Um blog sobre os pensamentos e ações do grupo de rap Insurreição CGPP. Aqui se encontram os textos produzidos, notícias do grupo, letras de rap, clipes e traduções. Além de indicações de leituras, notas e trechos de textos literários, acadêmicos, políticos e de rap. Membro atual: Fuca
terça-feira, 24 de setembro de 2013
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Projeto de Decreto Legislativo 06/2013 para homenagear a ROTA
C O M U N I C A D O
Boa tarde, pessoal!
acho de extrema importância, essa divulgação hoje, por volta amanhã as 15 hs tentarão,
NOVAMENTE, votar, a Homenagem Salva de Prata à Rota. Proposta do Cel.Telhada.
Na 1ª eramos 6, na 2ª, 16 e nesta 3ª pretendemos ser mais de 50 pessoas,com faixa:
"DESMILITARIZAR AS POLÍCIAS", "CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE PRETA"
importante,estarmos AMANHÃ com um número acima de 50 na galeria, eles tentarão APROVAR
o projeto do vereador Telhada, eles não conseguiram os 37s votos, faltou 1 voto. ATENÇÃO:::
entrar direto para a Galeria e sentarmos nas cadeiras (sem alarde), se preciso for, no momento
certo e oportuno, nos manifestaremos.
FAVOR REPASSAR E CONVIDAR SEUS COLEGAS E ENTIDADES.
Por favor, tentem divulgar em redes sociais, nos coletivos etc.
EVENTO NO FACEBOOK
Ato contra a salva de prata em homenagem â Ronda Tobias de Aguiar.
Descrição do Evento:
Nessa terça feira vai à plenário a votação da Salva de Prata à ROTA. Para barrar esse absurdo teremos que nos mobilizar e marcar presença antes e durante a votação, que é nominal. Há grandes chances de aprovação caso não exista pressão popular.
Segue o Manifesto do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica:
"Srs. vereadores e sras. vereadoras da Câmara Municipal de São Paulo, estamos indignados!
O Projeto de Decreto Legislativo 6/2013, proposto pelo vereador Coronel Telhada (PSDB), que pretende homenagear a Ronda Tobias de Aguiar com uma ‘Salva de Prata’ contou com a adesão de 36 dos 55 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo em primeira votação. Passou pela Comissão de Constituição de Justiça e também foi aprovado, mais recentemente, pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes. É escandaloso que um símbolo do desrespeito aos direitos humanos, da ação brutal e ineficiente da polícia seja objeto de honrarias, ao custo do bolso da população.
Após a proposta repercutir na imprensa e redes sociais a justificativa do projeto – que fazia a apologia à ação violenta da ROTA durante a ditadura militar - teria sido alterada por um texto mais ameno. No entanto, qual seria uma explicação plausível para qualquer tipo de honraria a uma corporação que esteve na invasão do Carandiru e foi responsável por um punhado das 111 execuções? Qual seria a justificativa para uma polícia que recebeu o nome de "Batalhão de Caçadores” e que é conhecida pela estrema truculência e por ações ilegais denunciadas inclusive pelo premiado jornalista Caco Barcellos no seu livro ‘Rota 66’??
A alta letalidade policial, como demonstram estudos e especialistas em segurança pública é ineficiente no objetivo de conter a violência e é uma expressão da selvageria institucionalizada, financiada pela população. Em especial, as principais vítimas da violência policial são os jovens negros e moradores das periferias, como aponta o Mapa da Violência (2011/2012).
Leia o trecho do livro trecho do livro Rota 66:
“O resultado do confronto do nosso Banco de Dados com os arquivos da Justiça Civil revela que 65 por cento das vítimas da PM que conseguimos identificar eram inocentes. Havíamos levado ao cartório de distribuição criminal as fichas com o nome de 3.846 pessoas mortas em supostos tiroteios com a polícia. Fora as cerca de trezentas fichas devolvidas sem informações, os funcionários nos entregaram dois outros pacotes que continham o resultado mais esperado por mim desde o início da investigação. Em um deles se encontravam as 1.220 fichas das pessoas já arroladas em processos criminais. O outro, no entanto, abrigava um volume ainda maior de fichas. Eram os nomes de 2.303 pessoas que nunca estiveram envolvidas em crimes no município de São Paulo. Um total que representa quase o dobro em relação ao número de vítimas que eram criminosas! Prova estarrecedora de que, de cada dez pessoas mortas pelos policiais militares, menos de quatro tiveram participação em algum crime. Mais de seis tinham o passado limpo. Suas fichas nos foram devolvidas com um carimbo de duas palavras: nada consta.”
Assim como fez o jornalista Caco Barcellos após a publicação do livro, o seu colega André Caramante teve que sair em 2012 do país - após ameaças à sua vida - após denunciar a violência policial, evidenciando que se trata de um problema grave e atual. A existência de grupos de extermínio, embora negada pelo Comando da PM paulista, vem sendo amplamente reconhecida, inclusive pelo Ex-Delegado Geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, que afirmou haver indícios, segundo investigações, da sua existência.
As pessoas estão com medo e demandam aos seus representantes maior segurança. No entanto, não é isso que o policiamento ostensivo, baseado na truculência, deu à nossa população ao longo de tantos anos. O que esse tipo de polícia vem conseguindo mostrar é que a alta letalidade policial tende a vitimar inocentes e é incapaz de combater a criminalidade. Vende a ideia de pacificar, mas espalha o terror em comunidades, especialmente as mais pobres, cujos cidadãos têm dificuldade de acessar a justiça ou a imprensa. Sabemos muito bem a que vem servindo a Ronda Tobias de Aguiar- ROTA. Uma corporação que merece ser lembrada não pela Salva de Prata, mas pela chuva de balas que há décadas é lançada contra a população paulistana, alçando candidaturas sob o custo da vida de pessoas inocentes.
Por isso, vereadores e vereadoras, estamos e estaremos atentos ao posicionamento de vossas excelências em relação ao PDL 06/2013. Acreditamos firmemente nos valores democráticos e humanos e temos a certeza que serão capazes de corrigir os rumos que essa matéria vem tomando. Temos a convicção que a Casa tem um trabalho importante a fazer e não aceitará retrocessos, prestando-se a exaltar a ditadura militar, o Massacre do Carandiru e a violência institucionalizada.
GRUPO TORTURA NUNCA MAIS E COMITÊ CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE PRETA, POBRE E PERIFÉRICA"
Para mandar emails pedindo o voto contrário: policeneto@camara.sp.gov.br, julianacardosopt@camara.sp.gov.br, vereadoralfredinho@camara.sp.gov.br, contato@florianopesaro.com.br, joseamerico@camara.sp.gov.br, nabil@nabil.org.br, miltonleite@camara.sp.gov.br, tripoli@camara.sp.gov.br, arselino@tatto.com.br, andrea@andreamatarazzo.com.br, toninhovespoli@camara.sp.gov.br, jairtatto@camara.sp.gov.br, senival.pt@ig.com.br, gvmcovas@camara.sp.gov.br, marcoaureliocunha@camara.sp.gov.br, reisvereador13651@gmail.com, natalini@camara.sp.gov.br,afriedenbach@camara.sp.gov.br, contato@vereadorgoulart.com.br, jmadeira@r7.com, ota@camara.sp.gov.br, abouanni@uol.com.br, alessandroguedes@camara.sp.gov.br, adilsonamadeu@camara.sp.gov.br, afriedenbach@camara.sp.gov.br, vereadoracr@terra.com.br, atiliofrancisco@camara.sp.gov.br, vereadorclaudinho@uol.com.br, davidsoares@camara.sp.gov.br, vereador.predemilson@camara.sp.gov.br, edirsales@edirsales.com.br, contato@eduardotuma.com.br, gilsonbarreto@camara.sp.gov.br, policeneto@camara.sp.gov.br, julianacardosopt@camara.sp.gov.br, vereadormarquito@camara.sp.gov.br, martacosta@camara.sp.gov.br, noeminonato@camara.sp.gov.br, orlando.silva@camara.sp.gov.br, paulofiorilo@camara.sp.gov.br, paulofrange@camara.sp.gov.br, reisvereador13651@gmail.com, ricardoyoung@camara.sp.gov.br, sandratadeu@camara.sp.gov.br, vavadotransporte@camara.sp.gov.br, wadihm@camara.sp.gov.br, sandratadeu@camara.sp.gov.br , arselino@tatto.com.br, falecomigo@aureliomiguel.com.br, daltonsilvano@camara.sp.gov.br, jeanmadeira@camara.sp.gov.br, vereador@toninhopaiva.com.br, vereadornelorodolfo@camara.sp.gov.br, nomura@camara.sp.gov.br, gilsonbarreto@camara.sp.gov.br, calvo@camara.sp.gov.br, contato@eduardotuma.com.br
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Boa tarde, pessoal!
acho de extrema importância, essa divulgação hoje, por volta amanhã as 15 hs tentarão,
NOVAMENTE, votar, a Homenagem Salva de Prata à Rota. Proposta do Cel.Telhada.
Na 1ª eramos 6, na 2ª, 16 e nesta 3ª pretendemos ser mais de 50 pessoas,com faixa:
"DESMILITARIZAR AS POLÍCIAS", "CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE PRETA"
importante,estarmos AMANHÃ com um número acima de 50 na galeria, eles tentarão APROVAR
o projeto do vereador Telhada, eles não conseguiram os 37s votos, faltou 1 voto. ATENÇÃO:::
entrar direto para a Galeria e sentarmos nas cadeiras (sem alarde), se preciso for, no momento
certo e oportuno, nos manifestaremos.
FAVOR REPASSAR E CONVIDAR SEUS COLEGAS E ENTIDADES.
Por favor, tentem divulgar em redes sociais, nos coletivos etc.
EVENTO NO FACEBOOK
Ato contra a salva de prata em homenagem â Ronda Tobias de Aguiar.
Descrição do Evento:
Nessa terça feira vai à plenário a votação da Salva de Prata à ROTA. Para barrar esse absurdo teremos que nos mobilizar e marcar presença antes e durante a votação, que é nominal. Há grandes chances de aprovação caso não exista pressão popular.
Segue o Manifesto do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica:
"Srs. vereadores e sras. vereadoras da Câmara Municipal de São Paulo, estamos indignados!
O Projeto de Decreto Legislativo 6/2013, proposto pelo vereador Coronel Telhada (PSDB), que pretende homenagear a Ronda Tobias de Aguiar com uma ‘Salva de Prata’ contou com a adesão de 36 dos 55 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo em primeira votação. Passou pela Comissão de Constituição de Justiça e também foi aprovado, mais recentemente, pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes. É escandaloso que um símbolo do desrespeito aos direitos humanos, da ação brutal e ineficiente da polícia seja objeto de honrarias, ao custo do bolso da população.
Após a proposta repercutir na imprensa e redes sociais a justificativa do projeto – que fazia a apologia à ação violenta da ROTA durante a ditadura militar - teria sido alterada por um texto mais ameno. No entanto, qual seria uma explicação plausível para qualquer tipo de honraria a uma corporação que esteve na invasão do Carandiru e foi responsável por um punhado das 111 execuções? Qual seria a justificativa para uma polícia que recebeu o nome de "Batalhão de Caçadores” e que é conhecida pela estrema truculência e por ações ilegais denunciadas inclusive pelo premiado jornalista Caco Barcellos no seu livro ‘Rota 66’??
A alta letalidade policial, como demonstram estudos e especialistas em segurança pública é ineficiente no objetivo de conter a violência e é uma expressão da selvageria institucionalizada, financiada pela população. Em especial, as principais vítimas da violência policial são os jovens negros e moradores das periferias, como aponta o Mapa da Violência (2011/2012).
Leia o trecho do livro trecho do livro Rota 66:
“O resultado do confronto do nosso Banco de Dados com os arquivos da Justiça Civil revela que 65 por cento das vítimas da PM que conseguimos identificar eram inocentes. Havíamos levado ao cartório de distribuição criminal as fichas com o nome de 3.846 pessoas mortas em supostos tiroteios com a polícia. Fora as cerca de trezentas fichas devolvidas sem informações, os funcionários nos entregaram dois outros pacotes que continham o resultado mais esperado por mim desde o início da investigação. Em um deles se encontravam as 1.220 fichas das pessoas já arroladas em processos criminais. O outro, no entanto, abrigava um volume ainda maior de fichas. Eram os nomes de 2.303 pessoas que nunca estiveram envolvidas em crimes no município de São Paulo. Um total que representa quase o dobro em relação ao número de vítimas que eram criminosas! Prova estarrecedora de que, de cada dez pessoas mortas pelos policiais militares, menos de quatro tiveram participação em algum crime. Mais de seis tinham o passado limpo. Suas fichas nos foram devolvidas com um carimbo de duas palavras: nada consta.”
Assim como fez o jornalista Caco Barcellos após a publicação do livro, o seu colega André Caramante teve que sair em 2012 do país - após ameaças à sua vida - após denunciar a violência policial, evidenciando que se trata de um problema grave e atual. A existência de grupos de extermínio, embora negada pelo Comando da PM paulista, vem sendo amplamente reconhecida, inclusive pelo Ex-Delegado Geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, que afirmou haver indícios, segundo investigações, da sua existência.
As pessoas estão com medo e demandam aos seus representantes maior segurança. No entanto, não é isso que o policiamento ostensivo, baseado na truculência, deu à nossa população ao longo de tantos anos. O que esse tipo de polícia vem conseguindo mostrar é que a alta letalidade policial tende a vitimar inocentes e é incapaz de combater a criminalidade. Vende a ideia de pacificar, mas espalha o terror em comunidades, especialmente as mais pobres, cujos cidadãos têm dificuldade de acessar a justiça ou a imprensa. Sabemos muito bem a que vem servindo a Ronda Tobias de Aguiar- ROTA. Uma corporação que merece ser lembrada não pela Salva de Prata, mas pela chuva de balas que há décadas é lançada contra a população paulistana, alçando candidaturas sob o custo da vida de pessoas inocentes.
Por isso, vereadores e vereadoras, estamos e estaremos atentos ao posicionamento de vossas excelências em relação ao PDL 06/2013. Acreditamos firmemente nos valores democráticos e humanos e temos a certeza que serão capazes de corrigir os rumos que essa matéria vem tomando. Temos a convicção que a Casa tem um trabalho importante a fazer e não aceitará retrocessos, prestando-se a exaltar a ditadura militar, o Massacre do Carandiru e a violência institucionalizada.
GRUPO TORTURA NUNCA MAIS E COMITÊ CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE PRETA, POBRE E PERIFÉRICA"
Para mandar emails pedindo o voto contrário: policeneto@camara.sp.gov.br, julianacardosopt@camara.sp.gov.br, vereadoralfredinho@camara.sp.gov.br, contato@florianopesaro.com.br, joseamerico@camara.sp.gov.br, nabil@nabil.org.br, miltonleite@camara.sp.gov.br, tripoli@camara.sp.gov.br, arselino@tatto.com.br, andrea@andreamatarazzo.com.br, toninhovespoli@camara.sp.gov.br, jairtatto@camara.sp.gov.br, senival.pt@ig.com.br, gvmcovas@camara.sp.gov.br, marcoaureliocunha@camara.sp.gov.br, reisvereador13651@gmail.com, natalini@camara.sp.gov.br,afriedenbach@camara.sp.gov.br, contato@vereadorgoulart.com.br, jmadeira@r7.com, ota@camara.sp.gov.br, abouanni@uol.com.br, alessandroguedes@camara.sp.gov.br, adilsonamadeu@camara.sp.gov.br, afriedenbach@camara.sp.gov.br, vereadoracr@terra.com.br, atiliofrancisco@camara.sp.gov.br, vereadorclaudinho@uol.com.br, davidsoares@camara.sp.gov.br, vereador.predemilson@camara.sp.gov.br, edirsales@edirsales.com.br, contato@eduardotuma.com.br, gilsonbarreto@camara.sp.gov.br, policeneto@camara.sp.gov.br, julianacardosopt@camara.sp.gov.br, vereadormarquito@camara.sp.gov.br, martacosta@camara.sp.gov.br, noeminonato@camara.sp.gov.br, orlando.silva@camara.sp.gov.br, paulofiorilo@camara.sp.gov.br, paulofrange@camara.sp.gov.br, reisvereador13651@gmail.com, ricardoyoung@camara.sp.gov.br, sandratadeu@camara.sp.gov.br, vavadotransporte@camara.sp.gov.br, wadihm@camara.sp.gov.br, sandratadeu@camara.sp.gov.br , arselino@tatto.com.br, falecomigo@aureliomiguel.com.br, daltonsilvano@camara.sp.gov.br, jeanmadeira@camara.sp.gov.br, vereador@toninhopaiva.com.br, vereadornelorodolfo@camara.sp.gov.br, nomura@camara.sp.gov.br, gilsonbarreto@camara.sp.gov.br, calvo@camara.sp.gov.br, contato@eduardotuma.com.br
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quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Coleção História Geral da África em português (PDF)
Download gratuito (somente na versão em português)
Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.
Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.
Volume I: Metodologia e Pré-História da África (PDF, 8.8 Mb) > http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190249POR.pdf
Volume IV: África do século XII ao XVI > http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190252POR.pdf
Volume V: África do século XVI ao XVIII > http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190253POR.pdf
Volume VI: África do século XIX à década de 1880 > http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190254POR.pdf
Volume VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 > http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190255POR.pdf
terça-feira, 30 de julho de 2013
Contradições do Desenvolvimento: algumas considerações sobre o plano Juventude Viva no Estado das Alagoas.
Contradições do Desenvolvimento: algumas considerações
sobre o plano Juventude Viva no Estado das Alagoas.
“Seja
bem vindo a um lugar que deus esqueceu;
Seja
bem vindo a um capítulo da história que o demônio escreveu;
Os
personagens aqui não são heróis não;
Na
nossa história estão no cemitério ou na detenção;
Ou no
meio do mato se transformando em carniça;
Com
vários tiros no corpo, esperando o IML que virá um dia;
To com
o passado na mente e eu me lembro;
De
cadáveres ensanguentados, fulano sentando o dedo;
“Inúmeros
enterros, quantos no IML por migalhas...”.
Facção Central - Um Lugar Em Decomposição
O Juventude Viva é um
plano, ou seja, é o resultado de um acúmulo de projetos, pesquisas e demais
papeis que diagnosticaram um determinado problema; os jovens negros são o maior
alvo da violência no período atual (devemos considerar que todo esse acúmulo surge de um determinado ponto
no tempo, e quando se diz “período atual” estamos dizendo apenas que o plano
não visa corrigir um problema latente em toda a história do país, mas apenas
minimizar uma sequela que para a governo federal, por assim dizer, não assume
ser histórica, mas pontual ao menos oficialmente).
O
plano apresenta que o jovem negro, com idade entre 15 e 29 anos, é o principal
alvo da violência tanto física como simbólica, principalmente na esfera institucional,
e se propõe a combater esse quadro através de uma articulação local permeada
por uma intervenção estatal no território com a oferta de equipamentos de cultura
e demais serviços públicos de toda ordem que são desenhados de acordo com a
realidade de cada território. Textualmente, é inovador e bem avançado no
sentido de reconhecer, com limitações naturais que dizem respeito à produção
geracional do racismo, o lócus a qual esse jovem negro de baixa escolaridade
está exposto. Podemos dizer que é um plano típico das demandas da atual
conformação político-social do país, dialogando com o rearranjo eleitoral do
pós 2002 (chegada de Lula ao poder, levando em conta a alternativa da burguesia
e do capital internacional que apostaram no PT como aparelho burocrático
gerencial do Estado brasileiro e no consequente bloqueio a luta de classes que
tal conjuntura geraria), o reformismo conservador e a permeabilidade que setores
antes excluídos politicamente que passam a disputar com a burocracia cutista e
petista pela concepção das políticas sociais.
O exposto acima serve
apenas para seguirmos daqui tendo uma ideia mínima do que se supõe quando
pensamos em plano. Ideia mínima, pois não é nenhuma novidade que até isso é
negligenciado pela imprensa capitalista quando vende a desinformação como
informação. De qualquer maneira, a concepção quanto ao que viria ser o
Juventude Viva esta em disputa e não pretendo
aqui trabalhar com a ideia de que ele é um só onde quer que esteja.
No segundo semestre de 2012,
o governador de Alagoas Teotônio Vilela Filho (PSDB) se reuniu em Brasília com
a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e com a Secretaria-geral da presidência.
Alagoas foi o primeiro estado a implantar o Juventude Viva, sendo visto como
uma espécie de enclave para o Brasil Mais Seguro, esse último, um plano que,
mesclado entre outros com o Juventude Viva, iria nortear o Programa Nacional de
Segurança Pública.
Interessante nesses
encontros intersetoriais é como cada secretaria vive de defender a sua
existência. Quando o problema é violência, por exemplo, o discurso é tipo
assim;
Secretaria da Cultura – A violência deve ser enfrentada com esporte,
lazer, educação, saúde e cultura.
Secretaria do Estado da Mulher (essa é bem interessante, pois é também
da Cidadania e dos Direitos Humanos)- A violência deve ser enfrentada com
esporte, lazer, educação e saúde focando a mulher.
Secretaria da Defesa Social - A violência deve ser enfrentada com
esporte, lazer, educação e saúde focando a assistência social.
Funciona assim da micro à macropolítica, mas na
macro costuma ser um efeito direto de uma pressão de base eleitoral –
“fragmentação da sociedade contemporânea” - e de conjuntura econômica do
capital, pois esse rearranjo que é promovido entra e saí governo não altera nada
que não seja a concepção da implantação de uma política, importante quando
falamos de Juventude Viva, mas inútil do ponto de vista da luta de classes.
Bom, neste encontro
referido acima, Vilela afirma que o Alagoas tem problemas sérios com a
violência em decorrência da taxa de pobreza absoluta que atinge metade da
população, enxergando o problema como basicamente socioeconômico. É através não
só da ação policial, mas também através do trabalho social, educação, saúde e
esportes que essas pessoas irão adentrar as portas da cidadania, são suas
colocações.
Apesar de reconhecer a
intersetorialidade do programa (o fato de estar ali já fala um pouco sobre isso)
ressaltou que estava atendendo um pedido da presidenta Dilma, que também foi
quem o convenceu a implantar o Brasil Mais Seguro. Imagino que Dilma usou uma
técnica típica do que alguns chamam de lulismo; “Antes ter, apesar das
contradições, do que não ter”, o que soa bem do ponto de vista de quem deseja
uma ação prá ontem quanto à situação atual, mas que por outro lado nada mais é
que a expressão das necessidades matérias do PT em se manter no poder em um
momento onde setores da própria burguesia digladiam pelo mesmo deixando
translúcido o avanço das contradições do regime burguês. Mas o que vem a ser
política para o que chamam de “o outro projeto para o Brasil”? O que viria a
ser política para os tucanos? Quem não faz ideia do que é a política, na sua
forma oficial, para o PSDB, aqui vai uma dica;
“A política, como meu pai, o ‘Velho Menestrel das Alagoas’, o velho
Teotônio Vilela apregoava, ela é a política como um instrumento. Uma ferramenta
para promover o bem comum, do contrário é politicagem. E o PSDB existe para
fazer essa política, assim que o presidente Fernando Henrique fez no Brasil,
assim que os governadores que o PSDB tem elegido por todo esse país, entre eles,
Aécio Neves em Minas Gerais. Mudando uma história para melhor; de gestão, de
organização, dos serviços sociais. É o Estado, em parceria com a sociedade,
construindo um futuro comum”.
Teotônio Vilela Filho (PSDB)
Vilela é presidente de
seu partido e um aparente fã da retórica. Sabemos dos fatos, que tudo o que foi
dito acima é anos luz da realidade. Talvez a única informação relevante, não
por isso inédita, é que Aécio Neves sai contra Dilma na corrida eleitoral do
ano que vem.
Até aqui, vimos que nesse pequeno fragmento
do contexto onde habita a disputa por um plano ou política nada foi dito sobre
seu objeto, ou seja, o negro jovem que perfaz o perfil que mais paga a conta da
violência. Muito pelo contrário, Alagoas tem um fascitoide burocrata filho de
outro que era um autêntico dono de fazenda, membro da UDN depois da ARENA e estrategicamente
do MDB no pós-ditadura civil-militar (contradições nítidas em “Menestrel das
Alagoas” de Milton Nascimento). Deixemos as querelas e vamos olhar o Alagoas
por dentro das Alagoas.
Alagoas mata negro a rodo. Em 2010, das
2.286 vítimas da violência, 81% eram negras, o que corresponde a taxa de 80, 5
por 100 mil habitantes, um índice três vezes maior que o do país (lembrando que
aquela altura o Brasil era o quinto colocado no ranking por essa taxa sem o
corte étnico/racial). A maioria, do sexo masculino, com idade entre 15 e 29
anos. A cada um branco morto, morriam 18 negros (1.700%), 26 se pegarmos apenas a cidade de Maceió. Nas
Alagoas é onde morrem mais negros, mas curiosamente é onde morrem menos
brancos.
E como esses jovens negros morrem? Por arma
de fogo na maioria das vezes, 200% (2000 - 2010) foi o crescimento da
incidência fazendo esse corte entre as mortes por causas externas, que é o que
se trata aqui. Passou de 9° para 1° nesse ranking nacional com um taxa global
de 55.3
para cada 100 mil habitantes. Não
tenham dúvidas quanto a forma em que se enquadra a arma de fogo, homicídios.
Em
2011 a taxa de
mortalidade se mantém maior entre os jovens, mantendo homicídios por arma de
fogo como causa principal com a taxa ainda maior que a do ano anterior, ou
seja, manteve sua posição no ranking. Os municípios mais problemáticos são; Arapiraca, Maceió,
Marechal Deodoro, Pilar, Rio Largo e São Miguel dos Campos com uma taxa pouco
superior a 100 para cada 100 mil habitantes, ou seja, quase 10 vezes
acima do que a OMS chama de limiar da epidemia de violência (acima de 10 para cada 100 mil habitantes). Se realizarmos um corte
étnico/racial aqui, teremos 200 para cada 100 mil habitantes, só contando jovens negros. Logo, entre 2002 – 2011,
a taxa de homicídios entre brancos caiu 30,8% e entre negros subiu 212,9%. Lembre-se
do que coloquei acima, morrem cada vez mais negros e cada vez menos brancos nas
Alagoas.
Aparentemente
a Secretaria de Estado da Defesa Social não curte dizer qual a cor de quem tá
morrendo, apesar disso, pode-se trabalhar com o mínimo mesmo. O relatório 2012 mostram 1.644
mortes por arma de fogo culminando em uma taxa de 52.3
para cada 100
mil habitantes, um leve recuo aparente. Digo aparente, pois para essa
Secretaria de Defesa Social essas pessoas são apenas nome, nome da mãe, idade, causa,
cidade, bairro e mês, ou seja, no máximo metade de uma folha A4, sabe lá as circunstâncias
de tais mortes quanto mais seu número real. Das 1.644 mortes, 1.238 está
na faixa etária entre 15 e 29 anos sendo as ocorrências distribuídas entre: arma de fogo (PAF),
arma branca, espancamento, asfixia, arma de fogo + arma branca, esganadura,
queimadura, estrangulação, não identificado, sem informação e outra que não
consegui identificar “pardo”, todos entrando no critério de Crimes Violentos
Letais e Intencionais (CVLI). Portando temos uma taxa de 139
para cada
100 mil habitantes nessa faixa etária. Apesar da carência de informações, o
relatório Relação de Vítimas de Crimes Violentos e Intencionais-Janeiro a
Novembro de 2012, é bem desanimador. Para fechar vamos para 2013.
Usando
a mesma base, podemos encontrar 779 mortes por PAF, no período de janeiro a maio, o
que representa 83.73% dos CVLI. De todas CVLI, 95.02% ocorreram em
pessoas do sexo masculino e em 54.49% atingiu a faixa-etária entre 18 e 29 anos
(esse critério de
faixa etária é interno da policia, por isso não é do entre 15 e 29 anos
utilizado até agora), logo já estamos com uma taxa de 106 para
cada 100 mil habitantes
nessa faixa etária.
“(...) através não
só da ação policial” disse o governador Teotônio Vilela. Tão só é o que os
números dizem.
Segundo o deputado
federal Paulão (PT-AL), os focos do Juventude Viva é o analfabetismo,
qualificação de mão de obra, acesso ao mercado de trabalho, microcrédito na
zona rural e programas preventivos para a questão do crack. Descreveu bem a
articulação no alto escalão: a Secretaria de Juventude - vinculada à
presidência da república - é quem coordena o programa através de uma
articulação interministerial com educação, saúde, assistência social, trabalho
e seppir. Nem o negro, antes petista, Paulão focou com vontade na questão do
jovem negro por outro lado. Só garantiu as benesses do cargo com a propaganda
interminável do governo federal que fez “o milagre dos peixes” com a ativação
do consumo pelo microcrédito e todo o pacote das políticas a toque de caixa que
eles vivem de decorar. Porém o que nos interessa é saber o que muda, mesmo que
cedo para saber, em Maceió, Arapiraca, Marechal Deodoro e Rio Largo, é lá que o
Juventude Viva está, ou deveria ao menos.
A cidade mais importante de Alagoas fechou o período
descrito para 2013 (janeiro a maio) com uma redução muito sensível, sendo maior para o mês de
janeiro e caindo exatas 20 mortes até maio
(sensível, pois o mês de março superou a taxa dos dois anos anteriores quanto
ao mês) totalizando 368 mortes (CVLI) no período,
logo 2.44 por dia, ocorrendo preferencialmente aos sábados e domingos. O perfil é o mesmo, 95.11% do
sexo masculino e 53.53% na faixa etária entre 18 e 29 anos, 83.42% por PAF sendo que as ocorrências são
em 48.10% dos casos em locais públicos
e em 43.75% na casa ou nas imediações da casa da vítima. Apesar disso tudo a
taxa de mortalidade por CVLI entre 18 e
29 anos caiu para 93 para
cada 100 mil habitantes.
Considerada a segunda mais importante
cidade do estado e vizinha da região metropolitana de Marechal Deodoro,
Arapiraca obteve uma redução de apenas 12
mortes no período descrito acima. Com muitas oscilações computou 73 mortes (CVLI), sendo 80.82% por PAF, 56.16% em locais e vias públicas e
31.51% em casa ou imediações.
Foram 0.48 mortes/dia com uma distribuição mais homogênea
entre os dias da semana. 98.63% ocorreram entre o sexo masculino e em 52.05% (38) dos casos
na faixa etária entre 18 e 29 anos, temos uma taxa de 77 mortes para cada 100 mil habitantes na faixa etária referida. Do
ponto de vista quantitativo, a situação ainda é aguda e a cidade tende a não
superar, em tempo, o quadro.
Pegando todas as faixas etárias e trabalhando com
inferências justificadas com o perfil das cidades citadas teríamos 30 mortes para cada 100 mil habitantes (21 mortes no período) em Rio Largo e 53 mortes para cada 100 mil habitantes em Marechal Deodoro (25 mortes no
período).
Reconhecendo a pobreza de qualquer análise
qualitativa que poderíamos fazer com os números acima para o Juventude Viva,
fica no ar saber até que ponto o plano pode avançar em um momento em que o país
insiste na política macroeconômica do modelo neoliberal e aprofunda cada vez
mais suas contradições internas. Cabe ao Movimento Social buscar conectar cada
realidade particular concreta, ou seja, suas formações sociais, estrutura
econômica, estrutura ideológica, ideias predominantes nas massas, estruturas de
poder e suas contradições internas com o plano Juventude Viva no sentido de
utiliza-lo como combustível às lutas que inevitavelmente acompanharão às
contradições deste novo período. Mas focar cada território não significa
colocar a cabeça dentro da terra como um avestruz para encontrar respostas, mas
se atentar para articulação nacional e internacional a qual o território de
insere.
MIGUEL ANGELO
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Distrito Grajau
Distrito Grajau
Miguel
Angelo
O distrito do Grajaú, zona sul da cidade de São Paulo,
é o terceiro maior distrito em tamanho territorial (92 km²) e o mais populoso
da cidade (360.787 mil hab.) (PREFEITURA DE SÃO PAULO 2010) com uma taxa de
crescimento populacional de 0,79 entre 2000 e 2010 (IBGE 2010), é
considerado um distrito predominantemente pobre; tem apenas 39% de seus
domicílios ligados a rede geral de esgotamento sanitário; está entre os
distritos com maior necessidade de saúde (ATLAS DA SAÚDE 2011); tem uma renda
per capita de R$ 450,7, sendo o 4% mais pobre no lado sul; e em média 8,18% das
mulheres são mães antes dos 18 anos de idade (SEADE 2013). A ocupação é dos
anos 50 e 60 (séc. XX). Com a instalação do polo industrial de Santo Amaro
ocorre o aumento da oferta de emprego e de terras abaixo custo culminando em um
aumento populacional no lado sul; entre 1991 a 2000 aumentou 180% a ocupação na
área urbana e em torno 410% a ocupação na área rural, tendo 73 favelas, o
terceiro distrito, proporcionalmente, com mais favelas e mais moradores por
domicílio (6) na zona sul, (SEHAB/
HABI 2008) ; havia em 2000 mais
de 3 mil famílias sem habitação no distrito (SEADE 2000) . É considerado um
distrito ilegal, já que boa parte dos moradores não possui escritura de posse e
irregular por estar encima de uma área de manancial. Logo, existe um conflito
que se põe já no primeiro momento, de fundação mesmo do território. (COLETIVO
IMARGEM 2007). Nos últimos anos, como em
boa parte do país, observou-se uma melhoria dos indicadores de saúde, tais como
uma queda de 59,9% na mortalidade de jovens, de 83,3% nas mortalidades por
agressão, de 19,3% na mortalidade infantil, de 25,4% na fecundidade e de 1% na
taxa de mortalidade por AIDS e demais doenças infecciosas no período de 2000 a
2010 (SEADE 2013).
Apenas algo em torno 40% dos negros no Grajaú trabalha
com carteira assinada (Ministério do
Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais – Rais 2010), o analfabetismo atinge mais de 25%
da população, com uma queda de 10% nos últimos dez anos, porém ainda é o
terceiro distrito da região no ranking do analfabetismo e ainda tem menos de 10%
das crianças entre 0-6 anos
matriculadas em estabelecimentos escolares e creches. Tem apenas um Hospital com apenas 240 leitos disponíveis para
a população.
O conflito, constitutivo da organização do Distrito,
amplia-se, portanto, considerando a construção político-social do local,
empobrecido, situado na transição urbano-rural e marcado pela violência.
A cena cultural é forte com presença marcante do rap,
graffiti, pixo, skate, por exemplo, que, entre outros, dão um caráter super
original ao Hip Hop local; bonés, camiseta e calça
larga, cabelo trançado, Black ou dred contrastam com outros estilos presentes
como o punk. Em um lugar onde o Estado parece não estar a cultura local que
funciona como enclave aos excluídos que, como eu, acabam por ter fortalecida a
autoestima e perspectiva.
Cocainha e BNH é a vanguarda do rap do distrito que, tanto no rap como
no pixo entre outros, dão vida ao ambiente. Com o surgimento do VAI (Valorização
de Iniciativas Culturais- Projeto da Secretaria Municipal de Cultura) o cenário
pegou mais fogo ainda e a galera vem produzindo realidades cada vez mais
inovadoras nas nossas quebradas. Longe de ser uma panaceia, o projeto faz parte
de uma estrutura que cada ator, e são muitos, precisava para mostrar sua arte
com elementos marcantes de uma cultura local territorializada que dialoga
diretamente com a comunidade, é como se a profecia de Milton Santos estivesse
se concretizando;
“No fundo, a questão da escassez aparece outra vez como
central. Os ‘de baixo’ não dispõem de meios (materiais e outros) para participar plenamente da cultura moderna de
massas. Mas sua cultura, por ser baseada
no território, no trabalho e no cotidiano, ganha a força necessária para deformar, ali mesmo, o impacto da cultura de massas. Gente junta cria cultura e, paralelamente, cria uma economia territorializada, uma cultura territorializada, um discurso territorializado, uma política territorializada. Essa cultura da vizinhança valoriza, ao mesmo tempo, a experiência da escassez e a experiência da convivência e da solidariedade. E desse
modo que, gerada de dentro, essa cultura endógena impõe-se como um alimento da política dos pobres, que se dá independentemente e acima dos partidos e das organizações. Tal cultura realiza-se segundo níveis mais baixos de técnica, de capital e de organização, daí suas formas típicas de criação. Isto seria, aparentemente, uma fraqueza, mas na realidade é uma força, já que se realiza, desse modo, uma integração orgânica com o território dos pobres e o seu conteúdo humano. Daí a
expressividade dos seus símbolos, manifestados na fala, na música e na riqueza das formas de intercurso e solidariedade entre as pessoas:; E tudo isso evolui de modo inseparável, o que assegura a permanência do movimento”.
MILTON
SANTOS- POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO 2001
Uma das paradas mais incríveis do Grajaú é isso, tipo
sair no role e se deparar com os manos mandando um free-stile. A viva pulsa em meio às contradições provocadas pelo
desenvolvimento capitalista que o país vem passando, mas só AO VIVO prá saber.
Sabendo da incapacidade em falar sobre todas as ações no graja, deixou
aqui um fragmento de meu Diário de Campo de uma pesquisa que venho
desenvolvendo atualmente visando conhecer melhor esse mundo que é nosso
distrito;
11/5/2013
Estive acompanhado da jornalista Beatriz Marinelli no
lançamento do CD do grupo arte rima em uma praça entre a Rua Alba Valdez e a
Rua Juvenal Crem, é o famigerado “Miolo da Favela” no Jd Reimberg. O evento foi
organizado pelo coletivo Xemalami e apoiadores, e teve ainda a apresentação do
grupo Monkey’s THC, um espaço para a prática de xadrez e exposição de produções
possibilitadas por atores locais. Foi promovido um desafio também com premiação
e tudo.
O coletivo Xemalami - Xeque Mate La Mission – foi
criado em 2000 no distrito do Grajaú, e é herdeiro de vastas
articulações anteriores como o Pacto Latino, um dos pioneiros da cena Hip Hop
por essas bandas. Importante lembrar que o Xemalami começa apenas como um
coletivo de xadrez é em 2005 que irá se tornar também um grupo de rap. Mas é
esse elemento basilar, o xadrez, que norteia as articulações do coletivo, é a
concepção para além do esporte, diria que como proposta a produção de novos
significados a partir dos encontros. Em 2007 o coletivo escreveu para o VAI
(Valorização de Iniciativas Culturais- Projeto da Secretaria Municipal de
Cultura) propondo realizar um desafio de xadrez na rua, com tabuleiro e peças
em maior escala. Desde então o coletivo mantém suas ações. Hoje, com ou sem os
incentivos de editais. Drezz, membro mc do coletivo, me falou um pouco sobre o
espaço;
“A ideia hoje é
promover os grupos de rap que vem fortalecendo conosco. Vai ter um desafio de
xadrez feminino e a apresentação dos Monkey’s THC que é os mano de Parelheiros,
que vão lançar um promo (famigerado demo tape) e o art rima que acabou de gravar seu
primeiro CD. Tá bem difícil agilizar as paradas por agora, fizemos um corre pra
descolar as duas extensões pra garantir o som, deve até uns mano que colou com
grana mesmo prá fortalecer, quatrocentos conto e pá. Mas tamo levando, né? Rola
uma articulação com a escola ali (apontou na direção do EMEI Grajaú, fica a alguns metros da praça onde
estávamos), mas é bem difícil, tem uns preconceitos e muitas vezes os caras não
querem reconhecer nosso trabalho (em outra oportunidade, Drezz havia dito que o
trabalho com o xadrez vinha potencializando o desempenho das crianças em
matemática e o interesse na escola), a ideia é fazer uma ponte, tá ligado?”
Comentei sobre a fala do prefeito no dia 22
último sobre essa questão, o reconhecimento dela e a proposta de fortalecer a
disputa pelo espaço local, no encontro com setores do movimento Hip Hop. Meneou
a cabeça ceticamente;
“Vamos continuar, independente vamos continuar” e prosseguiu;
“Olha ali, o mano ali tá mandando uma pintura prá expor ô”
Um jovem, não mais que vinte e cinco anos,
pintava uma árvore em uma espécie de tela banner, o curioso daquilo foi
visualizar ali uma pintura que me lembrava mais um quadro a óleo do que um grafitti,
bem diferente das intervenções com spray que observei no Campeonato de Skate na
semana passada.
“Agora passa um pano ali”.
Apontou na direção inversa onde observei um
tabuleiro de xadrez com as peças sob um suporte de madeira.
“Aquela parada ali veio da África do Sul, o irmão ali trouxe só pra
expor aqui pra gente. Passa um pano lá depois, é o mesmo jogo, mas a simbologia
é outra”.
Achei a informação primordial, me aproximou
da compreensão que o coletivo tem do xadrez “para além dos muros, para além do
esporte” como pensam. Posteriormente fomos observar de perto, Renan falou um
pouco sobre;
“Um mano trouxe da Cidade do
Cabo, ta ligado?”.
Beatriz
me mostrou o detalhe das peças. Realmente cada peça apresentava um desenho bem
diferente daquele observado no modelo ocidental.
“Então, ele é todo detalhado mesmo, na parte de baixo também tem a
representação dos maiores animais da cultura de lá. Aqui ô, esse Búfalo, o Guepardo...
são da cultura de lá”.
Para financiar o evento os apoiadores
montaram pequenas mesas onde comercializavam trufas, artigos hippies e bebidas
alcoólicas. Compramos duas cervejas e nos sentamos na grama enquanto uma Dj da
região mesclava gangsta rap, com reggae e ragga. Beatriz me chamou a atenção
quanto à força que identidade visual tinha no ambiente “Olha aquelas meninas
ali, parecem iguais”.
Drezz pegou o microfone para dar inicio ao
desafio de xadrez; “Cola ai, cola ai, cadê as mina?”. Uma criança se apresentou
prontamente, usava um boné aba reta, camiseta e calça larga, e o clássico tênis
Adidas, tínhamos a observado pouco antes jogando com um garoto aparentemente da
mesma idade. Drezz prosseguiu; “Aeee, não têm mais ninguém? Ae, cadê as mina
pra fortalecer? Aqui ô, vai rolar uns prêmios também. Vai rolar uma camiseta
bem loca que as mina ali fortaleceu, e esse boné aqui. Tem um CD do art rima e
dos Monkey’s THC também”.
Um tabuleiro de escala maior, em torno de um
metro em meio, foi colocado de pé. As peças se fixavam nele como se fossem imãs
de geladeira, assim todos poderiam acompanhar a partida enquanto Drezz narrava
demonstrando amplo conhecimento das regras e jogadas. Por fim a única “mina”
que se prontificou a jogar, também ganhou sozinha demonstrando como dar um mate
em duas jogadas.
Enquanto os The Monkeys THC se preparavam,
Drezz passava ao público a proposta do evento; “O nosso objetivo aqui é ocupar
o espaço público, tá ligado? Mostrar que mesmo em um sistema capitalista
perverso que nos oprime podemos lutar através das transformações aqui mesmo, na
solidariedade e companheirismo para com o outro, tá ligado? Isso também é
revolução”.
Um dos integrantes do art rima, veio até nós
com o cd do grupo;
“Então mano, tamo ai com esse trabalho, é o primeiro, com quatorze
faixas e pá”.
Peguei prontamente o cd enquanto comentava o
quanto me impressionei com o trabalho do grupo na semana anterior. Questionei o
valor;
“Cinco conto mano, são catorze faixas com produção do Esze”.
Esze Doins é um produtor local, produz uma grande
parcela dos grupos do distrito e é integrante do grupo Clube do Berro.
O material era bem simples, uma mídia gravavel
não impressa com uma capa em papel cartão com uma arte bem elaborada que
consistia de um jovem negro com feição preocupada e correndo, tênis manchado de
tinta spray, calças Jens, camisa polo listrada e de mochila, de um lado
escapava o spray de uma mão e um microfone de outra, da mochila, com o zíper
principal aberto, era visível um rolinho de pintor, usava Black Power e dos
olhos brotavam um feixe de luz vermelho, cor em contraste com o roxo de fundo,
abaixo à esquerda o nome do grupo com o título do trabalho “Rumo da Vida”.
Peguei, ele agradeceu e pediu para ficarmos
até a apresentação do grupo em uma hora, já era em torno de 21: 30h, não
prometi justificando que era uma boa caminhada até o ônibus, fora a Beatriz que
estava a umas 2 horas da Vila Maria, onde reside.
“Pode pá, mas cola no Niggaz dia 24, firme?”
Niggaz é um evento em memória do graffiteiro da
região Alexandre da Hora, falecido em Maio de 2003 aos 21
anos.
Assenti positivamente, ainda tínhamos uns
trinta minutos de campo. Drezz anunciou os Monkeys THC e resolvemos nos
adiantar até tenda na frente da qual se apresentam os grupos.
Chamou-me a atenção o grupo possuir um
baixista, um baixista punk, Jens rasgado nos joelhos, tênis All Stars, na
correia do baixo havia um suástica sendo atravessado por uma faixa vermelha
indicando anti nazismo. Chamou-me atenção também parte do conteúdo de
determinada canção, Loucomotiva, que fazia uma critica comportamental se
contrapondo à pregação do funk carioca, famigerado proibidão;
"Enquanto vários faz os corre prá que
tudo de certo, o outro só ti atrasa mesmo pagando veneno. Deixa de se Zé e
acorda prá vida. Vida que eu falo não é rolê, droga e as novinha."
Beatriz me chamou a atenção também para outra
canção, Malacocaco. Questionou-me o significado de malaco e macaco para aquela
música. De imediato coloquei respondi malaco como esperto, vivido, e macaco ali
pra mim se referia a uma pessoa que possui as qualidades do mesmo,
inteligência, desconfiança etc. Porém, ao escutar novamente aquela canção vi
que aparentemente a coisa era um passo além de significar os termos ser um
Malacocaco era uma espécie de evolução adaptativa para viver na selva de pedra.
No rap já ouvi teorizações negativas e positivas tanto para malaco como para
macaco, Malacocaco era novo, mas não a ideia de que o periférico e o playboy
são espécies que diferem, veja que interessante a teorização do rapper Eduardo
em seu livro “A guerra não declarada na visão de um favelado”;
“As noções de valores ao ser despertada
durante o processo evolutivo, criou um bifurcação que dividiu os Homo sapiens.
Essa divisão, na minha modesta opinião, mais do que provocar uma desagregação
fundamentada em condições econômicas, deu origem a dois conjuntos de humanos
biologicamente dessemelhantes: as pessoas normais e os maníacos por papel moeda!
Seguindo o conceito de Darwin, aqueles que se tornaram compulsivos por
riquezas, passaram às suas futuras gerações o maldito vício por posses, já os
que não foram dominados pela avidez patológica por dinheiro, transmitiram aos
seus descendentes um desejo de consumo extremamente mais moderado. Este racha
evolutivo fez com que os cativos da penúria se tornassem pessoas infectadas
pela ganância primária, aquela que almeja comer bem, se vestir bem, morar bem,
etc, ao tempo em que os nobres se transformaram em corpos gangrenados pela
cobiça desenfreada por supremacia. Nós, os habitantes das favelas e bairros
periféricos, nos mantivemos na condição de Homo sapiens, enquanto os
corrompidos pelo tilintar das pepitas de ouro, involuíram para uma nova
categoria, a qual eu tenho a desonra de batizar neste livro com o nome de: HOMO
MONEY!” (TADDEO 2013)
22h, hora de partir, dia pós dia a
periferia e sua convulsão cultural me afeta subvertendo pré-conceitos e
barreiras físicas e psicológicas.
Em A IDEIA DE
PROGRESSO, essa ideia é problematizada, não no sentido de negação – pensando o
termo utilizado no sentido de excluir essa possibilidade, mas;
“... o desenvolvimento dos conhecimentos
pré-históricos arqueológicos tende a desdobrar no espaço formas de civilização
que éramos levados a imaginar como escalonadas no tempo. Isto significa duas
coisas: inicialmente, que o “progresso” - se é que esse termo ainda convém para
designar uma realidade bem diferente daquela à qual nos dedicáramos
inicialmente – não é nem necessário, nem contínuo; procede por saltos, pulos,
ou, não consistem em sempre ir além da mesma direção; acompanham-se de mudanças de orientação, um
pouco à moda do cavalo do xadrez, que tem sempre diversas progressões à sua
disposição, mas nunca no mesmo sentido”. Raça e História – Claude Lévi – Strauss
Este
distrito situado na Zona Sul abrange os bairros de:
Bororé, Cantinho do Céu, Chácara Cocaia, Chácara das Corujas, Chácara do
Sol, Chácara Gaivotas, Chácara Lagoinha, Chácara Santo Amaro, Cidade Luz, Cipó
do Meio, Colônia, Condomínio Jequirituba,Conjunto
Habitacional Brigadeiro Faria Lima,Grajaú,Jardim Almeida Prado, Jardim Alvorada,
Jardim Arco-íris, Jardim Belcito, Jardim Borba Gato,Jardim Campinas,Jardim
Castro Alves, Jardim das Pedras, Jardim dos Manacás,Jardim Edda, Jardim Edi,Jardim
Eliana,Jardim Ellus, Jardim Icaraí, Jardim Itajaí, Jardim Itatiáia, Jardim Jaú,
Jardim Labitary, Jardim Lucélia, Jardim Marilda, Jardim Marisa, Jardim Mirna,Jardim
Monte Alegre, Jardim Myrna, Jardim Myrna II,Jardim Noronha, Jardim Nossa
Senhora Aparecida, Jardim Nova Tereza, Jardim Novo Horizonte, Jardim Novo Jaú, Jardim
Novo Lar, Jardim Orbam, Jardim Planalto Jardim, Recanto do Sol, Jardim Reimberg,
Jardim Sabiá Jardim Sabiá II,Jardim Salinas, Jardim Samara, Jardim Samas,Jardim
Santa Bárbara, Jardim Santa Fé, Jardim Santa Francisca,Jardim Santa Francisca
Cabrini, Jardim Santa Tereza, Jardim São Bernardo, Jardim São Judas Tadeu, Jardim
São Pedro, Jardim São Remo, Jardim Shangrilá, Jardim Sipramar, Jardim Tanay, Jardim
Três Corações, Jardim Varginha, Jardim Zilda, Parada Cinquenta e Sete, Parque
América, Parque Brasil, Parque Cocaia, Parque Deizy, Parque Grajaú, Parque
Manacá, Parque Novo Grajaú, Parque Planalto, Parque Residencial Cocaia, Parque
Residencial dos Lagos, Parque São José, Parque São Miguel,Parque São Paulo, Parque
Shangrilá, Recanto Marisa, Residencial Palmares, Sítio Cocaia, Toca do Tatu, Vila
Brasília, Vila Morais Prado, Vila Narciso, Vila Nascente, Vila Natal.
domingo, 28 de julho de 2013
Impresso em Negrito - Poema
Quando me vi sendo avaliado nos mínimos detalhes do corpo
Nunca senti tanto desprezo moral
Fui usado como mercadoria irracional, coisa brutal
E apos uma longa e cruel viagem, é uma pena eu não estar morto.
Eu vi vários morrerem, jogados aos mar, estavam doentes
Mesma raça mas de grupos diferentes, várias intrigas
Sem espaço, com bichos, insetos, pragas, brigas.
Quando escolhido, cortaram os laços com meus entes
Com um pedaço de aço quente me marcaram, fui pro abrigo
O trabalho era duro, 16 horas por dia em uma fazenda
A revolta veio, queria liberdade, queria igualdade, queria renda
A minha fuga falhou, mas os capangas capricharam no castigo
Anos mais tarde, minha mão de obra tornou-se inviabilizada
Enfim, fui libertado porem possuía completamente nada
Precisaram de novos consumidores...
E assim somos para a burguesa, somo meros consumidores,
Pagamos pelo que nós mesmos produzimos , somos explorados.
Chega de escravidão, basta de exploração! Chegar de mortes em negrito.
Aos direitos dos Negros.
(Carlos R. Rocha)
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