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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

100 Para Cada 100 Mil: Diretamente das Valas Oficiais

“... Policia matando e muita gente dando risada...”.
Massacre no Bairro Africano – Immortal Conspiração

No interior das políticas públicas da nação genocida vigora o racismo, bradamos a resolução de uma política de desassistência, porém aos poucos o poder público foi nos mostrando a realidade na prática de gerir; essa desassistência não é só a regra, para o ser ela assim foi projetada.


Interferimos no Plano Diretor da cidade e também no Plano de Metas, as demandas foram entregues, a gestão recuou, pressionamos, mas a efetivação foi meia boca (que efetivação então?). A questão do Juventude Viva talvez possa explicar uma boa parte do que enfrentamos na terra dos capitães do mato que subiram de cargo; o Plano veio de cima pra baixo, as secretarias municipais puxaram o freio de mão, vereadores desinteressados mantiveram-se na zona de conforto e os coxinhas fizeram a festa. Se pra efetivar as leis da já distante gestão Marta Suplicy, aquilo que já há tempos cobramos como possível rede de proteção (Estação Juventude e Casas de Cultura Hip Hop etc.) é um caos, para investir mais que o dobro do investimento para o Juventude Viva em uma ação para entupir as subprefeituras de PM’s strikes bastou uma canetada. 

Cada vez mais imersa em uma complexidade que daria infinitas teses é uma anátema de nome racismo institucional. Estrutural e estruturante a pedra no meio do caminho de equipamentos como os CEUS acaba por ser um facilitador para o outro céu, filosoficamente ou não, fomos deixando ele cada vez mais preto para garantir a branquitude que quem aqui está a gargalhar com as mãos cheias de sangue de nosso povo.
Produzem nas cabeças embranquecidas a ideia de que é impossível conflitar com aquilo que chamam de concepção hegemônica daquilo que vem a ser segurança pública. Bom, se assim for devo aceitar prontamente que o Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta Pobre e Periférica e o Fórum de Hip Hop MSP vivem em universos paralelos e que só nossas cabeças produzem conexões sinápticas que permitem utilizar justamente aquilo que todo ser humano apresenta como condição de existência; a razão.

Permitam-se refletir que:
- A letalidade policial acumulou 236% de aumento nos dois primeiros trimestres do ano comparado ao ano passado.
-Para cada PM morto morrem 56 civis (pretos, pobres e periféricos) se utilizarmos o último trimestre como referência.
-Que a referencia para se publicizar a queda nos latrocínios pela SSP é mensal, o mês de julho apresentou 48% de queda.
-Que a PM e toda a cúpula de segurança pública esteve comemorando por esses dias não um aumento da queda nas proporções de roubos gerais, mas uma redução do aumento. Realmente a PM estourou o champanhe quando publicaram um aumento de “apenas” 14,7% em junho, porém com esse último dado podemos dizer que na verdade de janeiro de 2013 até junho de 2014 houve um acúmulo de 191% nesse quesito.
-Existe um mercado por detrás da política tucana de segurança pública, caso contrário não seriam roubos de carros e homicídios os “melhores” indicadores.
- Enfrentar o PCC na cabeça de quem pensa a política de segurança pública do Estado é saturar os bairros com maior índice de violência. Curioso, não? Foi justamente o advento do PCC que contribuiu para a redução da violência nas localidades mais pobres e foi justamente a PM que contribuiu para aumentar esse mesmo indicador.
-Então a proposta foi a seguinte; socaram 400 PM’s em Vila Brasilândia, Vila Penteado e Parada de Taipas e assim os homicídios por lá caíram. Porém as mortes por intervenção policial não entram nessa conta (putz). Sim, a letalidade policial subiu e nós ficamos meses e mais meses contando corpos tombados ora pelos grupos de extermínio (PM’s não fardados que representam algo em torno de 60% dos homicídios do Estado) e pelos PM’s fardados (que devem estar mantendo a marca dos 20% de todos os homicídios do Estado).
-A SSP criou assim um novo programa de saturação, o Prev Paz (Política Pública de Prevenção Criminal e Manutenção da Paz e da Ordem Pública) e colocou o nome dos Direitos Humanos da PM como cabeça, coronel Glauco para executar o programa. E o que ele fez? Deu um up nos efetivos de policiamento de transito (CPTRANS) e no CHOQUE, mas o melhor, logicamente o pior, estava por vir...

Hoje o programa está na ZN (2° região) e antes estava na ZS (1° região), nessa última em Capão Redondo, Jd Ângela e Campo Limpo. O que mais deveria estar lá segundo a Secretaria de Direitos Humanos, Coordenadoria de Juventude e a SMPPIR? Ora, o Juventude Viva! Fica escuro que só estava os eventos que funcionam como palanque eleitoral, mas que na prestação de contas se transmutam na categoria de “Ações de Promoção da Cultura de Paz”. O estatístico que luta para não se afogar no mar de sangue que suas medidas se esforçam dia pós dia para manipular disse que entre 1 e 10/8 os homicídios caíram 60% e que somados todas as categorias relativas a roubos e furtos de autos a queda superou a casa dos 70%. É muita piada branca da fato, o que esse tipo de informação diz do Prev Paz? E como está a letalidade policial para o mesmo período? Evidente que ninguém tá nem ai para o que deveria ser o primordial para refletir a efetividade ou não de um direito social denominado segurança pública.

Antes de tudo é crucial que não aceitemos o discurso do opressor. Se for pra discutir a política de segurança pública não é de PCC que iremos discutir. O PCC é só uma parte da política de segurança pública (isso mesmo, ele é parte e importante do jogo). Tá a fim de entender o jogo? Tem como. Primeiro vc lê o depoimento do Marcola na CPI das armas de 2006, depois vc lê o relatório “São Paulo Sob Achaque” e com essas duas leituras vc vai saber o que mais é importante ler para compreender o que se passa de fato. Algumas horas depois poderá ler uma matéria da Folha ou do Estadão para confirmar o quanto absurda e incoerente são as informações sobre segurança pública por essas bandas.
Passado todo esse tempo desde o Salve Geral (da mídia e da cúpula de segurança pública de São Paulo) a civil alega que a prisão do Tucano e do MK essa semana serviu para instabilizar o Marcola, afinal eles ocupavam os cargos de “Sintonia Final Nacional” da organização política (e não criminosa!). Bom, quem leu só o que é oficial sabe que o Marcola está neutralizado serve apenas para justificar a política de segurança pública do Estado, “afinal, eu sou o líder perante a imprensa” e é só isso que importa. Enquanto a maioria fica no cao de que o Estado está em guerra com o PCC ninguém discuti o motivo da Lei de Execução Penal não estar sendo cumprida. Alguém ai está acompanhando a situação de Cascavel no Paraná? Alguém se ligou nas reinvindicações dos jovens insurretos? Exatamente o cumprimento da Lei de Execução Penal.

Bom, enquanto a alienação é a regra a resolução de crimes é menor que 2% e os DP’s de Vila Matilde, Freguesia do Ó e Pq São Jorge prenderam 1 pessoa no 1° semestre desse ano enquanto que só nos DP’s de São Mateus e Capão Redondo (Juventude Viva, mas presa) prenderam 241 pessoas no mesmo período (com mandato).
Sim, antes que eu me esqueça. Os roubos de caixa eletrônico que estão rolando por ai são praticados por policiais da Força Tática. Quem sabe isso não venha a público daqui uns anos, justamente o tempo necessário para que não tenha efeito legal e mais uma vez os opressores usem nosso sangue para justificar suas medalhas.


Miguel Angelo
Fórum de Hip Hop MSP
Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta Pobre e Periférica

quinta-feira, 31 de julho de 2014

QUAL É O MOIO? POLITICA CULTURAL PARA HIP HOP MSP


Qual é o moio? Direito pros manos e pras manas

Cultura na periferia, tem? Quem faz? Quem acessa?
O Fórum Hip Hop MSP entregou uma carta para efetivação de politicas culturais para prefeitura de prefeitura de SP no ano de 2013 e aprovou na conferência de cultura do mesmo ano como 11ª proposta com 108 votos, garantia da efetivação da semana Hip Hop com a autonomia do movimento Hip Hop efetivação de 5 casas de Hip Hop como centros de referencia, memória, e politicas de circulação.
Queremos um fundo voltado para o movimento Hip Hop politico cultural onde o DJ, BREAK, GRAFFIT, MC, BBOX sem haver detrimentos dos artistas e articuladores do Hip Hop junto com a efetivação de todas as leis e projetos de leis voltados para Hip Hop em SP na câmara municipal e a valorização do Hip Hop em suas localidades na periferia e sua história com ação por toda cidade que as politicas de cultura sejam para difusão do conhecimento e fortalecimento do Hip Hop para combate ao racismo institucional brasileiro, por que?... Essas pessoas vão dizer no vídeo abaixo.

Por André Luiz
Reportagem e imagem
Julho 2014






terça-feira, 22 de julho de 2014

Evento - QUAL É O MOIO? POLITICAS PARA O HIP HOP


Por André Luiz

No dia 31 de julho, São Paulo, horário dás 18h , O Fórum Hip Hop MSP realizará o evento Qual é o Moio? Plano de Politica para o Hip Hop na ONG Ação Educativa , rua General Jardim, 660, esse evento faz parte do projeto Direito Pros Manos e Pras Manas com o patrocínio do programa VAI e secretaria de Cultura. Haverá apresentação do grupo de rap comunista Fantasmas Vermelho (ZL) e o rapper Fuca (Z/S); Também será exibido o doc realizado pelo Fórum sobre as politicas públicas nos bairros da cidade e sua importância. Estão convidados para participar do dialogo representantes da secretaria de cultura e educação no intuito de entender e se articular para efetivação de politicas públicas de interesse do movimento hip hop
Os temas que apareceram na conversa são referente as politicas públicas de cultura, educacionais e sociais em prol da periferia da cidade, a partir do olhar do movimento hip hop;  Quais foram os efeitos dos diálogos de 2013, o que se efetivou e o que ainda está para se realizar referente ao hip hop? Quais são as participações dos conselhos da cidade, juventude e outros atualmente na politica executada no município? Qual o efeito do plano Juventude Viva na cidade? Entre outras questões que ainda estão sem respostas.

 Democracia não é dialogo para apropriação das falas para se criar um discurso que agrade. Ela é dialogo; é a participação dos munícipes na elaboração e efetivação das politicas de interesse dos paulistano.
Rapper Pirata

Serviço:
Hip Hop Filmes: Direito Pros Manos e Pras Minas
Qual é o Moio? Politica para o Hip Hop
Data:  Quinta -31/07/2014
Horário:18hr
Local: Ação Educativa
Rua General Jardim, 660
Prx metrô república
Fone: 9 8216 2160 - Rapper Pirata
http://forumhiphopeopoderpublico.blogspot.com.br/

domingo, 6 de julho de 2014

Enquanto houver racismo a marcha fúnebre prossegue

“Te falo quanto custa sua vida em dólar, euro e real, até a morte aqui tem variação cambial”.

Por Miguel Ângelo

Que vida vale mais?
A polícia militar não mata em decorrência da falta de competência da polícia civil, vocês erraram! Peguem os BO’s de auto de resistência de 2012, mais de 70% são forjados. Jovens pretos, pobres e periféricos sendo mortos com 38 e 380 taurus e colt forjadas, armas de brinquedo (mano, tem um irmão que foi morto segurando um boné, enfiaram isso no BO!), daí pra pior. Quem tem a ficha limpa toma tiro e quem já foi preso também toma tiro. O sistema carcerário tá bombando, o que me dizem disso? Então os mais de 24 mil jovens pretos assassinados anualmente pagam uma grana para o delegado liberar antes de morrer na rua? Vocês tem ideia de quanto custa um achaque da policia civil? 300 mil na média, esses jovens tem essa grana? Ora, nem quem explode carro-forte com ponto 50 tem tanta grana assim.

Sabe o que é mais complexo? Eu lhes digo, todas as informações que possam identificar testemunhas e policiais envolvidos são omitidas nos BO’s. Os telefones não funcionam, os documentos têm números em falta, os endereços não constam.

A PM é a corporação mais comumente envolvida em ocorrências de desfecho letal contra civis, e isso pode responder o sentido de sua negação em responder pesquisas que contribuam com o processo de produção e análise de indicadores criminais, como a do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2011.

Segundo o Anuário Nacional de Segurança de 2012;
“(...) não temos estatísticas confiáveis sobre tais mortes e, tampouco, métricas capazes de avaliar o impacto dessas mortes no desenho e implementação das políticas de segurança pública e nos padrões operacionais das polícias brasileiras”.

 O Cabo Bruno conta a maior história da carochinha para não entregar o Conte Lopes e ninguém sacou. Ele recebia grana para matar, ninguém suspeitou disso? Ora, dizer; “eu mato porque a civil não prende” é o cúmulo do absurdo, e ainda tem uns iluminados que dizem; “Nossa, veja como a explicação está mais embaixo blá blá blá...” Faz todo sentido a FAPESP financiar vocês afinal, não estão ai para nada. Querem os fardados sendo responsabilizados? Querem ajudar essas famílias que foram destruídas pela PM a serem indenizadas pelo Estado? Querem títulos, né? Vocês tem sangue de jovens pretos nas mãos, meus parabéns.

Ai, mais de 70% das pessoas mortas pela polícia são jovens pretos, certo? Errou novamente, são mais de 80%, mais de 90% talvez. Todos os autodeclarados “pardos” viraram “brancos” nos BO’s, sabe o que é isso? E-M-B-R-A-N-Q-U-E-C-I-M-E-N-T-O, sacou qual é das fita?

É culpa da Polícia Civil é a melhor maneira de dizer; “Eu só queria fazer meu trabalho”, logo é um discurso produzido dentro de cada batalhão para responder pelas mortes depois. Alias alguém já ouviu um depoimento de um PM na Romão Gomes? É assim, “Matei em uma resistência e falhei com a corporação”, “Como eu ficava transtornado com aquele contexto e não conseguia manter as pessoas presas..”. Ai, na boa, prevalece o discurso dos que não estavam no alto escalão das mortes, quantos da Tática estão lá? E da ROTA? Ora, não vale de nada o discurso de quem está lá então.

A BRANQUITUDE ATRAVESSA POR AI. O GATILHO É EMPURRADO PARA TRÁS EM RAZÃO DO RACISMO! TIREM-LHES AS ARMAS E LHES DÊEM UMA CANETA BIC, ELES IRÃO INTOXICAR O POVO PRETO COM TINTA DE CANETA!

Houve 546 pessoas mortas em conflito com a Polícia Militar (PM) em 2012, mas porque há mais de 1000 bo’s com ocorrência de auto de resistência/resistência seguida de morte? Ora, eliminando uma boa parcela de “homicídios ocultos” mais de 20% dos homicídios ocorridos no Estado foram causados por PM’s fardados (se calculássemos os homicídios cometidos por PM’s e PCivis não fardados quantos restariam para os “bandidos perigosos uhhhh”?). 

Embaçado, e hoje ainda a saúde e a segurança ficam em caixinhas distantes uma da outra e com um diálogo quase inexistente. Sabemos que a política de segurança pública do país é altamente produtora de doença, ainda mais ao povo preto, mas isso parece não ter desdobramentos políticos.

Não parece ser uma questão da sociedade, mas sim uma questão só do povo preto, como se o branco nada tivesse haver com isso; “Sim, existe racismo, mas eu não sou racista, conheço muita gente racista, mas eu não sou. Tenho até amigos negros, e olhe que eles são honestos, viu”.

Realmente a sociedade trabalha assim as questões dela, a segurança em uma caixa, a saúde em outra, o povo preto em outra.

Ai que tá, o projeto societário de hoje é ganhar a copa. Nossos jovens não recebem voadoras nas vértebras, recebem tiros de ponto 40 e a negação de assistência médica do Estado. Esse mano que está arrancando solidariedade de vocês não é o mesmo que quando questionado sobre o racismo disse que não sofria; “afinal, eu não sou negro, não é?”.

Conta os gols da playboyzada então;
Mortes por intervenção policial no 1º trimestre de 2014
Capital 85
Estado 156

Tá feliz? Tá fazendo o que para mudar isso?
Aproveita ai e questiona os mais de 500 mil presos políticos que não são brancos, nem universitários, é capaz disso? Não, né? Sua branquitude responde assim; “Mas esses são presos comuns...”.
Esperar o que dessa esquerda branquinha pequeno-burguesa?

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Regime Decepa Direitos (RDD): e os abusos na constituição

O texto a seguir é proveniente do grupo de estudos feito em 28/06/2014 no bairro do Grajaú, São Paulo-SP

Regime Decepa Direitos, mais conhecido como Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) é uma ferramenta que permite uma punição mais rigorosa do que a aplicada num regime comum de privação de liberdade. Nesse regime os aprisionados sofrem diversas restrições sendo a maioria delas inconstitucionais, violando assim, os direitos dos presos.


Por:
Priscila Costa - Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica
Carlos R. Rocha - Fórum de Hip Hop MSP
Miguel Ângelo - Fórum de Hip Hop MSP


Muitas vezes costumamos dizer que vivemos em uma ditadura. Sim, o povo preto vive em uma ditadura. O que temos? Uma forma de pensar o Estado que é baseado na lógica de países que não passaram por um modo de produção baseado no trabalho escravo (acumulação primitiva do capital) e uma Carta Constitucional (Constituição de 1988) que, como todas as outras que vieram depois da abolição do trabalho escravo em 1888, que não reconheceu algo muito importante de considerar em um país como o nosso; O Brasil é um país onde nunca existiram pessoas com direitos e sim brancos com privilégios no topo da pirâmide e o povo preto na base sendo vítima de diversas estratégias sórdidas para ser destruído.

"Aí man@, não tem como abordar genocídio e não falar sobre o sistema de segurança publica (presídios, gambés, execução penal) devido o extermínio ser efetivado principalmente pelas ponto 40 do Estado e pelo encarceramento em massa, 'sem uma virgula de lei de execução penal cumprida'. As formas punitivas do Estado são perversas e inconstitucionais (ilegais), dá um liga no plano genocida do Estado que já se inicia pelo Centro de Detenção Provisória (CDP) - quando o Estado (juiz) ainda NÃO TE JULGOU e mesmo assim te punem, encarcerando, violando o princípio de inocência, dignidade e liberdade. Essa tática de prender antes de julgar (pré-condenação) foi criada em 2005 e desde então o número de man@s pres@s só tem aumentado anualmente, tanto em SP quanto no Brasil. A maioria d@s sofredor@s que vão parar em CDP's, rodam por tráfico. É importante ressaltar também que em 2006 com a lei 11.343/06 (uso e vendas de drogas ilícitas) o Estado pune com mais intensidade @s favelad@s que traficam, tornando tráfico crime HEDIONDO (O QUE É UM ABSURDO!) e amenizando e despenalizando @s boy que fumam um beck, assim como sempre @s classe merda saem de boa depois de colar na biquera e @s man@ na função é quem rodam, sendo torturad@s nas DP(delegacia), indo pros CDP's, passando mais 5 anos presos no inferno."

A partir dessas considerações podemos agora falar sobre o REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD), que foi criado depois de décadas e mais décadas (por que não séculos?) de tal mal social que nada mais é do que um desfecho da opção da playboyzada em criar duas sociedades no Brasil, a deles (minoria que conta os plaquês) e a nossa (o gueto, uma grande massa que mora aqui passando fome, sem educação e informação, trabalho, senzalas enormes aonde dias melhores não virão). Esse tal mal é a criminalidade, criminalidade essa que é produto das condições de vida que o povo preto, pobre e periférico foi condenado somando ao mercado da violência que enche os bolsos da playboyzada; cocaína, apólices de seguro, armas, noticiários racistas e preconceituosos de modo geral e um aparato fardado ou não que efetivam a roleta macabra. É evidente o objetivo desse regime, tendo-se em base a imagem de um criminoso destituído de humanidade não passível de reforma e readaptação social, o encarcerado deve ser excluído e segregado, viver em estado vegetativo, em um caixão onde ainda se respira.

O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) foi criado primeiramente em São Paulo em 2001 (Norma n°26) e foi uma resposta ao movimento dos jovens encarcerados pela real execução da Lei de Execução Penal nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Tem a função de garantir o bom funcionamento do estabelecimento prisional, ou seja, manter as pessoas presas com fome, frio, doentes sem tratamento, sem materiais de higiene pessoal, disputando centímetros de cela na faca. Logo, irracional sendo que é justamente pelo que realmente deveria ser a garantia do bom funcionamento do estabelecimento prisional que os jovens lá presos estavam lutando; a real efetivação dos direitos garantidos na Lei de Execução Penal. A partir de então passou a vigorar um novo tipo de pena, onde os jovens presos ficariam em celas individuais, sem assistência religiosa, educacional, trabalho e com apenas duas horas de banho de sol por dia, o que já é comprovadamente útil apenas para enlouquecer uma pessoa, apenas isso.

Marcos Willians Herbas Camacho (Marcola)
"Quando fomos colocados dentro das celas, fomos sem nada, sem roupa, só com uma calça, uma camiseta e um chinelo, sem manta, sem nada, sem nenhuma condição humana. Não foi-nos dada alimentação."

Marcos Willians Herbas Camacho (Marcola). Sobre sua chegada na Penitenciária Presidente Venceslau II onde ficou no RDD. Depoimento na CPI das armas em 08/06/2006. A essa altura ele já estava entre 6 e 7 anos em RDD.


"Se o CDP já é zuado esse se pá ganha em tiração. Consta em “pagar” a pena em regime fechado, sem contato com qualquer pessoa, somente com as paredes e a chapa de aço, com camêras até no banheiro, sem direitos, apenas com no máximo 2 horas de banho de sol por dia e visitas de apenas 2 horas por semana, sendo aplicado por um ano (360 dias), 1/6 da pena OU MAIS, por conta do ex-secretário de administração penitenciaria Nagashi Furukawa (esse mesmo porra foi um dos caras que fez desencadear o salve geral em 2006, por negar direitos aos aprisionad@s) juntamente com o ex ministro da justiça Thomas Bastos terem aumentado a
Márcio Thomas Bastos
quantidade de tempo para responder nesse regime.Essa mudança e a própria lei que descreve a pena de um ano em RDD vai contra a Lei de Execução Penal (LEP), 58 artigo diz: 'o isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exeder a trinta dias'. 
Pro Estado te foder nesse regime basta cometer um crime doloso, crime de risco a ordem e a segurança social e prisional ou atuar em 'organizações criminosas'”.

Mas de onde tiraram isso?

Em 1820 o Estado da Pensilvânia nos EUA (país onde há quase 2 milhões de jovens presos, mais de 70% pretos e pretas) utilizou esse modelo para punir os considerados de alta periculosidade e custodiar supostos lideres e integrantes de supostas organizações criminosas, também apenar crimes considerados de subversão da ordem pública. A receita é proibição do contato físico, inatividade forçada, inexistência de estímulos visuais, sonoros ou intelectuais que foram adotados na Eastern State Penitenciary. Quem defendia essa proposta achava que esse modelo de punição levaria uma pessoa ao remorso e a reabilitação. Após alguns anos de aplicação o que se conseguiu só foi o desiquilíbrio emocional, psicológico e mental de quem cumpriu pena nesse regime.

Aqui depois de anos jogando gasolina no inferno e negando sempre os direitos de quem está preso o Estado resolveu criar o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) como a solução para a questão do sistema carcerário. Se por um lado a Lei de Execução Penal foi um avanço no papel por garantir direitos aos jovens encarcerados, por outro São Paulo voltou no tempo do trabalho escravo onde transformaram seres humanos em coisas. Tanto é isso que os jovens encarcerados em RDD voltariam ao sistema através de uma receita de disciplina severa (aceitação das regras impostas pela playboyzada que sustenta o sistema com sua indiferença) e as oportunidades de mudança de conduta no presídio (que oportunidades?).

Veja que curioso, o Regime Disciplinar Diferenciado não poderia ser discriminatório e nem ferir a Constituição da República (Garantias Fundamentais presente no artigo 5°), a Lei de Execução Penal, bem como normas e tratados de Direitos Humanos (é um atentado a normas como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de Nova Iorque de 1996, princípios que estão na Carta das Nações Unidas e nem atropelar as Regras Mínimas, no que diz respeito a proteção e tratamento do estado mental do preso), mas adivinhem, vai contra tudo isso!


"...Quer dizer, a gente não tinha cometido falta nenhuma que justificasse um regime mais rigoroso pra gente naquele momento. Nada foi dito à gente. Pra nós nada foi explicado. Simplesmente nos jogaram numa penitenciária sem as mínimas condições materiais pra nos receber."

Marcos Willians Herbas Camacho (Marcola). Sobre sua chegada na Penitenciária Presidente Venceslau II onde ficou no RDD. Depoimento na CPI das armas em 08/06/2006. A essa altura ele já estava entre 6 e 7 anos em RDD.


O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) viola o direito à vida, à saúde, à honra, à imagem, ao nome à liberdade de expressão, à intimidade da vida privada e as regras que limitam a liberdade de locomoção da pessoa humana que constam na Constituição Federal, fora os textos internacionais. Segundo o artigo 5° da Constituição Federal, ninguém será submetido a tortura nem tratamento desumano e degradante, não haverá penas cruéis e deve ser assegurado a pessoa humana o direito à integridade física e moral, dentre outros direitos que garantem o bem estar de todos. 


Mas que sociedade é essa que eles acham que vivem? Como punição e disciplina pode ser a receita para regressar ao convívio comum ou com a “sociedade”? O mais foda de tudo é que esse regime é um flagrante ilegal! Devido causar destruição emocional, física, psicológica por conta do isolamento intensivo, desencadeando depressão, desespero, ansiedade, raiva, alucinação, claustrofobia, distúrbios afetivos.

Sempre que vem na mente a ideia avanço moral e espiritual na sociedade (a do playboy, e não o gueto que só reproduz) ela é pensada através do punir, foder o gueto, pois o lado de lá da ponte se sente o Vaps do momento, a perfeição em seu mundo branquinho e colorido.

Os presídios brasileiros trabalham com dois princípios incompatíveis para efetivar a pena: reprimir (como se isso produzisse ressocialização) e a ressocialização. Na prática é um depósito de seres humanos, especialmente de descendentes de africanos escravizados na diáspora (70% de todos os mais de 700 mil presos no país)

A norma da Secretaria de Administração Penitenciária (n°26) de São Paulo executada em 2001 tinha uma brecha que foi utilizada
Nagashi Furukawa
por juristas, a alegação do então Secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa era a de que sua norma se tratava de matéria penitenciária (o que não feria a Constituição Federal), quando na verdade era de matéria penal, ou seja, com as características do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) fica escuro que ele na verdade é outra pena.

Antes mesmo da norma 26 existia um Projeto de Lei (PL 5.073/2001) que mexia nas regras no interrogatório do acusado e de sua defesa efetiva, mexeu com normas penais e processual penal. Desse PL sai a base para criar o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), ou seja, camuflada de norma específica da administração penitenciária, é na verdade uma nova condenação penal depois de já haver uma condenação rolando.

Em 2002 o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso tentou reverter essa incoerência com uma Medida Provisória (MP 28/2002). Porém, o Congresso Nacional foi contrário com base na Constituição Federal.

Devemos considerar que essas idas e vindas estão na lógica dos que fazem leis no país que, com base também na cultura do imediatismo, sempre foram contra as próprias leis constitucionais, deixando-as em segundo plano. É o que ocorre no sistema penitenciário brasileiro, a suposta inviabilidade de cumprimento da Lei de Execução Penal e a má gestão histórica do sistema são respondidas com leis cada vez mais severas e que não enfrentam a real questão colocada.

Para resolver os problemas da sociedade dos playboys (e só a deles) utilizam-se medidas anestésicas com uma política criminal cada vez mais repressiva para combater o mal que, na verdade, nada mais é do que o gueto, ignorando direitos e garantias que eles mesmos acordaram em outro momento para copiar os países ricos que eles sempre sonharam ser; França, Inglaterra, EUA etc.

Mas e essa tal criminalidade? Quem eu tiro do crime oferecendo uma arma ao invés de um livro? Quem eu tiro do crime oferecendo cadeia ao invés da efetivação de seus direitos sociais (educação, alimentação, moradia, segurança etc.)? Esses direitos estão na Constituição Federal, que tem seus equívocos como já comentado. Mas, se ela existe e é a Lei Maior, é um absurdo que a receita para a falta de direitos sociais seja o que está ai; celas superlotadas, isolamentos, tiros de ponto 40, cocaína, armas... Combater a criminalidade é exterminar o gueto na cabeça do playboy, e nunca efetivar nossos direitos, é apoiar tudo que ajuda a aumentar a violência nossa de cada dia e por fim nossa total insegurança que é maior com a presença do Estado, pois seus representantes fardados só trazem armas, drogas e muito, muito sangue para o gueto.

Entre outras coisas, a morte de dois Juízes de Execução Penal, no mês de março de 2003, em São Paulo e no Espírito Santo midiatizou (dispositivo de comoção da opinião pública que o playboy se utiliza para promover a repressão contra o gueto) a questão e provocou uma virada na Câmara dos Deputados que aprovou o Projeto de Lei (PL 5.073/2001) que seguiu para o Senado Federal, agora modificando vários dispositivos da Lei de Execução Penal, criando, com força de lei, o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Mesmo sendo classificada como inconstitucional pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária a lei passou a ser executada em âmbito nacional a partir de então.

Características do Regime Disciplinar Diferenciado

Segundo o artigo 52 o crime doloso constitui falta grave e justifica a aplicação do Regime Disciplinar diferenciado, assim como casos que ocasione a subversão da ordem ou da disciplina internas, estando sujeito o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal.

* O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) tem duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada.

* Recolhimento em cela individual com devido acompanhamento psicológico

* Visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas.

* O preso terá direito a saída da cela por duas horas diárias para banho de sol.

O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. 

Estará igualmente sujeito ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) o preso provisório ou condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização.

Fica evidente a falta de precisão dessas hipóteses abrindo margens para interpretações dúbias. Quiseram "apagar o incêndio" de imediato, ou quiseram alimentar seus lucros com o apoio da opinião pública e politica, e conseguem mascarando a ineficácia desse regime, quer dizer, tatuar as cabeças d@s jovens na periferia não basta, tem que ter um regime decepa direitos... Ah, mas quem disciplina os abusos desse Estado genocida???

"...Ai eles falaram pra mim que, como eu sou o líder perante a imprensa, tinha que partir de mim, porque senão, no fim, como sempre iria sobrar pra mim. Isso foi conversado abertamente. Tinha uns 15 delegados, não só o Dr. Ruy da 5° Delegacia, estava lá e, como eu já havia dado dinheiro pra ele várias vezes...E eu tenho até como provar, não como testemunha, mas, se o senhor analisar alguns documentos, o senhor vai ver que são documentos contraditórios que ele fez, dizendo que eu não tinha nada a ver com o advogado que tinha sido preso aqui trazendo bilhetes, umas coisas assim, e que havia sido dito que era pra estourar metrô, esse monte de coisa. Ele sabia. Foi filmado e gravado isso, que eu tinha me colocado exatamente contra esse tipo de terrorismo. Só que ele não falou nada. Fizeram uma... uma sindicância, e veio mais um ano de RDD pra mim aqui devido a esse fato, mesmo eles tendo a fita com a minha imagem negando que eu era contra essa situação."(...) "Doutor, o senhor sabe que o senhor tá sendo injusto em fazer isso comigo, em me acusar dessa forma, sem me dar nenhuma chance de defesa, e o senhor sabe também, pelas gravações, que eu sou inocente dessa situação e que eu tô pagando por mais um ano de RDD".

"...Quanto, dessa vez, pro senhor me inocentar, mesmo que seja...Só quero a verdade dos fatos. Eu quero que o senhor coloque no papel que eu me posicionei contra".
"...Ai ele pediu 45 mil reais. Foi entregue pra uma investigadora de nome Sheila, pra que entregasse pra ele, ai ele deu esse documento, esse documento que diz, depois de 6 meses que eu já tinha sido condenado a tirar um ano..."
"Ai ele me deu esse documento - eu tive que pagar por ele, embora fosse verdade -, pra que eu saísse daqui. E eu sai, porque esse documento foi apresentado em juízo".

Marcos Willians Herbas Camacho (Marcola). Sobre sua chegada na Penitenciária Presidente Venceslau II onde ficou no RDD. Depoimento na CPI das armas em 08/06/2006.

terça-feira, 24 de junho de 2014

A ação terrorista com base na cor

Por Miguel Ângelo

Sua nação se sustenta na hierarquia racial para progredir o projeto genocida. A cor da pele é o motivo pra tomar tiro, condenado a responder a demanda do senhor de engenho trampando no mercado mais forte do capital financeiro que cresce mais que o produtivo e se chama império do pó. O Denarc vai invadir sua casa e arrebentar sua mãe na frente das crianças pretas, vai enfiar agulha embaixo da unha pra droga aparecer e eles abastecerem a franquia do Alckmin. 

Que porra de PCC, organização política que defende os direitos dos presos, que defende a aplicação real da Lei de Execução Penal não é terrorista, a porra do Estado queria o que? Até quando achou que as pessoas iriam decapitar umas as outras para aparecer um cuzão de uma ONG internacional de direitos humanos que ganha dinheiro e cargo político escrevendo sobre a carnificina?

Presta atenção! O salário dos 12 é 800 conto por semana, quanto é o salário mínimo? Se liga, até quem tá no Call Center tá enchendo a cara de pó, ninguém tá escolhendo porra nenhuma nesse país. Quer paz? Que paz é essa que permite as crianças venderem balas de fuzil por 5 reais e as roller pointer por 3, tai o valor da passagem, como que uma merda dessa chega nos muleke e a efetivação do ECA não? 


foto: google
Segurança é vender apólice de seguro antissequestro, andar de blindado com três vermes da ROTA te escoltando, segurança é peneirar a cabeça dos preto, é dar concessão eterna das ruas de SP para a PM. Tá todo mundo vivendo em celas e sendo alimentado com o medo fabricado pelos noticiários que são financiados pela indústria da morte. Segurança é liberar ponto 50 pros verme já que um dia, sabe-se lá quando e como, uma quadrilha de excluídos explodiu um carro forte com uma, mas da onde veio essa merda? Quem fabrica Sig Sauer? Segurança nesse país é testar armamento norte americano e europeu. Na boa, segurança nesse país é dobrar o sistema carcerário e as valas para o povo preto ano a ano.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Desde Criança - RAP

(Carlos R. Rocha)

Ah mas se um dia eu chorar com o sangue aquecido
tentando compreender a atitude do meu filho
dizendo e falava, implorava pra ser branco
que o preto na escola era zoado e não tinha encanto

O sistema toma conta do psico da criança
na neurose de querer a todo custo ter pele branca
mente colonizada e o racismo sem coração
Há muito tempo apresentado na tese de Fanon

A estrutura é racista e sem mudanças assim se segue
Do omisso ao agressor que é a ponta do iceberg
repare que estou falando alem dos explorados
é da supremacia branca, por onde passou tem dominado

Quando eu crescer eu vou ser um homem negro e vou vencer (4x)

Eu aqui constrangido meu filho não acredita em mim
quando eu disse que ele era o meu herói mirim
sem quadrinho, sem desenho, sem representante na Tv
realmente fica difícil fazê-lo crer

Quando exalto o povo preto não é vontade de ser branco
É que os negros têm valores como todo ser humano
Mas ainda nessa porra lutamos por sobrevivência
Por tudo que passamos ainda vivemos na carência.

Contive minhas lágrimas, abracei o meu pequeno
sempre o protegeria de todo o sereno
falei que o estudo era o melhor remédio
ele me disse empolgado que queria ser um médico

O sonho do povo preto aqui é mutilado
e na frente do meu filho essa hora fiquei calado
Mais um preto da periferia pra ir a luta
Daqui uns anos eu espero o convite da formatura

Quando eu crescer eu vou ser um homem negro e vou vencer (4x)



segunda-feira, 29 de julho de 2013

Distrito Grajau

                        Distrito Grajau

                                                                                                                        Miguel Angelo

O distrito do Grajaú, zona sul da cidade de São Paulo, é o terceiro maior distrito em tamanho territorial (92 km²) e o mais populoso da cidade (360.787 mil hab.) (PREFEITURA DE SÃO PAULO 2010) com uma taxa de crescimento populacional de 0,79 entre 2000 e 2010 (IBGE 2010), é considerado um distrito predominantemente pobre; tem apenas 39% de seus domicílios ligados a rede geral de esgotamento sanitário; está entre os distritos com maior necessidade de saúde (ATLAS DA SAÚDE 2011); tem uma renda per capita de R$ 450,7, sendo o 4% mais pobre no lado sul; e em média 8,18% das mulheres são mães antes dos 18 anos de idade (SEADE 2013). A ocupação é dos anos 50 e 60 (séc. XX). Com a instalação do polo industrial de Santo Amaro ocorre o aumento da oferta de emprego e de terras abaixo custo culminando em um aumento populacional no lado sul; entre 1991 a 2000 aumentou 180% a ocupação na área urbana e em torno 410% a ocupação na área rural, tendo 73 favelas, o terceiro distrito, proporcionalmente, com mais favelas e mais moradores por domicílio (6) na zona sul, (SEHAB/ HABI  2008) ; havia em 2000 mais de 3 mil famílias sem habitação no distrito (SEADE 2000) . É considerado um distrito ilegal, já que boa parte dos moradores não possui escritura de posse e irregular por estar encima de uma área de manancial. Logo, existe um conflito que se põe já no primeiro momento, de fundação mesmo do território. (COLETIVO IMARGEM 2007).  Nos últimos anos, como em boa parte do país, observou-se uma melhoria dos indicadores de saúde, tais como uma queda de 59,9% na mortalidade de jovens, de 83,3% nas mortalidades por agressão, de 19,3% na mortalidade infantil, de 25,4% na fecundidade e de 1% na taxa de mortalidade por AIDS e demais doenças infecciosas no período de 2000 a 2010 (SEADE 2013).
Apenas algo em torno 40% dos negros no Grajaú trabalha com carteira assinada (Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais – Rais 2010), o analfabetismo atinge mais de 25% da população, com uma queda de 10% nos últimos dez anos, porém ainda é o terceiro distrito da região no ranking do analfabetismo e ainda tem menos de 10% das crianças entre 0-6 anos matriculadas em estabelecimentos escolares e creches. Tem apenas um Hospital  com apenas 240 leitos disponíveis para a população.

O conflito, constitutivo da organização do Distrito, amplia-se, portanto, considerando a construção político-social do local, empobrecido, situado na transição urbano-rural e marcado pela violência.

A cena cultural é forte com presença marcante do rap, graffiti, pixo, skate, por exemplo, que, entre outros, dão um caráter super original ao Hip Hop local; bonés, camiseta e calça larga, cabelo trançado, Black ou dred contrastam com outros estilos presentes como o punk. Em um lugar onde o Estado parece não estar a cultura local que funciona como enclave aos excluídos que, como eu, acabam por ter fortalecida a autoestima e perspectiva.
Cocainha e BNH é a vanguarda do rap do distrito que, tanto no rap como no pixo entre outros, dão vida ao ambiente. Com o surgimento do VAI (Valorização de Iniciativas Culturais- Projeto da Secretaria Municipal de Cultura) o cenário pegou mais fogo ainda e a galera vem produzindo realidades cada vez mais inovadoras nas nossas quebradas. Longe de ser uma panaceia, o projeto faz parte de uma estrutura que cada ator, e são muitos, precisava para mostrar sua arte com elementos marcantes de uma cultura local territorializada que dialoga diretamente com a comunidade, é como se a profecia de Milton Santos estivesse se concretizando;
No fundo, a questão da escassez aparece outra vez como central. Os ‘de baixo’ não dispõem de meios (materiais e outros) para participar plenamente da cultura moderna de massas. Mas sua cultura, por ser baseada no território, no trabalho e no cotidiano, ganha a força necessária para deformar, ali mesmo, o impacto da cultura de massas. Gente junta cria cultura e, paralelamente, cria uma economia territorializada, uma cultura territorializada, um discurso territorializado, uma política territorializada. Essa cultura da vizinhança valoriza, ao mesmo tempo, a experiência da escassez e a experiência da convivência e da solidariedade. E desse modo que, gerada de dentro, essa cultura endógena impõe-se como um alimento da política dos pobres, que se dá independentemente e acima dos partidos e das organizações. Tal cultura realiza-se segundo níveis mais baixos de técnica, de capital e de organização, daí suas formas típicas de criação. Isto seria, aparentemente, uma fraqueza, mas na realidade é uma força, já que se realiza, desse modo, uma integração orgânica com o território dos pobres e o seu conteúdo humano. Daí a expressividade dos seus símbolos, manifestados na fala, na música e na riqueza das formas de intercurso e solidariedade entre as pessoas:; E tudo isso evolui de modo inseparável, o que assegura a permanência do movimento”.
                                               MILTON SANTOS- POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO 2001
Uma das paradas mais incríveis do Grajaú é isso, tipo sair no role e se deparar com os manos mandando um free-stile. A viva pulsa em meio às contradições provocadas pelo desenvolvimento capitalista que o país vem passando, mas só AO VIVO prá saber.
Sabendo da incapacidade em falar sobre todas as ações no graja, deixou aqui um fragmento de meu Diário de Campo de uma pesquisa que venho desenvolvendo atualmente visando conhecer melhor esse mundo que é nosso distrito;
11/5/2013
Estive acompanhado da jornalista Beatriz Marinelli no lançamento do CD do grupo arte rima em uma praça entre a Rua Alba Valdez e a Rua Juvenal Crem, é o famigerado “Miolo da Favela” no Jd Reimberg. O evento foi organizado pelo coletivo Xemalami e apoiadores, e teve ainda a apresentação do grupo Monkey’s THC, um espaço para a prática de xadrez e exposição de produções possibilitadas por atores locais. Foi promovido um desafio também com premiação e tudo.
O coletivo Xemalami - Xeque Mate La Mission – foi criado em 2000 no distrito do Grajaú, e é herdeiro de vastas articulações anteriores como o Pacto Latino, um dos pioneiros da cena Hip Hop por essas bandas. Importante lembrar que o Xemalami começa apenas como um coletivo de xadrez é em 2005 que irá se tornar também um grupo de rap. Mas é esse elemento basilar, o xadrez, que norteia as articulações do coletivo, é a concepção para além do esporte, diria que como proposta a produção de novos significados a partir dos encontros. Em 2007 o coletivo escreveu para o VAI (Valorização de Iniciativas Culturais- Projeto da Secretaria Municipal de Cultura) propondo realizar um desafio de xadrez na rua, com tabuleiro e peças em maior escala. Desde então o coletivo mantém suas ações. Hoje, com ou sem os incentivos de editais. Drezz, membro mc do coletivo, me falou um pouco sobre o espaço;
“A ideia hoje é promover os grupos de rap que vem fortalecendo conosco. Vai ter um desafio de xadrez feminino e a apresentação dos Monkey’s THC que é os mano de Parelheiros, que vão lançar um promo (famigerado demo tape) e o art rima que acabou de gravar seu primeiro CD. Tá bem difícil agilizar as paradas por agora, fizemos um corre pra descolar as duas extensões pra garantir o som, deve até uns mano que colou com grana mesmo prá fortalecer, quatrocentos conto e pá. Mas tamo levando, né? Rola uma articulação com a escola ali (apontou na direção do EMEI Grajaú, fica a alguns metros da praça onde estávamos), mas é bem difícil, tem uns preconceitos e muitas vezes os caras não querem reconhecer nosso trabalho (em outra oportunidade, Drezz havia dito que o trabalho com o xadrez vinha potencializando o desempenho das crianças em matemática e o interesse na escola), a ideia é fazer uma ponte, tá ligado?”

Comentei sobre a fala do prefeito no dia 22 último sobre essa questão, o reconhecimento dela e a proposta de fortalecer a disputa pelo espaço local, no encontro com setores do movimento Hip Hop. Meneou a cabeça ceticamente;

“Vamos continuar, independente vamos continuar” e prosseguiu;

“Olha ali, o mano ali tá mandando uma pintura prá expor ô”

Um jovem, não mais que vinte e cinco anos, pintava uma árvore em uma espécie de tela banner, o curioso daquilo foi visualizar ali uma pintura que me lembrava mais um quadro a óleo do que um grafitti, bem diferente das intervenções com spray que observei no Campeonato de Skate na semana passada.

“Agora passa um pano ali”.

Apontou na direção inversa onde observei um tabuleiro de xadrez com as peças sob um suporte de madeira.

“Aquela parada ali veio da África do Sul, o irmão ali trouxe só pra expor aqui pra gente. Passa um pano lá depois, é o mesmo jogo, mas a simbologia é outra”.

Achei a informação primordial, me aproximou da compreensão que o coletivo tem do xadrez “para além dos muros, para além do esporte” como pensam. Posteriormente fomos observar de perto, Renan falou um pouco sobre;

 “Um mano trouxe da Cidade do Cabo, ta ligado?”.

            Beatriz me mostrou o detalhe das peças. Realmente cada peça apresentava um desenho bem diferente daquele observado no modelo ocidental.

“Então, ele é todo detalhado mesmo, na parte de baixo também tem a representação dos maiores animais da cultura de lá. Aqui ô, esse Búfalo, o Guepardo... são da cultura de lá”.

Para financiar o evento os apoiadores montaram pequenas mesas onde comercializavam trufas, artigos hippies e bebidas alcoólicas. Compramos duas cervejas e nos sentamos na grama enquanto uma Dj da região mesclava gangsta rap, com reggae e ragga. Beatriz me chamou a atenção quanto à força que identidade visual tinha no ambiente “Olha aquelas meninas ali, parecem iguais”.

Drezz pegou o microfone para dar inicio ao desafio de xadrez; “Cola ai, cola ai, cadê as mina?”. Uma criança se apresentou prontamente, usava um boné aba reta, camiseta e calça larga, e o clássico tênis Adidas, tínhamos a observado pouco antes jogando com um garoto aparentemente da mesma idade. Drezz prosseguiu; “Aeee, não têm mais ninguém? Ae, cadê as mina pra fortalecer? Aqui ô, vai rolar uns prêmios também. Vai rolar uma camiseta bem loca que as mina ali fortaleceu, e esse boné aqui. Tem um CD do art rima e dos Monkey’s THC também”.

Um tabuleiro de escala maior, em torno de um metro em meio, foi colocado de pé. As peças se fixavam nele como se fossem imãs de geladeira, assim todos poderiam acompanhar a partida enquanto Drezz narrava demonstrando amplo conhecimento das regras e jogadas. Por fim a única “mina” que se prontificou a jogar, também ganhou sozinha demonstrando como dar um mate em duas jogadas.

Enquanto os The Monkeys THC se preparavam, Drezz passava ao público a proposta do evento; “O nosso objetivo aqui é ocupar o espaço público, tá ligado? Mostrar que mesmo em um sistema capitalista perverso que nos oprime podemos lutar através das transformações aqui mesmo, na solidariedade e companheirismo para com o outro, tá ligado? Isso também é revolução”.

Um dos integrantes do art rima, veio até nós com o cd do grupo;

“Então mano, tamo ai com esse trabalho, é o primeiro, com quatorze faixas e pá”.

Peguei prontamente o cd enquanto comentava o quanto me impressionei com o trabalho do grupo na semana anterior. Questionei o valor;

“Cinco conto mano, são catorze faixas com produção do Esze”.

Esze Doins é um produtor local, produz uma grande parcela dos grupos do distrito e é integrante do grupo Clube do Berro.

O material era bem simples, uma mídia gravavel não impressa com uma capa em papel cartão com uma arte bem elaborada que consistia de um jovem negro com feição preocupada e correndo, tênis manchado de tinta spray, calças Jens, camisa polo listrada e de mochila, de um lado escapava o spray de uma mão e um microfone de outra, da mochila, com o zíper principal aberto, era visível um rolinho de pintor, usava Black Power e dos olhos brotavam um feixe de luz vermelho, cor em contraste com o roxo de fundo, abaixo à esquerda o nome do grupo com o título do trabalho “Rumo da Vida”.

Peguei, ele agradeceu e pediu para ficarmos até a apresentação do grupo em uma hora, já era em torno de 21: 30h, não prometi justificando que era uma boa caminhada até o ônibus, fora a Beatriz que estava a umas 2 horas da Vila Maria, onde reside.

“Pode pá, mas cola no Niggaz dia 24, firme?”

Niggaz é um evento em memória do graffiteiro da região Alexandre da Hora, falecido em Maio de 2003 aos 21 anos. 

Assenti positivamente, ainda tínhamos uns trinta minutos de campo. Drezz anunciou os Monkeys THC e resolvemos nos adiantar até tenda na frente da qual se apresentam os grupos.

Chamou-me a atenção o grupo possuir um baixista, um baixista punk, Jens rasgado nos joelhos, tênis All Stars, na correia do baixo havia um suástica sendo atravessado por uma faixa vermelha indicando anti nazismo. Chamou-me atenção também parte do conteúdo de determinada canção, Loucomotiva, que fazia uma critica comportamental se contrapondo à pregação do funk carioca, famigerado proibidão;

"Enquanto vários faz os corre prá que tudo de certo, o outro só ti atrasa mesmo pagando veneno. Deixa de se Zé e acorda prá vida. Vida que eu falo não é rolê, droga e as novinha."

Beatriz me chamou a atenção também para outra canção, Malacocaco. Questionou-me o significado de malaco e macaco para aquela música. De imediato coloquei respondi malaco como esperto, vivido, e macaco ali pra mim se referia a uma pessoa que possui as qualidades do mesmo, inteligência, desconfiança etc. Porém, ao escutar novamente aquela canção vi que aparentemente a coisa era um passo além de significar os termos ser um Malacocaco era uma espécie de evolução adaptativa para viver na selva de pedra. No rap já ouvi teorizações negativas e positivas tanto para malaco como para macaco, Malacocaco era novo, mas não a ideia de que o periférico e o playboy são espécies que diferem, veja que interessante a teorização do rapper Eduardo em seu livro “A guerra não declarada na visão de um favelado”;

“As noções de valores ao ser despertada durante o processo evolutivo, criou um bifurcação que dividiu os Homo sapiens. Essa divisão, na minha modesta opinião, mais do que provocar uma desagregação fundamentada em condições econômicas, deu origem a dois conjuntos de humanos biologicamente dessemelhantes: as pessoas normais e os maníacos por papel moeda! Seguindo o conceito de Darwin, aqueles que se tornaram compulsivos por riquezas, passaram às suas futuras gerações o maldito vício por posses, já os que não foram dominados pela avidez patológica por dinheiro, transmitiram aos seus descendentes um desejo de consumo extremamente mais moderado. Este racha evolutivo fez com que os cativos da penúria se tornassem pessoas infectadas pela ganância primária, aquela que almeja comer bem, se vestir bem, morar bem, etc, ao tempo em que os nobres se transformaram em corpos gangrenados pela cobiça desenfreada por supremacia. Nós, os habitantes das favelas e bairros periféricos, nos mantivemos na condição de Homo sapiens, enquanto os corrompidos pelo tilintar das pepitas de ouro, involuíram para uma nova categoria, a qual eu tenho a desonra de batizar neste livro com o nome de: HOMO MONEY!” (TADDEO 2013)
           

            22h, hora de partir, dia pós dia a periferia e sua convulsão cultural me afeta subvertendo pré-conceitos e barreiras físicas e psicológicas.







Em A IDEIA DE PROGRESSO, essa ideia é problematizada, não no sentido de negação – pensando o termo utilizado no sentido de excluir essa possibilidade, mas;

“... o desenvolvimento dos conhecimentos pré-históricos arqueológicos tende a desdobrar no espaço formas de civilização que éramos levados a imaginar como escalonadas no tempo. Isto significa duas coisas: inicialmente, que o “progresso” - se é que esse termo ainda convém para designar uma realidade bem diferente daquela à qual nos dedicáramos inicialmente – não é nem necessário, nem contínuo; procede por saltos, pulos, ou, não consistem em sempre ir além da mesma direção; acompanham-se de mudanças de orientação, um pouco à moda do cavalo do xadrez, que tem sempre diversas progressões à sua disposição, mas nunca no mesmo sentido”. Raça e História – Claude Lévi – Strauss

Este distrito situado na Zona Sul abrange os bairros de:
Bororé, Cantinho do Céu, Chácara Cocaia, Chácara das Corujas, Chácara do Sol, Chácara Gaivotas, Chácara Lagoinha, Chácara Santo Amaro, Cidade Luz, Cipó do Meio, Colônia,  Condomínio Jequirituba,Conjunto Habitacional Brigadeiro Faria Lima,Grajaú,Jardim Almeida Prado, Jardim Alvorada, Jardim Arco-íris, Jardim Belcito, Jardim Borba Gato,Jardim Campinas,Jardim Castro Alves, Jardim das Pedras, Jardim dos Manacás,Jardim Edda, Jardim Edi,Jardim Eliana,Jardim Ellus, Jardim Icaraí, Jardim Itajaí, Jardim Itatiáia, Jardim Jaú, Jardim Labitary, Jardim Lucélia, Jardim Marilda, Jardim Marisa, Jardim Mirna,Jardim Monte Alegre, Jardim Myrna, Jardim Myrna II,Jardim Noronha, Jardim Nossa Senhora Aparecida, Jardim Nova Tereza, Jardim Novo Horizonte, Jardim Novo Jaú, Jardim Novo Lar, Jardim Orbam, Jardim Planalto Jardim, Recanto do Sol, Jardim Reimberg, Jardim Sabiá Jardim Sabiá II,Jardim Salinas, Jardim Samara, Jardim Samas,Jardim Santa Bárbara, Jardim Santa Fé, Jardim Santa Francisca,Jardim Santa Francisca Cabrini, Jardim Santa Tereza, Jardim São Bernardo, Jardim São Judas Tadeu, Jardim São Pedro, Jardim São Remo, Jardim Shangrilá, Jardim Sipramar, Jardim Tanay, Jardim Três Corações, Jardim Varginha, Jardim Zilda, Parada Cinquenta e Sete, Parque América, Parque Brasil, Parque Cocaia, Parque Deizy, Parque Grajaú, Parque Manacá, Parque Novo Grajaú, Parque Planalto, Parque Residencial Cocaia, Parque Residencial dos Lagos, Parque São José, Parque São Miguel,Parque São Paulo, Parque Shangrilá, Recanto Marisa, Residencial Palmares, Sítio Cocaia, Toca do Tatu, Vila Brasília, Vila Morais Prado, Vila Narciso, Vila Nascente, Vila Natal.