sentem parte dali, mas que também não podem hoje viver plenamente sua cultura. São articulados e suas lideranças é lição pra todos nós, porém precisamos unir forças pra lutar em prol dos nossos irmãos indígenas e o hip hop tem tido esse papel hoje dentro das aldeias. O hip hop é considerado por eles como mais uma arma de luta para que suas causas sejam ouvidas.


Spqvcnaove - Em março de 2015 tivemos no município de São Paulo o maior evento de Hip Hop no Brasil, O Mês do Hip Hop. Março esteve tomada pelo Hip Hop, um feito enorme pautado pelo próprio Hip Hop, qual a sensação de ter participado desse momento histórico?
SIMONY - Bom!! Saber que o hip hop uniu forças e conquistou uma parada assim já é muito gratificante, ver artistas de todas as zonas construindo juntos e realizando é muito loko, as discussões pautadas sobre o genocídio nos CEUs, oficinas, ver a semana de hip hop virar mês e ver que podemos mais, este ano poder participar desse bang não só como espectadora, mas como atuante, foi sem palavras!!!

Spqvcnaove - Qual é sua avaliação sobre o protagonismo das mulheres no Hip Hop?
SIMONY - O protagonismo da mulher no hip hop, estamos aí temos nosso espaço, o que precisamos é ocupa-lo, claro que tem muito ainda a se conquistar, mas como mulher hoje vejo caminhos pra gente buscar se unir e juntas fortalecer umas as outras, e continuar lutando para que a mulher não seja silenciada. A cena da mulher no rap e em todo hip hop está pesada, mas temos muito ainda pra buscar. 

Spqvcnaove - Quais são as maiores dificuldades enfrentadas numa sociedade machista?
SIMONY - A dificuldade é desde quando nascemos que querem nos transformar em boneca de porcelana, frágil e indefesa que precisaremos casar e construir família, isso ai já é pesado porque causa aquela falsa sensação que o sucesso da mulher só será conquistado estando nestes padrões. O tempo todo agressão as mulheres são normalizadas por uma sociedade que acha que mulher apanha porque gosta, e isso não é verdade!! Muitas são as coisas que passam uma mulher desde o abuso do olhar do cara pra sua bunda até a culpa de ser a responsável por ter sido estuprada, agredida e até mesmo morta. Isso precisa mudar!!!

Spqvcnaove - Os setores mais conservadores da sociedade apoiam a redução da maioridade penal, você acredita que é esse o caminho?
SIMONY - Jamais! Totalmente contra a redução, querem negociar a vida dos nossos meninos e meninas, e isto é inegociável. Acho extremamente importante, o movimento hip hop pautar sim a questão das mortes, alem da cultura a realidade é pesada demais e infelizmente se não for nós por nós quem esperamos que vá falar discutir por nós? Infelizmente não dá pra pensar só em shows e palcos enquanto as ruas são lavadas de sangue dos nossos pelas balas do estado genocida!

Spqvcnaove - Por que a morte do boy comove mais?
SIMONY - A morte do boy comove mais porque ele é boy. Porque normalizam a morte e o extermino de quem é da favela, acham que só uma classe tem direito de viver, e não é a nossa. Neguinho de favela pros coxinha sempre será suspeito, sempre!

Spqvcnaove - Você acredita em dias melhores para a população preta e para a população indígena?
SIMONY - Acredito que a conscientização e problematizcao das causas é um avanço, mas que de fato as forças precisam se unir, porque a única força que a gente vê de fato acontecer é a mão do Estado matando a rodo, a discriminação, o preconceito, o racismo ainda é muito forte, mas não passarão!!

Spqvcnaove - Pra finalizar, deixe um salve pra geral!
SIMONY - Agradeço o espaço, por a gente estar trocando essas ideias, e que possamos nos unir cada vez mais manos e manas nas lutas, no hip hop e na caminhada. Muita Luz pra tod@s!!!


Spqvcnaove - Valeu Simony, sucesso na luta!

sábado, 6 de setembro de 2014

Fala Tu (2003) - Documentário Rap

"Fala Tu" acompanha o cotidiano de três pessoas da zona norte do Rio de Janeiro. Suas vidas, seus sonhos, suas intimidades. Elas não se conhecem, mas têm uma coisa em comum: são rappers e sonham em se tornar músicos profissionais.
Macarrão, 33 anos, pai de duas filhas, é apontador do jogo do bicho e mora no Morro do Zinco, no Estácio. Combatente, 21 anos, trabalha como operadora de telemarketing, frequenta a Igreja do Santo Daime e mora em Vigário Geral. Toghum, 32 anos, é vendedor de produtos esotéricos, budista e morador de Cavalcante. O filme mostra o local de trabalho, os estúdios improvisados, as rádios piratas, as cerimônias religiosas, a casa e a família dos três, procurando entender como o rap mudou o cotidiano deles e como usam a experiência de vida para escrever as letras das canções.
O filme participou da Seleção Oficial do Festival de Berlim, em 2004.

Direção: Guilherme Coelho
Produção: Maurício Andrade Ramos, Mano Thales, Nathaniel Leclery, Guilherme Coelho
Roteiro: Nathaniel Leclery
Fotografia: Alberto Bellezia

quinta-feira, 31 de julho de 2014

QUAL É O MOIO? POLITICA CULTURAL PARA HIP HOP MSP


Qual é o moio? Direito pros manos e pras manas

Cultura na periferia, tem? Quem faz? Quem acessa?
O Fórum Hip Hop MSP entregou uma carta para efetivação de politicas culturais para prefeitura de prefeitura de SP no ano de 2013 e aprovou na conferência de cultura do mesmo ano como 11ª proposta com 108 votos, garantia da efetivação da semana Hip Hop com a autonomia do movimento Hip Hop efetivação de 5 casas de Hip Hop como centros de referencia, memória, e politicas de circulação.
Queremos um fundo voltado para o movimento Hip Hop politico cultural onde o DJ, BREAK, GRAFFIT, MC, BBOX sem haver detrimentos dos artistas e articuladores do Hip Hop junto com a efetivação de todas as leis e projetos de leis voltados para Hip Hop em SP na câmara municipal e a valorização do Hip Hop em suas localidades na periferia e sua história com ação por toda cidade que as politicas de cultura sejam para difusão do conhecimento e fortalecimento do Hip Hop para combate ao racismo institucional brasileiro, por que?... Essas pessoas vão dizer no vídeo abaixo.

Por André Luiz
Reportagem e imagem
Julho 2014






terça-feira, 22 de julho de 2014

Evento - QUAL É O MOIO? POLITICAS PARA O HIP HOP


Por André Luiz

No dia 31 de julho, São Paulo, horário dás 18h , O Fórum Hip Hop MSP realizará o evento Qual é o Moio? Plano de Politica para o Hip Hop na ONG Ação Educativa , rua General Jardim, 660, esse evento faz parte do projeto Direito Pros Manos e Pras Manas com o patrocínio do programa VAI e secretaria de Cultura. Haverá apresentação do grupo de rap comunista Fantasmas Vermelho (ZL) e o rapper Fuca (Z/S); Também será exibido o doc realizado pelo Fórum sobre as politicas públicas nos bairros da cidade e sua importância. Estão convidados para participar do dialogo representantes da secretaria de cultura e educação no intuito de entender e se articular para efetivação de politicas públicas de interesse do movimento hip hop
Os temas que apareceram na conversa são referente as politicas públicas de cultura, educacionais e sociais em prol da periferia da cidade, a partir do olhar do movimento hip hop;  Quais foram os efeitos dos diálogos de 2013, o que se efetivou e o que ainda está para se realizar referente ao hip hop? Quais são as participações dos conselhos da cidade, juventude e outros atualmente na politica executada no município? Qual o efeito do plano Juventude Viva na cidade? Entre outras questões que ainda estão sem respostas.

 Democracia não é dialogo para apropriação das falas para se criar um discurso que agrade. Ela é dialogo; é a participação dos munícipes na elaboração e efetivação das politicas de interesse dos paulistano.
Rapper Pirata

Serviço:
Hip Hop Filmes: Direito Pros Manos e Pras Minas
Qual é o Moio? Politica para o Hip Hop
Data:  Quinta -31/07/2014
Horário:18hr
Local: Ação Educativa
Rua General Jardim, 660
Prx metrô república
Fone: 9 8216 2160 - Rapper Pirata
http://forumhiphopeopoderpublico.blogspot.com.br/

sábado, 3 de maio de 2014

Entrevista com Vírus do Underground - Rap de Moçambique

Vírus do Underground é um grupo de Rap Moçambicano de Maputo que teve como membros fundadores Rahim, Meteoro e Eskeleto Vivo. O grupo está desde de 2006 na cena do Rap. Com gravações independentes eles conseguem atingir um alto nível de qualidade nas músicas, algo que é além do material é tocar com espirito, N'zimo, eis o significado do nome do estúdio que eles têm desde 2010.



Blog - Hoje, quantos integrantes tem o grupo?

V.U -  Somos 10 (dez) elementos...Rahim, Meteoro, Eskeleto vivo, Kasdir a.k.a Bindso, Old reason, Vinte Trez, Alelo recessivo, Crazy mind, A2b & Nicotina.

Blog - Como surgiu o Vírus do Underground?

V.U - Surge com RAHIM, T pelo facto de influenciar muita gente a gostar do estilo rap underground... então passei a chamar-me Vírus do underground, só que pra um artista o nome era comprido demais, então decidi formar uma dupla com meu primo METEORO. Dai... eu e ele fomos ter com Eskeleto vivo que também se identificou com a nossa ideia. assim formou-se a VÍRUS DO UNDERGROUND com apenas três elementos. Dai pra cá o numero de integrantes foi aumentando... A maior parte deles formados como MC na própria Vírus do underground. A Vírus do underground também foi escola de Rap.

Blog - Qual o porquê desse nome?

V.U - O nome VÍRUS DO UNDERGROUND foi escolhido Por Rahim antes dele ter o nome artístico RAHIM. ele influenciou muita gente a gostar e fazer o rap underground, dai se chamou Vírus do underground. Porque acreditava que era um vírus que infectava as pessoas causando a "doença" ou o gosto pelo gênero RAP Underground. Eskeleto vivo & Meteoro também consideravam-se Vírus do underground. Dai Abdicou Rahim o nome de Vírus do underground passando se chamar RAHIM e doou o nome ao colectivo que passou a se chamar VÍRUS DO UNDERGROUND até hoje. Eramos maniacos em fazer as pessoas gostar do Underground e a maior parte das vezes que tentávamos... conseguíamos convencer. Eramos uma doença, uma praga e principalmente um vírus do underground...


Blog - Quais são as influências musicais e/ou literárias do coletivo?

V.U - As nossas influências musicais são: WU-TANG, Banda Podre (um grupo de rap moçambicano muito antigo), ONYX, DEALEMA, JEDI MIND TRICKS entre outros colectivos..mas principalmente Wu-Tang Clan.

Blog - Como é a cena do Hip-Hop em Moçambique, é muito marginalizado ainda?

V.U - O Hip-Hop ainda é marginalizado sim... mas não como antigamente. hoje já temos em alguns canais televisivos e de rádio espaço para o nosso estilo de música... mas antigamente não, mesmo em shows. Agora partilhamos com artistas de outros estilos de música sem muita restrição.

Blog - Vocês conseguem viver da música ou dos eventos que vocês organizam?

V.U - Em moçambique é muito difícil viver da música, não digo que é impossível... é possível sim mas dificilmente. Muito menos pra artistas como nos, Os Repistas. Com isso quero dizer que não vivemos da musica mas sim vivemos a música, sobretudo a cultura hip-hop.

Blog - O Vírus do Underground está a lançar um novo álbum chamado Revolution, há uma previsão para esse lançamento?

V.U - O lançamento do álbum Revolution tem previsão sim.... Acreditamos que será lançado no sexto mês do ano em curso...

Blog - No Brasil a população negra é maior, mas vemos a todo momento a tentativa de embranquecimento do país, isso acontece em Moçambique também?

V.U - Sim, acontece também no nosso pais... o fluxo de imigrantes pra o nosso pais esta cada vez mais forte.

Blog - Temos diversos problemas no Brasil, muita corrupção na politica; a população preta, pobre e periférica não tem o devido acesso a serviços básicos como: Educação, Moradia, Saúde; e estamos sendo mortos na mão da policia. Vocês, aí em Moçambique, compactuam com os mesmos problemas? 

V.U - Em Moçambique há muita corrupção em todos os setores e áreas, o pobre não tem o devido acesso a serviços básicos de educação, saúde e estamos sendo mortos na mão da policia e na mão de soldados dos dois partidos da oposição, estamos numa tensão politico-militar onde o povo é quem sofre as consequências. e se assim continuar vai resultar numa guerra!

Blog - Quais são os mitos que vocês acham que são criados na visão do mundo em relação ao continente Africano?

V.U - Há muita mentira em relação a África, como por exemplo: A África é pobre demais. Eu discordo: A África é rica e muito rica que não param de entrar investidores estrangeiros, o que nos falta ou seja o que nos faltou foi mecanismos de como usufruir da mesma riqueza. e a lavagem cerebral que o ocidente nos faz...podemos ser pobres de possibilidades mas em termos de recursos naturais somos ricos.

Blog - Qual a religião predominante no grupo?

V.U - A religião predominante no grupo e a católica e em seguida vem a islâmica.

Blog - Há uma década a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) tomou espaço em Moçambique, eles prometem prosperidade, cura de doenças, riquezas, em troca da doação de dízimos, quanto mais der mais abençoado será, e nisso atingem a população mais carente e aproveitam a vulnerabilidade dessas pessoas. Qual é a sua visão da IURD?

V.U - Em relação a IURD eu acho que é um jeito muito feio de extorquir dinheiro, usando a sensibilidade de um povo sofrido.

Blog - E Para que nós aqui do Brasil conheçamos mais sobre o rap em Moçambique, cite quem são os seus maiores parceiros.

V.U - Os blocos aliados, A comunidade Bantu, A irmandade, Os tropas da margem norte... Biosense, Bone, A N'zimo Record's, Os maxaquenistas, A sick mind, As larvas Assombradas... entre outros aqui não mencionados.

Blog - Pra finalizar, vocês acreditam em dias melhores?

V.U - Acreditamos em dias melhores sim, porque já tivemos dias piores, e que se fosse pra desistir já teríamos feito antes e não agora. Dias melhores estão a vir e continuarão a vir!

Blog - Muito bom mesmo. Sucesso! Obrigado Vírus do Underground.

Vírus do underground
N'zimo Record's

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Milton Nascimento - Em nome do Deus - Música

 




Em nome do Deus de todos os nomes
-Javé
Obatalá
Olorum
0ió.

Em nome do Deus, que a todos os Homens
nos faz da ternura e do pó.

Em nome do Pai, que fez toda carne,
a preta e a branca,
vermelhas no sangue.

Em nome do Filho, Jesus nosso irmão,
que nasceu moreno da raça de Abraão.
Em nome do Espírito Santo,
bandeira do canto
do negro folião.

Em nome do Deus verdadeiro
que amou-nos primeiro
sem dividição.

Em nome dos Três
que são um Deus só,
Aquele que era,
que é,
que será.

Em nome do Povo que espera,
na graça da Fé,
à voz do Xangô,
o Quilombo-Páscoa
que o libertará.

Em nome do Povo sempre deportado
pelas brancas velas no exílio dos mares;
marginalizado
nos cais, nas favelas
e até nos altares.

Em nome do Povo que fez seu Palmares,
que ainda fará Palmares de novo
-Palmares, Palmares, Palmares
do Povo!

http://letras.mus.br/milton-nascimento/1281136/

Texto por Dom Pedro Casaldáliga

Em nome de um deus supostamente branco e colonizador, que nações cristãs tem adorado como se fosse o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, milhões de Negros vem sendo submetidos, durante séculos, à escravidão, ao desespero e à morte. No Brasil, na América, na Africa mãe, no Mundo.

Deportados, como "peças", da ancestral Aruanda, encheram de mão de obra barata os canaviais e as minas e encheram as senzalas de indivíduos desaculturados, clandestinos, inviáveis. (Enchem ainda de sub-gente -para os brancos senhores e as brancas madames e a lei dos brancos- as cozinhas, os cais, os bordéis, as favelas, as baixadas, os xadrezes).

Mas um dia, uma noite, surgiram os Quilombos, e entre todos eles, o Sinaí Negro de Palmares, e nasceu, de Palmares, o Moisés Negro, Zumbi. E a liberdade impossível e a identidade proibida floresceram, "em nome do Deus de todos os nomes", "que fez toda carne, a preta e a branca, vermelhas no sangue".
Vindos "do fundo da terra", "da carne do açoite", "do exílio da vida", os Negros resolveram forçar "os novos Albores" e reconquistar Palmares e voltar a Aruanda.

E estão aí, de pé, quebrando muitos grilhões -em casa, na rua, no trabalho, na igreja, fulgurantemente negros ao sol da Luta e da Esperança.
Para escândalo de muitos fariseus e para alivio de muitos arrependidos, a Missa dos Quilombos confessa, diante de Deus e da História, esta máxima culpa cristã.
Na música do negro mineiro Milton e de seus cantores e tocadores, oferece ao único Senhor "o trabalho, as lutas, o martírio do Povo Negro de todos os tempos e de todos os lugares".

E garante ao Povo Negro a Paz conquistada da Libertação. Pelos rios de sangue negro, derramado no mundo. Pelo sangue do Homem "sem figura humana", sacrificado pelos poderes do Império e do Templo, mas ressuscitado da Ignomínia e da Morte pelo Espírito de Deus, seu Pai.
Como toda verdadeira Missa, a Missa dos Quilombos é pascal: celebra a Morte e a Ressurreição do Povo Negro, na Morte e Ressurreição do Cristo.

Pedro Tierra e eu, já emprestamos nossa palavra, iradamente fraterna, à Causa dos Povos Indígenas, com a "Missa da Terra sem males", emprestamos agora a mesma palavra à Causa do Povo Negro, com esta Missa dos Quilombos.

Está na hora de cantar o Quilombo que vem vindo: está na hora de celebrar a Missa dos Quilombos, em rebelde esperança, com todos "os Negros da Africa, os Afros da América, os Negros do Mundo, na Aliança com todos os Pobres da Terra".