domingo, 6 de julho de 2014

Enquanto houver racismo a marcha fúnebre prossegue

“Te falo quanto custa sua vida em dólar, euro e real, até a morte aqui tem variação cambial”.

Por Miguel Ângelo

Que vida vale mais?
A polícia militar não mata em decorrência da falta de competência da polícia civil, vocês erraram! Peguem os BO’s de auto de resistência de 2012, mais de 70% são forjados. Jovens pretos, pobres e periféricos sendo mortos com 38 e 380 taurus e colt forjadas, armas de brinquedo (mano, tem um irmão que foi morto segurando um boné, enfiaram isso no BO!), daí pra pior. Quem tem a ficha limpa toma tiro e quem já foi preso também toma tiro. O sistema carcerário tá bombando, o que me dizem disso? Então os mais de 24 mil jovens pretos assassinados anualmente pagam uma grana para o delegado liberar antes de morrer na rua? Vocês tem ideia de quanto custa um achaque da policia civil? 300 mil na média, esses jovens tem essa grana? Ora, nem quem explode carro-forte com ponto 50 tem tanta grana assim.

Sabe o que é mais complexo? Eu lhes digo, todas as informações que possam identificar testemunhas e policiais envolvidos são omitidas nos BO’s. Os telefones não funcionam, os documentos têm números em falta, os endereços não constam.

A PM é a corporação mais comumente envolvida em ocorrências de desfecho letal contra civis, e isso pode responder o sentido de sua negação em responder pesquisas que contribuam com o processo de produção e análise de indicadores criminais, como a do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2011.

Segundo o Anuário Nacional de Segurança de 2012;
“(...) não temos estatísticas confiáveis sobre tais mortes e, tampouco, métricas capazes de avaliar o impacto dessas mortes no desenho e implementação das políticas de segurança pública e nos padrões operacionais das polícias brasileiras”.

 O Cabo Bruno conta a maior história da carochinha para não entregar o Conte Lopes e ninguém sacou. Ele recebia grana para matar, ninguém suspeitou disso? Ora, dizer; “eu mato porque a civil não prende” é o cúmulo do absurdo, e ainda tem uns iluminados que dizem; “Nossa, veja como a explicação está mais embaixo blá blá blá...” Faz todo sentido a FAPESP financiar vocês afinal, não estão ai para nada. Querem os fardados sendo responsabilizados? Querem ajudar essas famílias que foram destruídas pela PM a serem indenizadas pelo Estado? Querem títulos, né? Vocês tem sangue de jovens pretos nas mãos, meus parabéns.

Ai, mais de 70% das pessoas mortas pela polícia são jovens pretos, certo? Errou novamente, são mais de 80%, mais de 90% talvez. Todos os autodeclarados “pardos” viraram “brancos” nos BO’s, sabe o que é isso? E-M-B-R-A-N-Q-U-E-C-I-M-E-N-T-O, sacou qual é das fita?

É culpa da Polícia Civil é a melhor maneira de dizer; “Eu só queria fazer meu trabalho”, logo é um discurso produzido dentro de cada batalhão para responder pelas mortes depois. Alias alguém já ouviu um depoimento de um PM na Romão Gomes? É assim, “Matei em uma resistência e falhei com a corporação”, “Como eu ficava transtornado com aquele contexto e não conseguia manter as pessoas presas..”. Ai, na boa, prevalece o discurso dos que não estavam no alto escalão das mortes, quantos da Tática estão lá? E da ROTA? Ora, não vale de nada o discurso de quem está lá então.

A BRANQUITUDE ATRAVESSA POR AI. O GATILHO É EMPURRADO PARA TRÁS EM RAZÃO DO RACISMO! TIREM-LHES AS ARMAS E LHES DÊEM UMA CANETA BIC, ELES IRÃO INTOXICAR O POVO PRETO COM TINTA DE CANETA!

Houve 546 pessoas mortas em conflito com a Polícia Militar (PM) em 2012, mas porque há mais de 1000 bo’s com ocorrência de auto de resistência/resistência seguida de morte? Ora, eliminando uma boa parcela de “homicídios ocultos” mais de 20% dos homicídios ocorridos no Estado foram causados por PM’s fardados (se calculássemos os homicídios cometidos por PM’s e PCivis não fardados quantos restariam para os “bandidos perigosos uhhhh”?). 

Embaçado, e hoje ainda a saúde e a segurança ficam em caixinhas distantes uma da outra e com um diálogo quase inexistente. Sabemos que a política de segurança pública do país é altamente produtora de doença, ainda mais ao povo preto, mas isso parece não ter desdobramentos políticos.

Não parece ser uma questão da sociedade, mas sim uma questão só do povo preto, como se o branco nada tivesse haver com isso; “Sim, existe racismo, mas eu não sou racista, conheço muita gente racista, mas eu não sou. Tenho até amigos negros, e olhe que eles são honestos, viu”.

Realmente a sociedade trabalha assim as questões dela, a segurança em uma caixa, a saúde em outra, o povo preto em outra.

Ai que tá, o projeto societário de hoje é ganhar a copa. Nossos jovens não recebem voadoras nas vértebras, recebem tiros de ponto 40 e a negação de assistência médica do Estado. Esse mano que está arrancando solidariedade de vocês não é o mesmo que quando questionado sobre o racismo disse que não sofria; “afinal, eu não sou negro, não é?”.

Conta os gols da playboyzada então;
Mortes por intervenção policial no 1º trimestre de 2014
Capital 85
Estado 156

Tá feliz? Tá fazendo o que para mudar isso?
Aproveita ai e questiona os mais de 500 mil presos políticos que não são brancos, nem universitários, é capaz disso? Não, né? Sua branquitude responde assim; “Mas esses são presos comuns...”.
Esperar o que dessa esquerda branquinha pequeno-burguesa?

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