“é aminhã, Luiza Mahin falô”
Ouve-se nos cantos a
conspiração
vozes baixas sussurram
frases precisas
escorre nos becos a lâmina
das adages
Multidão tropeça nas pedras
Revolta
há revoada de pássaros
sussurro, sussurro:
“é amanhã, é amanhã.
Mahin falou,” é amanhã”
A cidade toda se prepara
Malês
bantus
geges
nagôs
vestes coloridas resguardam
esperanças
aguardam a luta
Arma-se a grande derrubada
branca
a luta é tramada na língua
dos Orixás
”‘é aminhã, é aminhã”
sussurram
Malês
bantus
geges
nagôs
Miriam Alves
Hauçás,
Nupes e outros povos islamizados tornaram-se comuns entre os escravos na Bahia,
especialmente a partir de volumosos desembarques de cativos de fala Ioruba no
século XIX. As origens desses
escravizados muçulmanos podem estar relacionadas ao contexto próprio das áreas
interioranas da Baía de Benin e à jihad do Xeque Usman dan Fordio (morto em
1817), fundador do Califado de Sokoto, promovendo o islamismo militante através
de sua cultura de leitura e escrita . Revoltas PELA TOMADA DE PODER foram
realizadas pelos Malês a partir de 1807 até 1935, constituídas sempre de uma
ampla rede que se comunicava com outros estados como o Rio de Janeiro
LUIZA
MAHIN foi trazida da Costa da Mina (Nagô de Nação), que foi o principal ponto
de partida de africanos escravizados durante o século XVIII e início do século
XIX. Quitandeira e escrava de ganho, Mahin NUNCA SE SUBMETEU AO CATIVEIRO e
vivia na condição de liberta na época da insurreição. “Pagã, pois sempre
recusou o batismo e a doutrina cristã” participou também da Sabinada no Rio
Janeiro em 1937 (movimento que proclama uma república provisória em repúdio ao
poder monárquico central) sendo deportada para África. Segundo seu filho,
Solano Trindade, era o último registro do qual tinha conhecimento sobre sua
mãe, da qual dizia ter a cor de um preto retinto e sem lustro, “tinha os dentes
alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida e vingativa”, ERA
UMA REVOLUCIONÁRIA “impaciente, irrequieta e INCAPAZ DE CONFORMAR-SE COM SITUAÇÕES DE INJUSTIÇA”.
Dos
1500 pretos no processo revolucionário em 1837, 70 tombaram. Alguns foram
exilados, mortos ou escravizados pelo arbítrio dos tribunais brancos. Insurgiram-se
contra a sociedade baiana cristã e escravista em busca de poder político na
forma de cidadania e da libertação de nosso povo apontando um caminho, o da
INSURREIÇÃO.
Mahin é sinônimo de luta e
de resistência do povo preto
Minha Mãe
Era mui bela e formosa,
Era a mais linda pretinha,
Da adusta Líbia rainha,
E no Brasil pobre escrava!
Oh, que saudades que eu tenho
Dos seus mimosos carinhos,
Quando c‘os tenros filhinhos –
Ela sorrindo brincava.
Éramos dois — seus cuidados,
Sonhos de sua alma bela;
Ela a palmeira singela,
Na fulva areia nascida.
Nos roliços braços de ébano.
De amor o fruto apertava,
E à nossa boca juntava
Um beijo seu, que era a vida.
[...]
Os olhos negros, altivos,
Dois astros eram luzentes;
Eram estrelas cadentes
Por corpo humano sustidas.
Foram espelhos brilhantes
Da nossa vida primeira,
Foram a luz
derradeira
Das nossas crenças perdidas.
[...]
Tinha o coração de santa,
Era seu peito de Arcanjo,
Mais pura n‘alma que um Anjo,
Aos pés de seu Criador.
Se junto à cruz penitente,
A Deus orava contrita,
Tinha uma prece infinita
Como o dobrar do sineiro,
As lágrimas que brotavam,
Eram pérolas sentidas,
Dos lindos olhos vertidas
Na terra do cativeiro.
Solano Trindade
Leia também
LUIZA MAHIN:
UMA RAINHA AFRICANA NO BRASIL - Aline Najara
da Silva Gonçalves em http://www.institutobuzios.org.br/documentos/Luiza%20Mahin_Uma%20Rainha%20Africana%20noBrasil.pdf
LUIZA MAHIN ENTRE FICÇÃO E HISTÓRIA - - Aline Najara da
Silva Gonçalves em http://www.ppgel.uneb.br/wp/wp-content/uploads/2011/09/goncalves_aline.pdf
Luiza
Mahin: da carta autobiográfica de Luiz Gama ao romance
histórico de Pedro Calmon – - Aline
Najara da Silva Gonçalves em
Rebeliões
da Senzala – Clóvis Moura em
Maravilha ver a pesquisa dando bons frutos!!!! Sucesso!
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