terça-feira, 7 de julho de 2015

Manifestação por Justiça - Chacina Pavilhão 9 - Fotos

No dia 06/07/2015 aconteceu a manifestação por justiça organizada pelos familiares e amigos das oito vítimas da chacina na quadra da Torcida Pavilhão 9 e pela Comissão Social da Entidade Pavilhão 9.

A chacina ocorreu dia 18/04/2015 por volta das 23h. As vítimas estavam preparando uma faixa pra levar no jogo do dia seguinte, após um sábado de festival na quadra da torcida, quando policiais militares, articulados em Grupo de Extermínio, invadiram a quadra, abordaram as vítimas e as executaram na mais pura covardia e frieza.

A manifestação teve por objetivo dar visibilidade ao caso pra cobrar ação, investigação, reparação e justiça. Um pm (Walter Pereira da Silva) e um ex-pm (Rodney dias dos Santos) estão presos. E ainda faltam outros que participaram das execuções!!!

Toda solidariedade às mães e familiares do:

André Luiz Santos de Oliveira, Fábio Neves Domingos, Jhonatan Garzillo, Jonathan Rodrigues do Nascimento, Marcos Antônio Corassa Junior, Matheus Fonseca, Mydras Schmidt, Ricardo Junior



CHEGA DE CHACINA, PM ASSASSINA!

Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica!



Fotos:































sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cyblack do grupo Impacto Norte - Entrevista

Salve! Ae diretamente da Zona Norte de SP, gueto, favela. Representando de forma pesada o Rap Nacional, A Mc Cyblack, guerreira que concedeu uma entrevista para o Blog falando da sua visão e vivência no Rap.
"...como todo começo é sempre complicado, pois ainda na época a mulher cantando rap era coisa que não podia acontecer, os machistas achavam que lugar de mulher era na cozinha, mas eu nunca me importei com isso porque quando eu subia no palco quem tremia eram eles"

Cyblack do grupo Impacto Norte - Entrevista
https://www.facebook.com/pages/Impacto-norte-sp/872760672758069?sk=timeline



Spqvcnaove - Como começa sua história no Rap?
Cyblack - Eu curto rap desde que me entendo por gente, comecei ouvindo Racionais Mc´s e depois daí nunca mais parei. Enquanto as outras meninas da minha idade na época queriam brincar, eu pensava só em ouvir Rap. Bem, no caso, o meu envolvimento no Rap foi no ano de 2000 quando eu escrevi a minha primeira letra que se chama "Não Desista dos Seus Sonhos" mas até hoje eu ainda não gravei. No ano de 2001 eu fui convidada a participar de um grupo chamado na época "Estilo Próprio", mas não deu certo, os integrantes não estavam na mesma vibe. Fiquei no grupo por 6 meses e resolvi sair quando meu irmão, que já cantava, me convidou pra fazer participações no grupo dele, que na época era ele, Leandro, e Bill kamikase.  Desde o ano de 2001 eu estou junto com o meu irmão fazendo parte do 'Impacto Norte ' pois o bill kamikase se converteu e não achava mais viável participar do grupo. Hoje o grupo é composto por Leandro Neves, Bryan Black (meu filho) e eu Cyblack, já são 14 anos de caminhada.




Spqvcnaove - De onde é a origem do grupo Impacto Norte? 
Cyblack - Impacto norte -SP somos nascidos e criado na vila Brasilândia, Zona norte de São Paulo.

Spqvcnaove - O Rap ainda é o som de periferia favela?
Cyblack - Bem, eu ainda acredito que a verdadeira história do Rap verdadeiro ainda não acabou, claro que hoje em dia a essência do Rap Nacional realmente não faz jus ao que realmente foi o Rap. Hoje em dia as pessoas preferem ganhar dinheiro do que lutar pelo povo da periferia, pois querendo ou não o nosso estilo é o único que fala da vida cotidiana de quem vive na periferia, nós somos a voz do povo da favela, ainda tem vários grupos que não se deixaram levar pela emoção ou pela alienação da mídia, como por exemplo o Única Chance, Panico Brutal , Simony, Insurreição, por isso eu digo que ainda existe o Rap verdadeiro na favela. Acredito que sim ainda o rap é o som da favela!

Spqvcnaove - Como foi sua caminhada artística no início? 
Cyblack -Bem, como todo começo é sempre complicado, pois ainda na época a mulher cantando rap era coisa que não podia acontecer os machista achavam que lugar de mulher era na cozinha, mas eu nunca me importei com isso porque quando eu subia no palco quem tremia eram eles!!! rs. A luta é constante, pois o rap é um estilo muito pesado que faz com que a sociedade feche as portas; claro como eles estão alienados é demais pra eles ouvirem a verdade.

Spqvcnaove - Como que você avalia o quanto se discute a questão feminina nas quebradas? Ainda ocorre muito disso de homem dizer aonde é o lugar da mulher e o que ela deve ou não fazer?
Cyblack - Sim, isso acontece muito ainda hoje, por exemplo, na hora de fazer os eventos os caras deixam pra gente cantar por último tipo dando uma canseira pra gente desistir de subir no palco, muitos ainda boicotam o nosso mic. Vixi, são várias fita, na indireta e algumas diretamente mesmo, sofremos preconceitos ainda mais quando cantamos músicas pesadas os caras não se conformam com isso.

Spqvcnaove - Você acha que as pessoas refletem, quando você tá com o mic na mão, tudo o que você passou na vida? Você acha isso relevante?
Cyblack - Pra mim isso é importante, das pessoas prestarem atenção na mensagem que eu estou passando, pois pra mim subir no palco não é simplesmente cantar, pra mim é algo pessoal, passar as mensagens verdadeiras pra pessoas refletirem, uma vez eu até me emocionei foi na apresentação do mês do Hip Hop, no Vale do Anhangabaú, eu me apresentei o pessoal curtindo, mas uma pessoa em especial me chamou a atenção quando terminei de mandar a rima um morador de rua com os olhos cheios de lágrimas quase não consegui falar, simplesmente ele chegou perto de mim apertou minha mão e disse eu entendi tudo que vc disse. "eu lembrei de como a minha vida era e de como ela é agora", eu simplesmente não conseguir dizer nada mas foi muito gratificante para mim, me senti realizada. Eles, na maioria das vezes, são vistos pela sociedade como pessoas que não tem consciência de nada, que só vivem no mundo deles, etc... mas não é bem assim, um deles me enxergou e me ouviu.


Spqvcnaove - No município de São Paulo tivemos em março de 2015 o mês do Hip Hop, onde foi debatido, nas oficinas dos 4 elementos e nos shows, a questão do genocídio da juventude preta, pobre e periférica, você acha importante tá debatendo essa questão? Esse genocídio existe mesmo?
Cyblack - Com certeza, isso deve ser debatido sempre, até que a população enxergue como são as coisas que o governo impõe sobre o povo da periferia. O genocidio acontece todos os santos dias, mas não são divulgados na mídia, só nós que somos da periferia sabemos realmente o que acontece, isso pro governo não é nada importante. Por isso não é divulgado pra geral, mas ainda bem que tem pessoas que levam isso a sério que divulgam o que acontecem sem medo de represálias, isso é um assunto que deve ser debatido sempre por nós mesmos pq se depender do governo estamos fudidos, então é nós por nós e DEUS pra todos.

Spqvcnaove - Depois de 14 anos de história, vocês tem previsão ou planos pra tá lançando um CD?
Cyblack - Sim, a gente tinha feito um LP chamado "lado norte lado loko" alguns anos atrás, mas estamos batalhando pra fazer um cd completo. Ainda não decidimos qual vai ser o nome do álbum, mas posso adiantar que vai ser pesado, o impacto norte-sp de antes não é o mesmo de agora .


Cyblack - Bem, quero mandar um salve pra todos que acompanham nosso trampo, agradecer a minha mãe pelo apoio sempre, ao Bill Kamikase pela jornada, aos manos da Insurreição, Pânico Brutal, Simony, Única Chance, que admiro pacas, Daniel lhp, Simão, Remerson, Marquinhos Panico Brutal pelo incentivo e apoio sempre, ao meu primo Cláudio, Caio César, enfim sinto honrada por todas essas pessoas valeu galera salve tmj juntos!

Blog- Muito Obrigado, CYBLACK!
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Contato: (11) 95028-3934 (vivo) 95201-9128 (tim) 
e-mail: cyblack_25@hotmail.com

sábado, 27 de junho de 2015

FÓRUM MSP - CCGJPPP na CPI DO EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA - ALESP

Falas de membros do Fórum Hip Hop MSP e do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica na CPI Do Extermínio da Juventude Negra na Assembléia Legislativa de São paulo (ALESP) - Dia 22/06/2015

Vídeo e fotos por Joelmir - Fórum Hip Hop MSP


 Chico Bezerra - CCGJPPP

Atevir - Pavilhão 9 - Fórum



Fotos:










DENÚNCIA- Chacina em Parelheiros: Repressão à Manifestação e Prisões Arbitrárias

Denúncia feita pelo Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica sobre a chacina de parelheiros, que ocorreu no dia 15/04/2015. Foi enviado em forma de documento e protocolado na Secretária Municipal de Direitos Humanos. Foi feita a denúncia na Ouvidoria das Polícias, na Defensoria Pública, na Secretaria Geral do Conselho Nacional do Ministério Público, no Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GECEP), foi prestado depoimento no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e na Corregedoria da Policia Militar.


Em memória das vítimas e toda solidariedade pros familiares


São Paulo, 27 de Abril de 2015


Solicita-se providências ao Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GECEP) no sentido de apuração e acompanhamento dos fatos ocorridos no distrito de Parelheiros, onde seis pessoas foram assassinadas por disparos de armas de fogo na noite do dia 15 de abril de 2015, sendo que as pessoas responsáveis por cometer essas execuções não foram identificadas. Quatro vitimas morreram na Vila Roschel e no dia 16 de Abril de 2015, no período da manhã, os moradores tentaram organizar uma manifestação pacifica que consistia em bloquear a Estrada Engenheiro Marsilac na altura do número 2000. A manifestação teve inicio de forma tímida, em torno de vinte pessoas participavam do ato que foi reprimido com violência extremamente abusiva por parte da Policia Militar de São Paulo gerando atropelamento, espancamentos, apreensões e prisões de forma arbitrária.


Da Chacina:

Por volta das 21 horas, dois carros passaram pela Rua Alice Bastide e na altura do numero 29 abriram fogo contra duas pessoas, Wlisses Dias Junior, 35 anos, e Marcondes (vulgo Índio). Em seguida foram em direção à Rua Sônia e na altura do número 7 dispararam novamente na direção de mais duas pessoas, Renato Dias da Silva, 40 anos, e seu filho Wendel Costa Dias, 19 anos. Todas as vítimas sofreram disparos na cabeça e nas partes vitais do corpo, isso evidencia que os atiradores possuíam vasta experiência no manuseio de armas de fogo. Acredita-se que Policiais Militares organizados em Grupos de Extermínio estejam envolvidos nessas mortes, pois no mesmo dia o PM Leonilson Figueiredo Filho foi assassinado na porta de sua casa com sua própria arma quando saía de manhã para ir a um curso. A chacina teria sido uma vingança pela morte do PM, no sentido de expor uma retaliação pública à sociedade, mesmo que as vítimas não tivessem algum envolvimento com a morte do PM. Neste caso as provas materiais e testemunha ocular são muito difíceis de aparecer, mas foi encontrada, mesmo depois do trabalho da pericia, uma cápsula de ponto 40 ao lado do local do crime na Rua Sônia. Os atiradores utilizavam “toucas ninjas” no rosto, fato típico de quem age em grupos de extermínios com base em outros casos já noticiados anteriormente na imprensa.

As outras duas vitimas, Cleiton Moura da Silva, 21 anos, e Rodrigo da Silva Costa, foram mortas na Rua Fonte Nova, 29 e tem uma vítima que sobreviveu e está internada, que segundo relatos dos moradores essa pessoa estaria escoltada pela policia, fato que também precisa de apuração.


Do trabalho da pericia:

Ao comparecer nos locais dos crimes, além de encontrar uma cápsula de ponto 40 vimos um total descaso com as pessoas que foram assassinadas e seus familiares, pois a simples ação de deixar os instrumentos de trabalho, como por exemplo, luvas, no local crime evidencia um baita descaso. (fotos em anexo)


Da tentativa de fazer uma manifestação pacifica:

No dia 16 de Abril por volta das 11 horas, os moradores já se prepararam para fazer um ato em repúdio às mortes ocorridas na noite anterior. O ato de cunho pacifico foi impedido antes mesmo de começar, pois policias militares chegaram em sete viaturas, desceram com arma em punho no sentido de impedir a livre manifestação dos moradores, amigos e familiares das vítimas. Quatro viaturas permaneceram no local, numa distancia de 300 metros. Por volta das 13 horas os manifestantes iniciaram o bloqueio na Estrada Engenheiro Marsilac, porém conseguiram bloquear apenas uma faixa, pois tinha em torno de vinte pessoas. 

Então, os veículos ainda circulavam quando em menos de dez minutos juntaram novamente as sete viaturas e repentinamente eles adentraram a Rua Sônia, todos em alta velocidade, foi quando atropelaram um menino que estava de bicicleta. Foi quando fizeram diversas abordagens já espancando os moradores e foi quando levaram quatro pessoas pra delegacia sem motivação nenhuma. Ninguém quebrou nada, ninguém danificou nada e muito menos atirou. Essa repressão foi totalmente no sentido de calar a população perante uma conduta que há suspeitas de envolvimento de policiais. Conseguimos acompanhar uma das abordagens onde a vítima estava com a boca sangrando devido aos golpes dos PMs e com escoriações no pescoço e na nuca. As viaturas responsáveis por essa abordagem possuem o número de M-50110 e M-50002. (Conforme fotos em anexo). Pedimos apuração e a responsabilização imediata das pessoas envolvidas nessa brutal repressão.


Das prisões arbitrárias:

Como não pudemos acompanhar as prisões tivemos que comparecer noutro dia no bairro para saber das pessoas que foram levadas para a delegacia. As quatro pessoas foram liberadas no mesmo dia, após horas de canseira, pois os policiais alegaram que os manifestantes atearam fogo em ônibus na via e estavam aguardando a presença dos motoristas para fazerem a denúncia na delegacia. Obviamente, ninguém apareceu até porque não houve dano em patrimônio algum. Pedimos a punição dos policiais que tentaram fraudar uma situação para incriminar os manifestantes.


Do toque de recolher:

A frequência da ronda da policia na região aumentou causando um toque de recolher “implícito”, pois perante os fatos apresentados e a sensação de abandono (por parte do poder público) que essas pessoas sentem não se pode confiar na policia que faz a segurança do local. Os moradores relataram também a presença de carros estranhos que não passavam por ali antes, por exemplo, um uno bege. Os moradores foram orientados em anotar as placas dos carros que para eles parecerem suspeitos. É preciso um acompanhamento especial nessa região e até pensar em intervenções envolvendo diversas instituições do poder público em conjunto com movimentos sociais e a sociedade civil.

Atenciosamente,

Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica


Fotos: