sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Intelectuais Quilombolas: Arquitetos da Soberania Africana - Dr. Uhuru Hotep

Intelectuais Quilombolas*: Arquitetos da Soberania Africana 

Por Uhuru Hotep, 

Instituto de Lideranças Kwame Ture e Duquesne University

Dr. Uhuru Hotep - Dukesne University

“The Journal of Pan-African Studies”, vol.2, nº.5, em Julho de 2008.

Tradução: Lil X

Revisão: Fuca

Baixar em PDF: https://drive.google.com/file/d/1uRuUBk32Y5cQDWOUX8J_LT4Sac605sKH/view?usp=sharing

·         Nessa tradução foi adotado o termo Intellectual Maroons como Intelectual Quilombola por ser mais próximo da realidade da diáspora africana no Brasil, e como sinônimo de Maroons e Palenques.

·         Outra nota é sobre a diferenciação entre Negro Scholar e Black Scholar. No caso foi adotado Estudioso Negro x Estudioso Preto. O Estudioso Preto é o que se aproxima do Intelectual Quilombola ao contrário do Estudioso Negro.

Resumo 

Em 1999, Jedi Shemsu Jehewty (Jacob H. Carruthers) cunhou o termo “Intelectual Quilombola” como uma forma de nomear Pensadores Pretos que “declararam sua liberdade” da escravidão intelectual europeia. Organizado em quatro seções e usando a metáfora da jornada em direção à iluminação, este ensaio identifica os seis estados de conhecimento chamados de “Johari Sita” que estão no cerne da visão de mundo do Intelectual Quilombola. Esses seis estados fornecem os rudimentos para um modelo africano-centrado de formação de identidade, construção de missão e autorrealização, que estrutura nossa busca por soberania política e econômica.

Na primeira seção, a ideia de encarceramento conceitual de Wade Nobles, o cativeiro confortável de Kofi Addae e a ilusão de inclusão de Louis Farrakhan são identificadas como as principais armadilhas ao longo do caminho para o intelectual aquilombado. Na segunda seção, a aceitação pelo Estudioso Preto da ideia de desobediência intelectual de Uhuru Hotep, o “nyansa nnsa da” de Addae e a lógica libertadora de Maulana Karenga são vistos como “marcos” ao longo do caminho em direção ao intelectual aquilombado que também são “caminhos” para estados avançados de Consciência Preta. A terceira seção enfoca o treinamento de Intelectuais Quilombolas que é informado por quatro disciplinas seminais: confronto da realidade, sankofa ou re-africanização, análise sistemática do inimigo e teoria da reprodução social. A quarta e última seção deste artigo descreve o trabalho dos Intelectuais Quilombolas que gira em torno do lançamento de um whm msw [renascimento] a fim de restaurar Maat e encerrar o maafa. Em todos os aspectos fundamentais, o Intelectual Quilombola de Jehewty é idêntico ao “lutador autêntico” de Marcia Sutherland, ao “verdadeiro nacionalista” de Amos Wilson e à “Jegna” de Asa Hilliard.

Introdução

 “A propaganda do homem branco fez dele o senhor do mundo, e todos aqueles que entraram em contato com ele e o aceitaram tornaram-se seus escravos.” - Marcus Garvey

 Um presente extraordinariamente valioso que nos foi legado pelo falecido Jedi Shemsu Jehewty (também conhecido como Jacob H. Carruthers) é o termo “Intelectual Quilombola”. Mencionado apenas de passagem em um ensaio intitulado "Thinking about European Thought" publicado em sua última grande obra, Intellectual Warfare (1999), meu ensaio busca dar corpo com símbolos e metáforas ao que é uma ideia primorosa. Além disso, como um documento reconstrucionista de Banksian, meu ensaio fornece aos africanos na Diáspora os rudimentos de um modelo africano-centrado para formação de identidade, construção de missão e autorrealização que estrutura nosso impulso por soberania política e econômica.

“Intelectuais Quilombolas” são “Pensadores Pretos” que, de acordo com o Dr. Jehewty, após analisar o “núcleo da cosmovisão europeia”, “declararam sua liberdade” da escravidão intelectual europeia “por meio de seus pensamentos publicamente declarados” (p. 52). Muito parecido com os Quilombolas de antigamente que se emanciparam escapando da escravidão física induzida pela Europa, os Intelectuais Quilombolas se emanciparam escapando da escravidão psicológica induzida pela Europa [1]. A escravidão física e a escravidão mental (psicológica) são meramente lados opostos da mesma moeda, que é a moeda padrão dos agressores, opressores e exploradores. Este ensaio identifica os conceitos centrais essenciais para uma atualização Africano-centrada que leva ao status de Intelectual Quilombola encontrado nos “pensamentos publicamente declarados” (escritos publicados) de seis importantes estudiosos Africano-centrados, ou seja, “Pensadores Pretos” que se encaixam na descrição do Dr. Jehewty de Intelectuais Quilombolas.

Finalmente, o Intelectual Quilombola é a peça central do Johari Sita, um modelo africano-centrado de treinamento de liderança/seguidores que desenvolvi para o Kwame Ture Leadership Institute [Instituto de Lideranças Kwame Ture] em 2000. Neste modelo, o Intelectual Quilombola é o agente transformador, mas é a Comunidade Africana através da família que é a principal beneficiária. Para alcançar o status de Intelectual Quilombola requer imersão total em cinco estados de conhecimento. Todos os cinco estados são discutidos neste ensaio. E todos os cinco estados são facetas do Johari Sita (“Seis joias” em suaíli). Este termo, no entanto, não será usado, exceto nesta introdução. Mas se lermos com atenção, descobriremos que é o escopo de Johari Sita que orienta esta pesquisa.

Primeiros passos

“Para mudar a consciência africana, temos que mudar a informação que está na mente africana”. Na'im Akbar

A principal virtude do Estudioso Preto é a busca do conhecimento, que, se praticada com diligência, o levará inevitavelmente à proverbial “encruzilhada”, onde ela/ele deve escolher entre dois caminhos mutuamente exclusivos de desenvolvimento intelectual que conduzem a dois destinos radicalmente diferentes. Se ela/ele escolhe o caminho de pedestres, que na verdade é uma grande rodovia de quatro faixas pavimentada em prata e ouro e marcada como “Estudioso Negro”, ela/ele chega rapidamente aos estados de subserviência e dependência, a base do que Anderson Thompson (1997) denomina “historiografia do Sambo”. Por outro lado, se a estrada de faixa única, mal iluminada, cheia de buracos, desvios, declives acentuados e curvas acentuadas marcadas como “Intelectual Quilombola” for escolhida e o Estudioso Preto perseverar, ela/ele finalmente alcançará os estados de liberdade de soberania e independência, a base dos Intelectuais Quilombolas.

A tipologia acima de estudiosos e acadêmicos africanos é consistente com a afirmação do Dr. Jehewty, em 1996, de que temos duas “correntes de Intelectuais Africanos: aqueles que se tornam os agentes do neocolonialismo intelectual [Estudiosos Negros] e aqueles que continuam a lutar pela liberdade intelectual [Intelectuais Quilombolas]” operando na comunidade Africana. Como um produto dessa segunda corrente, este ensaio irá mapear o caminho para ser tornar um Intelectual Quilombola, observando os principais “marcos” e “placas de sinalização” situados ao longo do caminho para esse estado sublime.

 Aqui, no início do século 21, a principal tarefa do “pensador Preto” é escapar do encarceramento conceitual e do cativeiro confortável. Completar essa tarefa significa romper com as cadeias mentais e, então, escapar desses dois captores sempre vigilantes. Como você pode imaginar, isso não é fácil. Na verdade, após uma vida inteira de condicionamento social do caucasiano [2] é o maior desafio intelectual, psicológico e emocional que enfrentamos como afrodescendentes. Mas devemos tentar, se quisermos liberdade, porque até que nossa fuga da escravidão mental seja planejada e executada com sucesso, a vida como um Intelectual Quilombola não é apenas impossível, é inconcebível.

Vamos agora examinar esses dois constritores do pensamento e da ação africanos. O primeiro é o encarceramento conceitual, um termo cunhado pelo sakhu sheti (psicólogo) Kwaku Berko (também conhecido como Wade Nobles) em 1986 para identificar nossa detenção mental e, em seguida, nosso aprisionamento em sistemas de crenças, valores, imagens, conceitos, estilos de vida e visões de mundo restritivos ao caucasiano. Os africanos que internalizam o “conceito” de superioridade branca e inferioridade preta, por exemplo, são “prisioneiros” de um mito (sistema de crenças) que acabará por deformar sua autoimagem, subverter sua autoestima, minar seu valor próprio, sufocar sua automotivação e diminuir suas perspectivas de realizações em alto nível.

O que o Dr. Berko está nos dizendo é que as palavras/conceitos/crenças/valores/imagens que permitimos em nosso espaço mental e então usamos para autodefinição e autorreferência irão nos libertar ou nos escravizar. Ninguém sabe disso melhor do que os Intelectuais Quilombolas, pois depois que se libertaram das masmorras do encarceramento conceitual, agora estão moldando as ferramentas, estratégias e abordagens para libertar os outros. Este ensaio apresenta seus melhores conceitos e práticas psicoterapêuticas africano-centradas.

Na batalha sem fim pelos corações e mentes africanos, o encarceramento conceitual é uma arma extremamente eficaz. Nos últimos 1.000 anos, ele tem sido usado com maestria pelas elites dominantes cristãs europeias e muçulmanas árabes para nos prender - geração após geração - em sistemas de crenças e estruturas de valores que atendem aos seus interesses, não aos nossos. Em nossos dias, por exemplo, ele estreita o discurso político africano-americano dominante em um ciclo interminável de apelos ao partido republicano-democrata e seus apoiadores por uma participação simbólica. Apesar desse sepultamento próprio de nosso pensamento político popular, a pequena, mas próspera comunidade de Intelectuais Quilombolas oferece um testemunho vivo de que ainda é possível quebrar os laços psicológicos da escravidão no século 21 e viver mentalmente livre, mesmo dentro da “barriga da besta”.

A segunda grande armadilha enfrentada pelo estudioso Preto ao viajar pela estrada da peregrinação intelectual é um resultado direto da primeira e é o que Kofi Addae (1996) chama de cativeiro confortável. O cativeiro confortável é o estado psicologicamente restrito, mas economicamente expansivo, da maioria dos africanos dos EUA, e especialmente da classe profissional, que também está profundamente absorta no que o ministro Louis Farrakhan (1990) chama de “ilusão de inclusão”. Durante o inverno escuro de nossa escravidão, o cativeiro confortável era o estado de coisas habilmente mantido por sábios senhores de escravos para repelir a rebelião e era também o estado para o qual escravos experientes normalmente gravitavam.

A construção da ilusão de inclusão foi originalmente fabricada e depois vendida para os mais vulneráveis a isso, ou seja, os escravos africanos mais “confortáveis” - os escravos domésticos. Por causa de sua posição favorecida na economia de plantation americana, eles foram o grupo mais fácil de convencer sobre seu interesse em manter o status quo. E assim é hoje. Nossa comunidade de escravos domésticos dos dias modernos está tão comprometida em manter a relação servo Preto/mestre branco entre africanos e europeus quanto seus predecessores. É sempre bom lembrar que a escravidão dos africanos pelos europeus-americanos, com toda a sua depravação e devassidão, não poderia ter durado cerca de 400 anos sem a participação indiscriminada de grupos selecionados de africanos escravizados e quase “livres” que estavam tão “confortáveis” em seu “cativeiro”, essa traição à resistência africana era a norma. Esses foram os primeiros atos de traição africana cometidos nessas costas.

Durante os anos 1960 e 1970, o encarceramento conceitual, o cativeiro confortável e a ilusão de inclusão afetaram e infectaram tanto a classe de líderes Pretos dos EUA que eles lutaram pelos direitos civis em vez dos direitos soberanos, o que é análogo a prisioneiros de guerra exigindo cortinas na janela para decorar suas celas prisionais em vez de liberdade imediata. O problema então era que nossos líderes estavam muito focados em ganhar a inclusão para a elite profissional preta que ignoraram totalmente a necessidade coletiva de soberania política e econômica. O problema agora é que, apesar de nosso status de grupo em queda, estamos tão confortáveis ​​em nosso cativeiro e tão profundamente absortos nas ilusões de inclusão que estamos totalmente alheios ao nosso encarceramento conceitual.

Bem-vindo ao mundo Orweliano da escravidão Preta do século 21, onde o estado-nação Amerikkkano em parceria silenciosa com conglomerados de multimídia usa os últimos avanços em tecnologia de controle da mente para gerenciar populações Pretas, achando-a muito mais eficaz (e lucrativa) do que um milhão de capatazes com correntes e chicotes. Sob tais condições, apenas um punhado de Africanos-Americanos deixará o conforto psicológico da plantation em busca de liberdade mental e, assim que a obtiverem, se recusarão a trocá-la pela promessa de ganho material. Esses poucos abençoados são os Intelectuais Quilombolas de Jedi Jehewty e, por causa das contradições cada vez mais profundas na sociedade dos EUA, seu número tende a aumentar. [3]

Talvez a maneira mais rápida, segura e eficaz para que estudiosos Pretos escapem da matriz do encarceramento conceitual, do cativeiro confortável e da ilusão de inclusão para se tornarem Intelectuais Quilombolas seja estudar as obras de pensadores Pretos que são Intelectuais Quilombolas. O que torna a erudição Quilombola inovadora e emancipatória é sua visão de nossa herança cultural africana há muito negligenciada, muitas vezes ridicularizada, como um tesouro do qual podemos extrair riquezas além da medida. Pesquisadores, escritores e palestrantes africanos-centrados, como Carter G. Woodson, Marcus Garvey, Cheikh Anta Diop, Yosef bem-Jochannan, Elijah Muhammad, Malcolm X, John Henrik Clarke, Molefi Asante, Maulana Karenga, Amos Wilson, Kwame Agyei Akoto, Marimba Ani, Mwalimu Shujaa, Baffour Amankwatia também conhecido como Asa Hilliard, Na'im Akbar, Ama Mazama, Chancellor Williams, Karimu Welsh Asante, Frances Cress Welsing, Phil Valentine, Llaila Afrika e Chinweizu são os pioneiros modernos e os exemplos contemporâneos do que é agora uma tradição intelectual libertadora de 200 anos. Apenas seus livros, ensaios e discursos contêm as ferramentas para quebrar os laços mentais do encarceramento conceitual e do cativeiro confortável e destruir nossas ilusões de inclusão.

Finalmente, deve-se notar que, quando colocados em um contexto mais amplo, o encarceramento conceitual, o cativeiro confortável e a ilusão de inclusão são resultados do que Carter G. Woodson em 1933 chamou de “deseducação do Negro”, que por sua vez é um componente principal da “deculturalization” de Felix Boateng (1990), seu termo para o projeto de relocação cultural de três estágios da educação ocidental. Eu abordei aspectos desses esforços na engenharia social Preta a serviço da dominação branca em ensaios anteriores, então eles serão mencionados aqui apenas de passagem. [4]

Marcos e caminhos

 “A escravidão da mente é muito mais destrutiva do que a do corpo.” - Edward Wilmot Blyden

Existem três “marcos” principais no caminho para o aquilombamento intelectual. Se forem reconhecidos quando encontrados, eles assegurarão ao Estudioso Africano que ele está fugindo do encarceramento conceitual e do cativeiro confortável e rumando até a liberdade mental. Parece estranhamente paradoxal, mas ao mesmo tempo completamente apropriado usar conceitos para nos libertar de conceitos.

O primeiro e talvez o mais facilmente identificável marco é o que chamo de desobediência intelectual, que é um corolário do século 21 da noção de desobediência civil de Henry David Thoreau (1849). Concebida em 2000, essa visão sustenta que acadêmicos, professores, ativistas e outros Africanos têm um imperativo moral de resistir a todos os esforços do centro europeu para impedir que a hegemonia educacional/informacional possa restringir, deturpar ou até mesmo regular o conteúdo e o escopo de sua vida intelectual.

Na década de 1960, o Dr. King e seus companheiros se envolveram na desobediência civil porque entendiam que tinham a obrigação moral de resistir aos esforços injustos do Estado em negar seus direitos civis. Da mesma forma, os Intelectuais Quilombolas têm uma ordem divina, como todo o povo, de se engajar na desobediência intelectual, resistindo aos esforços do Estado e de seus agentes para negar, condicionar ou restringir seus direitos humanos. Um dos nossos direitos humanos mais básicos é o direito à soberania intelectual; e nesta era de esforços onipresentes e patrocinados pelo Estado no controle da mente e vigilância patrocinada pelo Estado “do útero à tumba” [womb to tomb], a desobediência intelectual é a condição sine qua non da soberania intelectual.

O segundo grande marco encontrado no caminho para a libertação do encarceramento conceitual e do cativeiro confortável é “nyansa nnsa da”, um termo Twi que significa “a sabedoria não tem limites”. Cunhado por Kofi Addae em 1996 (mas aludido já em 1921 por Marcus Garvey), o paradigma “nyansa nnsa da” sustenta que a liberdade intelectual Africana, e por extensão a soberania política e econômica, depende do desenvolvimento da vontade e da habilidade de pensar e atuar fora e independente das categorias e estruturas ocidentais estabelecidas. Em sua expressão mais elevada, “nyansa nnsa da” traz modelos de excelência enraizados em nossos valores culturais Africanos e princípios filosóficos mais elevados.

Mas enquanto os estudiosos Pretos confiarem, como os estudiosos Negros, em sua herança cultural e intelectual caucasiana adquirida pela escravidão ou adquirida colonialmente, excluindo sua origem africana, na melhor das hipóteses eles não podem ser mais do que servos de primeira classe ou imitadores de segunda classe dos caucasianos. Como os africanos que só podem dançar balé ou jogar basra, eles não trazem nada de autêntico ou original para o mundo

Para completar a restauração de nossa tradição de 100.000 anos de construção de nação/civilização soberana, será necessário que os estudiosos Pretos viajem muito além dos europeus e árabes, para espaços ancestrais, culturais e intelectuais pré-cristãos e pré-islâmicos. Entre outras habilidades, dominar a arte de mudar perfeitamente do caucasiano do século 21 para os modos de pensamento e sentimento Africanos antigos ou tradicionais é fundamental para os Africanos na diáspora. Thomas Kuhn (1970) chama essa habilidade de “mudança de paradigmas”; nós a chamamos de “nyansa nnsa da”.

Nosso terceiro marco importante é o conceito de “lógica liberacional” de Maulana Karenga (1997), que ele define como “raciocínio voltado para minar e derrubar as restrições do pensamento e da prática humana” ao “promover a atividade emancipatória consciente no nível intelectual e prático”. O modo de raciocínio centrado na liberdade da lógica liberacional é o catalisador ideal para o modelo de desconstrução-reconstrução-construção (RDC) de W. Curtis Banks (1982) para processar e interpretar dados antes de criar novos conhecimentos. [5] Dois exemplos clássicos do pensamento desconstrucionista banksiano alimentado pela lógica liberacional são a visão de Amílcar Cabral (1974) de que para sermos livres não devemos apenas remover o opressor de nossa terra, devemos também remover seu “espírito” (ou seja, seus conceitos, valores, imagens e sistemas de crenças) de nossas casas, corações e mentes e o apelo de Chinweizu (1987) para “descolonizar a mente africana”.

A lógica liberacional em seu modo reconstrucionista está embutida em todas as atividades que buscam transformar uma condição social opressora, trazendo à tona conceitos, práticas, valores e sistemas de crenças centrados na África como soluções. Quando combinada com a desobediência intelectual e “nyansa nnsa da”, a lógica liberacional em seu modo construcionista capacita os estudiosos Pretos a exorcizar os fantasmas do colonialismo e da escravidão, como o encarceramento conceitual e o cativeiro confortável de suas psiques coletivas, liberando assim espaço para que orientações saudáveis ​​como restaurar Maat e destruir Maafa possam florescer. É a lógica liberacional que fornece a racionalidade para o nosso esforço de restaurar as sociedades africanas ao seu status pré-colonial de poderes soberanos. Nas mentes/mãos dos Intelectuais Quilombolas, é tanto um escudo quanto uma lança abrindo caminho para pensamentos e ações defensivas e ofensivas.

Para encerrar, o estudioso Preto que cruza o caminho para a liberdade descobrirá, após uma inspeção mais próxima, que esses “marcos” são na verdade “caminhos”, portais secretos para os gloriosos estados de soberania e independência, que é a base do Intelectual Quilombola. Para escapar do encarceramento conceitual, do cativeiro confortável e das ilusões de inclusão para se tornarem Intelectuais Quilombolas os estudiosos Pretos podem começar iniciando um processo de duas etapas. Primeiro, eles devem mergulhar profundamente e com amor nos livros, jornais, revistas, CDs, vídeos e arquivos de áudio produzidos por nossa comunidade Intelectual Quilombola. E, em segundo lugar, eles devem estar em comunhão e rede com os Intelectuais Quilombolas e seus apoiadores, participando de suas conferências, workshops e outros espaços. A ampla disponibilidade da Internet torna a primeira etapa possível mesmo nos locais mais centrados na Europa, e o fato de que quase todos os centros urbanos possuem uma comunidade de Intelectuais Quilombolas torna a segunda etapa também possível. Tomar esses dois passos simples, mas corajosos, posicionará os estudiosos Pretos para abraçar a desobediência intelectual, o “nyansa nnsa da” e a lógica liberacional.

“Chegando ao Topo da Montanha”; O Percurso do Intelectual Quilombola.

“A linguagem e a lógica do opressor não podem ser a linguagem e a lógica do oprimido.” - Malcolm X

Os Intelectuais Quilombolas são profundamente enraizados e, portanto, elevados por quatro disciplinas seminais:

1. Confronto com a realidade

2. Sankofa ou Re-africanização

3. Análise Sistemática do Inimigo

4. Teoria da Reprodução Social.

Cada disciplina mencionada (ou “placa de sinalização” de acordo com nossa metáfora de “caminho”) envolve o domínio de habilidades que centralizam o trabalho dos Quilombolas nas necessidades de vida dos Africanos; portanto, cada um será brevemente discutido.

O primeiro é o confronto com a realidade, um termo que cunhei em 2000 para descrever o estado mental produzido por um processo que tece conjuntos de práticas psicoterapêuticas baseadas na África para criar um tapete de cura, de rejuvenescimento mental-espiritual. Por exemplo, ao lado do que é apresentado neste artigo, o processo de três etapas para a renovação mental Preta, de Malcolm (1965); a Análise de Sistemas de Crenças, de Myers (1988), o Sankofa Nyansa Tumi, de Ashanti (1993); o paradigma P.O.W., dos Akotos (2000); a Teoria Kawaida, de Karenga (1997) e Nsaka Sunsum e Sakhu Sheti de Berko (1997/2006), que incluem consulta ancestral, meditação, herbologia, hidroterapia, vegetarianismo, jejum e outras modalidades de cura e transformação que são habilmente manipuladas por Intelectuais Quilombolas para provocar um confronto com a realidade da opressão do nosso grupo e estimula-lo para assimilar as etapas e desenhar novas abordagens visando destruir a opressão.

O Intelectual Quilombola, por definição, está totalmente imerso no ato de confrontação da realidade, ou seja, reconstrução da realidade. Ela/ele tem todos os seus pensamentos e ações moldados pelas necessidades de carne e osso de Africanos, aqui e no estrangeiro. Por exemplo, precisamos desesperadamente de um simples passo a passo estratégico para organizar os recursos humanos da família extensa Africana, ou seja, a construção de riqueza e independência financeira da família. Na mesma linha, mas em uma maior escala, precisamos desesperadamente de uma estratégia para mover rapidamente a comunidade global Africana rumo à autossuficiência em alimentos, água, roupas e produção habitacional. E, junto com todos os itens acima, nós, Africanos nos EUA, precisamos desesperadamente de uma estratégia para desenvolver nossa própria empresa independente, educacional/recreativa controlada pela comunidade, transporte, comunicações, assistência médica e capacidades de autodefesa.

O confronto com a realidade exige que os Intelectuais Quilombolas enfrentem os muitos obstáculos globais e locais que bloqueiam a ascensão social, política, econômica e espiritual do Povo Africano. Por causa de sua liberdade psicológica e emocional obtida por sua imersão na desobediência intelectual, no “nyansa nnsa da” e na lógica liberacional, apenas Intelectuais Quilombolas são conhecidos por possuir as habilidades e atitudes necessárias para produzir pensamentos Africanos globais e fazer planos Africanos globais que atendam primeiro às necessidades de sobrevivência e, em seguida, as necessidades de desenvolvimento do Povo Africano tanto em casa como no exterior.

Em segundo lugar está o Sankofa, uma ideia multifacetada (como o confronto com a realidade) parte do conceito, símbolo, provérbio e prática social, todos reunidos em um só corpo. Entre seus praticantes, o Povo Akan de Gana, Togo e Costa do Marfim, Sankofa é usado para promover a sabedoria de aprender com o passado (Ancestrais) como o melhor método para compreender o presente e criar o futuro. Sankofa ensina que é correto se reconectar com nossa herança ancestral e suas melhores tradições, costumes e práticas. Na década de 1960, Sekou Touré da Guiné e Amilcar Cabral da Guiné-Bissau chamaram Sankofa de re-africanização e a usaram para encorajar seus povos a rejeitar a cultura francesa e portuguesa de seu opressor e retornar ao melhor de seus valores tradicionais Africanos, seus sistemas de crenças e instituições. Na Diáspora, a re-africanização significa não apenas abraçar as expressões culturais Africanas tradicionais, mas também reorientar a família e a comunidade Africana para os valores, crenças e práticas Africanas fundamentais que estruturam o nosso esforço para recuperar a nossa soberania perdida. Sankofa ou re-africanização contínua, possibilitada pela fuga do encarceramento conceitual e do cativeiro confortável, é a marca registrada dos Intelectuais Quilombolas.

O confronto com a realidade e a imersão em Sankofa confirmam que a análise sistemática do inimigo, nossa terceira ciência, é um campo essencial de estudo para os Intelectuais Quilombolas que enfrentam corajosamente, enquanto outros não, o fato brutal de que estamos em guerra. Como guerreiros eruditos, só eles internalizaram e estão respondendo ao fato de que temos inimigos históricos que estão em guerra contra nós há pelo menos 3.000 anos. O historiador Chancellor Williams (1974) documenta as batalhas de nossos ancestrais com os caucasianos em seu clássico The Destruction of Black Civilization.

Em resumo, a fase continental desta guerra começou com a invasão hicsa (ariana) da África (Kemet) em 1780 a.C., a fase global começou em 652 d.C. com o comércio árabe de prisioneiros de guerra africanos e se expandiu em 1482, quando os europeus ocidentais entraram nesse negócio nefasto. Nossa fase vitoriosa ou Sankofa começou com o nascimento do pan-africanismo em 1900, enraizou-se durante a Era Garvey dos anos 1920 e 1930, floresceu durante o Movimento Black Power no final dos anos 1960 e deu seus primeiros frutos com a criação da Afrocentricidade no final da década de 1980 e do Intelectual Quilombola no final da década de 1990.

A análise sistemática do inimigo foi sugerida já em 1829 por David Walker, mas foi Kofi Addae quem realmente cunhou o termo em 1996. Em suma, a análise sistemática do inimigo é um processo de duas partes que envolve: (1) estudo aprofundado da história e cultura árabes e europeias em busca dos meios e métodos que usam para dominar e controlar o Povo Africano e (2) formular “estratégias de resistência” para acabar com a dominação e controle caucasianos sobre o Povo Africano, bem como impedir o futuro dessa agressão cultural e política perpetrada por europeus e árabes. Os Intelectuais Quilombolas se destacam em ambas as tarefas.

Nosso quarto campo de estudo é a teoria da reprodução social, que é o ramo da sociologia que examina os mecanismos que controlam a transmissão intergeracional da desigualdade social. A contribuição africana para esta disciplina é o princípio (e a ciência) de Maat, um conceito que discutiremos em breve com alguns detalhes. Mas, neste ponto, basta dizer que os Intelectuais Quilombolas são habilidosos em usar o gênio Africano para a criação de sistemas sociais Maáticos, ou seja, justos e humanos. Nesse sentido, o modelo deles é o ideal Kemético (antigo Egito) do “geru maa”, o ser humano verdadeiramente autorrealizado e espiritualmente aperfeiçoado. [6]

Assim, como exemplos da igualdade Africana e arquitetos do igualitarismo Africanos, chamados pela história e ancestrais para recriar os esplendores do passado da África, os quilombolas intelectuais são bem versados ​​nesta importante ciência social. Consequentemente, aqueles que alcançam o status de geru maa são encarregados de desenvolver soluções Maáticas para os problemas sociais da África e do mundo. E é assim que cada pensamento e ação do Intelectual Quilombola é informado por essas quatro disciplinas interconectadas e sobrepostas a seus objetivos finais de libertação e perfeição humanas.

“Vendo a Terra Prometida:” O Trabalho dos Intelectuais Quilombolas

“Cada pessoa é enviada a este posto avançado chamado Terra para trabalhar em um projeto que visa manter a ordem cósmica saudável." - Malidoma Somé

A grande missão do Intelectual Quilombola é lançar um whm msw (renascimento mundial africano) do século 21 restaurando Maat (verdade, justiça, ordem, harmonia e equilíbrio) para acabar com a maafa (milênios de agressão, opressão e exploração pelos caucasianos) contra a África. Esses três conceitos exigem discussão começando com o whm msw (weheme mesu), que na verdade é o termo Kemético para o primeiro programa de recuperação social do mundo. Quando iniciado pela classe dirigente do Kemet, um whm msw representava a restauração de Maat como o principal indicador e principal medida da saúde e prosperidade nacional. Significando uma “repetição do nascimento” e semelhante ao que os europeus chamam de “renascimento”, mas muito mais profundo, um whm msw reorientou a cidadania egípcia em Maat, os ensinamentos de seus ancestrais mais sábios e sua longa e gloriosa tradição de construção nacional.

De acordo com Jedi Jehewty (1995), pelo menos quatro vezes em seus 5.000 anos de história, a liderança Kemética colocou o whm msw em movimento o que revigorou completamente a sociedade egípcia, elevando a nação a novas alturas, restaurando níveis excepcionalmente altos de paz, justiça, harmonia e prosperidade em toda a terra. [7]

Assim como o primeiro whm msw, nossa versão do século 21 tem como objetivo principal a restauração de Maat nos assuntos Africanos. Como observado anteriormente, a restauração Maat abasteceu os motores do passado whm msw, portanto sabemos que é um ingrediente essencial, mas estabelecer uma definição exata do termo é desafiador porque não existe um equivalente em inglês com uma única palavra. Na verdade, são necessárias pelo menos nove palavras em inglês para começar a definir Maat. Segundo Maulana Karenga (1986/2006), verdade, justiça, ordem, harmonia, equilíbrio, reciprocidade, propriedade, bondade e retidão são algumas das palavras inglesas incorporadas a esta ideia multidimensional.

Os antigos Africanos do vale do rio Nwy (Nilo) usavam o termo Maat, personificado como uma deusa com uma pena de avestruz no cabelo, para significar não apenas a energia criativa ilimitada de Rá (Deus), mas também o ato de acessar essa energia e usando-a para fortalecer a vida de uma pessoa. Indo mais fundo, eles acreditavam que, uma vez que Rá deseja que os seres humanos conduzam seus negócios estritamente de acordo com Maat, praticar isso em todos os momentos e sob todas as condições certamente ganhará Sua benção/proteção, se não nesta vida, então o mais importante, na outra vida.

Para revelar o nosso melhor, de acordo com os antigos egípcios, Rá dotou os seres humanos de livre arbítrio. Isso significa que podemos escolher praticar Maat e colher as bênçãos de Rá ou podemos escolher praticar o oposto de Maat, “isfet”, e espalhar mentiras, discórdia e desarmonia em nosso rastro e, assim, ganhar Sua ira. A escolha é nossa.

Nossos ancestrais Africanos entenderam corretamente que a instalação de Maat pelo estado como seu valor mais alto é a característica indispensável de uma sociedade boa e justa. No século 21, Maat é a única prática social necessária para construir e manter famílias, comunidades, sociedades e nações africanas soberanas e fortes. Com isso como pano de fundo, é justo que lançar um whm msw seja a missão de vida do Intelectual Quilombola e a razão de sua existência.

O segundo grande objetivo de um whm msw no século 21 é encerrar o “maafa”. Maafa é uma palavra suaíli que significa “desastre”, mas popularizada pela filósofa Marimba Ani (1994) como o “grande desastre”. O “grande desastre” de que fala a Dra. Ani são os holocaustos da invasão, conquista, destruição e roubo árabes e europeus de terras, mentes e recursos africanos, misturados com escravidão e genocídio e infligidos ao povo africano de 652 até o presente. Como Maat e maafa não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, um ou outro deve prevalecer. No momento, o maafa tem a supremacia, o que significa que as guerras arquitetadas pelo Cáucaso, a fome, a pobreza, a falta de moradia, o encarceramento, a doença e a morte prematura são a realidade global para os Africanos. O maafa permanecerá até que reconheçamos que a maneira mais rápida e segura de acabar com ele é restaurar Maat e restaurar Maat requer o lançamento de um whm msw, que agora sabemos ser obra de Intelectuais Quilombolas.

A última característica principal que caracteriza o estado Intelectual Quilombola é a adoção enfática, a prática vigorosa e a promoção do pan-africanismo. Essencialmente uma teoria política africano-americana do século XX e um movimento em seus primeiros anos defendido por Henry Sylvester Williams de Trinidad e W.E.B. DuBois dos EUA, a primeira era de ouro do pan-africanismo foi inaugurada por seus três praticantes mais celebrados, o presidente-geral Marcus Garvey da UNIA-ACL, o presidente Osageyfo Kwame Nkrumah de Gana e seu amigo próximo, o presidente Sékou Touré da Guiné.

Mas o pan-africanismo hoje é uma visão e um movimento que precisa de liderança visionária, ou seja, liderança Intelectual Quilombola, disposta a liderar reunindo seus talentos coletivos e recursos organizacionais e, então, pensando e agindo de forma estratégica, ousada e decisiva. Por exemplo, os africanos continentais seriam bem servidos se seus líderes políticos descartassem o conceito europeu de estado lugardista, dissolvessem as fronteiras da era colonial atual, encorajassem confederações regionais baseadas na etnia, substituíssem as línguas nacionais europeias por africanas, e forjassem laços econômicos e familiares profundos com os africanos em toda a Diáspora global e especialmente nos Estados Unidos, Brasil, Inglaterra, Índia, Indonésia, Austrália e as ilhas do Pacífico.

O pan-africanismo sempre apelou à unificação política, económica e cultural do continente africano, mas podemos agradecer a Kwame Ture (2003) e aos membros do Partido Revolucionário dos Povos Africanos (A-APRP) por manterem a presença africana da Diáspora ativa na mistura pan-africana nos últimos 30 anos. E agora que somos 1 bilhão de pessoas e somos uma força global para a paz e a justiça, nosso pan-africanismo do século 21 deve promover abertamente o término do maafa e restauração de Maat em escala global, não apenas para o povo africano, mas para toda a humanidade. Ao abraçar e praticar um pan-africanismo centrado em Maat, os Intelectuais Quilombolas trazem pensamento global, clareza geopolítica e oportunidades econômicas transnacionais para famílias e comunidades africanas dentro da estrutura de nossa mais antiga tradição moral/ética.

Para encerrar, adquirindo ativamente as “ferramentas” psicológico-intelectuais (como desobediência intelectual, “nyansa nnsa da” e lógica liberacional) para escapar do encarceramento conceitual, do cativeiro confortável e da ilusão de inclusão para lançar um whm msw a fim de restaurar Maat e acabar com o maafa exige visão e coragem sem precedentes. Adquirir uma base sólida nas disciplinas e perspectivas de confronto com a realidade, sankofa/re-africanização, análise sistemática do inimigo, teoria da reprodução social e pan-africanismo exige o mesmo. Consequentemente, estudiosos Pretos que aspiram a se tornarem Intelectuais Quilombolas desfrutarão de muitos anos de estudo e, portanto, devem estar dispostos a percorrer um longo e árduo caminho. Mas o objetivo final da soberania política e intelectual Africana define as dificuldades e os sacrifícios que eles enfrentarão.

Conclusão

 “Uma vez que a mente Africana é libertada, não há algema que possa manter o Africano escravizado." - J.S. Jehewty

No início do que o mundo ocidental chama de século 21, a liberdade Africana nas sociedades dominadas pela Europa é essencialmente uma construção mental. Em outras palavras, a liberdade Preta hoje é principalmente um conjunto de ideias e crenças sobre nós mesmos enquanto Africanos e nosso lugar no mundo. Isso é de vital importância porque os povos Africanos em todo o mundo são controlados e então manipulados por sistemas de pensamento originalmente impostos pela força aos nossos ancestrais por europeus e árabes para melhor explorá-los e oprimi-los.

Hoje, graças aos pensadores Africanos emancipados, que Jedi Jehewty tão apropriadamente chama de Intelectuais Quilombolas, Africanos que buscam se libertar de sistemas de pensamento anti-africanos (que nada mais são do que conjuntos de ideias falsas e crenças inadequadas) pela primeira vez tem ferramentas reais para a emancipação mental-espiritual. Os principais sistemas de crenças e estruturas de valores contra os africanos foram identificados e analisados ​​por estudiosos Quilombolas como Amos Wilson, Na'im Akbar e Kobi Kambon, e foram formulados curativos e prevenções. Este ensaio apresentou várias dessas formulações.

Além disso, este ensaio fornece aos africanos na Diáspora os rudimentos de uma abordagem africano-centrada para a formação e autorrealização de missões, consistente com a necessidade do nosso Povo para a soberania política e independência econômica. [8] Estudiosos Africanos do século 21 serão compelidos a escolher entre duas visões de mundo antitéticas e mutuamente exclusivas e seus respectivos “caminhos” de desenvolvimento. Um caminho leva ao estado intelectualmente subserviente e dependente do estudioso Negro, e o outro leva ao estado soberano do Intelectual Quilombola.

 Por ser repleto de perigos psíquicos decorrentes de profundos desafios psicológicos, emocionais e intelectuais, podemos prever com segurança que apenas os destemidos pensadores Pretos que buscam fervorosamente sua atualização africano-centrada embarcarão na peregrinação rumo ao intelectual quilombola. E para aqueles que o fazem, o Instituto de Liderança Kwame Ture é uma das muitas paradas para descanso ao longo do caminho para este estado exaltado.

Notas

1. Ver Price, R. (Ed.). (1976). Maroon Societies: Rebel Slave Communities in the Americas. Baltimore: Johns Hopkins University Press e Campbell, M. (1990). The Maroons of Jamaica: 1655-1796. Trenton, NJ: Africa World Press para discussões aprofundadas sobre a presença Maroon e o crescimento da liberdade africana nas sociedades coloniais americanas.

2. Os caucasianos (também conhecidos como arianos) são europeus e árabes. Nos últimos 1.000 anos, eles repetidamente invadiram, conquistaram, colonizaram e agora controlam terras e mentes africanas.

3. É importante notar que o conceito do M. Sutherland (1993) de "The Authentic Stuggler", a Noção de Wilson (1999) de "The True Nationalist", e do A. Hilliard (2002) o Jegna com base em amárico são idênticos em todos os aspectos principais ao intelectual quilombola de Jehewety.

4. Veja meus ensaios "Descolonizando a Mente Africana: Análise Adicional" e "Estratégia e Dwt: Uma Ferramenta para Romper as Cadeias da Escravidão Psicológica" em www.nbufront.org para visões gerais concisas desses tópicos.

5. Ver N. Akbar. (1998). Conhece a ti mesmo. Tallahassee, FL: Mind Productions, Capítulo 5 para um resumo conciso da teoria da RDC de Banks.

6. Ver Karenga, M. (2006). Maat, The Moral Ideal in Ancient Egypt: A Study in Classical African, pp. 239-240 para uma discussão sucinta da papel do geru maa no pensamento moral egípcio antigo.

7. Sabe-se que os líderes das 1ª, 12ª, 18ª e 25ª dinastias lançaram com sucesso o whm msw. Ver Carruthers, J. (1995). Mdw Nir: Divine Speech, Londres: Karnak House, pp. 57 58; Hilliard, A. (1997). SBA: O Despertar da Mente Africana. Gainvesville, FL: Makare Publishing, Capítulo 1, e Nobles, W. (2006) Connecting the Sakhu: Foundational Writings for an African Psychology. Chicago: Third World Press.

8. Dr. Chancellor Williams dedica o 25º Capítulo de A Destruição da Civilização Negra aos "detalhes de um Plano Diretor" para unir e capacitar o Mundo Africano. Estas 21 constituem o ponto de partida para todas as discussões sobre a teoria da libertação africana do século 21.

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