sexta-feira, 29 de julho de 2016

Trechos do livro "Afrocentricidade: A Teoria da Mudança Social"

Trechos do livro "Afrocentricidade: A Teoria da Mudança Social" - Dr MOLEFI KETE ASANTE

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https://pt.scribd.com/doc/317048911/Molefi-Kete-Asante-Afrocentricidade-A-Teoria-Da-Mudanca-Social


Definição

Afrocentricidade é um modo de pensamento e ação no qual a centralidade dos interesses, valores e perspectivas africanos predominam. Em termos teóricos é a colocação do povo africano no centro de qualquer análise de fenômenos africanos. Assim é possível que qualquer um seja mestre na disciplina de encontrar o lugar dis africanos num dado fenômeno. Em termos de ação e comportamento, é a aceitação/ observância da ideia de que tudo o que de melhor serve a consciência africana se encontra no cerne do comportamento ético. Finalmente, a Afrocentricidade procura consagrar a ideia de que a negritude em si é um tropo de éticas. Assim, ser negro é estar contra todas as formas de opressão, racismo, classismo, homofobia, patriarcalismo, abuso infantil, pedofilia e dominação racial branca.
Vemos, dessa forma, coo a Afrocentricidade é a peça central de regeneração humana. Ela desafia e critica a perpetuação de ideias supremacistas raciais brancos no imaginário do mundo africano, e, por extensão, de todo o mundo. Na medida em que tem sido incorporada nas vidas de milhões de africanos no continente e na diáspora, ela tem-se tornado revolucionária, atacando as muitas falsificações de verdade e atitudes de auto ódio que tem oprimido a grande maioria de nós. (p.3)

(...) Agência significa que toda a ação tem de ser fundamentada em experiências africanas. Como tal, a Afrocentricidade oferece tanto ao teórico como ao praticante canais de análises nítidos e precisos. (p.4)

(...) A prática da Afrocentricidade torna-se um agente transformador, através do qual todas as noções velhas se tornam novas, e produz uma transformação de atitudes, crenças, valores e comportamento na vida das pessoas criando, inter alia, uma perspectiva revolucionária sobre todos os fatos. (p.5)



Libertação da linguagem


Nossa libertação do cativeiro da linguagem racista é a prioridade do intelectual. 'Não pode haver liberdade alguma até que haja liberdade da mente'. A primeira regra para a liberdade da mente é a liberdade da linguagem. Como Lorenzo Turner disse, linguagem é essencialmente o controle do pensamento. Não será possível direcionar nosso futuro sem primeiro controlarmos nossa linguagem. O sentido da linguagem está na precisão de vocabulário e na estrutura em um contexto social particular. Se nos deixarmos aprisionar pelos conceitos dos outros, então sempre falaremos e agiremos como eles. (...)p.52

(...) A linguagem é o instrumento essencial de coesão social. Coesão social é o elemento fundamental de libertação.
Toda linguagem é epistêmica. Nossa linguagem provê nosso entendimento de nossa realidade. 'Uma linguagem revolucionária não deve ser hermética; não pode servir para confundir'. Cabe aos críticos a tarefa de clarificar a linguagem pública sempre que acreditarem que ela pode solucionar questões. Nós ganhamos conhecimento através da ciência e da retórica; eles são sistemas paralelos de epistemologia. Retórica é arte e arte é um modo de conhecer tanto quanto ciência. (...)
(...) A linguagem do explorador é vil, corrupta e vulgar. Para ele, o racismo não existe porque o que existe hoje é meramente discriminação ou pragmaticamente falando desigualdade de oportunidades. Não podemos permitir esta deslocação fácil na retórica do explorador. 'Não existe racismo negro contra brancos; este racismo é pura fantasia; a visão negra sobre os brancos é baseada em fatos'. A linguagem racista faz da vítima o criminoso. Devemos repudiar essa forma de pensar. P.53/ 54


Tipos de Inteligência

Três tipos de inteligência existem no mundo: a inteligencia criativa, a inteligência re-criativa e a inteligência consumidora. O tipo de inteligência mais valioso é aquele que comunica com a terra inteira por permanecer aberto a associações, ideias, espaços, eras e possibilidades. Atitudes disciplinadas enraizadas em imagens e símbolos Afrocêntricos podem criar combinações intermináveis; existem inúmeros exemplos em nossa história do potencial construtivo de combinações criativas.
Intelectuais re-criativos são capazes de elevar a visão dos intelectuais criativos a novas alturas. Eles o fazem usando constantemente essas ideias e propagando-as com grande clareza. Assim, durante em certo período, Malcolm X foi a mente reprodutora do trabalho de Elijah Muhammad; (...)

(...) O terceiro tipo de inteligência é a do intelectual prático que nem cria nem recria, mas consome e utiliza ideias. Numa sociedade Afrocêntrica, toda inteligência é aceita como contendo a força de Deus. No entanto, sabemos que nem todos conseguem utilizar este poder em qualquer circunstância. Algumas pessoas são executantes e re-criativas, enquanto outras são ativamente utilizadoras e consumidoras. Não há nada inerentemente errado com o consumo; deve-se é saber o que está sendo consumido. (p.61/ 62)


Níveis de Transformação

A Afrocentricidade é um poder transformador que nos ajuda a captura a verdadeira essência de nossas almas. Há cinco níveis de consciência que levam à transformação. O primeiro nível é chamado ‘reconhecimento de pele’, que ocorre quando uma pessoa reconhece que sua pele e/ou herança, porém não consegue compreender a realidade mais além. O segundo nível é o ‘reconhecimento do meio’. Nesse nível, a pessoa percebe como o meio define sua negritude através da discriminação e do abuso. O terceiro nível é a ‘consciência de personalidade’. Ocorre quando uma pessoa diz “eu gosto de música, ou de dança, ou de chitterlings”*, e sem dúvida está falando com toda honestidade, mas isso não é Afrocentricidade. O quarto nível é a ‘preocupação/ interesse’, onde a pessoa reconhece os três outros níveis e demonstra interesse e preocupação com os problemas negros e tenta lidar de maneira inteligente e preocupação com os problemas negros e tenta lidar de maneira inteligente com os erros do povo africano. No entanto, aqui também falta Afrocentricidade no sentido de que não se tornou um comprometimentos com a base cultural Afrocêntrica. ‘Consciência Afrocêntrica’, o quinto nível, é quando a pessoa se deixa transportar completamente para um nível consciente de envolvimento na libertação de sua própria mente. Apenas quando isso acontece podemos dizer que a pessoa está consciente da determinação da consciência coletiva. Um imperativo de vontade, poderoso, incessante, enérgico e vital, entra em ação para erradicar qualquer traço da falta de poder. A Afrocentricidade é como um ritmo; dita a cadência de sua vida... (p.78/ 79)

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