Original por Asad Malik do
Pan-African Alliance.
https://www.panafricanalliance.com/destruction-of-black-civilization-summary/
Tradução por Carlos R. Rocha (Fuca)
https://insurreicaocgpp.blogspot.com.br
(Arquivo em pdf aqui)
O livro A
Destruição da Civilização Preta escrito pelo Dr. Chancellor Williams é um
dos livros mais poderosos que já li.
De fato, aprendi mais sobre a história do Povo
Preto em 14 capítulos do que em 12 anos de escola pública.
Pergunte a qualquer membro influente de nossa
comunidade e eles concordarão que este livro é a porta de entrada para a
Consciência Preta.
Quando olhamos para o mundo hoje, seríamos
perdoados por acreditar que o Povo Preto não tinha história antes da chegada
dos brancos.
Isso porque, quando olhamos para a África, vemos um
continente que está atrás do resto do mundo. Na África Subsaariana, os
registros arqueológicos são difíceis de encontrar mesmo na melhor das
hipóteses.
E o único lugar no continente com um tesouro de
conhecimento antigo - Kemet - é ocupado por árabes.
Mas nem sempre foi assim.
Nós sabemos, a partir (do livro) A Destruição da
Civilização Preta, que muito do registro arqueológico africano foi destruído
por invasores brancos. Sabemos que a civilização preta foi interrompida por
ondas de invasão, guerra inter-racial e escravidão. E também sabemos que os
fundadores de Kemet eram tão pretos quanto o céu noturno.
Mas, como o Dr. Chanceler Williams pergunta, “o que
aconteceu? Como essa Civilização Preta tão avançada foi tão completamente
destruída que seu povo, em nossos tempos e por alguns séculos passados, se viu
não apenas atrás dos outros povos do mundo, mas também, a cor de sua pele um
sinal de inferioridade, má sorte e a insígnia do escravo, quer seja cativo ou
livre?”
A Destruição da Civilização Preta foi a resposta do
Dr. Williams para essas questões.
Biografia do Dr Chancellor
Williams.
“Mas ele teve que dominar a história, pois ser
ignorante da história é simplesmente ser ignorante. Em seu estudo da história
mundial, preste atenção especial à instituição da escravidão através dos tempos
e das forças por trás dela. Estude a escravidão branca também, disse a si
mesmo, pois os brancos fingem esquecer que eles próprios foram escravos e
tentam usar a escravidão preta como prova de inferioridade racial.” - The Second Agreement With Hell, [O segundo
acordo com o inferno] por Chancellor Williams.
Chancellor James Williams (nascido em 22 de
dezembro de 1898) era filho de um ex-escravizado. Ele nasceu durante um período
na história americana em que a escravidão e a Guerra Civil estavam frescas na
memória de muitos homens e mulheres pretos.
Seu interesse pela história africana começou cedo
na vida. Em suas próprias palavras: “Eu li tudo de Booker T. Washington, DuBois
e o The African Abroad de William
Henry Ferry. E eu não estava lendo apenas por diversão, eu estava procurando
por respostas. E em minha própria mente participei de debates entre Booker T. e
DuBois. Fiquei do lado de Booker T.”
Para escapar da pobreza e do racismo do Sul [EUA],
muitos pretos começaram a migrar para o Norte em busca de novas oportunidades.
Lugares como Nova York, Chicago e Washington D.C. se tornaram novas mecas
pretas que deram origem a movimentos políticos, culturais e intelectuais.
Chancellor Williams foi arrebatado por estes tempos e saiu de sua cidade
natal na Carolina do Sul para Washington D.C. aos 12 anos de idade.
Em 1930, ele se formou na famosa e historicamente
preta Universidade de Howard, onde fez um mestrado em história pela Howard.
Mais tarde, ele concluiu um doutorado em sociologia na Universidade Americana.
Ele trabalharia como professor pelo resto de sua
vida, ao mesmo tempo em que fundou uma padaria e construiu outras fontes de
renda para si e para sua extensa família.
Quando o Dr. Chanceler Williams fez sua transição de
volta ao reino ancestral em 7 de dezembro de 1992, ele deixou 14 filhos, 36
netos, 38 bisnetos e 10 tataranetos.
Outros
livros do Chancellor Williams são:
The
Rebirth of African Civilization (O RENASCIMENTO DA CIVILIZAÇÃO AFRICANA)
Have You Been to the River?
The
Second Agreement with Hell
Mas de todas as obras intelectuais que o Dr.
Williams produziu (e ele produziu muitas) nenhuma foi tão revolucionária e
inspiradora quanto A Destruição da
Civilização Preta.
Seu livro é amplamente lido em prisões, escolas
domésticas e em organizações comunitárias. Até mesmo membros de nossa
organização são obrigados a ler A
Destruição da Civilização Preta como parte de nosso currículo fundamental.
Resumo e Resenha.
“‘O que aconteceu com o Povo Preto da Suméria?’
Perguntou o viajante ao mais velho, ‘pois registros antigos mostram que o povo
da Suméria era Preto. O que aconteceu com eles?’ ‘Ah’, o velho suspirou. ‘Eles
perderam a sua história, então eles morreram.’” - Citação de abertura de A
Destruição da Civilização Preta.
Eu cresci acreditando que "o Egito" era
um país árabe. Eu fui ensinado que os gregos ou algum grupo asiático de pele
clara construíram as pirâmides. Minha deseducação foi confirmada quando assisti
filmes como Cleópatra - o filme de
1963 com um elenco todo branco.
Então eu li A
Destruição da Civilização Preta.
Este livro me ensinou a verdade: que os pretos de
Kemet (terminologia apropriada ao Egito) construíram e lideraram as maiores
dinastias da história. E quando invasores brancos e árabes invadiram Kemet, os
pretos do Nilo foram empurrados para o Sul.
O Dr. Williams escreve que “os árabes estavam se
espalhando e penetrando nas fronteiras dos estados pretos, anteriormente
proibidas. Eles puderam, dessa forma, entrar em território preto do qual os
brancos eram barrados. Esses árabes confundiram os líderes africanos em todos
os lugares, aumentaram as tensões e guerras tribais entre eles e ajudaram
poderosamente a destruir a independência dos estados africanos”.
Apesar de empurrados para o Sul, continuamos a
construir impérios como Kush, Axum, e preservamos a prática de construção de
pirâmides em toda a Núbia.
De tempos em tempos, o mesmo tema se desenrolou: fomos deslocados por
invasores, nos reestabelecemos e reconstruímos, e fomos novamente deslocados.
A
Profecia Mossi.
As únicas circunstâncias em que as nações africanas
foram capazes de se proteger e se preservar foi quando a Grande Profecia Mossi
foi respeitada:
Em suma, os Mossis viam o islamismo e o
cristianismo como veículos de conquista do homem branco. Foi a única nação preta
a tempo de ver isso. De fato, a profecia Mossi afirmava que quando o primeiro
homem branco aparecesse na terra, a nação morreria.
A política Mossi de excluir brancos ou limitar
rigidamente o número e controlar suas atividades no país ilumina ainda mais uma
experiência africana que já é tão evidente que não deveria exigir luz
adicional: Todos os Estados africanos que começaram a se desenvolver novamente
após a grande dispersão, reconstrução e expansão, foram prósperos e avançaram
como Estados pretos, desde que eles barrassem os brancos agressivos e severos de
seus países; e sua destruição tornou-se certa somente quando eles aliviaram
essa política e deixaram os asiáticos e europeus entrarem.
Sobre isso, o registro é totalmente claro.
Os Mossis mantiveram-se firmes na religião africana
e nas instituições africanas e sobreviveram por mais de quinhentos anos, até o
século 20.
Libertação e Organização.
“[A libertação de nossas mentes é a] Tarefa Número
Um. A atual visão confusa do povo africano é o resultado de séculos de
aculturação caucasiana, um processo bastante natural onde um povo está sob o
domínio econômico, político e social de outro povo.” Citação de A Destruição da Civilização Preta.
Nos capítulos The
Liberation of Our Minds [A Libertação
de Nossas Mentes] e Organizing a Race
for Action [Organizando uma Raça para
Ação], Chancellor Williams mostra como os brancos, árabes e cada vez mais
asiáticos podem controlar facilmente as comunidades pretas suprimidas, mesmo
depois de libertadas.
Isto se consegue usando manipulação mental,
religião e, o mais importante, ideologias.
Na página 331 está escrito que “As ideologias e o
sistema de valores dos opressores se tornam inconscientemente parte dos
oprimidos, mesmo quando o resultado é demonstrativamente contra eles mesmos (os
oprimidos). Mas todos os outros povos oprimidos, indianos, chineses ou
japoneses, foram capazes de manter obstinadamente seu próprio orgulho racial e
herança cultural como o último recurso para a sobrevivência como povo. Ao
contrário dos pretos, eles nunca foram completamente separados da sustentação
dessa linha de vida de cada povo.”
Ao contrário de outras raças - nós, os Pretos,
somos Escravos Voluntários, mesmo depois de libertados, porque fomos ensinados
a acreditar em um sistema de valores brancos, e subordinamos nossa cultura à de
outros grupos. É somente depois de quebrarmos esse sistema de crenças que
começaremos a elevar nossa estima racial coletiva.
Quebrar os sistemas de crença da supremacia branca
e, assim, mudar nossas atitudes só pode acontecer através da reeducação das
massas pretas.
Dr. Williams escreve o seguinte:
“A reeducação será necessária para as duas mudanças
obrigatórias de atitude: 1) Em relação um ao outro em termos de respeito mútuo
e 2), uma mudança de atitude em relação à eficiência e especialização em gestão
de negócios, responsabilidade e administração financeira. A menos que comecemos
a desenvolvê-las e expandi-las primeiro, um grande movimento de sobrevivência
fracassará, assim como muitos outros esforços nobres fracassaram porque a
pressa negligenciou a base necessária”
Tal é o poder de livros como A Destruição da Civilização Preta - não apenas informa, mas corrige
os danos causados pela deseducação, reeduca o leitor e inspira o tipo de
mudança de atitude que serve de base para o nosso renascimento.
Um Plano Mestre Para Unir Os Clãs
(Masterplan)
“… Embora o povo africano possa continuar seu atual
curso de fraqueza para o futuro com milhares de organizações não-unificadas,
impotentes e dependentes como meio-homens incapazes de usar seus próprios
cérebros, (com este plano mestre), nunca mais poderemos dizer que ninguém
estudou os principais problemas e os obstáculos às suas soluções baseadas na
história, e depois ofereceu um plano geral como uma das possíveis linhas de direção
como fuga do caos.” - citação de A
Destruição da Civilização Preta.
O último e mais importante capítulo do livro nos dá
um projeto para o renascimento da civilização africana.
Desde o nascimento do pan-africanismo, milhares de
organizações “Pretas” vêm e vão.
Chancellor Williams
argumenta que essas organizações falham porque não incluem toda a raça e não
têm um plano claro de ação e organização de longo prazo.
As organizações pretas
tendem a ser organizadas em torno de:
Organizações
religiosas como a Nação do Islã
Organizações
ativistas, como o Movimento Black Lives
Matter
Organizações
políticas como o Congresso Nacional Africano (ANC em inglês)
Mas esses tipos de
organizações se concentram em subconjuntos estreitos dos problemas e excluem os
pretos que não demonstram obediência inquestionável ou lealdade a algum desses.
Se
você se recusa a aceitar um líder religioso como um Deus na Terra, ou se
discorda da política partidária, você é excluído do grupo.
Em vez disso, o Dr.
Chancellor Williams nos ensina a construir "organizações baseadas na
Raça" que priorizem a raça antes da religião, orientação sexual ou partido
político.
Ele escreve, “Organização
Racial aqui significa uma organização nacional apenas de pessoas pretas... a
organização deve ser estruturada de forma a incluir todos os elementos da
população preta que reflita a voz da América Preta como um todo. Não temos uma organização
assim entre nós; portanto, nenhuma unidade real existe entre nós.”
Ele continua dizendo;
“Longe de ser um movimento separatista, nossa organização seria cooperativa.
Pois as massas pretas não vão desistir de seus 400 anos de investimento em
sangue e trabalho que foram usados para construir a América. Elas
não estão prestes a se separar ou migrar para qualquer lugar, deixando todos
aqueles séculos de labuta como um presente gratuito para os brancos.”
Ele também aponta
algumas coisas que devem ser entendidas:
A unidade que buscamos
não pode ser alcançada apenas com organização.
A unidade real será
alcançada, não por pregação, súplica ou exortações, mas quase inconscientemente
quando as pessoas trabalharem juntas para benefícios mútuos e o avanço da raça
como um todo. Atividades práticas e significativas que envolvam
até mesmo as crianças no ataque aos problemas de sua raça serão o vínculo que
chamamos de unidade.
As atividades
econômicas são fundamentais em qualquer movimento verdadeiramente ascendente.
A mentalidade de
escravo faz com que milhões de nós evitem essa regra de vida porque ela requer
mais iniciativa, treinamento e trabalho, e menos conversa de política [ou
pregação]. O resultado é que o resto do mundo nos vê como uma
raça dependente para candidatos a emprego, incapazes de nos envolver na
produção em grande escala de qualquer uma das necessidades da vida, sejam os
sapatos que usamos ou os alimentos que comemos. Consequentemente,
os bilhões de dólares que gastamos a cada ano, apenas nessas categorias,
devolvemos ansiosamente aos brancos para que fortaleçam seu poder sobre nós e,
ao mesmo tempo, tornem-se cada vez mais ricos. As atividades de desenvolvimento
econômico são atividades diretas de sobrevivência.
Todas as empresas
comunitárias, ao contrário do capitalismo, serão propriedade e operadas pelo
povo. Os
membros da comunidade serão os acionistas, e todo o pessoal treinado em cada
loja, fábrica ou qualquer outra empresa será acionista (e, portanto,
coproprietários) de tais estabelecimentos, sendo que todos os lucros
pertencerão ao povo, mas a total responsabilidade para o serviço de primeira
classe será o de administradores eleitos, e não os membros em geral.
Uma
organização baseada em raça poderia dar certo?
Chancellor Williams
descreve uma série de razões pelas quais apenas um movimento racial pode ter
sucesso.
A importância de uma
organização de âmbito nacional, escreve ele, é que ela pode influenciar a
política externa americana em relação a questões importantes que afetam as
nações africanas "tão efetivamente quanto os judeus americanos podem
influenciar as relações deste país com Israel.”
Uma organização
racial mudaria os padrões de vida e despesas de todos os homens e mulheres pretos.
“Aluguéis mais altos
e preços mais altos são pagos por bens e serviços nos ‘cortiços centrais’ do
que aqueles pagos nos subúrbios brancos afluentes. Esta guerra aberta, mas
silenciosa, contra os pretos está sendo aceita porque estamos impotentes e
desorganizados.” Dr Williams escreve.
“Tal movimento racial
seria realmente superficial se prosseguisse sem seu fundamento principal, que é
a propriedade de vastas extensões de terras agrícolas e madeireiras em várias
partes do país (a Nação do Islã já está trabalhando nisso, comprando enormes
parcelas de terras agrícolas e imóveis em todo o país). A
terra é para produção. E sua propriedade e uso se tornarão cada vez mais
necessários para a sobrevivência, pois mesmo agora 75% da população americana
está concentrada em apenas 2% das terras nas cidades e vilas.”
Um movimento racial
pode ter, em nome da diáspora africana, um Banco Nacional Central como o
depositário nacional do povo. Os pretos têm proteção arbitrariamente
negada ou são cobradas taxas muito mais elevadas do que as pagas pelos brancos.
Durante o período que
antecedeu a crise financeira de 2006, os bancos empurraram os tomadores de
empréstimos minoritários para empréstimos subprime, mesmo quando muitos deles
se qualificaram para empréstimos prime.
Wells Fargo teve
talvez as práticas mais horríveis neste departamento, chamando os empréstimos
subprime que eles promoviam em bairros pretos pobres de “empréstimos do gueto”.
Uma organização
racial pode dar uma nova esperança e um novo sentido de direção aos milhares
atrás dos muros da prisão e, com o tempo, praticamente esvaziar as prisões dos
condenados por crimes pelos quais os brancos são libertados.
Os homens e mulheres
que saíssem da prisão teriam algo para fazer: treinamento e preparação para
serviços tão necessários para ajudar a construir e avançar sua raça e a eles
próprios.
Mais importante
ainda, as crianças pretas, que foram gravemente enganadas por esta estrutura de
poder branco, [que] sabem que seus pais fazem parte ativamente de um grande
movimento racial, serão inspiradas a participar da luta também.
Como
construir uma organização baseada em Raça.
O livro inclui um
projeto para construir o tipo de organização de que nosso povo precisa. Ele
sugere que esta organização consista em vários departamentos específicos,
incluindo:
- O Departamento de
Promoção de Empresas Cooperativas Comunitárias
- O Departamento de
Finanças, Bancos e Cooperativas de Crédito
- A Instituição de
Tecnologia e Treinamento de Pessoal
- Escritório Central
de Controle de Contabilidade e Finanças
- Departamento de
Recuperação de Terras e Agricultura
- Agência de
Transporte e Distribuição
- Agência Central de
Compras e Abastecimento
- Divisão de Ação
Política
- Divisão de Educação
Pública
- Divisão de Serviços
Comunitários (incluindo clínicas comunitárias)
- Divisão de
Atividades da Juventude
- Divisão de Assuntos
Pan-africanos (para coordenar nossos esforços no exterior)
- Divisão de
Inteligência e Segurança
- A
Comissão de Vida Espiritual e Assistência (para construir conexões entre as
filosofias religiosas dispersas da diáspora)
“Com o
desenvolvimento de um movimento dessa magnitude, os pretos podem começar a
aprender finalmente como é totalmente fútil compreender as ideologias
desenvolvidas pelo mundo branco para as pessoas do mundo branco. O
que é necessário agora, portanto, não é nem “Capitalismo Preto” ou “Comunismo Preto”
- mas o que é necessário é uma ideologia de Africanismo Preto, operando dentro
de valores originais.”
O projeto completo
está no livro. Se você é membro de uma organização ou está construindo uma, não
há necessidade de inventar a roda. Em vez disso, fique sobre os ombros desse gigante para
que possamos tornar os sonhos de nossos ancestrais uma realidade para nossos
filhos.