domingo, 30 de junho de 2013

Pós 500 Anos

O Neoliberalismo fala para mim sobre sua política de acumulação do capital na contemporaneidade, pós-moderno?

O que vivemos aqui é ausência da tensão entre o efêmero e o eterno, não se busca mais o essencial no “acidental”, existe modernidade ainda?

Ética que não anda na política não anda em lugar algum, o que é a humanidade hoje?

Se Milton Santos há negou quem sou eu para discordar?

Racional? Autônomo? Faça-me rir de outra maneira.

E a isogoria em nossas praças?

O cristianismo está ai firme e forte; a fé é pra deus, a caridade é para seu semelhante (quem é ele eu não sei), aguardamos e seguimos nossas revelações, virtude é ter seu dever, e aguarda-se a salvação, sim! Salvação do homem.

O doze do relógio abraça seus ponteiros, e o Grajaú parece silenciar sem tiroteios por enquanto.

Apesar da chuva, sei que os homens zumbis do nosso morro estão bem, o combustível talvez infelizmente para eles possa acabar, que não roubem mais um senhora cansada de esfregar a cozinha da madame nos Jardins.

“Segura porra, vou-te foder seu nóia”.

Ouvi! Claro que ouvi, o fascismo está aqui como produto, e a fabrica está a mil. Via privada? Institucional? Foda-se, querem você e eu batendo palmas enquanto financiamos a morte dos nossos.

Queria não se lembrar das histórias de Auschwitz, queria mesmo.

Mas se aqui está, deixa prá lá chorar, dá para ir mais, você sabe que dá mais.

Insano saber que parei de correr, de beber em demasia, certamente.

Insano saber que acreditei no papo furado sobre a real derrubada do muro de Berlim, você quase caiu, caiu sim.

Nossos irmãos ainda estão no navio, acorrentados e comendo restos.

Estão se jogando ao mar visando a liberdade através da morte.

Estão sendo humilhados diariamente até pelo desenho de sua face

E enquanto uns fingem que foram enrolados na ideia de democracia racial, quem tá preso? Quem tá no madeirite? No 12?

Para que eu ainda possa sonhar, para que eu ainda possa lhe amar

Para que eu sorva essa droga, e não deixe esquecer a meta pra perder minha cara por uma 12 da Rota.

Autor: Miguel Ângelo

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Morrer na Luta, Não de Fome! - Poema

Estamos além da comoção
Não concordamos com a situação
Até o final estaremos na luta
Que consome nossas células

De pé!

Cada célula do corpo avante
Perdeu a luta, levante
A derrota é dar as costas
A derrota é nos conformar

Vitimas da fome!

Que mantem as ideias sãs
mas não salvas do Sam
Da  democracia enganosa
Do bloqueio das manhas

De pé!

Periferia vamos pro poder
Quem vai fazer por nós?
Somos nós mesmos.
Pra com dignidade sobreviver.

Famélicos da terra.

Onde moradia é privilégio
Pros nossos não tem remédio
Não tem fartura na mesa
Nos resta a certeza

Da ideia.

Que conseguiremos só com a luta
a derrubada dos parasitas.
A nulidade dos anestesistas
A igualdade como conquista.

A chama já consome

Já consome, já consome
e ficaremos mais fortes
Até a ultima, até a morte
Morrer na luta, não de fome.

Morrer na luta, não de fome!

(Carlos R. Rocha)

domingo, 16 de junho de 2013

A Natureza da Nossa Luta de Classes e a Inevitabilidade da Revolução do Proletariado

Original por: http://forumhiphopeopoderpublico.blogspot.com.br/

Miguel Ângelo – Fórum de Hip Hop Municipal - SP
“O campo de extermínio tem a voz truta!”
Facção Central

Qual é a cor do capitalismo? Responder essa retórica é mais do que
entender o momento vigente, seria isso na verdade tomar conhecimento do
projeto que só veio a progredir a partir da empresa colonial de ontem. Afirmo
que aqui não houve ruptura para nós negros, pobres e periféricos, somos ainda
os escravos tentando garantir a colheita do café para o senhor, porém com o
verniz da democracia burguesa.

Portanto, quando denunciamos a ação do Estado sabemos bem que ele
não se sente indo na contramão de seus interesses. Ora, como diria Vargas;
“Estamos tentando salvar a burguesia”. Eu descreveria os Capitães do Mato e
os Bandeirantes como mercenários caçadores de seres humanos, como
podemos descrever a Polícia Militar? Em um Estado burguês não cabe todo
mundo, logo São Paulo têm mais de 200 mil presos, é a polícia que mais
prende. As vagas disponibilizadas pela Secretaria de Administração
Penitenciária aumentaram 400% em menos de vinte anos. Serão mais 39 mil
vagas para nossos irmãos e irmãs até 2014, não precisa de cota para essa
faculdade pública, vem com bolsa anual de cinquenta reais e terá muito calor
humano, tendo em vista que isso nem desafoga o um terço do total de
presídios em superlotação. Mesmo que isso signifique triplicar os cemitérios do
Morumbi e da Consolação para os bisnetos de dono de fazenda ta tudo legal, é
o terror pelo terror.

Mas estamos aqui hoje, o Fórum de Hip Hop MSP, como sempre
estivemos a revelia do grampo, da exclusão e de todo pacote social genocida
progressivamente implantado. Um quilombo autônomo que dá bonde até
mesmo no imperialismo, mesmo que apenas pela nossa condição ontológica.

Como diz o RAP, porta voz definitivo da exclusão; “Nossos cérebros eles não
podem algemar”. Ninguém pode matar o que cada negro, pobre e periférico
representa. Sem perder de vista que a ruptura é a saída definitiva, iremos
permear sim os espaços a todos nós negados também.

Aos que afirmam que o extermínio só passa a se tornar ferramenta
política apenas no pós 64 eu questiono, ferramenta política sobre quem? O que
o boy passou no período militar nós passamos historicamente talvez antes
mesmo da invasão das ilhas Canárias pelos portugueses. Sim, para eles é
mais fácil nos transformar em massa de manobra expropriando até nossa
história.
Mano, eu moro no Grajaú, o terceiro maior distrito da cidade de São Paulo! O mais populoso também! Um distrito predominante pobre! Um distrito
com menos de 40% dos domicílios ligados a rede geral de esgotamento
sanitário! Esse é o um front! Esse é o um soviete! E eu sei que muitos de vocês
levam uma quebrada no peito, é por ela que você deve agir, assim seremos um
só prá tomar de assalto a classe dominante! Sua quebrada, o passado e o
presente que viu e viveu nela mano, ninguém pode te fazer esquecer. Só peço
que lembrem que foi o burguês que fez os seus passarem fome, que deu a
ordem para o rato cinza matar seus manos, que prendeu seus manos, que
distribuiu drogas e rifles pra gente se matar. Que tenhamos em vista que é ele
que irá pagar a conta quando cobrarmos o revide dessa treta. “Quando a
mente deprimida resolver se rebelar não tem para o exército nem pra polícia
militar”.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Que Vale? - Poema

Quanto vai ganhar pelo meu corpo crivado?
Quanto vale atacar-me no enquadro?
Quanto vai ganhar pelos meus moveis revirados?

Não há resposta coerente
Puro descaso com minha gente
Fantoches dos negligentes
com suas ações de dementes

Qual o valor das borrachadas no protesto?
Essa medalha o que vale? Qual o nexo?
As mazelas históricas mantidas, na atualidade o reflexo.
Defende apenas os de reputação ilibada, e o resto?

Te odeio, não só porque sou ''errado''
seu porco, pilantra, safado.
Te odeio por ser capitão do mato
Autoridade nada. Covarde nato!

Pergunto quanto vale, isso mesmo!!!
Sua violência gera resultado adverso
Gera revolta, gera esses versos
O choro da mãe, o grito assustado das crianças.
As gargalhadas dos magnatas
rindo do sangue derramado
rindo de nossas caras na televisão
A sua hora vai chegar, o revide
Escrevo pela sua extinção

(Carlos R. Rocha)

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Não Desistiremos!!! - Poema

Não desistiremos, não desistiremos.
Nós vamos pra cima.
Nós vamos!
Armamento pesado
Nós temos
Nós temos bala na ponta da caneta
Informação tá no pente,
Não desistiremos
Nós vamos,
Nosso colete são os livros
Nos vemos,
na luta pela igualdade
Nós vamos,
Pela justa distribuição de renda,
que não vemos.

Um dia há de acabar burgues
nosso suor enchendo o seu bolso.
Que propicia seu luxo, seu desperdício
Seus privilégios, sua impunidade
Seu lixo, seu psicopata.
Aproveitador, corrupto, manipulador.

Não nos lê, não nos vê
não nos ouve
Não se poupe, enfrente covarde
Em frente, sentido, sentido!
Você está protegido,
A proteção que só mata pobre
O enigma da execução
O arquivamento do caso

Não nos quer politizados,

educados, alimentados
críticos, argumentadores,
escritores, revolucionários

Nossa moradia é precária,

assim, nossos hospitais,
nossas escolas, nossos transportes.
nossos meios de subsistência.

Tentam nos anestesiar,

tentam nos alienar...
em vão, pois não desistiremos...
Não desistiremos...
( não vera nossa desistência)

(Carlos R. Rocha)