sábado, 21 de junho de 2014

Música - Aonde o filho chora e a mãe não vê

Música --> Aonde o filho chora e a mãe não vê, com algumas observações que fiz de acordo com minha interpretação. Pra quem curte o som do Facção e já viaja nessas letra. Essa é o sobre a cadeia e uma rebelião.
Álbum O Espetáculo do Circo dos Horrores - FACÇÃO CENTRAL

O governo não assume o poder paralelo
Diz que um presídio pra cada facção é um privilégio.
Colocou sob o mesmo teto 2 grupos rivais,
Produto inflamável que incendeia a vela em 4 castiçais.
(é o estopim pra mortes, como, por exemplo, nos presídios do estado do Maranhão, o de Pedrinhas)
A rinha foi montada, façam as apostas
Vence o galo que cravar a lâmina da sua espora.
Que grade separa o ódio do judeu pelo o ariano,
Do israelense pelo palestino, do cubano pelo americano?
(o ódio transcende as grades)
Pras câmeras e muros na superfície rochosa,
Preso é o profº Pardal, sempre inventa a fórmula.
(Prof Pardal é um personagem da Walt Disney, tem como característica inventar/criar coisas, um presidiário tenta dar seu jeito também, que se vê a seguir)
Deus deu asas pros falcões, gaivotas, colibris
E Santos Dumont voou com 14 bis. --> (homem tende a criar/copiar algo, inspirado na ação da natureza, dos animais, etc. Ex: As curvas dos extremos do ovo são bem resistentes,  que são copiadas em túnel, fundo de lata de spray, etc.)
Uma glock passou na tapuer de macarronada,
Um carcereiro vai fazer test drive na concessionária.
Amanhã no telhado tem lençol com a nossa sigla,
Mostrando pro brasil o cnpj da nossa firma. --> ( O jeito foi dado, o plano tá feito, tá tudo preparado para a rebelião/ fuga e o confronto com os rivais também)

É hoje o dia, se não teve trairagem
A gente toma a cadeia, 5 horas na contagem.
Já pus minha armadura, guia no peito,
Os cavaleiros afiaram as lanças pra defender seu reino.

Ninguém tira 27 e é presidente igual o Mandela
Por isso sou Antônio conselheiro e canudos minha cela.
( Já se sabe da dificuldade de ser um ex-presidiário numa sociedade que pensa em punir apenas, mas não regenerar, o caso de Nelson Mandela é uma raridade, então resta lutar até a morte se for preciso, como Antonio Conselheiro)
(O plano continua)
Psiu, lá vem o agente desarmado com as chaves,
Que dão acesso as galerias de toda carceragem.
Tática de guerra, um fator surpresa
Cai mirage, patriot, qualquer sistema de defesa.
(Mirage pode ser um avião e patriot um navio/ o líder permanece firme em seu plano, nada o deterá)
(A abordagem)
Clá, clá, sem reação, cadê o resto do plantão?
Rendi mais 6 gambé aposentado vendo televisão.
No corredor a ação fez eco, sinto cheiro de fumaça,
Rival se ligou, pôs colchão em chamas de barricada.
Vejo do guichê, a cela virou forno,
Cusão de coberta molhada luta contra o fogo.

(Agora a ação prossegue na cela da facção rival)
Abre logo a tranca, tira o cadeado
Arrombado quer catar boi morrendo asfixiado.
Vai conhecer a arte marcial que não é do van dame,
Nippon é como seu coração fora do corpo no tatame.
Não chora se vai pagar a via sacra da sua família,
A coroa na vigília com seu nome na cartolina.
Como o estado tem obrigação de garantir sua vida,
Sua morte vai ser indenizada na justiça.
(Já decretou a morte dos rivais, com frieza e ironia falou da indenização pra família e relatou que as mortes serão brutas)
Nesse playland cada um escolhe o brinquedo preferido,
Forca, guilhotina, olho derretido no maçarico.
Crânio vira bola no ritual de sadismo,
Marreta fratura a costela que perfura o intestino.
A morte dá o topo da hierarquia na nossa monarquia,
(Antes essa era a situação dos presídios, quem tinha mais físico e o poder pra matar tinha maior prestígio, mas era algo mais individual e consequentemente instável.Alguns presídios encontram-se mais estáveis hoje, o banho de sangue diminuiu, "os assassinatos, quando ocorrem, se dão por meio do enforcamento, ou, principalmente, pela ingestão forçada de um coquetel de drogas (cocaína) e remédios (viagra) que causa uma parada cardíaca na vítima"*.)
Onde o rei domina do flat ao cômodo da periferia.
Aqui ninguém quer beatificação do papa,
Santa é a mulher com a máscara de ferro, a anastácia.
(Agora, com a rebelião em andamento)
Pelicano, águia 2, águia dourada, globo cop,
Joga um do telhado pro repórter.
A cúpula de segurança mobilizou 2 mil covardes,
1,2,3 batalhões, goe, rota, garra, gate.
Os agentes fazem cordão de mãos dadas,
Sabem que invasão pra carcereiro é caixão de lata.
(Como tem uns agentes de refém, se os policia invadir os reféns morrerão)
(ainda mais que...)
Tem a febre do que de peruca não fugiu com a visita,
Do que não saiu com o falso oficial de justiça.
(Já tem um ódio acumulado contra os carcereiros)
Pro instituto Butantã qual o veneno mais nocivo?
O preso que mata do diretinho ou o roberto marinho?
Sem 1 real pra 3x4 pro documento,
De 308 mil presos reincide 60%.
Cortaram a luz e a água, vai tomar no cú gambé,
Chupa aqui, (mas) o fim do motim não vai ser capa da istoé.
(Motim pode ser insurreição, tumulto, desordem...)(sem negociação, o estado tem que ceder)
Negociador de elite, só temos uma reivindicação,
Espera cair o último inimigo que acaba a rebelião.

(refrão - 4x)
Ratatá, ratatá, o sangue vai escorrer,
Aqui é onde o filho chora bum e a mãe não vê

Outras do facção:
Roleta Macabra FC- letra com observações

http://spqvcnaove.blogspot.com.br/2014/07/roleta-macabra-fc-letra-com-observacoes.html

Música - Homenagem Póstuma - Facção Central
http://spqvcnaove.blogspot.com.br/2014/07/musica-homenagem-postuma-faccao-central.html

Música - Tecla Pause - Facção Central

http://spqvcnaove.blogspot.com.br/2014/07/musica-tecla-pause-faccao-central.html




segunda-feira, 9 de junho de 2014

Divino Santo Antonio - Música

Martinho da Vila - Roque Ferreira

Eu vos peço ó Antonio
Em suas trezenas queridas
Que nos lance vossas bençãos
Durante nossa vida 

Sabiá cantou na mata/ Tem mandioca
Lá na casa de farinha/ É farinheiro
Tenho que ir/ Santo Antonio padroeiro 

No rosário de sua trezena
(Ai meu Deus)
Vorto do meio prá trás
(Ai, ai, ai)
Mas vosmicê tem ciência
(Meu Senhor)
Que isso não me apraz 
Plantei cará, cortei cana
Fiz colheita de café
Peneirei fubá de milho
Pro cuscuz do coroné
Mas ele não quer que eu largue
O cabo dessa culé 

Sabiá cantou na mata/ Tem mandioca
Lá na casa de farinha/ É farinheiro
Tenho que ir/ Santo Antonio padroeiro
Nesta sua grande freguesia
(Meu Senhor)
Onde Antonio Conselheiro
(Rezador)
Milagreiro de Canudos (Ai meu Deus)
Rezou bem um terço inteiro 
Meu Divino Santo Antonio
Um carro de boi eu fiz
Pra trazer Mestre Patricio
Da feira dos caxixis
Barranqueiro com carranca
Mas seu coroné não quis 

Sabiá cantou na mata/ Tem mandioca
Lá na casa de farinha/ É farinheiro
Tenho que ir/ Santo Antonio padroeiro
Adeus, adeus, adeus
Adeus meu Santo Antonio
Adeus, adeus, adeus
Adeus, até para o ano



sexta-feira, 6 de junho de 2014

Quando Eu Me Chamar Saudade (Documentário)

Documentário vencedor do EXPOCOM Sudeste 2014 na categoria "Produção Laboratorial de Videojornalismo e Telejornalismo".
No dia 1º de julho de 2012, dois jovens, ambos de 20 anos, foram mortos por policiais militares, na cidade de São Paulo. No boletim de ocorrência, os agentes de segurança pública enquadraram o caso como "resistência seguida de morte", alegando uma suposta troca de tiros durante a abordagem. Essa versão foi contestada pelo pai de uma das vítimas, que empreendeu, por conta própria, uma investigação que culminou na prisão dos PMs envolvidos na morte de seu filho.
Este documentário foi produzido originalmente como trabalho de conclusão do curso de jornalismo, pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM).
Lançamento: Dezembro de 2013.
Autores:
Renan Xavier - Lailson Nascimento - Daniel Santos

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Desde Criança - RAP

(Carlos R. Rocha)

Ah mas se um dia eu chorar com o sangue aquecido
tentando compreender a atitude do meu filho
dizendo e falava, implorava pra ser branco
que o preto na escola era zoado e não tinha encanto

O sistema toma conta do psico da criança
na neurose de querer a todo custo ter pele branca
mente colonizada e o racismo sem coração
Há muito tempo apresentado na tese de Fanon

A estrutura é racista e sem mudanças assim se segue
Do omisso ao agressor que é a ponta do iceberg
repare que estou falando alem dos explorados
é da supremacia branca, por onde passou tem dominado

Quando eu crescer eu vou ser um homem negro e vou vencer (4x)

Eu aqui constrangido meu filho não acredita em mim
quando eu disse que ele era o meu herói mirim
sem quadrinho, sem desenho, sem representante na Tv
realmente fica difícil fazê-lo crer

Quando exalto o povo preto não é vontade de ser branco
É que os negros têm valores como todo ser humano
Mas ainda nessa porra lutamos por sobrevivência
Por tudo que passamos ainda vivemos na carência.

Contive minhas lágrimas, abracei o meu pequeno
sempre o protegeria de todo o sereno
falei que o estudo era o melhor remédio
ele me disse empolgado que queria ser um médico

O sonho do povo preto aqui é mutilado
e na frente do meu filho essa hora fiquei calado
Mais um preto da periferia pra ir a luta
Daqui uns anos eu espero o convite da formatura

Quando eu crescer eu vou ser um homem negro e vou vencer (4x)



quinta-feira, 15 de maio de 2014

Stokely Carmichael - Discurso Free Huey Newton 1968 p.1

Stokely Carmichael (Kwame Ture) - Discurso pela liberdade do aniversariante Huey P. Newton dos Panteras Negras - Oakland 17 de Fevereiro de 1968 - Parte 1 de 2


Tradução livre por Carlos R. Rocha - Fuca,  começa a fala após o 1º minuto.

Boa noite. Está ficando tarde, mas temos ainda muito o que falar essa noite, e temos de ser sérios. Antes de começar, eu queria apresentar duas pessoas, uma é o nossa diretora de comunicação, que veio de Atlanta para passar o aniversário com o irmão Huey Newton, senhorita Ethel Minor. Ethel, onde está você? (aplausos) 

A outra pessoa é um dos nossos jovens guerreiros, que estava envolvido no Roxbury Rebellion onde ele teve uma série de acusações. Ele está fora da cadeia. Ele acabou de voltar de uma viagem através das águas. Ele foi para os países revolucionários onde honkys (termo que usado para insultar caucasianos) não podem ir...Chico (Aplausos).

Agora, então, esta noite temos de falar sobre várias coisas. Estamos aqui para celebrar o aniversário do irmão Huey P. Newton. Nós não estamos aqui para celebrar como Huey Newton o indivíduo, mas como a parcela de negros existentes onde quer que estejamos no mundo. (aplausos) E assim, ao falar sobre o irmão Huey Newton, nós temos que falar sobre a luta do povo negro, não só nos Estados Unidos, mas no mundo de hoje, e como ele se torna parte (áudio pulou) ... como podemos seguir em frente, para que o nosso povo possa sobreviver na América. (aplausos)

Portanto, nós não estamos falando de política esta noite, nós não estamos falando sobre a economia esta noite; estamos falando sobre
a sobrevivência de uma raça de pessoas - isso é tudo o que está em jogo. Estamos falando sobre a sobrevivência dos negros, nada mais ... nada mais ... nada mais, e vocês têm que entender isso. 

Por que é necessário falarmos sobre a sobrevivência de nosso povo? Muitos de nós sentimos... muitos de nossa geração sentem que eles estão se preparando para cometer um genocídio contra nós. Muitas pessoas dizem que é uma coisa horrível de se dizer, mas se é uma coisa horrível de se dizer, então devemos fazer como irmão Malcolm disse: devemos examinar a história, o nascimento desta nação foi concebido sobre o genocídio do homem vermelho... genocídio do homem vermelho ... do homem vermelho. 

Para que este país existisse, o honky teve que exterminar completamente o homem vermelho, e ele fez isso! E ele fez isso! Ele fez isso! (Aplausos) E ele fez isso, e nem sequer teve pudor ou se sentiu culpado, e ainda ele romantiza isso, colocando na televisão cowboy e índios ... cowboy x índios.

Então, a pergunta que devemos nos fazer é, se ele (o branco) foi capaz de fazê-lo contra o homem vermelho, ele também poderá fazer contra nós? Vamos examinar a história um pouco mais. As pessoas dizem que é uma coisa horrível falar que os brancos realmente pensam em cometer genocídio contra o povo negro. Vamos verificar a nossa história. (áudio pulou) ... que construímos este país - ninguém mais. 

Eu vou explicar isso para você. Quando o país começou, era um país economicamente agrícola, a receita de dinheiro no mercado mundial era de algodão e nós que colhemos o algodão! (aplausos) Nós colhemos o algodão! Nós fizemos! Então nós que construímos este país. Nós que lutamos nas guerras do país. Este país está se tornando cada vez mais tecnológico, de modo que a necessidade das pessoas negras está rapidamente desaparecendo. Quando a necessidade das pessoas negras desaparecer ele irá conscientemente nos exterminar. Ele conscientemente nos exterminará. 

Vamos verificar a Segunda Guerra Mundial, ele não vai fazê-la ao seu próprio país, repare que ele deixou cair uma bomba atômica sobre algumas pessoas amarelas indefesas em Hiroshima, algumas pessoas amarelas indefesas em Hiroshima... em Hiroshima. Se você não acha que ele é capaz de cometer genocídio contra nós, confira o que ele está fazendo com os nossos irmãos no Vietnã! Confira o que ele está fazendo no Vietnã! (aplausos) 

Temos que entender que estamos falando sobre a nossa sobrevivência e nada mais, de como esta bela raça de pessoas vai sobreviver na terra ou não, é o que estamos falando - nada mais... nada mais. 

Se vocês não acreditam que ele é capaz de nos exterminar, analise a raça branca: onde quer que ela esteve ela dominou, conquistou, assassinou, e atormentou. Sendo a maioria ou a minoria, eles sempre dominaram! ... eles sempre dominaram!  Observem o modelo de como eles fazem isso. Eles vieram para este país, eles não sabiam a mínima coisa (áudio pulou) ... O Homem Vermelho mostrou-lhes como se adaptar a este país, mostrou-lhes o cultivo de milho, mostrou-lhes como caçar, e quando os índios mostraram tudo, ele acabou com os Índios! Exterminou. 

Ele não estava satisfeito, ele foi para a América do Sul, os índios astecas disseram: "Esta é a nossa prata, este é o nosso cobre, estes são os nossos metais, estas são as estátuas que construímos pela beleza do nosso povo." Depois que os índios mostraram a ele, ele pegou e os exterminou! Ele foi para a África, nossos ancestrais disseram, "este é nosso modo de vida, tocamos tambores, nós gostamos de nós mesmos, temos ouro, fazemos diamantes e outras coisas para nossas mulheres." Ele levou o ouro, ele nos fez escravos, e hoje ele domina a África! África! (Aplausos) 

Ele foi para a Ásia, os chineses mostraram tudo o que tinham, mostraram a pólvora: "Nós usamos isso para fogos de artifício em nossos aniversários, em nossos dias de festividades." ele pegou e transformou numa arma, e então conquistou a China.

Estamos falando de um certo tipo de complexo de superioridade que existe no homem branco onde quer que ele esteja. E isso é o que temos que entender hoje, para que tudo saia pela janela, e falarmos de sobrevivência. Isto é tudo. Podem cortar todo esse lixo sobre o programa de pobreza, educação, habitação, assistência social... estamos falando sobre a sobrevivência, e, irmãos e irmãs, vamos sobreviver à América! Nós vamos sobreviver a América! (aplausos).

Agora, então, temos que entender o que está acontecendo, não só neste país, mas no mundo, especialmente na África. Porque somos um povo africano, nada mais. Nós sempre fomos um povo africano, sempre mantivemos os nossos próprios valores, e eu vou provar isso para vocês. Por mais que ele tenha tentado, o nosso povo resistiu por 413 anos nessa selva, e resistiu para esta geração realizar o que precisa ser feito. Não podemos decepcionar nossos ancestrais (aplausos)... Não podemos decepcionar os nossos antepassados...não podemos falhar com nossos antepassados. 

Resistimos em vários sentidos, veja o idioma inglês, há "gatos" que vêm aqui da Itália, da Alemanha, da Polônia, da França e em duas gerações eles falam inglês perfeitamente. Nós nunca falamos Inglês corretamente! (aplausos) Nunca falamos Inglês corretamente. Nunca! Nunca! Nunca! E isso é porque nosso povo resistiu conscientemente a uma linguagem que não pertence a nós - nunca pertenceu, nunca será. De qualquer forma eles tentam impor goela abaixo, não aceitaremos! Não aceitaremos. Vocês devem entender isso como um nível de resistência. Qualquer um pode falar essa linguagem simples do honky corretamente. Qualquer um pode fazê-lo. Nós não fizemos isso porque temos resistido... resistido.

Confira o nosso modo de vida. Não importa o quanto ele tenha tentado, ainda mantemos uma forma comum de vida em nossas comunidades. Não enviamos idosos para lares de idosos; isso é lixo! (aplausos) Isso é lixo! Nós não chamamos nossas crianças de ilegítimas em nossa comunidade, nós cuidamos de qualquer criança em nossa comunidade...(aplausos) qualquer criança em nossa comunidade. 

É um nível de resistência que temos de começar a olhar para o nosso povo. Analise esse segmento para fazer o que tem que ser feito para que o nosso povo sobreviva. Três coisas: Primeiro e mais importante, ele tem sido capaz de fazer com que odiamos uns aos outros. Ele transpassou o ódio e o amor de um para o outro, por um amor ao seu país... seu país. 

Temos que desenvolver o número um, e isso é a coisa mais importante que podemos fazer como um povo. É preciso primeiro desenvolver um amor eterno para o nosso povo... pro nosso povo. (aplausos)... nosso povo... o nosso povo. Devemos desenvolver o amor eterno como é personificado no irmão Huey P. Newton. Amor eterno para o nosso povo... amor eterno. Se não fizermos isso, vamos ser exterminados. Devemos desenvolver o amor eterno para o nosso povo. Nosso slogan será: "Primeiro o nosso povo, então, e só então eu e você como indivíduos." Nosso povo em primeiro lugar... o nosso povo em primeiro lugar. (aplausos) 

Depois disso vem em segundo lugar, a palavra de ordem: Todo Negro (Negro) é um potencial homem negro (Black man), não afastaremos deles!... (aplausos)... não afastaremos!

Entenda o conceito de "Negro" e o conceito de "Black Man". Nós viemos para este país como "Black Man" e como africanos. Levou 400 anos para tornar-nos "Negros", entenda isso. Isso significa que o conceito de um homem negro ("Black Man") é aquele que reconhece sua cultura, sua história e as raízes de seus grandes ancestrais, que eram os maiores guerreiros na face da Terra. Africanos! (aplausos) africanos! Africanos! Muitos dos nossos tiveram a mente embranquecida, se um negro vem até você e você vira as costas para ele, ele vai correr para o honky. Temos que ter tempo e paciência com o nosso povo, porque eles são nossos! ... Eles são nossos! Com todos os *Uncle Tom iremos sentar e conversar. Quando eles baterem, vamos curvar. Quando eles derem tapas vamos curvar. E vamos tentar trazê-los para casa. E se eles não vierem pra casa, vamos (áudio pulou) isso é tudo... isso é tudo... isso é tudo. (aplausos)

Temos que saber quem é o nosso maior inimigo. O grande inimigo não é o seu irmão, carne de sua carne e sangue do seu sangue. O principal inimigo é o honky e suas instituições racistas. Esse é o grande inimigo! Esse é o maior inimigo! E sempre que alguém se prepara para a guerra revolucionária, se concentra no principal inimigo. Nós não somos fortes o suficiente para lutar entre nós e também lutar contra ele. Não lutaremos entre nós hoje! Não vamos lutar uns contra os outros. Não haverá lutas na comunidade negra entre os negros, não haverá brigas, não haverá interrupções. Estaremos unidos! (aplausos)

Em terceiro lugar, e mais importante, devemos entender que para os negros, a questão da comunidade não é uma questão de geografia, é uma questão de cor. É uma questão de cor, mesmo se você mora em Watts, se você vive em Harlem, Southside Chicago, Detroit, West Filadélfia, Geórgia, Mississippi, Alabama. Onde quer que vá, em primeiro lugar o seu povo - e não o território, o seu povo. Para nós a questão da comunidade é uma questão de cor e nosso povo, e não a geografia! Não o território! Não a geografia! Com isso quebramos o conceito de que as pessoas negras que vivem nos Estados Unidos são os negros americanos. Isso não faz sentido! Temos irmãos na África, temos irmãos em Cuba., temos irmãos no Brasil, temos irmãos da América Latina, temos irmãos em todo o mundo! Em todo o mundo! Em todo o mundo! E uma vez que começamos a entender que o conceito de comunidade é simplesmente um, o nosso povo, não faz diferença onde estamos. Estamos com o nosso povo e, portanto, estamos em casa... (aplausos)... portanto, estamos em casa.

Agora, então, ao falar de sobrevivência, é necessário entender as articulações dos inimigos. Os Estados Unidos trabalham sobre o que chamam de **Três m: Os missionários, o dinheiro, e os fuzileiros navais. Essa é precisamente a forma como ele se articulou em todo o mundo. É a maneira como ele se move contra nós. Eles enviaram os missionários; nós mandamos embora. Eles enviaram o dinheiro com o programa de pobreza, os vietnamitas e os coreanos estão retirando. A próxima coisa que vem são os fuzileiros navais. E se estamos falando sério, temos que estar preparados. Agora, se alguns negros não acham que o homem branco vai nos eliminar completamente, então não terá nenhum dano estarmos preparados caso ele decida fazer... apenas no caso de ele decidir fazer. Então, não haverá mal algum em estarmos preparados para os fuzileiros navais. Agora há um monte de táticas que podemos aprender. A VC (Viet Cong) está nos mostrando a melhor maneira de se articular... melhor maneira de fazer. 

E não tenha medo de dizer isso, diga a eles: "Sim, você quer que o vietnamita os derrote, porque eles erraram no salto." Não chegue até lá e jogue com eles, você nunca viu na TV: "Bem, na verdade, estávamos errados ao ir pro Vietnã, mas não podemos sair, a menos que salvemos nossa face." Para salvar a face do honky, milhões de vietnamitas teve que morrer. Isso é um monte de lixo. Se você está errado, assuma que está errado e saia! (aplausos) Saia! Saia! Saia!

Temos que, em seguida, ir para os programas que são colocados goela abaixo e ver como eles se relacionam com a gente. O primeiro deles é o voto . Eles têm uma coisa nova agora: "Black Power é o voto." A votação no país é, foi, e sempre será irrelevante para a vida das pessoas negras! Isso é um fato. Nós sobrevivemos no Mississippi, Alabama, Georgia, Louisiana, Texas, South Carolinia, Norte Carolinia, Virgínia e Washington, DC, sem o voto... sem o voto. (aplausos) os últimos dois anos, quando Julian Bond foi eleito pelo povo negro na Geórgia, eles o levaram para o mar. Não houve representação; os negros na Geórgia estão sobrevivendo até hoje.

Eles tiraram Adam Clayton Powell pra fora do escritório por um ano e meio, os negros do Harlem ainda estão sobrevivendo. Isso deve nos ensinar que o voto não é nada além de um truque do honky... nada além de um truque do honky. Se falamos sobre a votação de hoje, falamos sobre isso como uma coisa: uma ferramenta de organização para reunir o nosso povo... nada mais!... (aplausos)... nada mais ... nada mais. Torna-se um veículo para a organização; ele não pode ser outra coisa. Para acreditar que o voto vai salvar é acreditar no caminho que o irmão Adam Clayton Powell fez. Ele está em Bimini agora. Isso é o que nós temos que entender.

A segunda coisa que nos colocam goela abaixo é este programa de pobreza, você tem que entender o programa da pobreza, ele é projetado para, número um: dividir a comunidade negra, e número dois: dividir a família negra. Não há nenhuma dúvida sobre isso, dividir a comunidade negra. As pessoas que começaram a brigar por migalhas, porque é tudo que o programa de pobreza é, migalhas. Se você deixar as migalhas e passar a organizar, poderíamos tomar o pão inteiro, porque ele pertence a nós... nos pertence (aplausos).

Mas o que acontece é que o programa pobreza envia algumas centenas de milhares de dólares para a comunidade e grupos se organizam para lutar por esse dinheiro; assim, automaticamente você tem divisões na comunidade. Watts é o maior exemplo que temos hoje, foi o primeiro a obter o programa de pobreza após a rebelião, e hoje é a comunidade negra mais dividida no país. 

A segunda coisa que temos de reconhecer é o que esse programa de pobreza faz. Em qualquer raça, a juventude é instintivamente mais revolucionária, porque a juventude está sempre disposta a lutar, e o programa de pobreza é voltado propriamente à nossa juventude, para impedi-la de lutar. Isso é tudo que o programa de pobreza faz: é para parar as rebeliões e não para cuidar de pessoas negras - parar as rebeliões. Como é que você se sente sendo um pai e tem um filho para sustentar em casa com noventa dólares por semana, mas você está ainda desempregado. O que o programa de pobreza está fazendo pelos nossos pais? Se eles estavam preocupados com a comunidade negra, se eles acreditavam que o lixo que corre sobre a família negra, eles dariam empregos para os nossos pais, os chefes de família, para termos um pouco de respeito por eles... (aplausos) ... poderíamos ter um pouco de respeito por eles. 

Mas é precisamente porque o programa pobreza visa sufocar a nossa juventude, que eles fazem isso. E todas as pessoas que administram o programa de pobreza não vão colocar suas crianças nesses programas, que deveriam ser bom para nós.

Passemos á educação, e temos que falar claramente sobre este conceito de educação. Frantz Fanon disse muito claramente: "A educação é nada mais que o re-estabelecimento e o reforço dos valores e instituições de uma determinada sociedade." o que o irmão disse é que, tudo o que esta sociedade achar que é certo, na escola eles vão dizer que é certo, e você tem que executá-lo. Se você executar bem, você recebe um "A". Se eu digo que Colombo descobriu a América em 1492 e eu sou seu professor, você diz: "Não, Colombo não descobriu a América em 1492, existiam Índios aqui", eu digo que você foi reprovado no curso.

Portanto, a educação não significa o que eles dizem que isso significa. Temos de usar a educação para o nosso povo e para entender nossas comunidades. Em nossas comunidades há viciados em narcóticos; há cafetões; há prostitutas; existem traficantes; há professores; há empregadas domésticas; há porteiros; há pregadores; há gangsters. Se eu for para a escola, eu quero aprender a ser uma boa empregada, um bom porteiro, uma boa prostituta, um bom cafetão, um bom pregador, um bom professor, ou um bom porteiro. E a educação deve preparar para viver em comunidade, se o sistema educativo não pode fazer isso, ele deve ensinar-nos a mudar a nossa comunidade ...e a como mudar a nossa comunidade (aplausos). 

É preciso fazer um ou o outro, as escolas que enviamos nossos filhos para fazer um ou o outro, eles não fazem nem um nem outro; eles fazem algo absolutamente oposto. E quando os nossos jovens que são mais inteligentes do que todos aqueles honkeys na lousa, abandonam a escola por que eles percebem que não vai ajudá-los, então voltamos contra eles e gritamos com eles, dividindo nossa comunidade novamente ... dividindo nossa comunidade novamente.

Devemos entender que a menos que controlemos o sistema de ensino, onde ele começa a nos ensinar a mudar a nossa comunidade, onde vivemos como seres humanos, não há necessidade de mandar ninguém para a escola - é apenas um fato natural. Não temos outra alternativa a não ser lutar, quer gostemos ou não, em todos os níveis neste país, as pessoas negras tem que lutar! Tem que lutar! (aplausos) Temos que lutar!

Temos em nossa comunidade negra, as massas e a burguesia. Isso é sobre o nível de colapso. Temos de trazê-los para casa. Temos de trazê-los para casa, por muitas razões. Temos de trazê-los porque eles têm as habilidades técnicas que devem ser colocadas para o benefício de seu povo, não para o benefício do país, que é contra o seu povo. Temos de trazê-los para casa. (aplausos) Uma das maneiras de trazer o nosso povo para casa é usando de paciência, amor, fraternidade e unidade, não a força... não a força. Amor, paciência, fraternidade e união. Nós tentaremos e tentaremos e tentaremos, quando eles tornarem um deleite, então deixaremos. (aplausos) 

Mas é preciso começar a entender o conceito de formar dentro de nossa comunidade uma frente unida ... uma frente negra unida, que envolva todos os setores, todas as facetas e que cada pessoa dentro da nossa comunidade trabalhe para o benefício do povo negro... (aplausos)... trabalhar para o benefício do povo negro. E isso é para a sobrevivência de cada um.

Um monte de gente na burguesia me diz que eles não gostam de Rap Brown, quando ele diz: "Eu vou queimar o país." Mas cada vez Rap Brown diz: "Eu vou queimar o país" Eles recebem um programa de pobreza... eles pegam o programa de pobreza. Muitas pessoas me dizem: "Nós não gostamos dos Panteras Negras pela Auto-Defesa andando com armas." Eu digo a você agora, se os honkys em San Francisco tirar os lutadores que representam os Panteras Negras pela Auto-Defesa - não há nenhum corpo nesta comunidade preparado para lutar agora - estaríamos mortos. Temos que ter todos para a nossa sobrevivência! Desde os revolucionários até os conservadores, um frente única negra é o que estamos prestes a fazer. (aplausos)

Agora, algumas pessoas podem não entender o irmão Rap quando ele fala sobre com quem nos aliamos. Ele disse que temos que nos aliar com os mexicanos-americanos, os porto-riquenhos, e os despossuídos da terra; ele não mencionou brancos pobres. 

Nós temos que entender isso, não vou negar que os brancos pobres neste país são oprimidos, mas existem dois tipos de opressão: uma é a exploração, a outra é a colonização. E nós temos que entender a diferença entre os duas. (aplausos) Exploração é quando se explora alguém de sua própria raça; colonização é quando se explora alguém de uma raça diferente. Nós somos colonizados, e eles são explorados...(aplausos)... eles são explorados.

Agora vamos explicar como o processo de exploração e colonização funciona. Se eu sou negro e estou explorando outros que também são negros - temos os mesmos valores, a mesma cultura, a mesma língua, a mesma sociedade, as mesmas instituições, de modo que não há necessidade de destruir as instituições. 

Mas se você é de outra raça - se você tem uma cultura diferente, língua diferente, valores diferentes, eu tenho que destruir todos aqueles que fazem você se curva contra mim. E essa é a diferença entre negros e brancos pobres, os brancos pobres têm sua cultura, têm seus valores, têm as suas instituições; os nossos foram completamente destruídos ... completamente destruído (aplausos)... completamente destruído. 

Então, quando você fala sobre (áudio pulou) alianças, tentando reconstruir sua cultura, tentando reconstruir sua história, tentando reconstruir sua dignidade, pessoas que estão lutando por sua humanidade. As pessoas brancas pobres não estão lutando por sua humanidade, eles estão lutando por mais dinheiro. Há um grande número de povos brancos pobres neste país, você não viu nenhum deles rebeldes ainda, não é? Por que é que os negros estão se rebelando? Você acha que tudo isso é só por causa dos empregos miseráveis? Não acreditem no que o lixo do honky diz, não é só por causa dos subempregos, é uma questão de um povo encontrar a sua cultura, a sua natureza, e de lutar por sua humanidade!... por sua humanidade! (aplausos)... por sua humanidade!...

Temos sido tão colonizados, que temos vergonha de dizer que os odiamos, e esse é o melhor exemplo de uma pessoa que está colonizada. Você está sentado em sua casa, um honky caminha em sua casa, te agride, estupra sua mulher, espancar seu filho, e você não tem a humanidade para dizer: "Eu te odeio!" Você não tem isso. Isso mostra o quão desumanizados nós somos. Estamos tão desumanizados que não podemos dizer: "Sim! Nós odiamos você por aquilo que você tem feito com nós!" Não posso dizer isso. Não posso dizer isso. E temos medo de pensar para além desse ponto.

Quem você acha que tem mais ódio dentro de si, os brancos para os negros, ou pessoas negras para pessoas brancas? Os brancos para negros, obviamente, o ódio tem sido bem maior. O que nós fizemos para eles para que eles construíssem esse ódio? Absolutamente nada. No entanto, nós nem sequer queremos ter a chance de odiá-los pelo o que eles fizeram contra nós, e se o ódio deve ser justificado TEMOS a melhor justificativa do mundo para odiar o HONKYS! Nós temos isso! (aplausos) Nós temos isso! Nós temos isso!

Nós fomos tão desumanizados, somos como um cão que o mestre pode chutar, que o mestre pode por pra fora de casa, que o mestre pode cuspir, e sempre que ele chama, o cão vem correndo de volta. 

Nós somos seres humanos e temos emoções. Estamos lutando pela nossa humanidade! Estamos lutando por nossa humanidade! E ao recuperar nossa humanidade, reconhecemos todas as emoções que temos em nós. Se você tem amor, você tem que ter ódio. Você não tem emoções só de um lado, você sempre tem dois lados: quentes, frios, branco, preto... tudo o que acontece... o amor, o ódio. Porque se você não tem ódio, você não pode diferenciar o amor. Você não pode diferencia-lo! Não pode.

Agora, então, isso nos leva ao ponto sobre comunismo e socialismo. Vamos ao ponto, de uma vez por todas. O comunismo não é uma ideologia adequada para pessoas negras. (aplausos) O socialismo não é uma ideologia voltada para as pessoas negras!(aplausos) Eu vou dizer o porquê e deve tornar-se claro em nossas mentes. Agora não digo isso porque os honkys nos chamam de comunistas; não importa o que eles nos chamam, não faz diferença.

As ideologias do comunismo e socialismo falam da estrutura de classes, falam das pessoas que oprimem o povo. Não estamos apenas enfrentando exploração, estamos diante de algo muito mais além. Estamos diante do racismo, porque somos as vítimas de racismo. O comunismo nem o socialismo falam sobre o problema do racismo, e o racismo para os negros deste país é muito mais importante do que a exploração, porque não importa quanto dinheiro você tem quando se vai para o mundo branco, você ainda é um negro... (aplausos) você ainda é um nigger... você ainda é um nigger. De modo que, para nós, a questão do racismo se torna mais prioritária em nossas mentes. Torna-se em primeiro lugar em nossas mentes. 

Como é que vamos destruir as instituições que procuram manter-nos desumanizados. Isso é tudo o que estamos falando, a questão da exploração vem em segundo lugar. Agora para os brancos que são comunistas, a questão dos comunistas vem em primeiro, porque eles são explorados por outras pessoas brancas. Se fossemos explorados por outras pessoas negras, então se tornaria uma questão de como dividir os lucros. Não é o nosso caso, é uma questão de como podemos recuperar a nossa humanidade e começar a viver como gente. E não fazemos por causa dos efeitos do racismo no país. 

Temos que, portanto, conscientemente galgar uma ideologia que lida com o racismo em primeiro lugar. E se fizermos isso, reconhecemos a necessidade de se juntar com os 900 milhões de pessoas negras no mundo de hoje. (aplausos)

Isso é o que nós reconhecemos, então isso significa que a nossa situação política deve se tornar internacional; ela não pode ser nacional. Não pode ser nacional. (aplausos) Deve ser internacional Deve ser internacional porque sabemos que os honkys simplesmente não exploram somente a nós, eles exploram todo o Terceiro Mundo: Ásia, África, América Latina. Eles se aproveitam da Europa, mas eles não colonizam a Europa, eles colonizam a Ásia, a África e a América Latina. Eles estão indo para o conflito no Oriente Médio, devemos declarar de que lado nós estamos! E não estaremos em nenhum outro senão com os árabes. (aplausos)

Não pode haver nenhuma dúvida em nossa mente! Sem dúvida em nossa mente! Sem dúvida, porque Israel pertencia aos árabes em 1917 os britânicos deu a um grupo de sionistas que foram para Israel, tiraram os árabes palestinos com grupos terroristas, e organizou o Estado, e não chegaram a lugar nenhum até que Hitler veio e eles (áudio pulou) o Estado em 1948. Esse país pertence aos palestinos. Não é só isso: eles estão se movendo para assumir o Egito. O Egito é a nossa Pátria - é na África! (aplausos) Africa! 

Nós não entendemos o conceito de amor. Aqui é um grupo de sionistas que querem entrar em qualquer lugar para organizar amor e sentimento para um lugar chamado Israel, que foi criado em 1948, onde a juventude está disposta a ir e lutar por Israel. Egito pertence a nós. Quatro mil anos atrás, e estamos aqui apoiando os sionistas? Temos que apoiar os árabes! Isso significa que nós também apoiaremos o resto do Terceiro Mundo e entender exatamente o que está acontecendo.
*Uncle Tom - Refere-se uma pessoa que fará de tudo para satisfazer os brancos, inclusive trair seus companheiros.
** Três M: Missionaries, Money, Marines (Os missionários, o dinheiro, e os fuzileiros navais)

PARTE 2:

Stokely Carmichael - Discurso Free Huey Newton 1968 (2/2)

http://spqvcnaove.blogspot.com.br/2014/07/stokely-carmichael-discurso-free-huey.html
Tradução livre.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Nelson Mandela - Discurso após sair da prisão em 1990

Discurso do Nelson Mandela na Cidade do Cabo após sair da prisão
11 de Fevereiro de 1990



Meus amigos, camaradas e companheiros sul-africanos, saúdo todos vocês em nome da paz, democracia e liberdade para todos. Estou aqui diante de vocês não como um profeta, mas como um humilde servo de vocês, o povo. Seus sacrifícios incansáveis e heroicos tornaram possível eu estar aqui hoje. Por isso, coloco o resto dos anos da minha vida em suas mãos.
Neste dia de minha libertação, estendo a minha mais sincera gratidão para os meus milhões de compatriotas e para todos de cada canto do mundo, que fizeram incansavelmente uma campanha para a minha libertação. Dirijo uma saudação especial ao povo da Cidade do Cabo, a cidade que tem sido minha casa por três décadas. Suas marchas em massa e outras formas de luta têm servido como uma fonte constante de força para todos os presos políticos.

Saúdo o Congresso Nacional Africano, que tem cumprido todas as nossas expectativas no seu papel de líder da grande marcha para a liberdade.
Saúdo o nosso presidente, o camarada Oliver Tambo, por liderar o ANC, mesmo sob as circunstâncias mais difíceis.
Saúdo os membros base da ANC. Vocês sacrificaram a vida e a integridade física na defesa dessa nobre causa da nossa luta.
Saúdo combatentes do Umkhonto we Sizwe, como Solomon Mahlangu e Ashley Kriel, que pagou o preço final pela liberdade de todos os sul-africanos.

Eu saúdo o Partido Comunista Sul-Africano pela sua contribuição esterlina para a luta pela democracia. Você sobreviveu 40 anos de perseguição implacável. A memória de grandes comunistas como Moisés Kotane, Yusuf Dadoo, Bram Fischer, e Moses Mabhida será valorizada para as gerações futuras.
Saúdo o secretário-geral Joe Slovo, um dos nossos melhores patriotas. Estamos animados com o fato de que a aliança entre nós e o Partido continua tão forte como está - e sempre foi.

Saúdo igualmente o Black Sash e a União Nacional do Estudantes Sul Africanos. Notamos com orgulho que agiram como a consciência da África do Sul branca. Mesmo durante os dias mais sombrios da história da nossa luta levantaram bem alto a bandeira da liberdade. A vasta mobilização de massas dos últimos anos é um dos principais fatores que conduziram à abertura do capítulo final da nossa luta.

Dirijo as minhas saudações à classe trabalhadora do nosso país. Sua força organizada é o orgulho do nosso movimento. Continua sendo a força mais confiável na luta para acabar com a exploração e opressão.
Presto homenagem às muitas comunidades religiosas que levaram a campanha pela justiça para a frente quando as organizações do nosso povo foram silenciados.
Saúdo os líderes tradicionais do nosso país, muitos de vocês continuam a seguir os passos dos grandes heróis, como Hintsa e Sekhukhune.
Presto homenagem ao heroísmo infindável da juventude. Vocês, os jovens leões, têm energizado toda a nossa luta.

Presto homenagem às mães, esposas e irmãs de nossa nação. Vocês são a pedra base da nossa luta. O Apartheid causou mais dor em vocês do que em qualquer outra pessoa.
Nesta ocasião, agradecemos o mundo - agradecemos a comunidade mundial por sua grande contribuição para a luta anti-apartheid. Sem o seu apoio a nossa luta não teria chegado a este estágio avançado. O sacrifício dos estados linha de frente será lembrado pelos sul-africanos para sempre.

Minhas saudações seria incompleta se não expressasse o meu profundo agradecimento pela força que me foi dada durante meus longos e solitários anos de prisão por minha amada esposa e família. Estou convencido de que a sua dor e sofrimento foi muito maior do que a minha.

E antes de eu ir mais longe, eu gostaria de frisar que eu pretendo fazer apenas alguns comentários preliminares neste palco. Eu vou fazer uma declaração mais completa só depois que eu tiver a oportunidade de consultar os meus companheiros.


Hoje, a maioria dos sul-africanos, negros e brancos, sabe que o apartheid não tem futuro. Tem que acabar através da nossa própria ação de massas fundamental para construir a paz e segurança. A vasta campanha de desafio e outras ações da nossa organização e do povo só podem culminar na instauração da democracia. A destruição causada pelo apartheid no nosso subcontinente é incalculável. O tecido da vida familiar de milhões do meu povo foi destruído. Milhões estão sem abrigo e desempregados. A nossa economia encontra-se em ruínas e o nosso povo mergulhado em conflitos políticos. O nosso recurso à luta armada em 1960 com a criação da ala militar do ANC, Umkhonto we Sizwe, foi uma ação puramente defensiva contra a violência do apartheid. Os fatores que tornaram necessária a luta armada ainda hoje existem. Não temos outra escolha senão continuar. Temos a esperança que um clima conducente a um acordo negociado será em breve criado para que deixe de haver a necessidade da luta armada.

Eu sou um membro leal e disciplinado do Congresso Nacional Africano. Estou portanto totalmente de acordo com os seus objetivos, estratégias e táticas.
A necessidade de unir o povo do nosso país é agora uma tarefa importante, como sempre foi. Nenhum dirigente sozinho é capaz por si só de levar a cabo esta enorme tarefa. É nossa tarefa como dirigentes de apresentar as nossas opiniões à nossa organização e deixar que as estruturas democráticas decidam. Sobre a questão da prática democrática, tenho o dever de afirmar que o líder do movimento é uma pessoa que foi eleita democraticamente numa conferência nacional. É este o princípio que deve prevalecer sem excepções.

Hoje, quero dizer a vocês que as minhas conversações com o governo tiveram como objetivo normalizar a situação política no país. Ainda não começamos a discutir as exigências fundamentais da luta. Quero sublinhar que eu próprio nunca entrei em negociações sobre o futuro do país, exceto para insistir num encontro entre o ANC e o governo.

O Sr. De Klerk foi mais longe do que qualquer Presidente Nacionalista ao dar passos para normalizar a situação. Contudo, existem mais passos, de acordo com o traçado na Declaração de Harare, que devem ser dados antes de iniciar as negociações para as exigências fundamentais do nosso povo. Reafirmo o nosso apelo para, entre outros, o fim imediato do Estado de Emergência e a libertação de todos, e não apenas de alguns, prisioneiros políticos. Só uma tal situação normalizada, que permita uma atividade política livre, pode permitir-nos consultar o nosso povo para obter um mandato.

O povo precisa ser consultado sobre quem irá negociar e o conteúdo dessas negociações. As negociações não podem ter lugar por cima das cabeças ou por trás das costas do nosso povo. É nossa convicção que o futuro do nosso país, só pode ser decidido por um órgão eleito democraticamente numa base não racial. As negociações para o desmantelamento do apartheid terão que responder à esmagadora exigência do nosso povo de uma África do Sul, democrática, não racial e unida. Dever ser posto fim ao monopólio branco sobre o poder político e uma reestruturação fundamental do nosso sistema político e econômico para garantir que as desigualdades do apartheid são enfrentadas e a nossa sociedade totalmente democratizada.

Deve-se acrescentar que o Sr. De Klerk é um homem íntegro que conhece muito bem os perigos de uma figura pública não honrar os seus compromissos. Mas como organização baseamos a nossa política e estratégia na dura realidade que enfrentamos. E a realidade mostra que ainda sofremos a política do governo Nacionalista.
A nossa luta chegou a um momento decisivo. Apelamos ao nosso povo que aproveite este momento para que o processo para a democracia seja rápido e ininterrupto. Esperamos tempo demais pela nossa liberdade. Não podemos esperar mais. É este o tempo de intensificar a luta em todas as frentes. Abrandar os nossos esforços agora seria um erro que as gerações vindouras não poderão desculpar. A visão da liberdade no horizonte deve encorajar-nos para redobrar os nossos esforços.

Só com a ação de massas disciplinada a nossa vitória estará assegurada. Apelamos aos nossos compatriotas brancos para que se juntem a nós na criação de uma África do Sul nova. O movimento pela liberdade é também a vossa casa política. Apelamos à comunidade internacional para que continue a campanha de isolar o regime do apartheid. Levantar agora as sanções seria correr o risco de abortar o processo de erradicação total do apartheid.

A nossa marcha para a liberdade é irreversível. Não podemos deixar que o medo surja no nosso caminho. O sufrágio universal, num caderno eleitoral comum, numa África do Sul unida, democrática e não racial é o único caminho para a paz e harmonia racial.
Para concluir quero citar as minhas próprias palavras durante o meu julgamento em 1964. Continuam verdadeiras até hoje.

“Tenho lutado contra a dominação branca e tenho lutado contra a dominação negra. Defendo o ideal de uma sociedade livre e democrática onde as pessoas vivam em harmonia, com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual desejo viver e atingir. Mas se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.

sábado, 3 de maio de 2014

Entrevista com Vírus do Underground - Rap de Moçambique

Vírus do Underground é um grupo de Rap Moçambicano de Maputo que teve como membros fundadores Rahim, Meteoro e Eskeleto Vivo. O grupo está desde de 2006 na cena do Rap. Com gravações independentes eles conseguem atingir um alto nível de qualidade nas músicas, algo que é além do material é tocar com espirito, N'zimo, eis o significado do nome do estúdio que eles têm desde 2010.



Blog - Hoje, quantos integrantes tem o grupo?

V.U -  Somos 10 (dez) elementos...Rahim, Meteoro, Eskeleto vivo, Kasdir a.k.a Bindso, Old reason, Vinte Trez, Alelo recessivo, Crazy mind, A2b & Nicotina.

Blog - Como surgiu o Vírus do Underground?

V.U - Surge com RAHIM, T pelo facto de influenciar muita gente a gostar do estilo rap underground... então passei a chamar-me Vírus do underground, só que pra um artista o nome era comprido demais, então decidi formar uma dupla com meu primo METEORO. Dai... eu e ele fomos ter com Eskeleto vivo que também se identificou com a nossa ideia. assim formou-se a VÍRUS DO UNDERGROUND com apenas três elementos. Dai pra cá o numero de integrantes foi aumentando... A maior parte deles formados como MC na própria Vírus do underground. A Vírus do underground também foi escola de Rap.

Blog - Qual o porquê desse nome?

V.U - O nome VÍRUS DO UNDERGROUND foi escolhido Por Rahim antes dele ter o nome artístico RAHIM. ele influenciou muita gente a gostar e fazer o rap underground, dai se chamou Vírus do underground. Porque acreditava que era um vírus que infectava as pessoas causando a "doença" ou o gosto pelo gênero RAP Underground. Eskeleto vivo & Meteoro também consideravam-se Vírus do underground. Dai Abdicou Rahim o nome de Vírus do underground passando se chamar RAHIM e doou o nome ao colectivo que passou a se chamar VÍRUS DO UNDERGROUND até hoje. Eramos maniacos em fazer as pessoas gostar do Underground e a maior parte das vezes que tentávamos... conseguíamos convencer. Eramos uma doença, uma praga e principalmente um vírus do underground...


Blog - Quais são as influências musicais e/ou literárias do coletivo?

V.U - As nossas influências musicais são: WU-TANG, Banda Podre (um grupo de rap moçambicano muito antigo), ONYX, DEALEMA, JEDI MIND TRICKS entre outros colectivos..mas principalmente Wu-Tang Clan.

Blog - Como é a cena do Hip-Hop em Moçambique, é muito marginalizado ainda?

V.U - O Hip-Hop ainda é marginalizado sim... mas não como antigamente. hoje já temos em alguns canais televisivos e de rádio espaço para o nosso estilo de música... mas antigamente não, mesmo em shows. Agora partilhamos com artistas de outros estilos de música sem muita restrição.

Blog - Vocês conseguem viver da música ou dos eventos que vocês organizam?

V.U - Em moçambique é muito difícil viver da música, não digo que é impossível... é possível sim mas dificilmente. Muito menos pra artistas como nos, Os Repistas. Com isso quero dizer que não vivemos da musica mas sim vivemos a música, sobretudo a cultura hip-hop.

Blog - O Vírus do Underground está a lançar um novo álbum chamado Revolution, há uma previsão para esse lançamento?

V.U - O lançamento do álbum Revolution tem previsão sim.... Acreditamos que será lançado no sexto mês do ano em curso...

Blog - No Brasil a população negra é maior, mas vemos a todo momento a tentativa de embranquecimento do país, isso acontece em Moçambique também?

V.U - Sim, acontece também no nosso pais... o fluxo de imigrantes pra o nosso pais esta cada vez mais forte.

Blog - Temos diversos problemas no Brasil, muita corrupção na politica; a população preta, pobre e periférica não tem o devido acesso a serviços básicos como: Educação, Moradia, Saúde; e estamos sendo mortos na mão da policia. Vocês, aí em Moçambique, compactuam com os mesmos problemas? 

V.U - Em Moçambique há muita corrupção em todos os setores e áreas, o pobre não tem o devido acesso a serviços básicos de educação, saúde e estamos sendo mortos na mão da policia e na mão de soldados dos dois partidos da oposição, estamos numa tensão politico-militar onde o povo é quem sofre as consequências. e se assim continuar vai resultar numa guerra!

Blog - Quais são os mitos que vocês acham que são criados na visão do mundo em relação ao continente Africano?

V.U - Há muita mentira em relação a África, como por exemplo: A África é pobre demais. Eu discordo: A África é rica e muito rica que não param de entrar investidores estrangeiros, o que nos falta ou seja o que nos faltou foi mecanismos de como usufruir da mesma riqueza. e a lavagem cerebral que o ocidente nos faz...podemos ser pobres de possibilidades mas em termos de recursos naturais somos ricos.

Blog - Qual a religião predominante no grupo?

V.U - A religião predominante no grupo e a católica e em seguida vem a islâmica.

Blog - Há uma década a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) tomou espaço em Moçambique, eles prometem prosperidade, cura de doenças, riquezas, em troca da doação de dízimos, quanto mais der mais abençoado será, e nisso atingem a população mais carente e aproveitam a vulnerabilidade dessas pessoas. Qual é a sua visão da IURD?

V.U - Em relação a IURD eu acho que é um jeito muito feio de extorquir dinheiro, usando a sensibilidade de um povo sofrido.

Blog - E Para que nós aqui do Brasil conheçamos mais sobre o rap em Moçambique, cite quem são os seus maiores parceiros.

V.U - Os blocos aliados, A comunidade Bantu, A irmandade, Os tropas da margem norte... Biosense, Bone, A N'zimo Record's, Os maxaquenistas, A sick mind, As larvas Assombradas... entre outros aqui não mencionados.

Blog - Pra finalizar, vocês acreditam em dias melhores?

V.U - Acreditamos em dias melhores sim, porque já tivemos dias piores, e que se fosse pra desistir já teríamos feito antes e não agora. Dias melhores estão a vir e continuarão a vir!

Blog - Muito bom mesmo. Sucesso! Obrigado Vírus do Underground.

Vírus do underground
N'zimo Record's