Mostrando postagens com marcador música. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador música. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Divino Santo Antonio - Música

Martinho da Vila - Roque Ferreira

Eu vos peço ó Antonio
Em suas trezenas queridas
Que nos lance vossas bençãos
Durante nossa vida 

Sabiá cantou na mata/ Tem mandioca
Lá na casa de farinha/ É farinheiro
Tenho que ir/ Santo Antonio padroeiro 

No rosário de sua trezena
(Ai meu Deus)
Vorto do meio prá trás
(Ai, ai, ai)
Mas vosmicê tem ciência
(Meu Senhor)
Que isso não me apraz 
Plantei cará, cortei cana
Fiz colheita de café
Peneirei fubá de milho
Pro cuscuz do coroné
Mas ele não quer que eu largue
O cabo dessa culé 

Sabiá cantou na mata/ Tem mandioca
Lá na casa de farinha/ É farinheiro
Tenho que ir/ Santo Antonio padroeiro
Nesta sua grande freguesia
(Meu Senhor)
Onde Antonio Conselheiro
(Rezador)
Milagreiro de Canudos (Ai meu Deus)
Rezou bem um terço inteiro 
Meu Divino Santo Antonio
Um carro de boi eu fiz
Pra trazer Mestre Patricio
Da feira dos caxixis
Barranqueiro com carranca
Mas seu coroné não quis 

Sabiá cantou na mata/ Tem mandioca
Lá na casa de farinha/ É farinheiro
Tenho que ir/ Santo Antonio padroeiro
Adeus, adeus, adeus
Adeus meu Santo Antonio
Adeus, adeus, adeus
Adeus, até para o ano



quarta-feira, 21 de maio de 2014

Desde Criança - RAP

(Carlos R. Rocha)

Ah mas se um dia eu chorar com o sangue aquecido
tentando compreender a atitude do meu filho
dizendo e falava, implorava pra ser branco
que o preto na escola era zoado e não tinha encanto

O sistema toma conta do psico da criança
na neurose de querer a todo custo ter pele branca
mente colonizada e o racismo sem coração
Há muito tempo apresentado na tese de Fanon

A estrutura é racista e sem mudanças assim se segue
Do omisso ao agressor que é a ponta do iceberg
repare que estou falando alem dos explorados
é da supremacia branca, por onde passou tem dominado

Quando eu crescer eu vou ser um homem negro e vou vencer (4x)

Eu aqui constrangido meu filho não acredita em mim
quando eu disse que ele era o meu herói mirim
sem quadrinho, sem desenho, sem representante na Tv
realmente fica difícil fazê-lo crer

Quando exalto o povo preto não é vontade de ser branco
É que os negros têm valores como todo ser humano
Mas ainda nessa porra lutamos por sobrevivência
Por tudo que passamos ainda vivemos na carência.

Contive minhas lágrimas, abracei o meu pequeno
sempre o protegeria de todo o sereno
falei que o estudo era o melhor remédio
ele me disse empolgado que queria ser um médico

O sonho do povo preto aqui é mutilado
e na frente do meu filho essa hora fiquei calado
Mais um preto da periferia pra ir a luta
Daqui uns anos eu espero o convite da formatura

Quando eu crescer eu vou ser um homem negro e vou vencer (4x)



sábado, 3 de maio de 2014

Entrevista com Vírus do Underground - Rap de Moçambique

Vírus do Underground é um grupo de Rap Moçambicano de Maputo que teve como membros fundadores Rahim, Meteoro e Eskeleto Vivo. O grupo está desde de 2006 na cena do Rap. Com gravações independentes eles conseguem atingir um alto nível de qualidade nas músicas, algo que é além do material é tocar com espirito, N'zimo, eis o significado do nome do estúdio que eles têm desde 2010.



Blog - Hoje, quantos integrantes tem o grupo?

V.U -  Somos 10 (dez) elementos...Rahim, Meteoro, Eskeleto vivo, Kasdir a.k.a Bindso, Old reason, Vinte Trez, Alelo recessivo, Crazy mind, A2b & Nicotina.

Blog - Como surgiu o Vírus do Underground?

V.U - Surge com RAHIM, T pelo facto de influenciar muita gente a gostar do estilo rap underground... então passei a chamar-me Vírus do underground, só que pra um artista o nome era comprido demais, então decidi formar uma dupla com meu primo METEORO. Dai... eu e ele fomos ter com Eskeleto vivo que também se identificou com a nossa ideia. assim formou-se a VÍRUS DO UNDERGROUND com apenas três elementos. Dai pra cá o numero de integrantes foi aumentando... A maior parte deles formados como MC na própria Vírus do underground. A Vírus do underground também foi escola de Rap.

Blog - Qual o porquê desse nome?

V.U - O nome VÍRUS DO UNDERGROUND foi escolhido Por Rahim antes dele ter o nome artístico RAHIM. ele influenciou muita gente a gostar e fazer o rap underground, dai se chamou Vírus do underground. Porque acreditava que era um vírus que infectava as pessoas causando a "doença" ou o gosto pelo gênero RAP Underground. Eskeleto vivo & Meteoro também consideravam-se Vírus do underground. Dai Abdicou Rahim o nome de Vírus do underground passando se chamar RAHIM e doou o nome ao colectivo que passou a se chamar VÍRUS DO UNDERGROUND até hoje. Eramos maniacos em fazer as pessoas gostar do Underground e a maior parte das vezes que tentávamos... conseguíamos convencer. Eramos uma doença, uma praga e principalmente um vírus do underground...


Blog - Quais são as influências musicais e/ou literárias do coletivo?

V.U - As nossas influências musicais são: WU-TANG, Banda Podre (um grupo de rap moçambicano muito antigo), ONYX, DEALEMA, JEDI MIND TRICKS entre outros colectivos..mas principalmente Wu-Tang Clan.

Blog - Como é a cena do Hip-Hop em Moçambique, é muito marginalizado ainda?

V.U - O Hip-Hop ainda é marginalizado sim... mas não como antigamente. hoje já temos em alguns canais televisivos e de rádio espaço para o nosso estilo de música... mas antigamente não, mesmo em shows. Agora partilhamos com artistas de outros estilos de música sem muita restrição.

Blog - Vocês conseguem viver da música ou dos eventos que vocês organizam?

V.U - Em moçambique é muito difícil viver da música, não digo que é impossível... é possível sim mas dificilmente. Muito menos pra artistas como nos, Os Repistas. Com isso quero dizer que não vivemos da musica mas sim vivemos a música, sobretudo a cultura hip-hop.

Blog - O Vírus do Underground está a lançar um novo álbum chamado Revolution, há uma previsão para esse lançamento?

V.U - O lançamento do álbum Revolution tem previsão sim.... Acreditamos que será lançado no sexto mês do ano em curso...

Blog - No Brasil a população negra é maior, mas vemos a todo momento a tentativa de embranquecimento do país, isso acontece em Moçambique também?

V.U - Sim, acontece também no nosso pais... o fluxo de imigrantes pra o nosso pais esta cada vez mais forte.

Blog - Temos diversos problemas no Brasil, muita corrupção na politica; a população preta, pobre e periférica não tem o devido acesso a serviços básicos como: Educação, Moradia, Saúde; e estamos sendo mortos na mão da policia. Vocês, aí em Moçambique, compactuam com os mesmos problemas? 

V.U - Em Moçambique há muita corrupção em todos os setores e áreas, o pobre não tem o devido acesso a serviços básicos de educação, saúde e estamos sendo mortos na mão da policia e na mão de soldados dos dois partidos da oposição, estamos numa tensão politico-militar onde o povo é quem sofre as consequências. e se assim continuar vai resultar numa guerra!

Blog - Quais são os mitos que vocês acham que são criados na visão do mundo em relação ao continente Africano?

V.U - Há muita mentira em relação a África, como por exemplo: A África é pobre demais. Eu discordo: A África é rica e muito rica que não param de entrar investidores estrangeiros, o que nos falta ou seja o que nos faltou foi mecanismos de como usufruir da mesma riqueza. e a lavagem cerebral que o ocidente nos faz...podemos ser pobres de possibilidades mas em termos de recursos naturais somos ricos.

Blog - Qual a religião predominante no grupo?

V.U - A religião predominante no grupo e a católica e em seguida vem a islâmica.

Blog - Há uma década a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) tomou espaço em Moçambique, eles prometem prosperidade, cura de doenças, riquezas, em troca da doação de dízimos, quanto mais der mais abençoado será, e nisso atingem a população mais carente e aproveitam a vulnerabilidade dessas pessoas. Qual é a sua visão da IURD?

V.U - Em relação a IURD eu acho que é um jeito muito feio de extorquir dinheiro, usando a sensibilidade de um povo sofrido.

Blog - E Para que nós aqui do Brasil conheçamos mais sobre o rap em Moçambique, cite quem são os seus maiores parceiros.

V.U - Os blocos aliados, A comunidade Bantu, A irmandade, Os tropas da margem norte... Biosense, Bone, A N'zimo Record's, Os maxaquenistas, A sick mind, As larvas Assombradas... entre outros aqui não mencionados.

Blog - Pra finalizar, vocês acreditam em dias melhores?

V.U - Acreditamos em dias melhores sim, porque já tivemos dias piores, e que se fosse pra desistir já teríamos feito antes e não agora. Dias melhores estão a vir e continuarão a vir!

Blog - Muito bom mesmo. Sucesso! Obrigado Vírus do Underground.

Vírus do underground
N'zimo Record's

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Milton Nascimento - Em nome do Deus - Música

 




Em nome do Deus de todos os nomes
-Javé
Obatalá
Olorum
0ió.

Em nome do Deus, que a todos os Homens
nos faz da ternura e do pó.

Em nome do Pai, que fez toda carne,
a preta e a branca,
vermelhas no sangue.

Em nome do Filho, Jesus nosso irmão,
que nasceu moreno da raça de Abraão.
Em nome do Espírito Santo,
bandeira do canto
do negro folião.

Em nome do Deus verdadeiro
que amou-nos primeiro
sem dividição.

Em nome dos Três
que são um Deus só,
Aquele que era,
que é,
que será.

Em nome do Povo que espera,
na graça da Fé,
à voz do Xangô,
o Quilombo-Páscoa
que o libertará.

Em nome do Povo sempre deportado
pelas brancas velas no exílio dos mares;
marginalizado
nos cais, nas favelas
e até nos altares.

Em nome do Povo que fez seu Palmares,
que ainda fará Palmares de novo
-Palmares, Palmares, Palmares
do Povo!

http://letras.mus.br/milton-nascimento/1281136/

Texto por Dom Pedro Casaldáliga

Em nome de um deus supostamente branco e colonizador, que nações cristãs tem adorado como se fosse o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, milhões de Negros vem sendo submetidos, durante séculos, à escravidão, ao desespero e à morte. No Brasil, na América, na Africa mãe, no Mundo.

Deportados, como "peças", da ancestral Aruanda, encheram de mão de obra barata os canaviais e as minas e encheram as senzalas de indivíduos desaculturados, clandestinos, inviáveis. (Enchem ainda de sub-gente -para os brancos senhores e as brancas madames e a lei dos brancos- as cozinhas, os cais, os bordéis, as favelas, as baixadas, os xadrezes).

Mas um dia, uma noite, surgiram os Quilombos, e entre todos eles, o Sinaí Negro de Palmares, e nasceu, de Palmares, o Moisés Negro, Zumbi. E a liberdade impossível e a identidade proibida floresceram, "em nome do Deus de todos os nomes", "que fez toda carne, a preta e a branca, vermelhas no sangue".
Vindos "do fundo da terra", "da carne do açoite", "do exílio da vida", os Negros resolveram forçar "os novos Albores" e reconquistar Palmares e voltar a Aruanda.

E estão aí, de pé, quebrando muitos grilhões -em casa, na rua, no trabalho, na igreja, fulgurantemente negros ao sol da Luta e da Esperança.
Para escândalo de muitos fariseus e para alivio de muitos arrependidos, a Missa dos Quilombos confessa, diante de Deus e da História, esta máxima culpa cristã.
Na música do negro mineiro Milton e de seus cantores e tocadores, oferece ao único Senhor "o trabalho, as lutas, o martírio do Povo Negro de todos os tempos e de todos os lugares".

E garante ao Povo Negro a Paz conquistada da Libertação. Pelos rios de sangue negro, derramado no mundo. Pelo sangue do Homem "sem figura humana", sacrificado pelos poderes do Império e do Templo, mas ressuscitado da Ignomínia e da Morte pelo Espírito de Deus, seu Pai.
Como toda verdadeira Missa, a Missa dos Quilombos é pascal: celebra a Morte e a Ressurreição do Povo Negro, na Morte e Ressurreição do Cristo.

Pedro Tierra e eu, já emprestamos nossa palavra, iradamente fraterna, à Causa dos Povos Indígenas, com a "Missa da Terra sem males", emprestamos agora a mesma palavra à Causa do Povo Negro, com esta Missa dos Quilombos.

Está na hora de cantar o Quilombo que vem vindo: está na hora de celebrar a Missa dos Quilombos, em rebelde esperança, com todos "os Negros da Africa, os Afros da América, os Negros do Mundo, na Aliança com todos os Pobres da Terra".




quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Gíria Vermelha - Lutar é Preciso - O Som e o Grupo de Rap Maranhense



LUTAR É PRECISO
Letra:

De pé o vitimas da fome/ de pé famélicos da terra/ da ideia a chama já consome/  a crosta bruta que assoterra/

Se for pra mim morrer e ter que nascer de novo/ eu prefiro ser novamente o que eu sou/ por isso eu vou escrevendo a minha própria história/ entre pedras e espinhos que no caminho rola/ do núcleo do meu crânio algo me perturba/ meu coração ao em conexão com os meus olhos me diz/ vai a luta pois teu povo é pobre e sofre/ se comover qualquer um se comove/ então, mova-se pra ver se a coisa muda/ a arte pela arte para nós é surda e muda/ não. Não fede e não cheira/ pra periferia tem que ir pra lixeira/ se no Zaire um corpo sem vida cai/ se na faixa de gaza um palestino do Hamas vai/ explodir o próprio corpo não é que seja louco/ é a paz que está em jogo infelizmente, sente/ um cheiro podre no ar/ é a paz da USA/ mortalha armada pra pobre que sofre a ONU/ há muito tempo perturba  o sono / de quem não compactua com os planos tiranos do Tio Sam/ novamente foi covarde/ Irã, Iraque, Hiroxima, Nagashaki/ Libano deus livra-nos/ do mal que se aproxima/ do mal que prega a paz e gera carnificina/ Não! Ditaduras, bombardeios/ novamente deus não veio/ salvar aquele velho de turbante/ que pros cus de olho azul do Ocidente é ignorante/amante da guerra, fantástico/ eu to com o povo palestino e não abro/ pra quem perdeu se filho acredite/ enfrentando armas pesadas com estilingue/  ato heroico e sublime, palmas/ pra burguesia fanatismo, calma/ palavras  são palavras , atitude é atitude/ Kofi Anan, renegada negritude/ negro, branco, índio,mulheres, homens/ uni-vos ô vitimas da fome

De pé o vitimas da fome/ de pé famélicos da terra/ da ideia a chama já consome/  a crosta bruta que assoterra/

O meu nordeste a muito tem pó é manchete/  no lixão do Irmã Dulce um pivete quase morto/ só pele e osso/ se arrastando pois o crânio é muito grande para o seu franzino corpo/ pareço louco, mas não sou louco/ meu mano nasceu coxo e movimenta-se com os mochos/ mas sua mãe ora e chora todo dia/ seu sonho de papel só chove covardia/ mundão em crise ponta a ponta na gangorra/ Cajapior, saca só que vida loka/ prêmio Nobel da miséria onde a paz agoniza/ e muitos se alimentam com manga e farinha/ aê turista bate a foto miséria absoluta/ só não ver quem não quer ou quem bebeu cicuta/ família ferrabraz, Sarney finge que esquece/Maranhão de ponta a ponta é pior que Bangladesh/ e febre amarela é meningite, é caxumba/ Ei povo sofrido, poder filha da ..../ mas não é isso que eu vejo na Mirante/ um mundo rosa pendurado num podre barbante/ imagem cínica, da moça cínica/ o gás sonífero maligno e mortífero/ televisível em alto novel é um absurdo/ mas o seu dinheiro estava lá nos malotes da Lunus/ a culpa é minha, é sua é nossa?/ infelizmente alguns se vendem ai é foda / mas, minha família é de rocha e não abre/ Quilombo Urbano faz  da guerra uma arte/ com banho de sangue , na benção do padre/ na cruz ou no punhal me diz então quem sabe/ quantos quilates vale a liberdade dos homens/ ô vitimas da fome, ô vitimas da fome/

De pé ô vitimas da fome/ de pé famélicos da terra/ da ideia a chama já consome/  a crosta bruta que assoterra/

Gíria Vermelha

O Gíria Vermelha é um dos grupos de rap que fazem parte do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano” que em 2010 completou 20 anos de existência. O Gíria Vermelha, por sua vez, foi formado em 2002, mas dois de seus membros, Hertz e Verck, são remanescentes dos grupos mais antigos que se formaram no interior do Quilombo Urbano. Na sua atual formação, além de Rosenverck Estrela Santos (Verck), 33 anos, e Hertz da Conceição Dias (Hertz), 39 anos, o grupo conta ainda com a participação da reconhecida cantora de MPB do Maranhão, Luciana Pinheiro, 38 anos.

Na sua filosofia política está claramente presente uma posição que combina a luta de classe com a de raça. Na perspectiva de negação do “sistema fonográfico burguês” (Hip Hop Militante) o discurso rimado do grupo aponta para construção de uma alternativa de esquerda para arte de um modo geral, uma arte que seja engajada na lutas sociais e em defesa da juventude de periferia “a arte pela arte pra nós é surda e muda/ não, não fede e não cheira/ pra periferia tem que ir pra lixeira”, conforme afirmam na música “Lutar é Preciso” um dos rap´s mais apreciado do grupo em diversos estados do país.

Hertz e Verck são formados em história e pós-graduados em educação, já Luciana Pinheiro é formada em Farmácia. No entanto, uma das proezas do Gíria Vermelha é conseguir dialogar, de forma didática/ musical, com setores da classe trabalhadora tanto do universo letrado (das academias) como universo plebeu (das periferias) e do universal sindical.

Os temas tratados em suas letras são sínteses dessa visão que ultrapassam os muros das universidades e as fronteiras das periferias e favelas do Brasil. É possível encontrar em suas músicas, relatos e análises da vida dura de quem vive em meio ao barbarismo da “guerra interna” das periferias brasileiras, como nas canções “Tão Só” e “Liberdade Sem Fronteiras”, como na marcha revolucionária da canção “A Hora do Revide” ou no grito de solidariedade ao povo palestino presente nas canções “Lutar é preciso” e “Coração Destemido”.

O local e o internacional se entremeiam nas poesias cortantes de suas letras e nelas o orgulho negro e a denúncia das desigualdades raciais não são meros apêndices, mas questão de centro como consta na envolvente “Herói de Preto é Preto”, em fim raça e classe não se sobrepõe, mas se mostram como face de uma mesma moeda: a do sistema capitalismo.

Em setembro 2008 o Gíria Vermelha lançou seu primeiro trabalho intitulado “A HORA DO REVIDE” com 16 faixas, em janeiro de 2010 participaram da coletânea de em homenagem aos 20 anos de Quilombo Urbano com duas canções “O flautista e a Rataria” que retrata de maneira crítica e irônica a volta do grupo Sarney ao governo do Maranhão após a cassação do então governador Jackson Lago (PDT) e “ Coração de Mãe” que narra um conflito que resultou em diversas mortes na virada do ano de 2009 para 2010 no bairro da Liberdade, bairro de maioria negra em São Luís do Maranhão cujo ambiente é fonte de inspiração e de convivência social do grupo, haja visto que todos os seus três principais membros tem parentes nessa comunidade.