sábado, 24 de novembro de 2018

CLIPE: O Cenário Ainda é o Mesmo - Insurreição CGPP


Música: O Cenário Ainda é o Mesmo
Artista: Insurreição CGPP
Gravação e Vídeo: Marcos Favela

Letra:

Começa assim em meio ao sonho de criança.
As vezes dor, rejeição e agonia.
História pobre diferente da bonança, negada de esperança.
É dor vivida, relatos dos dia a dia

De um cara humilde longe da família
De uma mulher presa por tráfico
De tudo hoje que permeia nossa vida, um jovem cheio de ira
Ou levando um fim trágico

Ou dos barracos descendo todo morro
Ou suas coisas boiando num riacho
Os filhos na rua implorando por socorro
Levando uns esporro tomando esculacho

Meu semelhante afundado no cachimbo
Meu conterrâneo que tá desempregado
A carteira de trabalho sem carimbo, a mãe vai sucumbindo
pivete viciado.

A depressão que domina varias mentes
A válvula é bote, coca e cerveja
alimento de falsa semente, nos fazem de demente
agrotóxico tá na mesa.

Sem o direito de saber ler e escrever
sem questionar o estereótipo da tv
Mais um adulto analfabeto funcional
Sem entender o fmi o banco mundial

Pausa:
Quais medidas pra reduzir desigualdades?
Que saída contra desumanidade?
Opressor tem o poder e sem renuncia
Qual o valor real dessas denúncias?

Realidade que não se varre pra debaixo do tapete
Mais um se foi sem homenagem dos cadete
Varias disputas e nossos corpos entre tiros
Como aceitar esses velórios coletivos?

Parte2:
Corra!!! Que vem vindo o rapa ali atrás
O medo constante, perder mercadoria
Refugiados trampando no Brás
Batalham duro por uma melhoria

Porra!! me diz se um dia existiu a paz?
Se o progresso é aliado a guerra
Me responda isso se for capaz
Sem teto, sem chão, sem grana, sem terra

Vão dizer, que sigo mais do mesmo
Cegamente batendo na mesma tecla
Aqui pm ainda atira a esmo, já sabem o segredo.
Capuz motocicleta

Ou manos se matando no sistema
Ou se doença sai morte natural
Privatizar agora é o esquema, de massa um problema.
Lucrar com grade ou funeral

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Participação no encerramento da 4º Semana de Hip Hop em Jundiapéba - 17/11/2018

Participação no encerramento da 4º Semana de Hip Hop em Jundiapéba - 17/11/2018

[Participação voluntária em fortalecimento ao mano Celso Poeta Xavier-ACENA]
 
Insurreição CGPP - Fuca

Músicas: 
1- Intro (álbum vol.1)
2- Pesadelo do Sistema - participação do Marcos Favela
3- Desde Criança  
4- Estou de Luto.






sábado, 3 de novembro de 2018

Parte de Minha Alma, Winnie Mandela - Breve nota

Parte de Minha Alma, Winnie Mandela - Breve nota

Nonzamo Winifred Madikizela, ou Winnie Mandela, nascida em setembro de 1936 na África do Sul. Formou-se em Serviço Social sendo a primeira assistente social preta de seu país. O livro contem relatos duros de sua vida, história que perpassa banimentos, isolamentos, prisões, repressão policial e perseguição política sob o regime do apartheid (1948-1994). Para os brancos (Bôeres), Winnie era a encarnação do perigo negro, armada de um pensamento sólido, de uma resistência densa no campo dos ideais, de uma militância ativa que basicamente consistia em conquistar e exigir os direitos em prol do povo preto na África do Sul. Pensamento que se expandiu sobre o território sul africano, e atravessando fronteiras, se tornou mais uma grande referência de luta para todo o mundo africano, seja no continente ou na diáspora. Winnie fez sua passagem neste ano de 2018, no dia 02 de abril com 81 anos de idade.

“Parte de Minha Alma” foi publicado enquanto o Apartheid (segregação) ainda estava vigente, no ano de 1984. O livro é separado por nove capítulos e entre a narrativa de cada capítulo têm-se diversos anexos posicionados de acordo com cada assunto, pessoa, momento ou cronologia. São cartas, textos, noticias, homenagens, etc. Ela foi companheira de Nelson Mandela, se casaram no ano 1958, ele já era envolvido politicamente e tido como liderança pela libertação do povo preto. Winnie, por sua vez, também já tinha seu ativismo iniciado e um pensamento político em construção por ela mesma, tanto que ela consolidou um posicionamento intransigente na causa negra, em linha gerais, ela não admitia concessões e a integração como saída na tal forma que a sociedade estava posta estruturalmente. Então, além de ser um relato pessoal e, muitas vezes, íntimo, ela revelou sua ideologia e como consistia seu posicionamento político ante esse regime cruel perpetrado pelos brancos.

Se tratando dos capítulos, da convivência em Brandfort sob banimento ela foi até a juventude no campo. Em Brandfort falou dos causos da segregação sentida no dia a dia, quando voltou no tempo para falar de sua juventude, retratou já a sua identificação do preconceito racial, conjuntura que indicava uma suposta inferioridade dos negros em relação aos brancos. Já com os ensinamentos de seu pai, que era professor, embora não tão valorizado quanto um professor branco, soube de histórias sobre a tradição africana, ele utilizava de uma dupla versão da história, primeiro discorria sobre a história oficial para depois contar a real! Ainda, ela recordou de um professor de história que por várias vezes repetia que uma revolução exigia sangue e ferro, sendo então uma influência para tratar da guerra racial no seu país. Nesse capitulo ela fala também da origem estrangeira do nome Winifred, e que isso servia para lembrá-la a todo instante da opressão!

Adiante, no livro, vem a questão da vida na clandestinidade, e o momento ao qual se desenrola o amor entre Winnie e Nelson Mandela, ela detalha desde quando se conheceram até o casamento e como a separação veio rápida, devido a prisão de Nelson Mandela. ”A VIDA COM ELE FOI SEMPRE UMA VIDA SEM ELE”.

“Não houve literalmente vida, que eu pudesse chamar de vida de família, nada que pelo menos se pudesse chamar de romântico, como uma jovem noiva talvez desejasse uma vida em que com o seu marido você pudesse se sentar e tecer sonhos de como a vida em comum poderia ser.”

A partir de então, vieram mais e mais relatos de perseguições políticas, prisões injustificadas, e mobilização na clandestinidade no intuito de burlar o banimento. Winnie Mandela, por muitas vezes, é tida como a pessoa que fez Nelson Mandela, pois ela não cessou de lutar e se tornando uma voz importante anti-apartheid, teve então sua reputação colocada em cheque. Surgiram campanhas que visavam rebaixar sua imagem. “numa organização clandestina tem sempre um traidor querendo prejudicar a reputação”. Tática que os opressores sempre usaram para descreditar nossos revolucionários.

Em outro capitulo, é falado do levante dos estudantes em Soweto e do crescimento do Movimento de Consciência Negra na década de 1970, assim se teve um verdadeiro massacre. “Os acontecimentos de junho de 1976 que se tornaram conhecidos como o 'levante de Soweto' foram uma inflamação espontânea do país. Ninguém organizou nada. Foi a raiva direta e imediata que ali explodiu. Eu estava presente quando os adolescentes em 1976 arrancaram as pedras da rua. Estava no meio deles e vi o que aconteceu. Tinham apanhado pedras e tampas de latas de lixo, que usavam como escudos, e assim marchavam contra as metralhadoras. Não é verdade que não soubessem que os brancos estavam fortemente armados. Eles marchavam contra o fogo cerrado das metralhadoras. Soweto ficou literalmente mergulhado na fumaça das metralhadoras. Os jovens caíam morrendo na rua e para cada um que morria marchavam outros adiante.”(p.148) Foram estimadas mais de mil mortes entre junho e dezembro de 1976, mais um momento revoltante da história.

Na Prisão: “Existe um grau de humilhação, que provoca nos humilhados a pior violência”. E ainda nas palavras de Winnie... “Fui presa em outubro de 1969. Prisão significa no meio da noite batidas na porta; prisão significa faróis ofuscando todas as janelas até que a porta seja arrombada. Prisão significa o direito da Policia de Segurança de ler todas as cartas, folhear todos os livros, enrolar tapetes, rasgar lençóis em que dormem crianças, arrancar roupas dos armários e das malas; revirar os bolsos e finalmente na madrugada ser arrancada de crianças pequenas que se agarram chorando à saia da mãe e suplicam aos homens brancos que deixem mamãe em paz."

Agora, acredito eu, é o próximo capítulo que consegue reunir os pontos mais politizados de Winnie Mandela no livro, "A Situação Politica". É nesse momento que a visão é passada sobre seu posicionamento politico de forma mais concreta e continuada, e é por este tipo de pensamento que os meios ditos oficiais da opinião pública colocam o melhor que tem de nosso povo como lideres ou pensadores contraditórios. Isso na verdade que dizer, em outras palavras, que: são essas pessoas que devemos estudar, escutar, compreender e nos inspirar.

Para quem acredita que as condições históricas são peças-chave para entender como se deu ao longo de períodos e em diversos tipos de espaços a dominação branca, assim como traçar os principais aspectos do comportamento branco, deve-se passar e revisitar o pensamento de Winnie Mandela, que muito contribui para que formemos e/ou fortalecemos nossas organizações e nossa luta. 




Fuca CGPP

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

As Ideias de Gramsci para pensar no hoje– Breve nota

As Ideias de Gramsci de James Joll– Breve nota 

Esta nota/texto tem como objetivo traçar minimamente um paralelo entre o livro "As Ideias de Gramsci" e o momento atual, no qual se tem um crescimento mais explicito de ideais fascistas, embora se saiba que o fascismo nunca esteve morto, no máximo adormecido. Sendo assim, algumas ideias e parte da trajetória de Antonio Gramsci podem trazer algumas reflexões acerca do caminho a ser percorrido, além de entender melhor a atualidade e o que pode acontecer no futuro. (Em meio a escuridão do Bolsonaro eleito presidente) 

Que momento é esse, afinal? Basicamente, a tão falada cultura do ódio tem sido alastrada, principalmente pelas redes sociais da internet. Uma síndrome do medo põe em pauta medidas desastrosas e superficiais no que tange à segurança pública, orientada por mídias policialescas e do crescente militarismo e autoritarismo como saída plausível. O crescimento “silencioso” das doutrinas religiosas neo pentecostais que trabalharam na questão de adaptar seus ideais na linguagem do povo. O momento de polarização política exacerbada, como se fosse uma continuação da guerra fria, no Brasil o antipetismo se iguala ao anticomunismo. A descrença na política e nos políticos. Acrescenta-se um barulho de uma parcela da juventude atraída pelo liberalismo econômico e o conservadorismo nos costumes. Com tudo isso, a intenção declarada de eliminar (por diversas formas) quem discorde dessas ideias, de atacar as ditas minorias e silenciá-las está presente, novidade? 

Gramsci viveu 46 anos, de 1891 a 1937. Nisso, foi estudante por 10 anos se tornando um jornalista político, por 5 anos viveu como liderança do Partido Comunista da Itália no mesmo tempo do aumento organizacional do movimento fascista de Mussolini, que ao consolidar o regime fascista, prendeu Gramsci por 10 anos entre cadeias e clinicas. Gramsci morreu devido à debilidade de sua saúde, condição agravada na prisão. 

O livro sobre "As Ideias de Gramsci" escrito por James Joll, professor de história das universidades de Oxford e Londres, é dividido em 9 capítulos separados em 2 partes. A primeira parte traz a origem, seus primeiros movimentos como estudante, nos conselhos de fábricas, no partido comunista e o percurso de suas ideias como militante e jornalista até sua prisão. A segunda parte abarca o florescimento e a cristalização de suas contribuições intelectuais - definições, conceitos, ideias - para o pensamento marxista do século XX. Perpassa, então, por todo o desenvolvimento e critica acerca do materialismo histórico e a dialética. Mas o objetivo deste texto é se deter de apenas alguns pontos. 

O primeiro ponto a se falar vem da característica de sua vida, onde pensamento e ação foram inseparáveis. Portanto, o agir individual não se dissocia do social, assim como as aspirações devem ser criadas e cristalizadas através da ação e do pensamento entre sociedade e ser humano, e vice-versa. Outro ponto é na verdade a distinção que Gramsci faz entre movimentos orgânicos e movimentos conjunturais, ou seja, de tendência a projeções de longo prazo na sociedade e de movimentos ocasionais/imediatos, respectivamente. Por fim, um ponto que remete as formas de dominação. O conceito de hegemonia de Gramsci sintetiza isso na lógica da luta de classes, onde uma classe política consegue persuadir as demais classes sociais a aceitar seus valores culturais, morais e políticos. Se essa classe dominante é bem sucedida nessas questões, menos força precisará usar para manter o domínio. Atrelado a isso vem a ideia de “bloco histórico” no qual as forças materiais são o conteúdo e as ideologias são a forma, as estruturas e superestruturas formam o bloco histórico. 

As grandes transformações ou ditas revoluções são preparadas pela critica e pela criação de uma nova atmosfera cultural que é precedida de forma ampla pela educação. Não é a toa que ainda no contexto brasileiro a educação pode ser a via mais viável de alicerce critico para as futuras gerações e algo ainda palpável nesta sociedade. Com essa preparação educacional para a revolução, implicaria numa profunda mudança de consciência das massas, que então passaria de meros receptores de medidas governamentais para tomar parte ativa dessas medidas. Simplificando toda essa ideia, a partir do primeiro ponto apresentado, culmina que o ato de pensar, a intelectualidade, as rodas de conversa e de formação, não devem estar distantes das praticas inerentes ao cotidiano do povo. Em outras palavras, as relações e reações entre teoria e prática, entre forças materiais e ideologia devem estar inteiradas e conectadas entre si visando convergir estrutura (relações sociais de produção) e superestrutura (ideias, costumes, comportamentos morais), dispensando todo o mecanicismo nestas relações. Assim, através desse pensamento se sustenta uma grande dica que vai fornecer uma solução para o problema de como os movimentos sociais devem atuar num sistema político e econômico não favorável, ou pelo contexto de Gramsci, sistema não comunista. Ainda como estratégia deve-se pretender “atrair e conservar o apoio das massas, deve propor-lhes um programa político que objetive obter benefícios concretos imediatos para seus adeptos paralelamente à perspectiva eventual de uma nova sociedade, e deve mostrar-se capaz de vincular as atividades cotidianas do ‘partido’ com a esperança de vitória revolucionária final” (p.10) 

Desta maneira, fica mais evidente a distinção entre movimento orgânico e movimento conjuntural. Uma luta não deve ser estruturada somente através das causas/ pautas bombas, ou melhor, no constante e unicamente apagamento de incêndios por partes das organizações, que de certa forma, esse tipo de ação é necessária, mas que não deixa legado de continuidade ou de uma organização concreta. Por ora, um movimento apenas conjuntural pode confundir ainda mais o povo, sem realmente aproximar a um cenário revolucionário ou de uma atmosfera cultural transformadora. 

Da confusão vem o desespero e a descrença, onde se perder num emaranhado de problemas é regra, desviando portanto do projeto de construção de uma vida social mais igualitária, e se esquecendo de atacar todo e qualquer tipo de disparidade na distribuição dos meios de produção, dos meios de comunicação, das terras, da distribuição rendas ou de tudo que permeia a sociabilidade em si. 

Se uma classe social para vencer precisa, muitas vezes, já ter estabelecido sua liderança intelectual e moral mesmo antes de chegar ao poder, então é fato que o papel dos intelectuais e pensadores é crucial nesse processo de reforma de consciência. Mas "o erro dos intelectuais consiste em acreditar possível conhecer sem compreender e especialmente sem sentimento e paixão (...) que o intelectual pode ser um intelectual (...) se for diferente e distante do povo-nação, sem sentir as paixões elementares do povo, sem compreendê-las, explicá-las e justificá-las numa determinada situação histórica, vinculando-se dialeticamente às leis da História, a uma concepção superior de mundo (...) A história e a politica não podem ser feitas sem paixão, sem esse elo emocional entre os intelectuais e o povo nação(...)" 
"(...) Se a relação entre os intelectuais e o povo-nação, entre dirigentes e dirigidos, é o resultado de uma participação orgânica na qual sentimentos e paixão se tornam em compreensão, logo em conhecimento (...) Somente então ocorre uma troca de elementos individuais entre lideres e liderados, governantes e governados, isto é, a concretização de uma vida em comum que por si mesma é uma força social, somente então está criado o "bloco histórico"." (P.78) 

Para concluir essa nota, se faz necessário enfatizar que a relação de hegemonia é praticamente uma relação pedagógica porque a hegemonia é uma "doutrina que explica parcialmente como determinado sistema social e econômico se sustenta e mantém sua base de apoio. Como somente ocorreu com alguns marxistas, Gramsci compreendeu que o domínio de uma classe sobre outra não depende apenas do poder econômico ou da força física, mas principalmente de persuadir a classe dominada e compartilhar dos valores sociais, culturais e morais da dominante.”.


Fuca, Insurreição CGPP

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Clipe: Pesadelo do Sistema - Marcos Favela + Insurreição CGPP



Fuca – letra:

Pesadelo do Sistema caneta pesada não vou abandonar
Fuca Insurreição , chega mais Marcos Favela
Sem trégua nos trampo de base, debate, na formação
Comendo pelas beiradas em outra geração: Revolução
Então, vamos lá, mãos a obra no RAP
Descolonizando os versos que outrora me libertou
Os livros como escudo, as palavras de Malcolm (hou)
A luta consciente é por isso que aqui estou
Passando minha mensagem, exemplo e atitude
Viver após a morte a minha pretitude
Respeito aos que lutaram antes
Meus ancestrais tão orgulhosos e nunca estão distantes
Até poderia romantizar minha obra,
mas o alvo principal das balas é pele preta
Ser indireto pra gerar as massas de manobra
Governo genocida, da esquerda à direita!
Derrubar quem tá no poder
O Favela deu a letra: Morte ao Estado
Nenhum partido pra nos foder
Se é anticapitalismo, estamos lado a lado
Pra politizar os brutais acontecidos
Tudo que nos assola feito uma praga
Seja Amarildo ou Davi desaparecidos
Ou as prisões injustas de Rafael Braga
Vejo o trabalhador sempre precarizado
o acumulo absurdo nos paraísos fiscais
Mas eis que surge um povo politizado
Por outro lado, distante o caminho da paz!

Marcos Favela – letra:

Já não posso mais sair nas ruas
Sem tropeçar em viatura
Já não posso mais andar tranquilo
Posso até levar um tiro
Eles vêm na sede pra matar
Se não matar, eles vão querer prender
Eles vêm na sede pra forjar
Kit flagrante só pra nos foder
Eles vêm na caça de quem tá na quebra
na boa, naquela com manos, família que não deixa goela
o baguiu tá foda, esses vermes ramela
Arrasta o role e tira nossa paz
Faz a mãe sofrer mais um filho aqui jaz
O mais foda é que esses vermes
Tem aval do próprio Estado
Falta pouco pra esse RAP
De terrorista ser taxado
A lei protege os machistas,
os fascistas e os racistas
Falta pouco pros nazistas,
também estarem nessa lista
Eu sei que de forma indireta a lei já protege
Esses verme na terra, por isso é regra é tiro na testa
Vai! Vai!
Justiça, esse é nosso lema
Nos tornamos pesadelo do sistema!!!

domingo, 7 de outubro de 2018

Insurreição CGPP (Álbum 2018)

Formado na periferia de São Paulo, o Insurreição CGPP, traz de forma rimada um cotidiano de luta contra as opressões que ainda insistem em existir. Após quatro de anos gravando de forma independente e intermitente, o grupo disponibiliza, enfim, seu primeiro álbum. Que representa a revolta contra as desigualdades sociais, econômicas e raciais que pairam o nosso cotidiano. Os estúdios das quebradas permitiram que esta etapa fosse alcançada. Confiram!


Contando com faixas gravadas entre 2014 e 2018, de forma autônoma, independente e radical, fica disponibilizado um conjunto de ideias rimadas que representa um pouco do desdobramento do cotidiano de luta. Batalha travada nos quatro cantos da cidade e região metropolitana de São Paulo, onde a ilusão do pequeno progresso imaginário do acesso ao consumo material não brecou o cotidiano violento e a falta de estrutura. Pelo contrario, o projeto da supremacia branca da camada mais rica e suas diversas elites visa nossa destruição nessa nação ingrata chamada Brasil. Se muitas vezes é tratado o eixo sp/rj sabe-se que o restante do país sangra da mesma maneira conforme as pautas que travamos. Quando não nos matamos, o Estado mostra que detêm o poder letal. Então os insurretos gritam e clamam levante!

A arte pela arte é surda é muda, risada pela risada é alienação é comodismo. Entre os erros e acertos fica a autenticidade desse trampo. A indignação, a revolta, a denúncia.

Fuca - Insurreição CGPP


contato: email- spqvcnaove@gmail.com










segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Carta a Minha Filha, Maya Angelou - breve nota

Apesar de muito ter ouvido falar sobre Maya Angelou, nunca havia pegado um livro dela pra ler de fato, a não ser trechos e alguns de seus versos e citações.

O livro escolhido, ou o que eu tinha disponível para ler foi 'Carta a Minha Filha'. Livro curto e de leitura rápida, porém muito lindo de se ler, a imaginar ela contando suas lições, erros e acertos, aprendizados e decepções, acerca de variados assuntos da vida. Sendo direcionado para todas as mulheres.

Logo de inicio ela se apresentou como representando todas as mulheres sem distinção alguma, de certa forma, nesse ponto, fiquei ressabiado na leitura, pois já estava em busca de algo combativo na perspectiva racial. Mas até nisso nosso povo ensina humanidade, e fui compreender a sensibilidade dessa carta biográfica um pouco depois no decorrer da leitura, daí me coloquei no meu lugar. (Muita calma nessa hora rs).

São 128 páginas separadas por 28 capítulos, pelo menos 3 deles nomeados em homenagem à outras valiosas mulheres pretas: sra. Fannie Lou Hamer, sra. Celia Cruz e sra. Coretta Scott King. Além de nos falar sobre sua avó e sua mãe.

Maya Angelou também citou alguns encontros com pessoas importantes de nossa história. E foi bem sucedida ao abordar a violência que sofreu, e já em outro instante poder descrever uma vivência que nos remete à gargalhadas. Mas que na sequência poderia vir uma legitima defesa na postura ou adiante, belos versos.

Enfim, esse não foi seu primeiro best-seller, que em breve quero encontrá-lo pra ler (a autobiografia  “I know why the caged bird sings” – “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”, em português). Então, tem-se muito mais pra se ler da nossa gloriosa e premiada poeta, escritora, atriz e ativista, que fez sua passagem em maio de 2014, nos EUA, aos 86 anos de idade. 

Fuca CGPP