Um blog sobre os pensamentos e ações do grupo de rap Insurreição CGPP. Aqui se encontram os textos produzidos, notícias do grupo, letras de rap, clipes e traduções. Além de indicações de leituras, notas e trechos de textos literários, acadêmicos, políticos e de rap.
Membro atual: Fuca
Nós Matamos o Cão Tinhoso é
um conto de Luiz Bernardo Honwana, foi publicado pela primeira vez em 1964 em
Moçambique. Esta obra faz parte de um livro de sete contos de Honwana sendo
esse o maior deles e o que carrega o titulo do livro. (ou o livro que leva o
titulo do conto).
Bom, se não fosse o fato de
ser considerado um conto clássico, devido principalmente ao contexto histórico
em que foi escrito e lançado, a trama do texto já teria sua importância para
pensar na subjetividade do ser humano. Ginho é uma criança esperta para algumas
atividades, mas se deixa levar facilmente por determinações que outras pessoas
colocam. Ele representa a dúvida, um leque de atitudes para tomar, representa
um momento de escolhas e afirmação! Mas qual caminho seguir?
Sua dúvida maior é a de que
se deveria ou não matar o cão sujo que todos ignoram, nem outros cães chegam
perto dele, por isso Cão Tinhoso, que remete a sujeira/sarna e não a teimosia,
como no português brasileiro. Aliás, o texto que li era o português de
Moçambique e continha algumas expressões próprias de lá, assim como, por vezes,
a linguagem de uma criança, pois Ginho é quem narra o conto.
Apenas Isaura é quem mantém
afeto ao cão, que dá carinho e divide seu lanche com o Cão Tinhoso. Não é a toa
que ela é tida como louca na escola, assim pensam.
Desse modo, trazendo ao
momento político de Moçambique, as décadas de 60 e 70 foram cruciais para as
lutas de libertação e de independência, não só em Moçambique como no continente
africano. Eram lutas violentas contra o poderio colonial, foi um momento de
busca de autodeterminação política e histórica, momento de emancipação, novos rumos
a renascer outros caminhos.
Afinal, que lado o Cão
Tinhoso representa? Por que matar o cão? Quem mandou matar o cão? O que as
crianças armadas representam nesse momento, especialmente Ginho e Isaura? Essas
são algumas das reflexões e analogias possíveis a partir desse conto.
Pra mim o cão tinhoso deveria
representar o sistema colonial! No entanto, tudo indica que o cão demonstra a
situação das pessoas pretas, e Ginho, um menino preto, deveria matar a serviço
e a mando do sistema branco, que procuram justificativas para amenizar as
culpas. Seria, então, Ginho um capitão do mato? E pior, o que nem recebe nada
por isso a não ser o prestígio de ser aceito num grupo...
Enfim, um conto rápido que
evidencia todo esse sistema hierarquizado até os dias de hoje.
Fuca, Insurreição CGPP
2020
Tem a edição de 2017 da
editora Kapulana.
Sobre o Autor
LUÍS BERNARDO
HONWANA nasceu em 1942, na cidade de Lourenço Marques (atual Maputo, capital de
Moçambique), e cresceu em Moamba, cidade do interior, onde seu pai trabalhava
como intérprete. 1964 foi o ano da primeira publicação de Nós matamos o Cão
Tinhoso!. No mesmo ano, Honwana, militante da FRELIMO (Frente de Libertação de
Moçambique), foi preso por suas atividades anticolonialismo, e permaneceu
encarcerado por três anos. Em 1970, foi para Portugal estudar Direito na
Universidade Clássica de Lisboa. Após a Independência de Moçambique, em 1975,
foi nomeado Diretor de Gabinete do Presidente Samora Machel, e participou
ativamente da vida política do país. Em 1982, tornou-se Secretário de Estado da
Cultura de Moçambique e, em 1986, foi nomeado Ministro da Cultura de
Moçambique. Em 1987, foi eleito membro do Conselho Executivo da Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Em 1991, fundou e
foi o primeiro Presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa. Em 1994,
foi convidado para entrar para o Secretariado da UNESCO e foi nomeado Diretor
do escritório regional da organização, com base na África do Sul. Honwana é
membro fundador da Organização Nacional dos Jornalistas de Moçambique, da
Associação Moçambicana de Fotografia e da Associação dos Escritores
Moçambicanos. Atualmente, é o diretor executivo da Fundação para a Conservação
da Biodiversidade (BIOFUND).
- Ensaio extraído do livro From The Browder File (Arquivo do Browder), que é um conjunto de 22 ensaios de Anthony T. Browder.
- como adicional, tem-se um episódio do From The Browder File contendo a transcrição da legenda do vídeo no final do post.
A
Origem do Negro
Escolha um nome, qualquer
nome - negro, de cor, preto ou afro-americano. Chame as pessoas por qualquer
nome e elas ainda são as mesmas, certo? Errado!
O nome ao qual você responde
determina o grau de sua autoestima. Da mesma forma, a maneira como as pessoas
respondem coletivamente a um nome pode ter efeitos devastadores em suas vidas,
principalmente se elas não escolherem seu nome.
Os asiáticos vêm da Ásia e
têm orgulho da raça asiática. Os europeus vêm da Europa e têm orgulho das
realizações europeias. Os negros, devo presumir, vêm da Negrolândia - um país mítico com um passado incerto e um futuro
ainda mais incerto. Como a Negrolândia
é um mito, de onde se originou o mito do negro? A chave para entender o significado
de negro, é saber a definição dessa palavra e sua origem.
Os portugueses foram os
primeiros europeus a escravizar os africanos e foram os primeiros a chamá-los
de negros. Quando os espanhóis se envolveram no tráfico de escravos, eles
também usaram a palavra negro para descrever os africanos. Negro é um adjetivo
que significa preto em português e espanhol. Mas, desde 1444, e o início do tráfico de escravos, o adjetivo negro tornou-se um substantivo e o nome
legítimo de um povo recém-escravizado.
As línguas portuguesa e
espanhola foram derivadas do latim, que tem sua origem na Grécia clássica. Na
maioria dos idiomas europeus, a palavra preto era tipicamente associada a
aspectos de morte. A palavra morte é derivada da palavra grega necro, que
significa morto, e é semelhante, em som e significado, à palavra negro. Ao
longo da história europeia, as palavras necro e negro foram comumente usadas
para referenciar a morte física, espiritual ou mental de uma pessoa, lugar ou
coisa.
Historicamente, quando os
gregos viajaram para a África, 2.500 anos atrás, a civilização egípcia já era
antiga. A Grande Pirâmide tinha mais de 3.000 anos e a Esfinge era ainda mais
antiga. A escrita, ciência, medicina e religião já faziam parte da civilização e
atingiram seu auge.
Os gregos vieram para a
África como estudantes e sentaram aos pés dos mestres para descobrir o que os
africanos já sabiam. Em qualquer relação aluno/professor, o professor só pode
ensinar o quanto o aluno for capaz de entender.
Os egípcios, como outros
africanos, entendiam que a vida existia além do túmulo. A adoração ancestral é
uma maneira de reconhecer a vida das pessoas que vieram antes de você e a
capacidade delas de oferecer orientação e direção aos vivos. Os templos foram
projetados como lugares onde os antepassados podiam ser honrados e os feriados
(dias santos) eram os dias designados para isso.
Os egípcios tinham centenas
de templos e centenas de dias santos para adorar seus ancestrais. Eles estavam
preocupados com a vida e comemoravam o legado de seus entes queridos. Mas os
gregos pensavam que esses africanos tinham uma preocupação com a morte. Eles [os gregos] consideraram o ato de culto ancestral como necromancia ou comunicação com os
mortos.
Como a palavra raiz necro
significa morto, outra palavra para necromancia é magia - a Velha Magia Negra
que era praticada na África antiga. Quando os gregos voltaram para a Europa,
levaram consigo suas crenças distorcidas e a palavra negro acabou evoluindo a
partir desse grande mal-entendido.
Menos de 300 anos depois que
os primeiros gregos chegaram ao Egito como estudantes, seus descendentes
retornaram como conquistadores. Eles destruíram as cidades, os templos e as bibliotecas
dos egípcios e reivindicaram o conhecimento africano como deles.
Não apenas o legado africano
foi roubado, mas o roubo por atacado do povo africano logo se seguiu. Com o
surgimento do tráfico de escravos e a criação [da palavra] negro, tornou-se necessário desumanizar
os africanos e desvalorizar seu valor histórico como povo, a fim de garantir
seu valor como escravos. O que antes era chamado de cor e condição física,
agora é considerado um estado mental adequado para milhões de africanos que
residem atualmente na América.
Então, aí está, o negro -
uma raça de pessoas mortas, com uma história morta e sem esperança de
ressurreição enquanto eles permanecerem ignorantes de seu passado. Foi uma
morte tripla - a morte da mente, do corpo e do espírito do povo africano.
Era estritamente proibido os
escravos negros aprenderem a ler ou escrever. Esse conhecimento era a chave da
libertação e foi colocado firmemente fora de alcance. À medida que os negros
eram educados, eles tentavam se redefinir.
A evolução do negro para (pessoade cor), preto, afro-americano e africano
representa uma progressão da autoconsciência. Como povo livre, temos a
responsabilidade de nos educar e redescobrir nossas identidades africanas. O
conhecimento de si é a chave para abrir a porta para o futuro. Quanto mais cedo
entendermos esse fato, mais cedo poderemos dizer graças a Deus que somos um
povo africano.
Comentário
De todos os ensaios do From
The Browder File (Arquivo do Browder), "A Origem do Negro" foi um dos
mais populares. Foi bem recebido por duas razões óbvias, o assunto e a
ilustração que o acompanha, especificamente a imagem da figura majestosa que
emergia da África.
A ilustração foi desenhada
por Malcolm Aaron e recebemos vários pedidos de pessoas que pediram permissão
para usar a arte em camisetas e pôsteres. Vários anos atrás, enquanto eu lecionava
em uma base da Força Aérea em Misawa, no Japão, me disseram que essa arte era a
tatuagem mais popular entre os irmãos nas forças armadas. Esta imagem de um rei
africano forte é aquela para a qual qualquer ex-negro seria naturalmente
atraído.
Com relação à palavra negro
e à legitimidade de seu uso como nome para os africanos, remeto ao livro de
Richard Moore, O nome "Negro" sua origem e mau uso. Não há dúvida de
que a palavra negro foi criada por pessoas más para propósitos malignos. O
falecido John Henrik Clarke costumava nos lembrar de que "cães e escravos
eram nomeados por seus senhores e que apenas homens livres se
denominavam". Com esse entendimento, qualquer pessoa de mente livre deve
ver a palavra negro como um nome inadequado para pessoas pretas e organizações
pretas.
Compreendo nossa aceitação
do nome anos atrás, quando não sabíamos. Mas, com todo o conhecimento que temos
à nossa disposição, não há desculpa para o uso contínuo de uma palavra que é
humilhante e obsoleta.
Como um negro em recuperação,
prometi a mim mesmo nunca escrever negro com uma maiúscula "N”. Negro não
é um substantivo, é um incômodo e deve ser descartado de nosso vocabulário
junto com a outra infame palavra "N". Quem optar por usar essas
palavras o faz por ignorância ou desrespeito.
O rei ou rainha latente
dentro de você não pode coexistir pacificamente com uma mentalidade negra. Ou
você escolhe ser livre e pensa, fala e age como uma pessoa livre, ou você é um
escravo. Você não pode ser os dois.
Referências
e leituras selecionadas
Anderson, S.E., The Black Holocaust For Beginners, New York, N Y and
Readers Pub. Inc, 1995.
Diop, Cheikh Anta, African Origin of Civilization: Myth or Reality, New
York, NM Lawrence Hill, 1974.
James, George GM., Stolen Legacy, San Francisco, CA, Julian Richardson,
1976.
Moore, Richard B., The Name “Negro” Its Origin and Evil Use, Baltimore,
MD, Black Classic Press, 1992.
Williams, Chancellor, The Destruction of Black Civilization, Chicago,
IL, Third World Press, 1976.
Arquivo
do Browder: Episódio 1
No começo, nossos ancestrais
não sabiam nada. Eles estudaram por quatro mil anos. Eles aprenderam tudo o que
havia para saber. Eles ensinaram os outros. Depois veio o Maafa, o grande
desastre.
Na escravidão era ilegal os africanos
ler e escrever. Eles foram forçados a esquecer de tudo o que haviam aprendido e
ensinado. Depois de 400 anos esquecendo, eles esqueceram que tinham esquecido.
Isso muda hoje, vou lembrar
por eles. Vou ler por eles, vou escrever por eles. Vou ensinar por eles, vou me
certificar de que nunca mais serão esquecidos.
Sou Tony Browder e bem-vindo
ao primeiro de uma série de programas e ao meu livro From The Browder File. Antes
de começarmos o programa, eu gostaria de falar um pouco sobre mim.
Nasci em uma família
monoparental, minha mãe tinha 16 anos quando eu nasci. Ela morava com os pais
no oeste de Chicago. Minha mãe sempre se interessou em que eu obtivesse uma educação
da melhor qualidade que eu pudesse.
Então quando eu entrei no
ensino médio. Nós nos mudamos de Chicago para Oak Park, que é um subúrbio
ocidental da cidade e durante esse período, éramos a segunda família
afro-americana a morar em Oak Park, e em meus três anos na escola Oak Park
River Forest de um corpo estudantil de mais de 3000 estudantes, nunca houve
mais que dois afro-americanos, em toda a escola.
Eu recebi uma ótima educação.
Aprendi a amar a aprender. Aprendi a amar a ler, mas também aprendi que havia
uma profunda ausência de informações sobre quem eu era como pessoa de ascendência
africana.
Isso foi no final dos anos
60, durante o auge do movimento Poder Preto e o Movimento da Consciência Preta,
e então eu estava imbuído de uma sensação de orgulho Preto, vivendo e
frequentando uma escola de ambiente totalmente branco.
Após o colegial, frequentei
a Universidade de Illinois por um semestre em que me formei em arquitetura e
depois, mudei meu curso quando fui para a Universidade Howard. Minha formação é
em design gráfico e publicidade. Só me interessei por história e cultura depois
de me formar na Universidade Howard. Quando comecei a aprender a verdade sobre
quem eu era enquanto uma pessoa de ascendência africana.
Desse modo, esta jornada de
iluminação, me levou a começar a saber mais sobre quem eu era como ancestral da
África. Documentei meu conhecimento através dos meus escritos, das minhas
ilustrações, desenhos. E então comecei a dar palestras e seminários enquanto eu
viajava pelo país. E depois eu também viajei por toda a África e pelo mundo. Documentando
essas novas informações sobre nossa história e cultura coletiva.
Então eu vim escrever From
The Browder File como resultado de minha participação no programa Cathy Hughes
Morning Show em 1986 em Washington DC. A sra. Hughes ficou tão impressionada
com meu conhecimento que me convidou regularmente ao seu programa.
Mas foi minha primeira
aparição no Cathy Heghes Morning Show que motivou uma ligação de Francis
Murphy, que lecionava na Escola de Comunicação da Universidade Howard. Ela era
a editora do jornal afro-americano de Washington e me convidou para escrever um
artigo sobre um dos assuntos da minha primeira entrevista.
O assunto foi “A Origem do
Negro” e após nossa conversa inicial, concordei em escrever uma coluna
quinzenal sobre vários aspectos sobre a história e cultura Africana e
afro-americana. Eu escrevi essas colunas ao longo de dois anos e foi isso que
constituiu meu primeiro livro intitulado “Arquivo do Browder: 22 ensaios sobre
a experiência Africano-americana”.
O que realmente colocou em
movimento este programa, que você está envolvido agora com o estudioso Browder,
foram as cartas que recebi de dezenas de afro-americanos encarcerados durante
1990. Todo mês eu recebia dezenas de cartas de jovens irmãos, que estavam
trancados atrás das grades e liam pela primeira vez em suas vidas. Que tiveram
base em suas vidas pela primeira vez e muitas das cartas diziam que meu livro
From The Browder File foi o primeiro livro que eles leram de ponta a ponta.
E como resultado das
leituras sobre história e cultura africana e afro-americana. Eles começaram a
se orgulhar mais de si mesmos e começaram a entender como e por que eles foram
desviados. Foi essencialmente uma falta de conhecimento de si mesmo que
resultou em desrespeitar a si próprio cometendo crimes contra pessoas em suas
comunidades. Vendendo drogas, brigando, roubando e, as vezes, por fim,matando outras pessoas.
Contudo, como resultado da
leitura, eles começaram a se ver de maneira diferente. E muitas das cartas
expressam os mesmos comentários. Que eles gostariam de ter lido este livro mais
cedo em suas vidas. De tal forma que não estariam cumprindo 10, 15, 20, anos de
prisão ou prisão perpetua.
E outra pergunta frequente
em suas cartas foi, como eles conseguiriam levar essas informações para seus
filhos para que eles não seguissem os passos de seus pais.
Isso me levou a começar a
ver o que eu poderia fazer em levar mais essas informações contidas no The
Browder File para nossos rapazes e moças antes que eles sigam o caminho errado
e acabem encarcerados.
Por isso, iniciamos o The
Browder Scholars Program para reunir principalmente um grupo de estudantes
afro-americanos e expô-los ao conhecimento e à informação que eles
provavelmente não encontrariam em sua experiência educacional, do ensino
fundamental, ensino médio e, infelizmente, até da faculdade.
Há informações proibidas que
não podem fazer parte do nosso sistema educacional tradicional. Aprendi a
incentivar nosso povo a ler, porque é cultivando o apetite pela leitura que você
pode entender o porquê quando nossos ancestrais foram escravizados centenas de
anos atrás aqui neste país, nos Estados Unidos da América, era ilegal para
pessoas de ascendência africana, que foram roubadas de sua terra natal, ler
narrativas sobre de onde elas vieram. Lembrar-se de como elas foram roubada e
de como elas estavam sendo abusadas
Nossa incapacidade de
acessar um conhecimento preciso de nós mesmos é o que contribui para a nossa
contínua falta de respeito um pelo outro e por nós mesmos. Agindo como um povo
perdido e assim quando comecei a aprender o poder do conhecimento, o poder da
leitura e de que compartilhando essas informações com outras pessoas pode
transformar vidas. Organizei uma série de palestras em Washington DC a partir
de 1987. E nosso primeiro orador convidado foi o Dr. Asa Hilliard III.
Dr. Hillard era um psicólogo
acadêmico. Ele era um historiador e se tornou um amigo muito próximo e meu
Jagna. Usamos a palavra Jagna em vez de mentor porque Jagna é um termo amárico
originário da Etiópia, na África Oriental. E representa uma pessoa que é
defensora da cultura. Alguém que transmite informações culturais e históricas aos
jovens, a fim de colocar seus pés em um caminho que os levará a se tornarem
adultos positivos e produtivos em suas comunidades.
Foi a minha afinidade com o
dr. Hilliard que me levou a convidá-lo a escrever a introdução do From The
Browder File, quando foi publicado em 1989. Agora, em 1989, poucas pessoas
tinham ouvido falar de Tony Browder ou Anthony Browder. Mas as pessoas nos
Estados Unidos e em todo o mundo conheciam o Dr. Hilliard, conheciam seu
trabalho como psicólogo, seu trabalho como mestre educador, seu trabalho como
historiador. Uma pessoa que levou milhares de professores e administradores
para o Egito em seu estudo anual. Onde ele literalmente transformou suas mentes
ao mostrar-lhes a história de 5000 anos que nossos ancestrais haviam criado no Vale
do Nilo.
O Dr. Hilliard, em sua
introdução ao “From The Browder File”, listou os fatores que contribuem para um
sentimento de desunião entre as pessoas de ascendência africana. Ele falou
sobre a necessidade de estabelecer uma declaração mental de independência, a
necessidade de nos tornarmos pensadores conscientes e, assim, esses dez tópicos
ajudaram a estabelecer as bases de como as pessoas deveriam usar este livro
From The Browder File.
Eu gostaria de referenciar
esses 10 pontos muito rapidamente, para que você possa entender os fatores que
aconteceram centenas de anos atrás. Eles contribuem para o nosso atual estado
de desunião e desordem. E que, ao entender como essas forças ainda nos impactam
mais de 100 anos após o fim da escravidão.
Por fim, podemos começar a
assumir uma responsabilidade pessoal e mudar a forma de como pensamos. Mudar a
forma como agimos e modelar para nós mesmos, nossa comunidade e nossos filhos, o
que realmente é empoderamento cultural africano que homens e mulheres devem
seguir. E como eles deveriam se comportar.
Quero destacar esses 10 pontos
que o Dr. Hilliard disse que contribui para a nossa falta de senso de unidade e
direção.
A primeira é que abandonamos
nossos nomes. Nós não sabemos quem somos. Não sabemos de onde viemos na África,
O segundo ponto é que
renunciamos o modo de vida de nossa cultura. Adotamos os modos de vida das
pessoas diferentes de nós.
A terceira é que perdemos
nosso ímpeto, porque perdemos nossos nomes e abandonamos nosso modo de vida em
nossa cultura. E o que geralmente acontece é que, onde uma pessoa desenvolve
uma consciência africana e procura compartilhar essas informações com seus
familiares e amigos. Uma das afirmações que é ouvida com frequência é: ”oh,
você aqui de novo com essas coisas de Preto.”
Como se houvesse algo errado
em falar sobre quem somos e elevar a história de nossos ancestrais. Somos
Pretos, seremos pretos por toda a vida e, portanto, a melhor coisa que podemos
fazer é celebrar quem somos, estudando nossa história e cultura. Modelando isso
para nossos jovens e ensinando-os o orgulho de nossos ancestrais.
O quarto ponto que Dr. Hilliard
levantou foi que temos uma perda geral de memória. Poucos de nós conseguem
contar a história do povo africano sem começar essa história em nossa
escravidão, como se nossa escravização fosse a única coisa que já aconteceu
conosco. Esta é uma mentira que foi criada e perpetuada por nossos
escravizadores a fim de nos manter mentalmente escravizados e como Dr. Hilliard
costumava dizer, a escravidão mental é pior que escravidão física. Porque os
escravos mentais pensam que são livres e nunca perceberam os grilhões em nossas
mentes.
O quinto ponto que ele
levantou é que criamos falsas memórias. Temos lembranças imprecisas do povo
africano, da história africana e da cultura africana. Também temos lembranças
imprecisas da história europeia, do povo europeu e cultura europeia. Nós, na
América, fomos ensinados a acreditar que Cristóvão Colombo descobriu a América
e um fato fundamental com o qual devemos nos perguntar é, como alguém pode
descobrir uma terra quando as pessoas já estão lá? E o “descobrimento” da América
foi em 1492, que definiu o quadro para a dizimação dos povos indígenas desta
terra, que por engano ainda nos referimos hoje como Índios. E então, com sua
dizimação, estabeleceu o processo europeu de escravização do povo africano. O
que resultou na morte de mais de 50 milhões de homens, mulheres, crianças, que
foram roubados de suas terras da África Ocidental. Assim, com o roubo do povo
africano, depois da destruição da história, cultura e memória dos povos
indígenas. Os europeus fabricaram mentiras para se elevarem como heróis, como
descobridores, como homens de grande valor. Quando, de fato, o registro
histórico documenta que eles estiveram entre os maiores ladrões, mentirosos e
manipuladores do mundo. Então, parte da jornada, que encorajo a todos a
participarem desta leitura dos ensaios do The Browder File, é uma jornada para
a iluminação. Mas começaremos a aprender a verdade sobre nós mesmos e ter uma
maior compreensão de quem são os outros. Que continuam a influenciar nossas
vidas hoje.
O sexto ponto que Dr.
Hilliard levanta é que perdemos nossa terra. Perdemos nossos laços com a terra,
perdemos a África há mais de 400 anos. O povo africano foi roubado da pátria. E
então, por quase 100 anos, os europeus tomaram, dividiram e colonizaram a
África. Aproveitou todos os recursos existentes e os explorou. Para seu próprio
ganho pessoal, como resultado de mais de 500 anos de roubo de pessoas, terras e
recursos, a África é pobre e a Europa é rica. A única razão pela qual a Europa
é rica é que ela roubou o povo africano e os recursos africanos. A única razão
pela qual a África é pobre é por causa da perda de mais de 50 milhões de
pessoas, e uma quantidade incalculável de ouro, diamantes e outros recursos que
abasteceram o mundo por centenas e centenas de anos.
O sétimo ponto da referência
do Dr.Hilliard é que perdemos nossa capacidade de produção independente. Nós
fomos programados e socializados para sermos consumidores e não produtores. Nossos
ancestrais foram responsáveis por criar a civilização documentada mais antiga
deste planeta. Fomos os primeiros seres humanos a ler, escrever e raciocinar. Mas
agora nos socializamos para consumir tudo o que foi criado por esse mundo
europeu e abraçar esse conteúdo ou consumi-lo como se fosse a única coisa de
valor. Então temos que começar a entender quem éramos para que possamos nos
tornar essas grandes pessoas novamente.
O oitavo ponto da referência
do Dr.Hilliard é que perdemos o controle independente de nós mesmos. Não
controlamos mais nossos bairros, nossas comunidades. Não controlamos mais os meios
de empregar nossa força de trabalho. Não controlamos mais nossos sistemas
educacionais, nem mídia que socializa nossos comportamentos. Tudo isso que é
essencial para o nosso desenvolvimento como indivíduos e como povo. Tudo isso é
muito importante em moldar a mente dos jovens. Quem controla seu sistema
educacional determina o que você sabe; e o que você sabe, determina como você
pensa e como age. Quem controla a mídia determina sua percepção de si mesmo. Determina
quais são os nossos modos legítimos e ilegítimos de comunicação e
comportamento. E como sabemos muito bem, olhando para a mídia, seja televisão,
rádio, mídia impressa, filme ou vídeo, continuamos a ser apresentados como
pessoas indesejáveis, criminosos, traficantes e pessoas que nem em nossa mente
queremos nos identificar. Desse modo, temos que recuperar o controle dos
sistemas que influenciam nossos pensamentos e nosso comportamento. Nosso
sistema educacional nossos sistemas de mídia e os meios de emprego para que
possamos nos capacitar e apoiar aqueles indivíduos e instituições que ajudarão
a trazer o melhor de nós mesmos e o melhor nas gerações futuras.
E depois Dr. Hilliard disse
que perdemos nossa sensibilidade. Esta é a nona referência. Perdemos a
capacidade de saber quando outras pessoas estão nos menosprezando e aceitamos
retratos imprecisos do povo africano como se fossem verdadeiros. Quando você
internaliza percepções negativas da realidade. Você, subconscientemente,
abraçará esses aspectos negativos como autênticos para si mesmo. Portanto, é
sobre saber quem você é, sobre agir com base nesse conhecimento e compartilhar
esse conhecimento com outras pessoas para que você possa iniciar o processo de
uma jornada para a iluminação. Semeando pensamentos nesse processo de restaurar
sua memória histórica e cultural de que você pode se tornar seu Eu verdadeiro e
autêntico.
O décimo ponto que dr.
Hilliard diz é o resultado cumulativo de todas essas coisas. Perdemos nosso
senso de unidade e direção. E assim, o único recurso para aqueles de nós que
tomam tempo para ler e estudar retratos precisos das contribuições contínuas do
povo africano à história e às culturas, é apenas redescobrindo essas novas
informações que podemos começar a conhecer nosso verdadeiro Eu. Comece a agir e
a falar de uma maneira que glorifique nossos ancestrais e apresente-os aos
jovens para que tenham capacidade de se tornar gloriosos, da mesma forma.
Portanto, esses são os
objetivos básicos dos ensaios do From The Browder File para apresentar a você
informações que a maioria de nós nunca receberá em um ambiente educacional
formal e para mostrar como internalizar essas informações históricas, realizar
mais pesquisas sobre os assuntos referenciados, agora essas novas informações
podem te guiar no caminho do conhecimento, e isso fará com que você faça
contribuições positivas para sua família, para sua comunidade e para o mundo
africano.
Então aproveite a leitura e
a discussão do From The Browder File.
Considerado
um clássico da literatura mundial, O
Mundo se Despedaça, de Chinua Achebe, é uma leitura importantíssima para se
ter contato ao universo do povo Ibo no que hoje se situa o país nigeriano. O primeiro
ponto a se destacar é que o romance se dá num período pré-colonização. Assim,
Achebe escreveu acerca da vida, costumes, crenças e tradições do povo Ibo antes
da invasão colonial.
Bom,
após a leitura de A Paz dura Pouco, (post
anterior) fiquei sabendo que na verdade se tinha uma trilogia de Chinua Achebe
sendo O mundo se despedaça o primeiro
deles, então ficou invertida a ordem, mas não alterou tanto a compreensão. E
ano passado eu tinha iniciado a leitura de
A Flecha de Deus e por incrível que pareça não fiquei empolgado de
terminar, ainda pretendo, pois fecha a trilogia.
O
livro é dividido em três partes ao longo dos seus 25 capítulos, e essas partes
se separam conforme a trajetória de Okonkwo. Parte 1: Se refere a trajetória da
infância de Okonkwo até se tornar um guerreiro. Parte 2: Okonkwo é condenado a
exilar-se em outra aldeia com suas mulheres e filhos, pois cometeu um crime
contra um irmão de aldeia. Parte 3: A volta de Okonkwo para sua aldeia Umuófia,
agora já com a chegada da igreja dos ingleses.
Em
linhas gerais, Okonkwo era um guerreiro Ibo no sentido de que desde jovem se
deu bem nas lutas tradicionais da aldeia, e sua inclinação ao trabalho se
revelou outra característica de guerreiro, num povo que se estabelecia com
títulos, comprovando hierarquicamente o valor de cada homem. O maior medo de
Okonkwo era ser um fracassado tal qual fora seu pai, algo que o perseguia a
todo instante e o inspirava a ser o oposto disso.
O
povo de Umuófia era muito devoto aos deuses e divindades, onde os mais velhos comandavam
esse dialogo entre as pessoas e os deuses, e assim tomavam as atitudes
necessárias para que se estabelecesse um bem viver e uma justiça conforme as
tradições ancestrais. Desse modo, o autor desvelou como aquela sociedade se
comportava naquela dada época, aglutinando tradição oral com sua perspicácia
literária.
Okonkwo
viu seu anseio por títulos em sua aldeia se desmoronar ao ter que se exilar,
nesse momento lhe bateu a tristeza, conseguiu sobreviver em sua nova morada e
após sete anos pôde retornar à sua terra. No entanto, a aldeia já não era mais
a mesma, a intervenção dos brancos já havia ocorrido e estava se consolidando
pouco a pouco.
Primeiro
os missionários vieram em paz e chegaram num ar de conciliação e convictos de
que eles detinham o poder da salvação e o verdadeiro deus, não aquilo tudo que
a aldeia dizia ser deus. Num segundo momento se deu a chegada da colonização
britânica com a violência, com suas leis e instituições. Daí o mundo de Okonkwo
se desmoronou novamente.
Chinua
Achebe escreveu o livro em inglês com uma riqueza imensa, pois juntou a
oralidade com literatura, chamando a responsabilidade para si ao ter que
relatar e escrever sobre seu povo e sobre África, ao invés de se ter que sempre
ler textos externos, dos missionários, de escritores europeus e de estudiosos
enviesados.
A
meu ver, por fim, acredito que o autor buscou tecer criticas aos dois lados, a
forma como a trama se desenrolou realmente pôs em cheque toda aquela devoção e
boa parte das superstições da tradição ancestral Ibo daquela região. Achei que
o autor foi bem sucedido em passar também a imagem que os recém-chegados
brancos tiveram do modo de vida daquela aldeia. Onde Umuófia considerava o
espaço maldito, foi justamente onde a igreja cristã se erigiu.
Em
1966, Julius Kambarage Nyerere era presidente da República da Tanzânia. Quando
o Presidente Kenneth Kaunda, da vizinha Zâmbia, se tornou o primeiro Chanceler
da Universidade da Zâmbia inaugurada em 13 de julho de 1966, convidou Nyerere,
também Chanceler da Universidade da África Oriental, a participar da cerimônia
e dar um discurso ao público reunido. O Presidente Nyerere usou a ocasião para
descrever o possível conflito entre nacionalismos africanos e pan-africanismo.
Excelências,
alcançamos muitas coisas na África nos últimos anos e podemos recordar com certo
orgulho a distância que percorremos. No entanto, estamos muito longe de atingir
o que originalmente pretendemos alcançar, e acredito que há o perigo de que
agora possamos voluntariamente renunciar ao nosso maior sonho de todos.
Pois foi como africanos
que sonhavam com a liberdade, e nós pensamos nisso para a África. Nossa real
ambição era a liberdade africana e um governo africano. O fato de lutarmos separados
em cada área era apenas uma necessidade tática. Nós nos organizamos no Partido da
Convenção do Povo, na União Nacional Africana de Tanganyika, no Partido da
Independência Nacional das Nações Unidas e assim por diante, simplesmente
porque cada governo colonial local tinha que ser tratado separadamente.
A pergunta que temos
agora a responder é se a África manterá essa separação interna à medida que
derrotarmos o colonialismo, ou se nosso vanglorioso orgulho anterior - 'eu sou
africano' - se tornará realidade. Não é uma realidade agora. Pois a verdade é
que agora existem 36 nacionalidades diferentes na África livre, uma para cada
um dos 36 Estados independentes - para não falar dos ainda sob o domínio
colonial ou estrangeiro. Cada Estado está separado dos outros, cada Estado é
uma entidade soberana. E isso significa que cada Estado tem um governo que é
responsável perante o povo de sua própria área - e somente para ele, assim deve
trabalhar para seu bem-estar particular ou provocar o caos dentro de seu
território.
A visão do
pan-africanismo pode sobreviver a essas realidades?
Não acredito que a
resposta seja fácil. Na verdade, acredito que o pan-africanista enfrenta um
dilema real. Por um lado, o fato de o pan-africanismo exigir uma consciência
africana e uma lealdade africana; por outro lado, é o fato de que cada
pan-africanista também deve se preocupar com a liberdade e o desenvolvimento de
cada uma das nações da África. Essas coisas podem entrar em conflito. Sejamos
honestos e admitamos que elas já entraram em conflito.
Em certo sentido, é
claro, o desenvolvimento de parte da África só pode ajudar a África como um
todo. O estabelecimento de uma faculdade universitária em Dar es Salaam e de
uma universidade em Lusaka significa que a África possui dois centros extras de
ensino superior para seus 250 milhões de habitantes. Todo hospital extra
significa mais instalações de saúde para a África; todas as estradas, ferrovias
ou linhas telefônicas extras significam que a África está mais próxima. E quem
pode duvidar que a ferrovia da Zâmbia para a Tanzânia, que estamos determinados
a construir, servirá à unidade africana, além de ser do interesse direto de
nossos dois países?
Infelizmente, porém,
essa não é a história toda. Escolas e universidades fazem parte de um sistema
educacional, um sistema educacional nacional. Elas promovem e devem promover
uma perspectiva nacional entre os estudantes. São dadas lições sobre o governo,
a geografia e a história da Tanzânia ou da Zâmbia. Lealdade à constituição
nacional, aos líderes eleitos, aos símbolos da nação, todas essas coisas são
incentivadas por todos os dispositivos.
Isso não é apenas
inevitável; também está certo. Nenhum dos Estados-nação da África são unidades
"naturais". Nossas fronteiras atuais são - como já foi dito muitas
vezes - o resultado de decisões europeias na época da corrida pela África. Elas
são sem sentido, elas cortam grupos étnicos, geralmente desconsideram divisões
físicas naturais e resultam em muitos grupos linguísticos diferentes sendo
abrangidos por um Estado. Para que os Estados atuais não se desintegrem, é
essencial que sejam tomadas medidas deliberadas para promover um sentimento de
nacionalidade. Caso contrário, nossa atual multidão de países pequenos - quase
todos nós pequenos demais para sustentar uma economia moderna autossuficiente -
poderia se dividir em unidades ainda menores, talvez baseadas no tribalismo. Então,
um período adicional de dominação estrangeira seria inevitável. Nossas lutas
recentes seriam desperdiçadas.
Deixe-me repetir, a
fim de evitar conflitos internos e maior desunião, cada Estado-nação é forçado
a promover sua própria nação. Isso não envolve apenas ensinar lealdade a uma
unidade específica e uma bandeira específica, embora isso seja sério o
suficiente. Também envolve organizar deliberadamente uma parte da África
econômica, social e constitucionalmente, para servir aos interesses gerais das
pessoas dessa parte da África e (em caso de conflito) não aos interesses de
outra parte ou da África como um todo.
Assim, cada Estado da
África cria para si uma constituição e uma estrutura política que são mais
apropriadas à sua própria história e aos seus próprios problemas. Na Tanzânia,
por exemplo, o apoio esmagador ao nosso movimento nacionalista e a completa
ausência de um rival a ele significaram que, desde o início da independência,
tínhamos de fato um estado de partido único. Mas a existência continuada de uma
estrutura política que assumia um Estado bipartidário significava que não
podíamos aproveitar a organização do Partido e o entusiasmo de nosso povo para
as novas tarefas de combate à pobreza. Havia também algum perigo de que os
líderes do Partido ficassem fora de contato com as pessoas que lideravam,
porque seriam capazes de abrigar suas próprias falhas pessoais sob a égide do
Partido. Por isso, elaboramos uma nova constituição que reconheceu a existência
de um partido único e, dentro dessa estrutura, garantimos o controle
democrático do povo sobre seu governo. É um novo arranjo e, até agora, parece
estar funcionando bem. Mas - e este é o meu ponto - marcou uma diferenciação
adicional entre a organização política da Tanzânia e a de outras partes da
África, incluindo a de nossos vizinhos. E quanto mais as pessoas da República
Unida se envolvem nesse sistema, e quanto mais os povos de outras nações
africanas se envolvem nos sistemas que elaboram para si mesmos, maior se torna
a divisão entre nós.
Também na economia o
mesmo se aplica. Cada governo nacional da África tem que trabalhar pelo
desenvolvimento de seu próprio país, pela expansão de suas próprias receitas. Isso
deve ser assim. Não se pode estar contente com o desenvolvimento da África
Central ou da África Oriental, deve-se trabalhar para o desenvolvimento da
Zâmbia ou da Tanzânia. Em certas circunstâncias, o resultado não é apenas um
fracasso em crescer juntos, pode ser redução na unidade. Por exemplo, cada país
da África Oriental está agora migrando para sua própria moeda, em vez de manter
uma moeda comum. Na ausência de um governo federal, isso seria necessário se
cada um deles cumprisse suas responsabilidades com as pessoas que o elegeram. Mas
é sem dúvida um movimento em direção ao nacionalismo e, mais além, ao super-nacionalismo
africano. Ou ainda, cada governo africano tem que trabalhar pela
industrialização doméstica; só pode concordar que uma indústria super-nacional
comum esteja localizada em outro país se houver uma vantagem compensatória
clara e óbvia a seu favor em outra indústria ou em algum outro fator de
desenvolvimento.
Nossos nacionalismos
podem competir entre si e se afastar também em questões internacionais. Todos
os estados da África precisam atrair capital de fora e todos nós desejamos
vender mais de nossos produtos para países no exterior. Assim, cada um dos 36
pequenos Estados gasta dinheiro para enviar nossas delegações aos países ricos
e nossos representantes para negociações comerciais. Então cada um desses
representantes nacionais é forçado a provar por que o investimento deve ser feito
em seu país, e não em outro, e forçado a oferecer algumas vantagens ao país
rico, se ele comprar seus bens, e não os que emanam de outra parte da África. E
o resultado? Não apenas os piores termos para cada um de nós em relação à ajuda
ou ao comércio, mas também um tipo de medo um do outro, uma suspeita de que o
país vizinho aproveite qualquer fraqueza que tivermos para seu próprio
benefício. E o que quero dizer é que este país vizinho fará isso, tem pouca
escolha nesse caso. Por mais que possa se simpatizar com nossa dificuldade,
apenas em casos raros esse senso de 'unidade' será capaz de transcender as duras
necessidades de sua própria carência econômica.
Tudo o que venho
dizendo até agora equivale a isso: a atual organização da África em Estados-nação
significa inevitavelmente que a África se afaste, a menos que sejam tomadas
medidas definitivas e deliberadas de contração/neutralização. Para cumprir suas
responsabilidades com o povo que levou à liberdade, cada governo nacionalista
deve desenvolver sua própria economia, suas próprias organizações e
instituições, e seu próprio nacionalismo dominante. Pois, embora certamente
seja verdade que, em longo prazo, toda a África e todos os seus povos seriam mais
bem servidos pela unidade, é igualmente verdade, como é relatado por Lord
Keynes, que "a longo prazo estamos todos mortos'. A vontade do povo da
África de fazer sacrifícios pelo futuro é inquestionável; os planos de
desenvolvimento de nossas diferentes nações provam isso. Mas as pessoas deste
continente sofrem os efeitos da pobreza há muito tempo. Elas precisam ver algum
ataque imediato sendo feito contra essa pobreza. Elas não poderiam e não
concordariam com a estagnação ou regressão enquanto buscamos o objetivo da
unidade.
De fato, à medida que
cada um de nós desenvolve seu próprio Estado, levantamos cada vez mais
barreiras entre nós. Nós entrincheiramos as diferenças que herdamos dos
períodos coloniais e desenvolvemos novas. Acima de tudo, desenvolvemos um
orgulho nacional que pode ser facilmente hostil ao desenvolvimento de um
orgulho da África. Este é o dilema do pan-africanista na África agora. Pois,
embora o orgulho nacional não exclua automaticamente o desenvolvimento do
orgulho da África, é muito fácil distorcer esse efeito. E certamente será
deliberadamente reforçado por aqueles que estão ansiosos para manter a África
fraca por sua divisão, ou por aqueles que desejam manter a África dividida porque
preferem ser pessoas importantes em um estado pequeno do que pessoas menos
importantes em um estado maior. Os quenianos e zambianos serão informados - de
fato, já estão sendo informados! - que a Tanzânia é comunista e está sob o controle
chinês, ou que é tão fraca que é a base relutante e involuntária da subversão
chinesa. Os tanzanianos, por outro lado, são informados de que o Quênia está
sob o controle americano e a Zâmbia hostil a ele por causa de sua política na
Rodésia. E assim por diante. Tudo será feito e dito, o que pode semear
suspeitas e desuniões entre nós até que finalmente nosso povo e nossos líderes
digam: 'Vamos seguir sozinhos, vamos esquecer essa miragem de unidade e
liberdade para toda a África'. E então, dentro de 150 anos, a África estará
onde a América Latina está agora, em vez de ter a força e o bem-estar econômico
que são usufruídos pelos Estados Unidos da América.
Mas há outro fator
que é hostil ao avanço do pan-africanismo por meio e depois do desenvolvimento
de nossos nacionalismos separados. Por boas ou más razões, alguns países
africanos são e serão mais ricos e poderosos do que outros. Pode ser pela existência
acidental de minerais em um lugar e não em outro, pode ser pela história de um
desenvolvimento pacífico em um país e divisões internas e dificuldades em
outro. Pode ser que apenas alguns de nossos estados africanos se tornem
economicamente viáveis, enquanto outros nunca sustentarão mais do que um baixo
nível de existência. Mas o resultado líquido será que um Estado terá mais
sucesso que outro. E então quem faz o movimento em direção à unidade? Se for o
maior e o mais rico, falar-se-á de um novo imperialismo, uma tentativa de
"dominar" o pequeno Estado. Se for a pequena nação, haverá boatos de
traição e falta de patriotismo. Quais desses líderes serão capazes de superar
suas inibições o suficiente para mencionar a ideia de união? Qual deles poderia
arriscar ser rejeitado? Quanto mais genuíno seu desejo avulso de unidade real
com base na igualdade humana, mais difícil é para qualquer um deles fazer a
mudança.
Dessa maneira, ao
desenvolver nossas nações separadas é convidar a morte lenta de nosso sonho de
unidade, qual é a alternativa?
Claramente, devemos
primeiro aceitar os fatos que descrevi. Não faz parte da transformação do sonho
em realidade fingir que as coisas não são o que são. Em vez disso, devemos usar
nossa situação atual ao nosso favor e alcançar nossos propósitos. Devemos
enfrentar os perigos que existem e vencê-los de uma maneira ou de outra.
Não é impossível
alcançar a unidade africana através do nacionalismo, assim como não foi
impossível para várias associações étnicas ou partidos de base étnica se
fundirem em um movimento nacionalista. É difícil, mas pode ser feito se a
determinação estiver presente. A primeira coisa para a África, portanto, é
determinar que isso seja feito. Mas generalidades/platitudes não são
suficientes; assinaturas à Carta da Organização da Unidade Africana não são
suficientes. Ambas as coisas ajudam, porque mantêm a atmosfera e as
instituições da unidade. Contudo, elas devem ser combinadas com a percepção de
que a unidade será difícil de alcançar e difícil de manter, e exigirá
sacrifícios das nações e dos indivíduos. Falar em unidade como se fosse uma panaceia
de todos os males é andar nu em um covil de leões famintos. Nos estágios
iniciais, a unidade traz dificuldades - provavelmente mais do que ela dispõe. É
a longo prazo, depois de 15 ou 20 anos, que seus enormes benefícios podem
começar a ser sentidos. A determinação de que a unidade irá chegar deve começar
com uma aceitação psicológica de seus requisitos. As nações africanas, e
particularmente os líderes africanos, devem ser leais uns aos outros. É
inevitável que alguns líderes tenham um gosto pessoal e admiração por outros
líderes em particular; é igualmente inevitável que eles não gostem, e talvez
reprovem os outros. Não imagino que todos os meus opositores regionais na
Tanzânia gostem e se admirem - espero que sim, mas não garanto! Mas, por mais
que discutam em particular, não se atacam em público. Eles... - pense que um
indivíduo em particular tenha provocado problemas, mas, se em coma, eles não se alegram... Eles se reúnem para tentar
minimizar o efeito desse problema na nação. E os líderes africanos fazem o
mesmo pela África. É mais difícil porque não temos um órgão superior comum, mas
ainda pode ser feito.
Isso não significa
que possa haver, ou de fato deve haver, políticas internas ou externas
idênticas para todos os estados da África. Enquanto estamos separados, podemos
levar em consideração as diferentes circunstâncias em diferentes partes da
África. Tomemos, por exemplo, diferenças que existem entre algumas das
políticas da Tanzânia e da Zâmbia. Ambos os governos estão preocupados em
garantir o controle da economia nacional e dobrá-la para servir as massas. Mas
as técnicas apropriadas na Tanzânia, onde começamos quase do zero, sem
indústria ou mineração herdada - não seriam adequadas para a Zâmbia, que
precisa manter sua produção de cobre e usar a indústria na transformação da
economia.
Depois, há também a
questão da Rodésia e o fato de que a Tanzânia, mas não a Zâmbia, rompeu
relações diplomáticas com a Grã-Bretanha no curso dessa disputa. Naturalmente,
alguns de nossos oponentes tentaram sugerir que isso revela profundas
diferenças entre os governos da União Nacional Africana da Tanganica (TANU em
inglês) e do Partido Unido da Independência Nacional (UNIP em inglês), essa
crença partindo de qualquer um de nós prejudicaria a causa da África em uma
extensão incalculável. No entanto, isso não é verdade e, felizmente, nós dois
sabemos que isso não é verdade. Ambos os nossos governos têm um propósito e são
igualmente dedicados a ele. Esse proposito é o fim do regime ilegal de Smith e
sua substituição pelo regime majoritário e depois a independência de Zimbábue. Mas
a Zâmbia é um país sem litoral, com um padrão herdado de comércio e
comunicações que lhe impossibilitou impor imediatamente um completo boicote aos
produtos rodesianos. A Tanzânia tem portos, comunicações com o norte e nunca
teve muito comércio com a Rodésia. Condições tão diferentes exigem as mesmas
reações aos eventos na Rodésia do Sul? Seria absurdo que a Zâmbia aja como a
Tanzânia, ou que a Tanzânia aja automaticamente como a Zâmbia. O que deve
acontecer é que nossos dois países devem trabalhar juntos, na mais próxima cooperação
e compreensão. E, em particular, a Tanzânia tem a responsabilidade de fazer o
que for humanamente possível para ajudar a Zâmbia a se libertar dessas cadeias
herdadas no sul. Talvez eu possa aproveitar esta oportunidade para dizer que
isso está sendo feito, e será feito, com o apoio sincero de todo o povo da
Tanzânia.
Mas não basta que os Estados africanos cooperem no tratamento de problemas específicos. Devemos
deliberadamente avançar para a unidade. Na medida do possível, devemos cooperar
em nosso desenvolvimento econômico, nosso comércio e nossas instituições
econômicas. Devemos fazer isso, apesar de nossas soberanias separadas, embora
tenhamos que reconhecer que há um limite para as possibilidades de integração
econômica sem união política. Quando esse ponto chegar, teremos que ficar
parados - e assim prejudicar nossas reais esperanças para a África - ou teremos
que mergulhar em uma fusão de nossas soberanias internacionais.
Em algumas partes da
África, a união política será possível mesmo antes de haver uma grande
integração econômica. Acredito firmemente que os estados africanos devem criar
essas oportunidades ou aproveitá-las sempre que ocorrerem por si mesmas. As dificuldades
permanecerão, atos de União não desfazem décadas ou séculos de separação
política e administrativa. Mas um governo responsável por toda a área pode
lidar com dificuldades e elementos de separatismo, com justiça para todos, ao
mesmo tempo em que desenvolve novos fatores unificadores. As diferenças não
desaparecem se forem deixadas de lado, como eu disse, elas crescem. Assim, por
exemplo, é verdade que as duas partes componentes da República Unida da
Tanzânia ainda não estão totalmente integradas. Desse modo - e esse é o ponto -
não há dúvida de que elas estão muito mais integradas do que estariam se dois
governos separados apenas tentassem cooperar. Também não há dúvida sobre o
benefício que todo nosso povo já está sentindo como um resultado desta União. Certamente
ninguém na Tanzânia tem dúvidas sobre este assunto. Agora somos um todo, e à
medida que crescemos, estamos crescendo juntos.
A união política de
vizinhos nem sempre é uma resposta imediata ou possível. E a cooperação
econômica é frequentemente limitada a curto prazo pela falta de comunicação ou
outros fatores. Ainda podemos decidir se devemos avançar para a unidade ou
voltar para a separação. Por exemplo, é a decisão inteiramente da África se
haverá ou não disputas nacionais africanas internas. Nós, os Estados separados,
podemos ser enganados sobre eventos em outros lugares, ou podemos nos sentir
provocados. Mas somos nós que decidimos o que fazer em tais circunstâncias. É a
África que decidirá se os limites pouco claros serão uma ocasião de desunião ou
se serão resolvidos por conciliação ou por lei. É a África que decidirá se deve
abandonar a única base possível para as fronteiras nacionais - que são as
fronteiras coloniais - e se permitirá tornar o brinquedo da política
internacional. E da mesma maneira que a própria África pode, se desejar, optar
por seguir uma política de 'boa vizinhança' e mostrar em ações que a conversa
sobre a unidade africana é significativa.
Falar de cooperação
entre estados e de boa vizinhança, com recurso a tribunais ou arbitragem em
caso de disputas, não parece muito empolgante. O coração dá um pulo com as
palavras "Governo da União", e não com essas outras coisas que exigem
paciência, autodisciplina e trabalho duro e obstinado. Mas se uma coisa é
impossível - é impossível enquanto todos os estados africanos não estão
dispostos a renunciar à sua soberania a um novo corpo - então esta é a única
maneira pela qual podemos avançar ao invés de retroagir. Foi em reconhecimento
a esses fatos que a Organização da Unidade Africana, em 1963, declarou seu
primeiro objetivo como "promover a unidade e a solidariedade dos Estados
africanos". Essa foi uma aceitação realista dos fatos e da meta. Mas
devemos reconhecer que a declaração por si só não trará o resultado que
precisamos. Somente se a OUA for deliberadamente apoiada e fortalecida, e
somente se o espírito de sua Carta for honrado em ações positivas, iniciaremos
o longo caminho a seguir.
E pode ser um longo
caminho, a quantidade de tempo irá depender de nossa coragem e determinação.
Certamente, nos últimos anos, houve alguns avanços importantes no sentido de
uma maior cooperação na África. Em contrapartida também houve muitos contratempos
- alguns dos quais ameaçam a própria existência da OUA. E a mais triste e mais
perigosa de todas é a nova tendência de tratar a OUA, e todas as conversas
sobre o pan-africanismo, como questões de modelo - movimentos que precisam ser
realizados enquanto os negócios sérios da construção de Estados continuam. Isso
seria fatal para a África. Pois somente através da unidade a África será capaz
de alcançar seu potencial e cumprir seu destino apropriado.
Sr. Chanceler,
aqueles que gostariam de defender total concentração nos interesses nacionais e
aqueles que exigiam o sacrifício de todos os interesses nacionais pela causa da
liberdade e unidade africanas, têm um caminho fácil a seguir. Um pode apelar
para o 'realismo' e o 'pragmatismo' e pode parecer ser dedicado aos interesses
práticos do povo. O outro pode apelar para o coração dos homens e parecer
corajoso, abnegado e revolucionário. Mas ambos levariam a África ao desastre -
um à estagnação precoce e à dominação econômica estrangeira, e outro ao caos e
desintegração das unidades já existentes. Não, devemos seguir um caminho novo e
difícil, para frente e para cima. Devemos evitar a estrada que contorna a
cordilheira e leva às terras do pântano; devemos evitar também a excitação da
subida à face da rocha, pois isso não pode ser possível com a carga que
devemos carregar. Em vez disso, nossa tarefa é abrir uma estrada na encosta da
montanha até as terras altas e cortá-la com delicadeza o suficiente para que
todo o nosso povo viaje, mesmo que com dificuldade e ajuda nas partes íngremes.
Em linguagem mais realista - talvez mais apropriada à tarefa que temos pela
frente - devemos manter sempre à nossa frente o objetivo da unidade; devemos
reconhecer o perigo de que, sem ação positiva, seremos desviados dela; e
devemos tomar essa ação positiva em todos os pontos possíveis. Pois a unidade
africana não precisa ser só um sonho, deve ser uma visão que nos inspira. Para que
isso se realize, depende de nós.
Sr Chanceler, não
falei desse dilema que o pan-africanista enfrenta sem considerar a ocasião. Eu
escolhi deliberadamente esse assunto porque acredito que os membros desta
universidade e de outras universidades da África têm uma responsabilidade nesse
assunto. Apresentamos que os líderes da África estão enfrentando problemas
sérios e urgentes em nossos próprios Estados, e temos que lidar com perigos
externos. O tempo disponível para uma reflexão séria sobre o caminho a seguir
para o pan-africanismo é limitado ao extremo, e quando damos passos nessa
direção, somos sempre atacados por 'desperdiçar dinheiro em conferências' ou
ser 'irrealistas' em nossa determinação para construir estradas ou ferrovias
para conectar nossas nações. Quem nos manterá ativos na luta para converter o
nacionalismo em pan-africanismo se não forem os funcionários e estudantes de
nossas universidades? Quem é que terá tempo e capacidade para pensar nos
problemas práticos de alcançar esse objetivo de unificação, se não forem
aqueles que terão a oportunidade de pensar e aprender sem responsabilidade
direta pelos assuntos do dia a dia?
E as próprias
universidades não podem avançar nessa direção? Cada uma delas deve atender às
necessidades de sua própria nação, sua própria área. Mas também não serve a
África? Por que não podemos intercambiar estudantes, os tanzanianos se formam
na Zâmbia como os zambianos se formam na Tanzânia? Por que não podemos
compartilhar conhecimentos sobre assuntos específicos e talvez compartilhar
certos serviços? Por que não podemos fazer outras coisas que vinculam
indissoluvelmente nossa vida intelectual? Não são apenas coisas para os
governos resolverem. Deixe as universidades apresentarem propostas antes de
nossos governos e, em seguida, exigir dos políticos uma resposta fundamentada sobre
a base da unidade Africana, se nós não concordamos!…
Referências:
BlackPast, B. (2009, August 07) (1966) Julius Nyerere,
“The Dilemma of the Pan-Africanist”. Retrieved from
https://www.blackpast.org/global-african-history/1966-julius-kambarage-nyerere-dilemma-pan-africanist/
Fonte das informações
do autor: J. Ayo Langley, Ideologies of Liberation in Black Africa, 1856-1970
(London: Rex Collings, 1979).