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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Entrevista com a MC Simony

"Totalmente contra a redução (da idade penal)! Querem negociar a vida dos nossos meninos e meninas, e isto é inegociável."

Confira a Música:
Mc Simony - Não Pago Simpatia
https://soundcloud.com/rapperpirata/simoni-nao-pago-simpatia
Facebook: https://www.facebook.com/simony.marques.50





Entrevista

Spqvcnaove - Quem é a Mc Simony?
SIMONY - A Mc Simony é uma mulher comum, mãe, rapper, e articuladora de alguns projetos.

Spqvcnaove - Como surgiu o Rap na sua vida? Desde quando atua como Mc?
SIMONY - O rap na minha vida surgiu desde muito nova nas festas de rap que existiam nas ruas da minha quebrada, Jd Guarani vila Brasilândia. Minha mãe me levava pra igreja eu chegava e corria pro rap, rs. Então me identificava com as letras porque falava da realidade que eu fazia parte. Já escrevia algumas coisas, mas aos 16 anos compus a minha primeira letra falando da realidade de uma adolescente na periferia, dali comecei a me apresentar nas quermesses do meu bairro sempre com o pensamento de passar a mensagem pra fortalecer assim como daquelas festas que eu ia e sempre a mensagem me fortalecia.

Spqvcnaove - Já fez ou faz parte de algum grupo de Rap?

SIMONY - Sim, já fiz. Participei do grupo Hulda, começamos como um projeto de hip hop e formamos o grupo de rap Hulda, fiquei na formação por três anos e foi muito loko.

Spqvcnaove - Por que cantar Rap?
SIMONY - O rap pra mim é a força das palavras transformada em canção, uma forma de luta uma cultura que é muito foda, que conta nossa história como realmente é. Sempre quando me perguntam isso faço questão de responder: "não escolhi o rap, mas ele me acolheu". Eu ouvia minha realidade nas letras de rap que ouvia.

Spqvcnaove - Como você vê o movimento Hip Hop na atualidade?
SIMONY - O movimento Hip Hop é forte um movimento das ruas, que unido tem uma missão pesada, porém acho que atualmente o movimento tem se dividido, e é ruim porque acredito que juntos somos mais fortes, os elementos do hip hop ainda continuam salvando muitas vidas, mas sempre vou preferir acreditar que juntos somos mais fortes, não tem preço ver os 4 elementos um fortalecendo o outro. Foda!

Spqvcnaove - Quais são suas influências musicais? O que te inspira a compor?
SIMONY - Minhas influências... sempre ouvi de tudo, lá em casa desde sempre meu pai ouvia Elis Regina, Clara Nunes, Michael Jackson, muito samba raiz, e sempre fui apaixonada por todos esses sons também, gosto desde Lauren Hill a James brown, de Dina Di ao fundo de quintal, ouço de tudo. Gosto de musica.

Spqvcnaove - Você tá trabalhando algum álbum? Poderia adiantar algo sobre?
SIMONY - Atualmente acabei de lançar a música do meu novo trampo solo. A musica "NÃO PAGO SIMPATIA", e agora estou pra lançar o clip da musica e trabalhando em um E.P com 4 musicas pra apresentar essa nova fase. Que vai se chamar "Recomeço".

Spqvcnaove - Quais projetos você participa?
SIMONY - O projeto que mais tenho atuado e me dedicado hoje é o projeto Oz guarani, onde realizo trabalhos com o hip hop junto com os adolescentes e as adolescentes da aldeia tekoa pyau. O hip hop é visto por eles como mais uma arma de luta, o que faço é simplesmente fortalecer isso.


Spqvcnaove - Você está próxima de grupos indígenas, o que você desenvolve com el@s? E quais são os mitos criados sobre a questão indígena?
SIMONY - Existem varias questões quando se trata dos grupos indígenas, só que estes grupos não são totalmente nativos tendo que se adaptar a algumas coisas por questões de sobrevivência, acaba sofrendo preconceito dentro do próprio bairro por serem indígenas. Isso acaba mexendo muito com a autoestima dos adolescentes meninos e meninas, que não se sentem parte dali, mas que também não podem hoje viver plenamente sua cultura. São articulados e suas lideranças é lição pra todos nós, porém precisamos unir forças pra lutar em prol dos nossos irmãos indígenas e o hip hop tem tido esse papel hoje dentro das aldeias. O hip hop é considerado por eles como mais uma arma de luta para que suas causas sejam ouvidas.


Spqvcnaove - Em março de 2015 tivemos no município de São Paulo o maior evento de Hip Hop no Brasil, O Mês do Hip Hop. Março esteve tomada pelo Hip Hop, um feito enorme pautado pelo próprio Hip Hop, qual a sensação de ter participado desse momento histórico?
SIMONY - Bom!! Saber que o hip hop uniu forças e conquistou uma parada assim já é muito gratificante, ver artistas de todas as zonas construindo juntos e realizando é muito loko, as discussões pautadas sobre o genocídio nos CEUs, oficinas, ver a semana de hip hop virar mês e ver que podemos mais, este ano poder participar desse bang não só como espectadora, mas como atuante, foi sem palavras!!!

Spqvcnaove - Qual é sua avaliação sobre o protagonismo das mulheres no Hip Hop?
SIMONY - O protagonismo da mulher no hip hop, estamos aí temos nosso espaço, o que precisamos é ocupa-lo, claro que tem muito ainda a se conquistar, mas como mulher hoje vejo caminhos pra gente buscar se unir e juntas fortalecer umas as outras, e continuar lutando para que a mulher não seja silenciada. A cena da mulher no rap e em todo hip hop está pesada, mas temos muito ainda pra buscar. 

Spqvcnaove - Quais são as maiores dificuldades enfrentadas numa sociedade machista?
SIMONY - A dificuldade é desde quando nascemos que querem nos transformar em boneca de porcelana, frágil e indefesa que precisaremos casar e construir família, isso ai já é pesado porque causa aquela falsa sensação que o sucesso da mulher só será conquistado estando nestes padrões. O tempo todo agressão as mulheres são normalizadas por uma sociedade que acha que mulher apanha porque gosta, e isso não é verdade!! Muitas são as coisas que passam uma mulher desde o abuso do olhar do cara pra sua bunda até a culpa de ser a responsável por ter sido estuprada, agredida e até mesmo morta. Isso precisa mudar!!!

Spqvcnaove - Os setores mais conservadores da sociedade apoiam a redução da maioridade penal, você acredita que é esse o caminho?
SIMONY - Jamais! Totalmente contra a redução, querem negociar a vida dos nossos meninos e meninas, e isto é inegociável. Acho extremamente importante, o movimento hip hop pautar sim a questão das mortes, alem da cultura a realidade é pesada demais e infelizmente se não for nós por nós quem esperamos que vá falar discutir por nós? Infelizmente não dá pra pensar só em shows e palcos enquanto as ruas são lavadas de sangue dos nossos pelas balas do estado genocida!

Spqvcnaove - Por que a morte do boy comove mais?
SIMONY - A morte do boy comove mais porque ele é boy. Porque normalizam a morte e o extermino de quem é da favela, acham que só uma classe tem direito de viver, e não é a nossa. Neguinho de favela pros coxinha sempre será suspeito, sempre!

Spqvcnaove - Você acredita em dias melhores para a população preta e para a população indígena?
SIMONY - Acredito que a conscientização e problematizcao das causas é um avanço, mas que de fato as forças precisam se unir, porque a única força que a gente vê de fato acontecer é a mão do Estado matando a rodo, a discriminação, o preconceito, o racismo ainda é muito forte, mas não passarão!!

Spqvcnaove - Pra finalizar, deixe um salve pra geral!
SIMONY - Agradeço o espaço, por a gente estar trocando essas ideias, e que possamos nos unir cada vez mais manos e manas nas lutas, no hip hop e na caminhada. Muita Luz pra tod@s!!!


Spqvcnaove - Valeu Simony, sucesso na luta!

sábado, 22 de novembro de 2014

Insurreição CGPP - Voz de Mãe


Letra
Meu nome é Maria eis aqui minha palavra
meu corpo agora treme e meu coração trava
Peço por favor não repare se eu chorar
Lágrima vem pesada é difícil segurar
Quem tava no meu colo e dormia do meu lado
Hoje vi dormindo cheio de furo e costurado
com um ente assinei o caixão pra sepultar
e já me perguntou como eu iria lhe pagar. 
momento tão difícil eu me sinto mais sozinha
Não consegui vencer sendo ajudante de cozinha
Pra ver meu único filho aos 15 anos morto
Devia seguir o safado que decretou o seu aborto
Não o vi jogando bola, nem fui na sua reunião
estava servindo mesa ouvindo merda do patrão
Na fila do busão uma mãe negra que chora
as 04:15 da manhã os passageiro me consola

(refrão) Quero o meu filho de volta
Me ajude
Quero o meu filho de volta
Me escute
Quero o meu filho de volta
Mas não volta, ele foi julgado e morto pela rota

é só quem é mãe sabe mesmo como dói
não o verme que matou meu filho, faz quadrinho de herói
que na delegacia me viu sem rumo, deu risada
ah como eu queria matar o porco na facada
minha vida vale menos é o que tá comprovado
vejo tanta gente mas ninguém tá do meu lado
vieram me falar que deus ele é fiel
mas queriam que eu doasse o dinheiro do aluguel
Olho seu lado da cama me bate um desespero
o sonho não existe a vida é o pesadelo
abraço o travesseiro e fico a pensar
não pude dá o melhor e ele foi roubar
Momento desgostoso a saudade mais aperta
na euforia da noticia no cidade alerta
Tô ficando louca o que fizeram com minha vida
o patrão me viu chorando e hoje eu fui demitida.

(refrão) Quero o meu filho de volta
Me ajude
Quero o meu filho de volta
Me escute
Quero o meu filho de volta

Mas não volta ele foi julgado e morto pela rota


sábado, 13 de setembro de 2014

Insurreição CGPP - Queria o quê? Pretitude até morrer!


LETRA
CGPP
Bota racista pra correr!

CGPP
Manda polícia se foder!
CGPP
Com os político vai debater

Queria o quê? Pretitude até morrer!

Download: http://www.mediafire.com/listen/s144ga1861b9dh4/Insurreiçao_CGPP-queria_o_que_pretitude_ate_morrer!.mp3

Branco gelou, me procurou, pediu pena pra mim
Quando na peneira do rap pedimo bala no Alckmin
Achou pesado? Quer que eu cole no sapatinho?
Deviam ter pensado antes de decapitar meu líder Zumbi
Branco não quer perder privilégio de ser doutor
Por isso invoco o malê escalpelar mente de colonizador
Pagou um pau, né? Ficou com vergonha da sua cor
Mas cê não faz ideia do que meu povo passou
Seu pai infartou, apavorou
Quando viu que o preto no programa policial representou
Sem tiro na cabeça, sem algema na mão
Denunciei o racismo institucional na televisão
Não sou o pá, o pan talibã Alcaeda
Mas o escopo do projeto é sempre autoestima pra pele preta
Levanta o esse queixo, caralho, ginga esses braços
Fecha a cara, aqui não tem sorriso fácil
Não tomamo no cu na diáspora pra fazer cara de dócil
É pra denunciar os brancos e seus sócios
Grajaú é da pesada
Não tem boi, odeia farda
Dá ré na viatura, vaza logo seu canalha
Tem motivo pra festa, Fuca?

Não, Miguel. Sem confraternização
nossa vida é resistência contra opressão
ginga moleque, na gíria, mostra esse black
se liga se liga que loko o dj back to back
Esse é o rap de quem sente e sofre o racismo na pele
de quem sente e sofre por causa da cor da sua pele
que teve suas características inferiorizadas
pra ser alvo de ditado, de folclore e piadas
Pra nóis não interessa com o branco a harmonia
o buraco é mais profundo é racial democracia
igualdade econômica, politica e social
não subemprego, sub escola, violência policial
domingos jorge velho aqui nóis desmascara
incrustado em cada um carniceiro de farda
se quis, me vê e todos os favelado de luto
agora pm paga pedágio, ou é (ratatata) no coco do puto
pra nóis bandido é bandeirante/ ecoa o coro
por via terrestre não vai/ subir o morro
se nóis retrata o ódio de forma simbólica
amanha, ter corpo de branco espetado na parabólica
a supremacia branca ainda é atual
jamais trataremos isso como natural
no ato de racismo o passado "qué" ignorar
sabemos, por si só, essa questão não se resolverá
proporção dos meus verso equaciona essa vida
vivemos violência desde que essa terra foi invadida
eu falo insurreição, vem sua síndrome do medo
é punição desumana pras preta pros preto
contra o genocídio sou Fuca o insurreto
Grajaú é a trincheira no front eu sou do gueto
passei dos 25 o arsenal tornou-se acervo
se livro é munição então doidera senta o dedo
o boy e o alienado não vão entender
queria o que? pretitude até morrer

CGPP
Bota racista pra correr!
CGPP
Manda polícia se foder!
CGPP
Com os político vai debater

Queria o quê? Pretitude até morrer!

sábado, 6 de setembro de 2014

Fala Tu (2003) - Documentário Rap

"Fala Tu" acompanha o cotidiano de três pessoas da zona norte do Rio de Janeiro. Suas vidas, seus sonhos, suas intimidades. Elas não se conhecem, mas têm uma coisa em comum: são rappers e sonham em se tornar músicos profissionais.
Macarrão, 33 anos, pai de duas filhas, é apontador do jogo do bicho e mora no Morro do Zinco, no Estácio. Combatente, 21 anos, trabalha como operadora de telemarketing, frequenta a Igreja do Santo Daime e mora em Vigário Geral. Toghum, 32 anos, é vendedor de produtos esotéricos, budista e morador de Cavalcante. O filme mostra o local de trabalho, os estúdios improvisados, as rádios piratas, as cerimônias religiosas, a casa e a família dos três, procurando entender como o rap mudou o cotidiano deles e como usam a experiência de vida para escrever as letras das canções.
O filme participou da Seleção Oficial do Festival de Berlim, em 2004.

Direção: Guilherme Coelho
Produção: Maurício Andrade Ramos, Mano Thales, Nathaniel Leclery, Guilherme Coelho
Roteiro: Nathaniel Leclery
Fotografia: Alberto Bellezia

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Insurreição CGPP - Rap Nacional

Insurreição CGPP

"Direto do periculoso mundo do Grajaú, senzala moderna"


Confiram a coletânea do projeto "Direito pras manas e pros manos"

O grupo de Rap Insurreição CGPP (Contra o Genocídio do Povo Preto) foi criado juntamente com o blog "SP Que Você Não Vê" no mês de junho de 2013, sua formação inicial conta com o Miguel - estudante de Saúde Pública
pela USP e uma das lideranças do movimento negro, e com o Fuca - um poeta do Grajaú. O grupo consolidou sua primeira música gravada em Junho de 2014, através do projeto da coletânea "Direito pros manos e pras manas" do Fórum Hip Hop.  
O Insurreição CGPP é focado na campanha Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica. Portanto, as temáticas das letras são acerca das várias articulações politicas do Estado para efetivar o genocídio, tanto na sua forma imediata - a violência policial com seu alto índice de letalidade; como também na forma indireta - que é perpetuada através da negação de diversos direitos, inclusive os básicos. 
Essa politica de genocídio é orientada pela estrutura racista de todas as instituições do Estado, então, a luta contra o racismo está muito presente nas letras e nos discursos do Insurreição CGPP, dando continuidade a luta dos nossos antepassados negros e negras.

"...parece pesado, mas eu sei que nos segue, essa falsa democracia já não nos serve, a divida que prescreve, o branco é quem nos deve, o racismo existe sim! Não negue, não cegue e leve, de leve ou não, essas palavras..."

O grupo atua junto com o Fórum Hip Hop MSP onde busca, dentre outras coisas, a efetivação das leis municipais voltadas para o hip hop, mantendo sempre um dialogo com os movimentos sociais e o poder público em prol do movimento hip hop e da valorização do cenário artístico da periferia.

Atualmente, com dez músicas no repertório o grupo almeja lançar seu primeiro álbum ainda no ano de 2014.

Confiram a coletânea do projeto "Direito pras manas e pros manos"

Fotos de apresentações: 
JARAGUA 19/07/2014




AÇÃO EDUCATIVA: 31/07/2014

                                 



















7 DE ABRIL - CENTRO - 09/08/2014







CEU ANHANGUERA - MORRO DOCE - 16/08/2014


CEU TRÊS LAGOS - JD NORONHA - 31/08/2014
























Confiram a coletânea do projeto "Direito pras manas e pros manos"